“Constituição
a pedido”
“O presidente do BPI, Fernando Ulrich, já classificara a decisão
do TC que confirmou a inconstitucionalidade dos confiscos dos subsídios de
férias e Natal a funcionários públicos e pensionistas de "negativa",
"perigosa" e "inaceitável". Agora é o presidente do BCP,
Nuno Amado, a clamar que foi "uma decisão muitíssimo infeliz".
A banca (falta conhecer a opinião de Ricardo Salgado, do
omnipresente BES, para o ramalhete ficar completo) não só tem enormes
responsabilidades na crise como tem sido beneficiária da maior parte dos
sacrifícios que, a pretexto dela, vêm sendo impostos aos portugueses. Mas a
banca quer mais do que o seu financiamento com a "ajuda" que a
'troika' cobra ao país em desemprego, fome e miséria ou do que a destruição do
SNS que alimenta os seus negócios na Saúde, a banca quer também uma
Constituição "sua", já que a Constituição da República se revela,
pelos vistos, "negativa", "perigosa",
"inaceitável" e "muitíssimo infeliz" para os seus
interesses.
Nem Ulrich nem Amado o escondem: "É premente alguma revisão
da Constituição" (Amado), e a decisão do TC pode "justificar a
discussão de uma revisão constitucional, o que até seria positivo"
(Ulrich).
Numa democracia que cumprisse os serviços mínimos, os desejos de
dois banqueiros valeriam apenas dois votos. Não tardará que vejamos quanto
valem num regime do género que se lixem
as eleições.” Manuel Pina - Portugal In “Jornal de Notícias”
Em memória de Manuel António Pina (1943 - 2012)
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