Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Rosalía


"Congreso sobre Rosalía para conmemorar o 150º aniversario de Cantares Gallegos.

Cinco xornadas entre os meses de febreiro e xuño servirán para coñecer a fondo a vida e a obra de Rosalía de Castro. En 2013 cumpriranse 150 anos da publicación en Vigo de “Cantares Gallegos”

A saída do prelo de Cantares Gallegos de Rosalía de Castro cumprirá o ano vindeiro o 150º aniversario. A saída desta obra, datada por algúns un 17 de maio, servira a Francisco Fernández del Riego a principios dos anos sesenta para propoñer o Día das Letras Galegas. Con este referente da nosa literatura o Consello da Cultura Galega (CCG) decidiu celebrar entre os meses de febreiro e xuño de 2013 un congreso dedicado a súa figura.

O anterior congreso sobre a figura de Rosalía de Castro celebrárase en 1985. Ramón Villares, presidente do CCG, explicou na presentación desta iniciativa que terá lugar o ano vindeiro que agora hai outros obxectivos. “Buscamos outras olladas”, asegurou, “procurando a vixencia de Rosalía no século XXI”. Os tempos mudan, hai máis información e máis medios. Por este motivo unha parte do Congreso será virtual, un xeito máis económico e produtivo de que participen investigadoras e investigadores de todas partes do mundo.

Despois de tantos anos desde o anterior congreso as achegas serán importantes “mais non revolucionarias”, como indica María do Cebreiro, membro da comisión organizadora. Como exemplo puxo o traballo de Victoria Álvarez Ruiz de Ojeda con nova documentación ao redor das figuras materna e paterna de Rosalía. “Achegará novas informacións”.

O Congreso celebrarase as últimas quintas de cada mes desde febreiro até xuño de 2013 de maneira presencial no propio CCG e tamén de forma virtual. Na Comisión organizadora figuran, ademais de María do Cebreiro, Rosario Álvarez, Anxo Angueira e Dolores Vilavedra." Sermos Galiza - Galiza

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

"O País"

                     “O País homenageia Assane Seck, o homem da resistência”


            “Assane Seck faleceu na passada terça-feira, 27 de Novembro de 2012 em Dakar, capital do Senegal, com 93 anos de idade. O Professor associado de história e geografia, nasceu a 01 de Fevereiro de 1919, na aldeia de Inor, perto de Bounkiling Pakao na Casamansa. Jovem, alistou-se no exército colonial, defendendo as cores da França contra a Alemanha nazi. Regressou ao “País”, o vocábulo carinhoso que ele empregou muitas vezes com os seus familiares e amigos para designar a Casamansa, tornando-se o primeiro africano a leccionar na escola William Ponty.


            Com o seu amigo Louis Dacosta, Assane Seck fundou o Movimento da Casamansa Autónoma (MAC), em 1958, um ramo dissidente do Movimento das Forças Democráticas de Casamansa (MFDC). Em 1960, ordenou aos seus partidários para queimarem todas as bandeiras senegalesas em Casamansa.


            Várias pessoas foram assassinadas, especialmente no seu feudo político em Marsassoum. Foi detido e preso em Ziguinchor. Na prisão recebeu emissários do presidente Léopold Sédar Senghor, nomeadamente Emile Badiane. Alguns meses mais tarde foi libertado reunindo-se com uma parte dos seus apoiantes e do Partido Socialista Senegalês.


            Conheceu uma rica e tumultuosa carreira política, tendo ocupado várias pastas ministeriais senegalesas, sendo Ministro dos Assuntos Culturais (Junho de 1966 – Junho de 1968), da Educação (Junho de 1968 – Março de 1973), Negócios Estrangeiros (Março de 1973 – Março de 1978), Cultura (Março de 1978 – Março de 1981) e Equipamentos (Julho de 1981 – Março de 1983).


            Em 1993 foi nomeado Presidente da Comissão de Reflexão sobre os Acontecimentos da Casamansa, Assane Seck reuniu-se várias vezes com o padre Augustin Senghor Diamacoune para uma resolução pacífica do conflito da Casamansa.


            A Casamansa presta o seu tributo ao brilhante intelectual e homem da resistência.” Bintou Diallo – Casamansa in “Le Journal du Pays”


                   Em memória de Assane Seck (01.02.1919 – 27.11.2012)

Tradução: Baía da Lusofonia


quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Demanda

                                  Para suportar a demanda                                                           
                                                                                                 
    Os trabalhos de dragagem e a existência de alguns portos de águas profundas permitem ao Brasil aparecer ao mundo como uma boa opção para navios de grande porte. Mas para tanto o País precisa também passar a oferecer terminais portuários com estrutura para processar maior volume de carga em menos tempo. De sua parte, a iniciativa privada vem cumprindo o que dela se espera, com investimentos pesados no setor, cabendo ao poder público executar as obras de acesso que permitam no menor espaço de tempo possível a redistribuição logística das cargas para todo o País.

    É de lembrar que, segundo a Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), os terminais privativos e os arrendados investirão, até 2014, R$ 25 bilhões e R$ 5 bilhões, respectivamente, em equipamentos e obras de ampliação. Já as obras previstas no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) não seguem no ritmo que seria adequado para acompanhar a velocidade dos negócios.

  Eis aqui o fulcro da questão: os acessos terrestres aos principais portos brasileiros continuam defasados. Afinal, se navios com maior capacidade de carga começarem a atracar em portos nacionais, o volume de contêineres operados tanto na importação como na exportação será consideravelmente maior. E, portanto, haverá a necessidade de um esquema de escoamento mais ágil.

   Quem passa a qualquer hora do dia pela entrada da cidade de Santos já conhece o drama criado por filas quilométricas de caminhões. Se a situação já é grave, é de imaginar que só haverá de se agravar, se medidas mais sérias não forem adotadas. Uma dessas medidas seria a criação de pátios reguladores, ao longo do sistema Imigrantes-Anchieta, no alto da Serra do Mar, de forma que descessem apenas caminhões que já tivessem agendamento prévio para a entrega ou recebimento de carga. Outra medida seria a autorização para que os terminais aumentassem a sua área de armazenagem e construíssem berços de atracação.

  Além disso, para desafogar o trânsito em direção à Baixada Santista, é importante a construção da Rodovia Parelheiros-Itanhaém, prevista desde 1994, que, com sua interligação ao Rodoanel, haveria de atrair pelo menos 50% do tráfego de automóveis de veranistas que buscam o Litoral Sul.  

   Levando-se em conta que, com o fim da chamada “guerra dos portos”, Santos voltou a receber as cargas que estavam sendo desviadas para portos de Estados que as atraíam com benefícios fiscais, é fundamental que a estrutura do cais e das áreas retroportuárias, incluindo os acessos, esteja preparada para suportar uma demanda que será inevitável. Mauro Dias - Brasil
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Mauro Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br



terça-feira, 27 de novembro de 2012

Possível?


                                   Política com ética. É possível?         (*)                  
                                                               I           

            Se levarmos ao pé da letra uma assertiva do poeta, tradutor, diplomata e pensador mexicano Octavio Paz (1914-1998), Prêmio Nobel de Literatura de 1990, segundo a qual “política é poder e o poder é impuro”´, não há como discutir Ética e Política, pois uma palavra seria antagônica a outra. A partir dessa premissa, nenhum homem de bem poderia pensar em dar passos na política, pois essa prática equivaleria a adentrar num lamaçal e manchar a sua honra. Mas, se todos os homens de bem se afastassem com a mão no nariz dos bastidores da política, com certeza, estaríamos condenados a ser governados pelos piores elementos da espécie. Não foi isso que mostrou o século XX e mostra este começo de século XXI?

            No entanto, sem cair no niilismo, é possível discutir “Ética e Política no mundo contemporâneo”, como provam os ensaios, artigos e resenhas reunidos sob esse tema pela revista Estudos Filosóficos, do Departamento de Filosofia e Métodos (Dfime), da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), de Minas Gerais, em seu nº 6, de janeiro-junho de 2011. No estudo “Estado e Nação no pensamento de Ortega y Gasset”, por exemplo, José Maurício de Carvalho, professor titular da UFSJ e doutor em Filosofia pela Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro, procura examinar o significado do pensamento do filósofo espanhol exposto a uma época em que a Espanha vivia numa encruzilhada que a tornava condenada a viver o terror da direita ou o terror da esquerda.

            Para Ortega y Gasset (1883-1955), se o Estado espanhol daqueles anos 30 precisava passar por uma reforma, essa não podia nascer de revoluções violentas, como aquela que ocorrera na Rússia em 1917 ou gestava-se na Alemanha de então a partir do ovo da serpente hitlerista. No pensamento do filósofo espanhol, o resultado das revoluções é a revolta e ela não provoca transformações profundas no tecido social, isto é, não compromete os cidadãos com as modificações na sociedade, lembra Carvalho, citando “Puntos esenciales” (1931), trabalho de Ortega y Gasset. “As mudanças importantes na vida social necessitam do consentimento e da adesão livre do cidadão”, dizia o filósofo espanhol. Em outras palavras, as revoluções pouco favorecem a reorganização social, “pois transformações só são consistentes em política quando chegam sem o uso da força e convencem pessoas”.

                                                           II
No ensaio “Em diálogo com as filosofias políticas de Hannah Arendt e Leo Strauss”, os professores Emília Agnes Assis de Lima, da Faculdade Cenecista de Sete Lagoas-MG, mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Fábio Abreu dos Passos, do Instituto Presidente Tancredo de Almeida Neves (IPTAN), de São João del-Rei-MG, doutor em Filosofia pela UFMG, analisam as influências que Hannah Arendt e Leo Strauss sofreram da época em que se formaram – ou seja, a experiência política da República de Weimar (1919-1933), seu fracasso e a ascensão do nazismo – bem como as respectivas voltas que empreenderam em pensamento à Grécia antiga.

            Os autores lembram que contra a ideia do senso comum de que a política é uma teia de velhacaria, tecida a partir de interesses próprios e mesquinhos, e que a política é apenas um meio para a conservação e fomento da vida em sociedade, conforme o pensamento de Hannah Arendt (1906-1975), há o paradigma da polis grega segundo o qual a política é erigida com o intuito de preservar a memória dos fatos e palavras daqueles que se aventuravam a adentrar o espaço público, paradigma que, de certa forma, aproxima as filosofias de Hannah Arent e Leo Strauss (1899-1973).

            Como se sabe, a polis grega era um espaço no qual cada indivíduo podia manifestar aos demais ouvintes como o mundo aparecia para ele, ou seja, podia colocar o seu ponto de vista, que podia entrar em conflito ou em concordância com os demais, sem, contudo, anular-se ou submeter-se. Para Arendt, a pluralidade de opiniões era a “lei da terra”. Sem esse espaço público, não haveria possibilidade de vida saudável.

            A partir daí, os autores concluem que Arendt e Strauss radicalmente desaprovam os fundamentos da democracia moderna e que, ambos, cada um a seu modo, fazem da antiguidade grega e de sua experiência política no âmago da polis um referencial para se pensar os “tempos sombrios” e para apontar os verdadeiros fundamentos da “dignidade política”. Ao mesmo tempo, os dois filósofos percebem na modernidade uma manipulação e uma sujeição da opinião à construção de ideologias, “pois se a opinião pública é manipulada, não há filosofia política, pois é dela que nasce a filosofia política”. Ou seja, é pela opinião que se manifesta como o mundo aparece para cada um. 

                                                           III
            Já no ensaio “Espaço público, política e ação comunicativa a partir da concepção habermasiana”, os professores Luiz Ademir de Oliveira, da UFSJ, doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), e Adélia Barroso Fernandes, do Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH), doutoranda em Linguistíca pela UFMG, discutem o pensamento do filósofo Jürgen Habermas (1929), especialmente a sua teoria da ação comunicativa, de 1981, que representa uma ruptura com o pensamento da Escola de Frankfurt, da qual o pensador alemão era considerado um dos herdeiros.

            Os professores lembram que, para Habermas, a decadência da esfera pública está associada à consolidação do capitalismo e à emergência de grandes conglomerados de comunicação de massa. Foi a partir da hegemonia da burguesia que o capitalismo passou, sob o domínio das grandes empresas, a forçar o Estado a intervir no setor privado, a favor da economia de mercado. De fato, há poucos anos, não havia dia em que os editoriais de grandes jornais brasileiros não defendessem um Estado cada vez menos intervencionista, deixando que as forças do mercado agissem livremente.

            Hoje, já não é assim. Cada vez mais o mercado livre tem sido substituído por mercados oligopolizados, com a ampliação das diferenças sociais entre proprietários e assalariados. Até mesmo a privatização que sempre foi considerada uma panaceia contra o inchaço do Estado, hoje, na verdade, representa mais a tomada de bens públicos por pequenos grupos privados, tal como aconteceu na Rússia pós-soviética, ou seja, a usurpação de bens públicos para atender a interesses privados.

            De qualquer modo, essa prática não deixa de ser vista como dos males o menor, já que o contrário é a apropriação de empresas públicas por partidos políticos ou por lideranças oriundas do movimento sindical, com o loteamento de cargos por pessoas desqualificadas, de baixa escolaridade, que se enquistam nessas organizações só para promover a corrupção em benefício próprio e de seus mentores, na maioria políticos profissionais. Isso só poderá ser superado quando deixarem de existir os chamados “cargos de confiança” e suas funções passarem a ser desempenhadas por profissionais aprovados em concurso públicos acima de quaisquer suspeitas.

            Com a privatização, o que se constata é que, negociada a empresa pública com grupos privados, a partir desse processo, a corrupção desaparece, ainda que a transferência sempre deixe um rastro de suspeitas quanto a possíveis comissões gordas depositadas em paraísos fiscais ou na Suíça. De qualquer modo, o consolo que fica para o cidadão de bem é que essa será sempre a última vez que se vai ouvir falar de corrupção com dinheiro público ao menos naquela empresa. A partir daí, o problema, se corrupção houver, passará a ser assunto exclusivo dos novos proprietários, ou seja, de grupos privados.

            Diante disso, como bem observam os autores do ensaio, com base no pensamento de Habermas, surge o conceito de sociedade civil como saída para a reconstrução da solidariedade entre os grupos sociais. Composta por movimentos e organizações livres não-estatais e não-econômicas, a sociedade civil não quer o poder, mas tentar influenciar as instâncias do poder e a esfera pública geral, em favor dos menos favorecidos.

            Obviamente, toda organização humana é sempre susceptível à corrupção, como mostra o envolvimento das chamadas organizações não-governamentais (ONGs) com a corrupção do Estado, muitas delas criadas por políticos astutos apenas com o intuito de promover o desvio de recursos previstos em orçamentos públicos. Seja como for, como dizem os autores do ensaio, os argumentos teóricos e conceituais de Habermas permitem mais bem compreender “as novas configurações sociais e os embates travados entre o mundo sistêmico e o mundo da vida”.

                                                           IV
        Além destes três ensaios, o dossiê “Ética e Política no mundo contemporâneo” traz mais cinco estudos que analisam não só o crescimento da força do Estado nos últimos anos como a questão da ação política e da constituição da esfera pública, contribuindo para uma reflexão filosófica que procura compreender as relações humanas e os enigmas que costumam produzir. Por tudo isso, este número 6 da revista Estudos Filosóficos torna-se imperdível e deveria fazer parte de toda biblioteca universitária do mundo lusófono pública ou privada. Adelto Gonçalves - Brasil
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ESTUDOS FILOSÓFICOS, Revista do Departamento de Filosofia e Métodos da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ)/ Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de Minas Gerais (Fapemig). São João del-Rei-Minas Gerais, nº 6, janeiro-junho de 2011, 332 págs. ISSN: 1982-9124. E-mail: dfime@ufsj.edu.br 
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Adelto Gonçalves é doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002) e Bocage – o Perfil Perdido (Lisboa, Caminho, 2003).  E-mail: marilizadelto@uol.com.br

(*) Publicado na revista Saberes Interdisciplinares. São João Del Rei-MG: Instituto de Ensino Superior Presidente Tancredo de Almeida Neves, ano V, nº 9, jan-jul. 2012,  pp.147-153.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Estatísticas


Segundo o sítio Socialbakers a língua portuguesa é a terceira mais falada no Facebook, logo a seguir à inglesa e espanhola. Para este resultado há a evidenciar a segunda posição a nível mundial do Brasil, com 61,8 milhões de registos, ficando apenas atrás dos EUA.

Entre os países de língua oficial portuguesa, ou países que ensinam português, temos a nível mundial, Portugal na 39ª posição com 4,6 milhões de registos no Facebook, na 69ª posição, o Uruguai com 1,7 milhões, no 77º lugar, o Paraguai com 1,3 milhões, seguido de Angola na posição 98ª, 616 mil registos, Moçambique no lugar 113º, 356 mil, Macau em 127º com 216 mil e nas últimas posições temos Cabo Verde, 147º lugar, 105 mil inscritos, Guiné Equatorial, posição 175º com 31 mil e São Tomé e Príncipe no lugar 203º, com 7 mil registos no Facebook. Não existem registos para a Guiné Bissau e Timor Leste. Baía da Lusofonia

domingo, 25 de novembro de 2012

Unilab


Criada em 2010, a Unilab – Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira tem como missão formar pessoas para contribuir com a integração entre o Brasil e os demais estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP, especialmente os países africanos e Timor-Leste. Com foco no ensino superior, no desenvolvimento de pesquisas e na extensão universitária, ela busca promover o desenvolvimento regional e o intercâmbio cultural, científico e educacional. Hoje a universidade conta com um total de 707 estudantes de sete diferentes países.

Leia abaixo a íntegra da entrevista que fizemos com o reitor da Unilab, Paulo Speller:

1) Qual foi o objetivo que motivou a criação da Unilab?

Na perspectiva de ampliar o relacionamento e o conhecimento sobre África e o mundo de Língua Oficial Portuguesa, nasce o projeto de uma Universidade Integrada Internacionalmente. A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Unilab, de acordo com a sua Lei de criação, tem como objetivo ministrar ensino superior, desenvolver pesquisas nas diversas áreas de conhecimento e promover a extensão universitária, tendo como missão institucional específica formar pessoas para contribuir com a integração entre o Brasil e os demais estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP, especialmente os países africanos e Timor-Leste, bem como promover o desenvolvimento regional e o intercâmbio cultural, científico e educacional.

No que diz respeito a sua localização, a Unilab tem como premissa considerar o perfil local e regional, de profundas desigualdades sociais e econômicas, apontadas pelos indicadores para a região do Nordeste Brasileiro e do Maciço de Baturité. As marcas que revelam territórios de pobreza e carências de infraestruturas básicas aproximam as tarefas de promoção de um desenvolvimento socialmente sustentável entre comunidades brasileiras e africanas em áreas prioritárias como Agricultura, Saúde Comunitária, Educação Básica e Superior, Energia e Gestão Públicas, dentre outras. Destaca-se, nesse sentido, a importância da educação, como elemento de indução de um processo de desenvolvimento sustentável.

Os indicadores educacionais da região onde situa-se a Unilab demonstram que a universalização do ensino fundamental ainda não foi atingida, e que a qualidade da educação básica ofertada está aquém dos níveis desejáveis, havendo carências também na oferta de ensino superior. Em função disso, revela-se de grande significado para o desenvolvimento socialmente justo e sustentável dessa região, à qual se vincula a UNILAB, que ela atue em parceria com outras instituições, nacionais e africanas, contribuindo para a melhoria da qualidade da educação básica, e demais áreas prioritárias nos dois lados do Atlântico.

2) Quantos alunos ela atende hoje, e em quais cursos?

A universidade tem hoje 707 alunos, dos quais 552 são brasileiros e 155 são estrangeiros. Os alunos de fora vêm de países como Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

Quanto aos cursos, atualmente oferecemos sete. São eles: Administração Pública, Agronomia, Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Matemática, Enfermagem, Engenharia de Energias e Letras.

3) Qual a importância do trabalho conjunto dos países lusófonos no campo acadêmico?

Um dos propósitos da Unilab é formar pessoas aptas para contribuir para a integração do Brasil com os países da África, em especial com os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP, com o desenvolvimento regional e com o intercâmbio cultural, científico e educacional da região. Esta integração se realizará pela composição de corpo docente e discente proveniente não só das várias regiões do Brasil, mas também de outros países e do estabelecimento e execução de convênios temporários ou permanentes com outras instituições da CPLP.

A Unilab busca criar e compartilhar soluções inovadoras para problemas gerados por processos históricos de desenvolvimento similares entre Brasil e PALOP, de modo a auxiliar no fortalecimento de uma rede internacional que, com respeito à soberania dos países sobre seus próprios destinos, permita a realização de ações e intervenções de apoio técnico, acadêmico e humanitário.

A cooperação entre instituições de Educação Superior é tema de consenso entre autoridades do mundo inteiro. Nesse sentido, os ministros de educação dos Estados Membros da CPLP registraram em encontros realizados no âmbito desta Comunidade que convictos de que o intercâmbio entre instituições de ensino superior é uma das formas mais profícuas de estímulo ao desenvolvimento científico, tecnológico e cultural dos Estados membros; devem ser estimulados o a) Intercâmbio de docentes e pesquisadores para a realização de cursos de pós-graduação em instituições de ensino superior; b) Intercâmbio de missões de ensino e pesquisa, de docentes e pesquisadores, de curta ou longa duração, com vista ao desenvolvimento do ensino de pós-graduação; c) Troca de documentação e publicação dos resultados das pesquisas realizadas conjuntamente; d) Elaboração e execução conjunta de projetos de pesquisa.

O trabalho a partir da Lusofonia é uma proposta que tem como base comum a língua portuguesa. Mas ela vai mais longe e se constitui em um espaço que inclui as questões sociais, econômicas e de estratégia geopolítica. A Lusofonia pode se constituir em um instrumento que seja capaz de dar maior projeção e visibilidade para os países que a integram.

4) Quais as contribuições que a Unilab traz às relações entre Brasil e África?

A política de relações institucionais e internacionais da UNILAB parte do princípio de que o conhecimento em circulação na universidade, sem perder de vista a universalidade própria da ciência, deverá abrir espaço para o livre e amplo intercâmbio de conhecimento e cultura entre o Brasil e os países de expressão portuguesa – em especial africanos. O principal objetivo desta política será, portanto, criar espaços e ampliar meios para que as instituições dos países parceiros da UNILAB desenvolvam este intercâmbio na perspectiva da cooperação solidária e da qualidade acadêmica com inclusão social.

Estas políticas envolvem a promoção de relações e estratégias que perpassam:
§  apoio à seleção de estudantes e docentes;
§  identificação e ampliação do quadro de instituições/entidades/ associações parceiras, bem como das possibilidades de cooperação;
§  divulgação permanente da UNILAB e suas atividades junto a instituições, associações e entidades públicas e privadas com interesse em participar e contribuir com seus projetos;
§  apoio à UNILAB e aos seus docentes na criação de mecanismos e estratégias facilitadoras da mobilidade, da cooperação acadêmica e cultural e da integração;
§  apoio à busca de fomento junto a agências internacionais.

A prática efetiva da internacionalização na Unilab, em termos de execução cotidiana e diálogos, pode ser descrita por meio da cooperação solidária que compreende a construção de parcerias dentro das ações conjuntas de projetos e a partilha em graus idênticos de visibilidade dos parceiros africanos. A postura da cooperação solidária permite a aproximação maior das partes envolvidas como um trabalho de mão-dupla. A perspectiva é de troca, aproximação e compartilhamento de conhecimentos e tecnologia, e não de simples transferência unilateral. O conceito deve permear todas as ações da Unilab em suas relações com as parcerias africanas. Para isso, é importante a mobilidade de profissionais envolvidos, contribuindo para o conhecimento local dos países, fortalecendo a troca de experiências, conhecimentos e tecnologias.

5) Qual é a grande meta que você vê para o futuro da Unilab?

A grande meta da Unilab consiste em consolidar as relações com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e o Timor Leste em bases diferenciadas, garantindo a internacionalização da Universidade pela cooperação solidária e pela mobilidade efetiva de docentes e discentes; envolvendo IPES Brasileiras e Africanas e garantindo a formação de pessoas aptas a criar e compartilhar soluções inovadoras para as demandas dos países parceiros.

A cooperação na Unilab tem como foco a modalidade acadêmica, centrada na formação de estudantes africanos e brasileiros. Para atuar nesta formação existe a preocupação de demandas dos países envolvidos visando para tal uma construção dos eixos em torno dos quais serão estruturados os cursos. A Internacionalização do ensino na Unilab, centrada na perspectiva de cooperação solidária, busca democratizar o conhecimento, considerando as peculiaridades de seus parceiros e evitando a homogeneidade da globalização. As questões suscitadas pelo ensino superior, sejam locais, regionais ou globais, têm de delimitar vários contextos de participação de forma a distinguir os participantes, assegurando o direito a paridade em todos os níveis. in Instituto Lula - Brasil

sábado, 24 de novembro de 2012

Embaixador

A República da Guiné Equatorial nomeou pela primeira vez um embaixador para representar o seu país em Portugal. A José Dougan Chubum coube a primazia de ser o Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da Guiné Equatorial na capital portuguesa. Baía da Lusofonia 

Cultura


Hoje, dia 24 de Novembro de 2012, ao ser entrevistado, o encenador Ricardo Pais afirmou que os governos não sabem que ao empenharem-se na cultura estão a desenvolver o país. As palavras de Ricardo Pais são sábias, tanto para esta afirmação como para muitas outras ideias que expressou no desenrolar da sua entrevista.

O problema é que precisamente os governos sabem o que significa apostar na cultura, na educação, na formação, sabem que a sua sobrevivência passa por transmitir a imagem de grande desenvolvimento nestas áreas, mas o que importa é manter a ignorância, mesmo em cidadãos que alcançam licenciaturas no seu percurso de aprendizagem, mas que não leram um livro, fora do currículo normal de estudo, não viram uma peça de teatro, não entraram num museu, não foram ao cinema para além de comerem pipocas e entreterem-se com uma americanada e principalmente não ouviram as histórias que os seus progenitores tinham para contar, porque a ignorância da população é o pão que os vai alimentando como governantes, com a preciosa ajuda dos meios de comunicação social de grande audiência. Baía da Lusofonia  

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Escritas


“Pelo que decidi explicar: "O seu texto, independentemente do conteúdo agressivo contra o meu país - o mesmo, aliás, onde você nasceu -, está extremamente bem escrito e exprime, de forma brilhante, uma leitura crítica face ao comportamento do meu governo. Embora eu não concorde, rigorosamente em nada, com aquilo que escreveu, quero dizer-lhe que entendo que você está no pleníssimo direito de exprimir o que pensa, embora eu imagine o que "por aí iria" se, lá em Lisboa, o "Diário de Notícias", que nem sequer é um jornal oficioso como o seu, se abalançasse a escrever uma coisa de natureza similar sobre o governo angolano. Mas não é essa, hoje, a minha questão. O que eu queria sublinhar é que o texto está redigido num português exemplar, numa escrita de grande elegância estilística. Ora você diz, nesse mesmo texto, que nada ficou em Angola de herança lusitana! E essa língua em que você escreve tão bem? É uma herança de quem? Ou será que você é capaz de escrever um editorial em quimbundo, em umbundo ou em chocué, que qualquer angolano que saiba ler possa perceber? E em que língua se publica o "Jornal de Angola"? Que outra língua une hoje Angola? Essa é ou não é uma herança do tempo colonial?".

Já não me recordo da resposta do meu interlocutor, que terá sido, com toda a certeza, inteligente e informada, porque era alguém com uma grande qualidade intelectual e política. Uma figura infelizmente já desaparecida.

Esses tensos tempos na relação entre Luanda e Lisboa já passaram, há muito. O bom senso, o fim dos traumas da era das armas, a afetividade natural entre as gentes dos dois lados, a diluição da crispação que a queda dos muros ideológicos proporcionou e, acima de tudo, a emergência de importantes interesses mútuos, tudo isso conduziu ambos os países a patamares novos de entendimento, assentes num diálogo político construtivo e maduro. Portugal está hoje em Angola com gentes e capitais, tal como Angola participa, com toda a naturalidade, na vida económica portuguesa. Ainda bem que as coisas assim são. Tudo isso tem como corolário inescapável a necessidade do respeito mútuo pelas respetivas instituições nacionais e, em ambos os lados, pela plena liberdade de expressão e de crítica. A mesma liberdade que, a mim, me permite de citar hoje aqui esta historieta, que dedico aos bons amigos que deixei por Angola, alguns que até fazem parte do seu atual governo e que recordo com esta minha demasiada memória.” Seixas da Costa – Portugal in “duas ou três coisas”

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Acessos


          O número de acessos em banda larga fixa e móvel na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) aproxima-se rapidamente dos cem milhões, colocando-a como um das principais línguas utilizadas na internet.

            Para este facto, temos a principal contribuição do Brasil, que no passado mês de Outubro alcançou os 85,5 milhões de acessos, um crescimento de 53% face ao mês homólogo de 2011, que significa um aumento de 29,6 milhões de novos acessos, segundo dados da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil). O maior crescimento deu-se na banda larga móvel com uma expansão superior a 74%, que corresponde a um total de 65,5 milhões de acessos, sendo os restantes 20 milhões da banda larga fixa.

            Em Portugal, segundo a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) no 2º trimestre de 2012 existiam 2,3 milhões de acessos de banda larga fixa, um aumento de 6,3% em relação ao trimestre homólogo de 2011. Quanto à banda larga móvel o número de acessos que utilizaram efectivamente a internet, para o mesmo período, foi de 2,9 milhões, um aumento de utilizadores de 12%, face ao 2º trimestre de 2011.


            Nos restantes países não há indicadores actualizados, mas assiste-se a um aumento considerável de novos utilizadores, que diariamente cruzam informações com os parceiros do Brasil e Portugal. Baía da Lusofonia

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Multiplica





                                  

País

Meio mundo debate-se com problemas de transporte. Não há chapas e com os Transportes Públicos nem vale a pena contar. Por outro lado as sirenes aumentam de tom e as escoltas dos dirigentes estampam, na cara dos moçambicanos, que há dois países no país. Um dos oprimidos esmagados pela fome e dos males do subdesenvolvimento. Um país sem medicamentos e água potável de qualidade.

Um país onde 250 mil pessoas morrem à fome num relatório que ignorou outras 500 mil que morrem igualmente do mesmo mal. Esse país, sem meios, sobrevive e mostras suas ossadas
num corpo cada vez mais esquelético. Esse país assiste, sem poder fazer nada, à subida do material de construção e ouve o Governador do Banco de Moçambique a desmentir o Ministro da Indústria e Comércio que 'mentirosamente' dizia que o custo de vida não sofreria nenhuma espécie de agravamento.

Esse país vê prédios a nascerem no lugar de vivendas enquanto dorme na Polana Caniço. esse país que vive em casas de bloco cru que a falta de dinheiro deixou construir não sabe quando será a sua vez. Esse país morre de fome e da sua própria independência.

Esse país vive martirizado pela SIDA dentro de um outro país que recebe rios de dinheiro para a combatê-la. Esse país morre disso e de conformismo. Esse país assiste, impávido e sereno, o conforto dos dirigentes de um país subdesenvolvido com luxos que países do primeiro mundo não dão aos seus dirigentes.

Esse país vai fazer, nos próximos dias, a Presidente da Assembleia da República circular num Mercedes S500 adquirido pela módica quantia de 500 mil dólares. Esse país, esventrado por uma guerra fratricida, gosta desses luxos.

Esse país gosta de dirigentes megalómanos que atribuem às pontes os seus nomes, mesmo quando elas (as pontes) tudo o que fazem é unir o país. Este país permite esse tipo de coisas e ninguém questiona.

Este país é o quarto pior país do mundo para a população, mas é certamente o melhor do mundo para ser dirigente. Este país não prende quem rouba. Ou seja, este país permite tudo aos seus políticos. Este país permite Cateme; este país permite baypass e derivados. Esse país não está preocupado com os seus.

O preço do transporte público subiu ontem e o país está preocupado em dar conforto aos representantes dos oprimidos. Você, povo, anda de caixa aberta. Eu, dirigente, preciso de um carro que podia ser traduzido em cinco ouseis machimbombos para insuflar o meu ego e mostrar a minha importância.

Esse país desconhece o termo governação. Aliás, há muito que esse termo foi morto e substituído por outro quando se trata de sentar-se na cadeira do poder: tirania. esse país é uma mentira. Editorial "A Verdade" - Moçambique







terça-feira, 20 de novembro de 2012

Oportunidade


"Galego 180 graus"

“Completaram-se vinte anos desde a assinatura da Carta europeia das línguas regionais e minorizadas, um documento de grande valor, redigido para reconhecer a pluralidade linguística do chamado velho continente e que significou um avanço mui positivo no caminho da igualdade e da nom discriminaçom por motivos da língua falada.

Todo isto, e muito mais, é o que devíamos estar realmente a comemorar no aniversário de tam marcante documento. Mas a realidade é bem diferente, mostra um Reino de Espanha que nom quer respeitar as leis e normas que ele próprio tem aceitado e ratificado no ámbito internacional. Umha situaçom denunciada polos coletivos e associações para a defesa do galego mas também polo Conselho de Europa nos seus relatórios periódicos.

Neste passado Setembro apareceu um novo relatório que voltava denunciar os descumprimentos da Carta que comete o Estado Espanhol. E ainda doe mais, e torna-se mais incompreensível, observar como a administraçom galega é cúmplice da estratégia do papel molhado impulsada do governo de Madrid. Este novo relatório fai especial ênfase na Educaçom e na Justiça, ámbitos em que denuncia importantes retrocessos frente aos escassos avanços anteriores.

Também é o Conselho de Europa quem volta chamar a atençom ao respeito da impossibilidade para poder sintonizar as televisões portuguesas na Galiza. Umhas férridas e escuras fronteiras audiovisuais que som excepçom numha Europa permeável ao tránsito linguístico e cultural. Nom é a primeira vez que da AGAL denunciamos esta situaçom. Desde 1992 tenhem sido várias as vezes que colaboramos para assinalar os descumprimentos da legalidade vigente em matéria linguística.

Nom será desta vez que desistamos em voltar pôr o ponto de atençom na necessidade de mudar o rumo, de girar o leme 180º e aproveitar a riqueza e as potencialidades da nossa mais importante criaçom coletiva como galegos e galegas. Vamos continuar a encorajar as autoridades galegas, e sobretodo a cidadania activa, para aproveitar a oportunidade que nos abre a nossa língua.

O galego é umha fonte de riqueza imensa. A sua desapariçom, na Galiza, seria umha perda e um empobrecimento incalculável. Do ponto de vista identitário e cultural mas, falemos claro, também do ponto de vista económico. Somos o único país do mundo que tem competência nas duas principais línguas románicas com maior pujança mundial. E queremos perder isto? Que sentido tem? Queremos homologar-nos? Com quem?
           
Temos a OPORTUNIDADE diante de nós, só há que caminhar para a frente com decisom e sem desánimo. A cidadania é consciente da necessidade de aproveitar todas as chances para poder aumentar o nosso bem-estar colectivo, e ainda mais numha conjuntura de crise como a atual. Cada vez mais galegas e galegos tenhem presente o POTENCIAL da sua língua como algo positivo e que nos beneficia.

As autoridades galegas nom deveriam ficar por trás. Num tempo em que estamos tam acostumados a que os governos se desculpem nas directrizes europeias para desenhar o nosso futuro, neste caso sim, deveriam assumir também as recomendações e propostas do Conselho para cumprir a Carta. E assim poder acompanhar a sociedade na nova singradura do galego polos mares da Lusofonia, um oceano onde navega em todo o seu potencial.” Miguel Penas – Galiza            in “Portal Galego da Língua”

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Adeus


Adeus, rios; adeus, fontes

Adeus, rios; adeus, fontes;
adeus, regatos pequenos;
adeus, vista dos meus olhos;
não sei quando nos veremos.

Minha terra, minha terra,
terra onde me eu criei,
hortinha que quero tanto,
figueirinhas que plantei,

Prados, rios, arvoredos,
pinhares que move o vento,
passarinhos piadores,
casinha do meu contento,

Moinho dos castanhais,
noites claras de luar,
campainhas timbradoras
da igrejinha do lugar,

Amorinhas das silveiras
que eu lhe dava ao meu amor,
caminhinhos entre o milho,
adeus para sempre a vós!

Adeus, glória! Adeus, contento!
Deixo a casa onde nasci,
Deixo a aldeia que conheço
Por um mundo que não vi!

Deixo amigos por estranhos,
deixo a veiga pelo mar,
deixo, enfim, quanto bem quero…
Quem pudera o não deixar!...

Mas sou pobre e, malpecado!
a minha terra n’é minha,
que até lhe dão prestado
a beira por que caminha
ao que nasceu desditado.

Tenho-vos, pois, que deixar,
hortinha que tanto amei,
fogueirinha do meu lar,
arvorinhas que plantei,
fontinha do cabanal.

Adeus, adeus, que me vou,
ervinhas do campo-santo,
onde meu pai se enterrou,
ervinhas que biquei tanto,
terrinha que nos criou.

Adeus, Virgem da Assunção,
branca como um serafim;
levo-vos no coração;
vós pedi-lhe a Deus por mim,
minha Virgem da Assunção.

Já se ouvem longe, mui longe,
as campanas do Pomar;
para mim, ai!, coitadinho,
nunca mais hão de tocar.

Já se ouvem longe, mais longe…
Cada bad’lada uma dor;
vou-me só e sem arrimo…
Minha terra, adeus me vou!

Adeus também, queridinha…
Adeus por sempre quiçá!...
Digo-te este adeus chorando
desde a beirinha do mar.

Não me olvides, queridinha,
Se morro de solidão…
Tantas léguas mar adentro…
Minha casinha!, meu lar!

Rosalía de Castro - Galiza

domingo, 18 de novembro de 2012

Descaramento


           Num mundo imaginário, suponhamos que havia um país democrático em que o governo, ao serviço dos cidadãos que o elegeram para um determinado período, preparava agora para o próximo ano o orçamento de estado.

            Esse governo, tinha ganho as eleições após um programa eleitoral em que prometia para os eleitores um desenvolvimento sustentado, uma saúde melhor e de proximidade, uma educação para todos e com um enquadramento social, uma justiça célere, uma segurança social de apoio às futuras mães até aos idosos que terminaram a sua vida activa e uma redução nos impostos.

            Ora, para surpresa de todos os cidadãos deste imaginário país, como se fosse um golpe de estado palaciano, o governo na preparação do orçamento de estado decidia, na sua moeda em circulação, aumentar de 100 para 200, isto é o dobro, os impostos que necessitava para o ano seguinte, além de cortes em todas as áreas sociais e económicas.

            Depois dos protestos, que entretanto se começaram a ouvir da sociedade civil, os governantes, após ouvirem os parceiros sociais, decidiram não aumentar para 200 mas sim para 150, os impostos que iriam cobrar no próximo ano e resolveram fazer uma conferência de imprensa a anunciar tal medida, que devido a um grande esforço financeiro para melhorar as condições económicas da população e face às propostas eleitorais, iriam reduzir em 25 pontos percentuais os impostos do ano seguinte, ao passar de 200 para 150!

            Neste mundo virtual que acabo de narrar, não cabem nomes como Mandela, Mujicas ou mesmo Corrêa, que são as raras excepções que por vezes os cidadãos do mundo real são premiados, mas por serem tão poucos, não conseguem inverter a máquina tentacular que vai oprimindo os povos do mundo. Baía da Lusofonia