Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 31 de março de 2013

Urgente

“Muito boa tarde a todos
 
Saúdo todos os presentes nesta Aula Magna que é da Universidade e que é da cidade.
 
Dirijo-vos breves palavras como anfitrião para dizer a alegria que sinto ao ver esta sala cheia em gesto de homenagem a um antigo aluno (Álvaro Cunhal) da Universidade de Lisboa e membro do seu Senado.
 
A maior distinção que podemos receber é sempre a vida futura dos nossos estudantes, aquilo que cada um fez com que aprendeu, aqui na Universidade, aquilo que cada um fez não por si, não para si, mas pelos outros, pelo bem comum, pelo bem de todos.
 
Não há nada mais importante que a cultura, é preciso que ela nos junte em diálogo uns com os outros por uma terra da fraternidade, por uma terra da humanidade, em cada esquina um amigo, em cada rosto igualdade.
 
É preciso recordar, é preciso ter memória, sobretudo nestes tempos de chumbo, de insensatez, de insensibilidade que estamos a viver, tempos perigosos que anunciam o regresso a um país que Abril fechou. Como é difícil respirar hoje neste nosso Portugal? Vêm-me à cabeça um título de um conto breve, de um conto de Irene Lisboa “ Vamos durando vamos sobrevivendo com uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma” e é por isso que a cultura é tão importante, porque cultura quer dizer, a paz, o pão, habitação, saúde, educação. Porque cultura quer dizer trabalho, quer dizer uma vida digna de ser vivida, não há nada mais importante que a cultura, não há nada mais importante que o conhecimento, é preciso conhecer, é urgente conhecer, não podemos ignorar, não podemos continuar a remar, a remar, fechados nos porões de uma qualquer galera, a remar, a remar, sem saber para onde vamos. O conhecimento torna-nos mais atentos, mais solidários, faz-nos amigos maiores que o pensamento.
 
Permitam-me uma palavra, uma palavra de profundo reconhecimento, já aqui dita a um amigo o Prof. Óscar Lopes, intelectual de liberdade que ontem faleceu. Somos filhos da madrugada, mas não de uma madrugada qualquer, somos filhos dessa manhã clara que Abril nos trouxe e não queremos nem podemos apagar a chama que dá vida na noite inteira, que dá vida à existência inteira. Somos nós os cantores da matinal canção, venha a maré cheia, maré cheia de uma ideia, de um pensamento, venha a maré cheia e que a maré traga outro amigo também.
 
Não há nada mais importante do que a cultura, do que o conhecimento, não há nada mais importante do que a criação, do que a arte, a cultura, o conhecimento, a criação, a arte, é isto que nos junta, é isto que nos une, é isto que faz da Universidade um lugar de vida e da vida um lugar de futuro.
 
Tanto mar, tanto mar, recordam-se da canção de Chico Buarque onde ele nos diz “que ainda guarda um velho cravo, já murcharam a festa pá! Mas certamente esqueceram-se de uma semente nalgum canto de um jardim”, procuremos essa semente que há-de estar por aqui, quem espera nunca alcança. É preciso fazer alguma coisa, antes que alguma coisa se faça contra nós.
 
E o futuro? Ainda demora muito tempo? Tudo depende de nós, tudo depende da nossa vontade, dentro de nós a cidade, dentro de nós o futuro, por essa estrada amigo vem, a gente ajuda, havemos de ser mais.” Sampaio da Nóvoa – Portugal
 
Aceda ao discurso aqui


sábado, 30 de março de 2013

Rosa


Rosa Negra

Rosa,
chamam-te Rosa, minha preta formosa
e na tua negrura
teus dentes se mostram sorrindo.

Teu corpo baloiça, caminhas dançando,
minha preta formosa, lasciva e ridente
vais cheia de vida, vais cheia de esperanças
em teu corpo correndo a seiva da vida
tuas carnes gritando
e teus lábios sorrindo...

Mas temo tua sorte na vida que vives,
na vida que temos...
Amanhã terás filhos, minha preta formosa
e varizes nas pernas e dores no corpo;
minha preta formosa já não serás Rosa,
serás uma negra sem vida e sofrente
serás uma negra
e eu temo a tua sorte!

Minha preta formosa não temo a tua sorte,
que a vida que vives não tarda findar...
Minha preta formosa, amanhã terás filhos
mas também amanhã...
... amanhã terás vida!

Amílcar Cabral – Guiné Bissau

sexta-feira, 29 de março de 2013

Resoluções

                            Como acabar com o caos logístico

              Não se pode dizer que a Medida Provisória 595/2012, que estabelece um novo marco regulatório para o setor portuário e abre espaços para investimentos privados, carece de méritos, embora a Lei 8.630/1993, a chamada Lei de Modernização dos Portos, não fosse uma legislação totalmente defasada ou anacrônica. Precisava, isso sim, de algumas emendas que pudessem corrigir distorções.

               De fato, em seu bojo, a MP 595 está eivada de boas intenções: a principal delas é que procura baratear os custos portuários a partir da instalação de novos terminais e do estímulo à competição. É claro que contra este princípio ninguém pode se colocar, exceto aqueles que estão se favorecendo com a falta de concorrência.

            O busílis  da  questão, porém, não está aí. A verdade é que não houve planejamento quando o governo do Estado idealizou a construção do Rodoanel, que, embora com sua conclusão prevista para 2016, já passou a facilitar – e muito – o tráfego de cargas em direção ao Porto de Santos. É que essa obra de muitos méritos não foi acompanhada por investimentos nos acessos ao Porto e aos terminais retroportuários.

            Ora, enquanto não se resolver esse problema, a instalação de novos terminais só vai piorar a situação do tráfego em direção ao Porto, já que a atual infraestrutura se mostra incapaz de acompanhar o crescimento da produtividade dos terminais já em funcionamento.

              É certo que, com algumas medidas tomadas de afogadilho, no calor da hora, como a instalação pela Codesp de um terminal regulador de caminhões no bairro da Alemoa, a situação de colapso nos acessos portuários deve ser amenizada. Além disso, no segundo semestre, a atual supersafra de grãos já deverá ter sido escoada. Em compensação, com a entrada em funcionamento nos próximos dias dos terminais da Brasil Terminal Portuário (BTP) e da Embraport, haverá uma sobrecarga considerável no fluxo das vias em direção ao Porto.

             Seja como for, está claro que houve negligência por parte dos administradores públicos que, até hoje, discutem qual seria a melhor forma de uma ligação seca entre as duas margens do Porto, depois de apresentarem à população vários projetos de pontes e túneis submersos. Além de não terem sido construídos bolsões de estacionamento para caminhões no Planalto e na região do Porto, não houve as obras necessárias para separar o fluxo dos veículos pesados dos automóveis, situação que se agrava na época da temporada turística.

             É de lembrar ainda que só depois de muita pressão é que tiveram início as obras para a construção do minianel viário de Cubatão que vai contemplar as rodovias Padre Manuel da Nóbrega, Cônego Domênico Rangoni e Anchieta, acabando – espera-se – com o enorme gargalo rodoviário que há na região. E que ainda há necessidade de construção de outros viadutos e a implantação de faixas adicionais que facilitem o escoamento de cargas.

             A questão, porém, não se resume a soluções viárias. Não se pode esquecer que, apesar do programa Porto Sem Papel, os operadores ainda enfrentam lentidão na liberação de cargas em razão de a Alfândega e demais órgãos intervenientes não operarem 24 horas, como ocorre nos portos mais modernos do mundo. Como se vê, a solução para o caos logístico no Porto de Santos depende de uma série de fatores. Milton Lourenço – Brasil
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 Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br









quinta-feira, 28 de março de 2013

Normas


“Eu já venho falando da alternativa, a criaçom duma norma galega do português, algo assim como o alemam da Suiça, que tem muitas peculiaridades e nom imita cegamente a norma da Alemanha. Infelizmente, o reintegracionismo da AGLP parece apostar polo purismo normativo, o qual eu acho ser um erro, por ser umha herdança de preconceitos próprios de paradigmas prescritivistas. É precisamente a variedade da Lusofonia que pode permitir ao galego ligar-se nela. Havendo uma norma brasileira, uma europeia, e ainda as variedades africanas, é suicida renunciar à norma galega, e deixar o galego nas maus de quem está a fazer dele um dialeto espanhol.” José Outeiro – Galiza in “Portal Galego da Língua”

quarta-feira, 27 de março de 2013

Planejamento?


                                 Falta de planejamento
                                                                                             
              Foi preciso que o estágio de saturação em que se encontram as vias de acesso ao Porto de Santos alcançasse níveis insuportáveis para que as autoridades chegassem a um consenso e, finalmente, o Serviço de Patrimônio da União (SPU), órgão do Ministério do Planejamento, liberasse um terreno com cerca de 250 mil metros quadrados para a construção de um pátio regulador de caminhões no bairro da Alemoa, junto ao cais.

            É de lembrar que, desde 2010, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) pretendia utilizar a área, mas a medida vinha sendo protelada e, certamente, não teria sido tomada se a ameaça de caos não tivesse se concretizado. E muito menos se não tivesse sido nomeada para a chefia do SPU a ex-vereadora santista Cassandra Nunes que, conhecendo de sobejo o problema decorrente do tráfego intenso de carretas na região, empenhou-se em apressar a cessão do terreno. Obviamente, o pátio de caminhões não irá resolver por completo a questão do escoamento de cargas, ainda que possa amenizá-la, já que a tendência é que o problema venha a se agravar porque, passada a atual safra de soja, virão a de milho e a de açúcar.

            O resultado da falta de planejamento está à vista de todos: em função do apagão que toma conta do Porto de Santos a estatal chinesa Chinatex já anunciou a suspensão parcial da compra de grãos do País. Justifica-se: a empresa asiática já deveria ter recebido 13,5 milhões de toneladas, mas até agora só recebeu 3,5 milhões. Como se sabe, em comércio exterior, é fundamental cumprir prazos e, quando isso não acontece, os prejuízos são incalculáveis porque a quebra de confiança se reflete nos negócios futuros.

            O pior é que, nas atuais circunstâncias, não há muito que fazer, a não ser contar os prejuízos e atribuir ao imponderável, ou seja, ao clima instável, a responsabilidade pelo black out, como tem feito o governo federal. Até porque ninguém vai admitir que o programa de concessão de rodovias e ferrovias e a Medida Provisória 595/2012, que estabelece um novo marco regulatório para o setor portuário e abre espaços para investimentos privados, vieram muito tarde, já na metade do governo Dilma Rousseff, quando deveriam ter sido anunciados e implementados no governo anterior.

           Para  complicar,  a  MP 595  sequer  foi  aprovada  e  ainda  é  alvo de contestação por parte dos trabalhadores portuários. Ora, com esse clima de insegurança jurídica, os investimentos privados continuarão apenas na promessa. Em outras palavras: se não houver flexibilidade do regime de terminais de uso privativo, com a não exigência de carga própria, os recursos privados migrarão para outros setores e tão cedo não haverá melhorias na infraestrutura portuária.

           Diante  disso,  só  resta  esperar  que  não  ocorram  no  Polo Industrial acidentes, como o vazamento de produto químico em alguma fábrica, porque, nesse caso, haverá pânico e conseqüências inimagináveis, em razão do congestionamento da rodovia Cônego Domênico Rangoni e do sistema Anchieta-Imigrantes que, em certas horas do dia, faz paralisar completamente o trânsito no centro da cidade de Cubatão. Mauro Dias - Brasil
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Mauro Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br

terça-feira, 26 de março de 2013

Dessalinização

            A procura de água potável poderá em breve estar mais acessível a países que têm dificuldade em alcançar este precioso líquido, entre eles, o país lusófono de Cabo Verde.

          A empresa  norte-americana  Lockheed  Martin  acaba  de receber uma concessão de patente para o produto “Perforene”, uma solução de filtração molecular que permite transformar água salgada em água doce. O material “Perforene” funciona através da remoção de iões de cloro, sódio e outras partículas, a partir da água do mar ou de outras possíveis fontes.

          O  “Perforene”  é  uma membrana de grafeno, isto é carbono puro, filtra a água do mar, produzindo água potável com baixos custos de produção. Estas membranas embora muito finas, são fortes e duráveis, têm um atómo de espessura e possuem orifícios de um nanómetro de largura, permitindo a passagem da água e a retenção das moléculas de sal, utilizando um mínimo de energia.

            Segundo  o  Dr. Ray O. Johnson  vice-presidente e director  de tecnologia da Lockheed Martin “A solução de filtragem Perforene é apenas um exemplo dos esforços da Lockheed Martin para aplicar alguns dos materiais avançados que nós desenvolvemos para os nossos principais mercados, incluindo aviões e naves espaciais, para os desafios ambientais globais e económicos”.

          Neste momento a Lockheed Martin, uma empresa de segurança global e aeroespacial, que emprega cerca de 120 mil colaboradores, está no mercado para estabelecer parcerias de comercialização para o “Perforene” cuja patente foi concedida pela United States Patent and Trademark Office. Baía da Lusofonia 

segunda-feira, 25 de março de 2013

Moisés

                                               A criação literária ao alcance de todos

                                                           I

          Se é difícil admitir-se que se possa ensinar Literatura, como observou Fidelino Figueiredo (1889-1967), o ensino da atividade crítica pode ser algo ainda mais questionável. Mesmo assim, ensina-se. E quem quiser pode aprender muito. É o que propõe A Criação Literária – Poesia e Prosa (São Paulo, Cultrix, 2012), de Massaud Moisés, obra anteriormente publicada em três volumes, um dedicado à poesia e dois à prosa, que acaba de ganhar uma edição revista, atualizada e unificada.

          Concebida originalmente sob o título de Introdução à Problemática da Literatura, a obra, cuja primeira edição é de 1967, mereceu sucessivas impressões e constitui o melhor manual de teoria literária produzido no Brasil. Não é de admirar que ainda seja largamente utilizado nos cursos de Letras.

            É claro que a imensa maioria que recorre a este livro – que é, acima de tudo, didático – é formada por aqueles que almejam uma carreira no magistério na área de Letras. Mas este livro é fundamental mesmo para quem quer seguir uma atividade cada vez menos prestigiada nestes dias, a de crítico literário.

            Até porque esta não é uma carreira profissional e ninguém sobrevive como crítico ou resenhista de livros nem sobreviveu em outros tempos. Agrippino Grieco (1888-1973), grande crítico literário e ensaísta, que viveu seus últimos dias no subúrbio carioca da magra aposentadoria de ferroviário, sempre lamentou o tempo que perdera analisando obras de autores que considerava inferiores a ele em talento. Mas, se não constitui uma carreira profissional, a atividade ao menos serve não só para bem ocupar as horas de ócio como acumular erudição e, melhor ainda, estimular e exercitar os neurônios, o que, na idade madura, pode ajudar a retardar as manifestações do mal de Alzheimer. Já não é pouco.

            Para piorar, nestes dias que correm, as revistas e suplementos literários, praticamente, desapareceram. E os que sobreviveram, diante de tantas dificuldades econômicas, não costumam remunerar seus colaboradores. O último, justiça se faça, que ainda pagava por colaboração era o suplemento Caderno de Sábado, que desapareceu no começo do século XXI, numa daquelas crises periódicas pelas quais passou o Jornal da Tarde, de São Paulo, até o seu fechamento às vésperas do Dia de Finados de 2012.

                                                           II
           Seja  como  for,  se  ainda  hoje  há jovens que, contrariando a vontade paterna, queiram iniciar-se nesta atividade e tenham disposição e espaço para ler e guardar a infinidade de livros que editoras e autores vão lhe enviar pelo correio, para estes não há outro caminho que não seja começar por A Criação Literária. Afinal, por aqui, vão aprender que o verso é só uma maneira de marcar melhor a narrativa, ou seja, “é mero instrumento da narrativa, que assume valor absoluto”.

          Portanto,  verso  não  significa  poesia, como sabe quem lê literatura de cordel ou os contos em versos de Geoffrey Chaucer (c.1343-1400) ou de La Fontaine (1621-1695). Na verdade, diz Moisés, a “poesia é a expressão do ‘eu’ por palavras polivalentes, ou metáforas”. São expressões que, como observou Octavio Paz (1914-1998), em O Arco e a Lira (Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982), foram classificadas pela retórica e chamam-se, além de metáforas, comparações, símiles, jogos de palavras, paronomásias, símbolos, alegorias, mitos, fábulas etc.

            Essas expressões verbais têm ritmo próprio, ou seja, são o próprio ritmo, o mundo da alma do poeta. Não se deve, porém, confundir ritmo com cadência. Para Moisés, “a cadência participa da formulação do ritmo, mas não o determina: na verdade, o ritmo engloba a cadência, como o todo implica a parte”. Já o ritmo, diz, constitui “a sucessão de unidades melódico-emotivo-semânticas, movendo-se na linha do tempo”.

           É por  isso  que pode  haver poesia em textos armados em versos ou em linhas cheias, ou seja, numa crônica, conto ou em qualquer outro texto, como, por exemplo, El jardín de senderos que se bifurcan (1941), de Jorge Luis Borges (1899-1986), que Octavio Paz define como poema. Segundo o poeta, nesse relato, “a prosa se nega a si mesma: as frases não se sucedem, obedecendo a uma ordem conceitual ou narrativa, mas são presididas pelas leis da imagem e do ritmo. Há um fluxo e refluxo de imagens, acentos, pausas, sinal inequívoco da poesia”. Em outras palavras: estamos diante de uma prosa poética.

                                                           III
            Já poema em prosa é, antes de tudo, poema, como diz Moisés, ou seja, a sua meta consiste na expressão da poesia, enquanto na prosa poética o objetivo do ficcionista é “recriar o mundo, inventando uma história e suas personagens, ainda que numa atmosfera de permanente lirismo”. Poemas em prosa são pequenas peças líricas em que toda a primazia é do “eu”, isto é, o poeta volta-se para dentro de si, “fazendo-se ao mesmo tempo espetáculo e espectador”. Como exemplo, leia-se fragmentos do Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa (1888-1935).

            Nenhuma dessas formas, porém, confunde-se com o poema de forma livre, em que, segundo Moisés, o metro cede lugar ao ritmo que, sem a cadência imposta pela forma fixa, torna-se “a própria alma do verso”, na definição de Antonio Candido, em O Estudo analítico do poema ((Terceira Leitura, FFLCH/USP, 1987). Como exemplo, leia-se Oito elegias chinesas (Lisboa: Edições Descobrimento, 1932), poemas traduzidos por Camilo Peçanha (1867-1926), um dos precursores do Modernismo português.

           O  que  sustenta  as  Oito  elegias chinesas é o ritmo, que espelha também toda a inquietação e as alterações do espírito e da sensibilidade do poeta/tradutor. Livre da camisa-de-força da forma fixa, Peçanha, como tradutor, sentiu-se à vontade nos poemas/traduções para colocar toda a tristeza de sua alma de autoexilado em Macau que se identificou com a anima de poetas chineses desterrados do tempo dos Ming (1368-1628). Para tanto, foi mais longe na subversão das formas poéticas tradicionais, suprimindo rimas, fazendo cortes bruscos, reduções inesperadas ou prolongamentos desmedidos – inclusive, adotando soluções da prosa como a divisão silábica.

           Mas  não  é  só para  elucidar estas  questões  ligadas à teoria da poesia, aparentemente difíceis, que serve este A Criação Literária. Vai mais longe ao analisar também as formas em prosa, como o conto, a novela, o romance, a crônica e o teatro, além de outras formas híbridas e, por fim, a crítica literária, “talvez o mais espinhoso e controverso” dos problemas relativos à teoria da Literatura, como o próprio autor admite.

                                                            IV
           Professor  titular  aposentado  da  Universidade  de  São  Paulo,  Massaud Moisés foi professor visitante nas universidades de Wisconsin, Indiana, Valderbilt, Texas, Califórnia e Santiago de Compostela. Alguns dos seus livros, consagrados à teoria literária e às literaturas em vernáculo, constituem referência obrigatória para estudantes e estudiosos destas matérias como evidenciam as sucessivas edições que têm merecido História da Literatura Brasileira, 3 v.,  A Análise Literária, Dicionário de Termos Literários, A Literatura Brasileira Através dos TextosA Literatura Portuguesa Através dos Textos,  Pequeno Dicionário de Literatura Brasileira, A Literatura Portuguesa,  Fernando Pessoa:  o Espelho e a Esfinge e Machado de Assis: Ficção e Utopia,  todos publicados pela Cultrix, A Literatura como Denúncia (Cotia-SP: Íbis, 2002) e As Estéticas Literárias em Portugal, 3 v. (Lisboa: Editorial Caminho, 2002), entre outros. Adelto Gonçalves - Brasil

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A CRIAÇÃO LITERÁRIA – POESIA E PROSA, de Massaud Moisés, edição revista e atualizada. São Paulo: Editora Cultrix, 2012, 782 págs. R$ 78,00. E-mail: atendimento@editoracultrix.com.br Site: http://www.editoracultrix.com.br

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Adelto Gonçalves é doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo e autor de Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002) e Bocage – o Perfil Perdido (Lisboa, Caminho, 2003). E-mail: marilizadelto@uol.com.br










domingo, 24 de março de 2013

Confluência


Márcio-André seria um artista multifacetado se nom tivessem surgido já alguns termos para englobar os intérpretes que as pessoas nom conseguem compartimentar. O mais comum é artista performativo, mas ele apresenta-se na sua página web como poeta sonoro, cinético e radioativo. Explicado às pessoas comuns, fai poesia em que a palavra nom é o único instrumento comunicativo implicado: a imagem ou os sons tenhem tanta importáncia como ela. O Márcio é brasileiro, onde participou na fundaçom da editora Confraria do Vento, um projeto concebido para novos escritores e escritoras que tem mui em conta as novas linguagens. Depois de ter passado uns anos em Lisboa, a sua digressom europeia trouxo-o à Galiza, onde participa em diversos projetos artísticos ao mesmo tempo que organiza ciclos de cinema brasileiro na Casa das Crechas.

Define-te como artista...

Isso é umha pergunta realmente difícil. Eu nom saberia respondê-la sem algumha culpa. Até uns anos atrás, eu dizia que era poeta, porque tinha lançado livros de poesia e porque freqüentava festivais desse tipo de cousa. Depois, com o estudo da performance e com a exploraçom dos métodos multimídia de trabalhar a palavra, o corpo e o som, pensei: sou um poeta multimídia que trabalha com performance. Agora, estou experimentando fazer filmes e todo já começa a ficar confuso novamente. Será que umha definiçom é realmente necessária? A minha arte nom surge dos meios que utilizo. Essa cousa de definiçom é muito complicada. As definiçons mudam de acordo com o lugar e com o tempo, as obras, nom. Talvez eu pudesse dizer que sou um artista da palavra.

Do Brasil vinheste para Lisboa e acabaste em Compostela... achas que continuas na Lusofonia? O que te trouxo, primeiro a Portugal e depois à Galiza?

Bem, meus movimentos migratórios sempre tenhem a ver com as minhas paixons. Vim do Rio de Janeiro para Lisboa fugindo do amor por umha mulher. No caso da Galiza, a vinda tem a ver com minha esposa, Ana Gesto, que é umha artista compostelana. Mas, claro, as nossas escolhas, por mais desconexas, de alguma maneira cumprem um caminho que, depois de percorrido, parece ter sido o verdadeiro. É o que chamamos de “destino”. Entom, tenho pensado sim nessa ideia de que estou, nom propriamente na Lusofonia (que é um conceito e representa apenas umha das muitas formas de encarar a uniom das variantes do português), mas perseguindo, de maneira inversa, a expansom da minha língua até as origens. E isso é muito significativo por eu trabalhar com a palavra. É interessante, nesta trajetória, estar na convergência de todos os idiomas que componhem o meu idioma.

Nom és o único artista brasileiro que entra em contacto em Compostela com a cultura galega. O que te chama a atençom dela?

Na verdade, eu conheço muito pouco ainda. Vivo aqui há somente seis meses. Mas, a princípio, fascinam-me as tradiçons folclóricas. Elas remontam muito às raízes brasileiras, sobretudo na semelhança que a música tradicional galega tem com a música do nordeste do Brasil.

Dá a sensaçom que muitos artistas brasileiros passam uns anos na Europa para completar a sua carreira artística. Voltam mais reconhecidos para o Brasil?

Isso era algo muito comum no período do modernismo brasileiro. Foi algo que deve ter durado até os anos trinta, porque toda referência brasileira até entom estava na Europa, sobretudo na França. A moda voltou nos anos 60 e 70, mas aí era por exílio forçado pola ditadura militar. Hoje isso é mais raro. Nesse aspecto, o Brasil da segunda metade do Sec. XX sempre foi muito autocentrado, interessando-se mais em exportar do que em trocar (Veja o Concretismo, a Bossa Nova, etc). A Tropicália, apesar de seu “antropofagismo”, trazia bem pouco de fora, agregando o que popularmente vinha enquanto cultura de massa. No meu caso, eu represento outro tipo que nada tem a ver com isso.

O meu interesse nom é carreira ou formaçom, mas deformaçom. Eu sou o tipo nômade, sem casa, sem referência e, provavelmente, sem retorno. O meu país está aonde eu vou. Ainda que eu nunca deixe de estar em contato (através de projetos realizados à distáncia, performances remotas, viagens periódicas) e de me sentir brasileiro, nom pretendo voltar a viver no Brasil por enquanto – nom naquele que deixei atrás de mim. Pretendo voltar àquele que encontrarei adiante, de forma que quando retornar isso também será um seguir adiante. Eduardo Maragoto – Galiza in “Novas da Galiza”

sábado, 23 de março de 2013

Contemporâneo


“Hoje esta lógica de acumulação de capital está profundamente alterada, porque vivemos numa espécie de aldeia global onde todos os dados parecem disponíveis, mas sobre eles actua um mecanismo de escolha que nos ilude e nos inutiliza as opções mais racionais. Vivemos num Zollverein europeu (Martins adverte na pág. 56 de Política e Economia, 1959, que um «Zollverein é um prólogo de um império»), em breve teremos a mesma moeda, porque se não for o Ecu será forçosamente o Marco, mas o nosso fiel amigo de há perto quatro séculos, o bacalhau, foi-nos quase retirado ilegalmente com o consenso dos europeus-unidos, e a Renault escapa-se-nos do território, --- o que nos deixa a pior impressão possível sobre as novas solidariedades que nos estavam prometidas. Em que condições disporemos das águas dos rios internacionais? Não sabemos nem o sabe o nosso parlamento. Porque a diplomacia das grandes decisões negoceia-se cada vez mais secretamente.

A guerra do Vietnam foi um erro colossal, --- diz-nos MacNamara um dos seus grandes responsáveis, --- e quem restitui as vidas que esse erro custou e explica o apoio que toda a grande imprensa lhe deu? Que se dirá daqui a uns anos sobre Saddan Hussein, e sobre as guerras na Jugoslávia, que todavia sabemos condizerem com aqueles interesses pangermanistas, e portanto anti-paneslavitas, que originaram a primeira guerra mundial.

Nós temos todos uma imagem de vida em cuja base, e sumariamente, os eucariotas comem os procariotas, o zooplancton come o fitoplancton, o crick come o zooplancton, o peixe grande come o peixe pequeno, e o homem come regularmente o peixe grande --- para seguir, apenas, uma das séries da cadeia alimentar. Isto é cruel, mas é. E estou a deixar de lado a série da domesticação, que não tem mais de dez milénios, assim como estou a esquecer a próxima autodomesticação dos homens, com recursos espectaculares, como toda a gama de escravidão, da servidão e da proletarização, directas --- ou como formas inconscientes. Há formas mais ou menos simbólicas de abstenção; há os vegetarianos, os jejuns, os tabos alimentares, os períodos religiosos de privação alimentar determinada, --- mas nada nos impede de matar para comer, com especiais formas de sadismo, ou de remorso, que cada qual situa num dado grau da escada.” Óscar Lopes – Portugal


                 Em memória de Óscar Luso de Freitas Lopes 
               Leça da Palmeira 02.10.1917 -  Porto 22.03.2013
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Óscar Luso de Freitas Lopes licenciou-se em Filologia Clássica, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e em Ciências Histórico-Filosóficas, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, em 1989, e a Ordem da Liberdade, em 2006.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Meia-lecas


            A situação absurda que os cidadãos contemplaram esta semana com origem na ilha de Chipre, fez-me recordar um termo utilizado pela minha avó, uma senhora nascida no séc. XIX em Campo de Ourique, Lisboa, essa palavra era meia-lecas!

            Em pleno séc. XXI a europa está cheia de meia-lecas, ocupando lugares políticos de muita responsabilidade, mas sem aptidões para os exercerem. Os meia-lecas desenvolveram-se no pós-guerra, aproveitando-se do cansaço de uma geração que sofreu uma guerra mundial com grandes efeitos destruidores.

            Em Portugal os meia-lecas reproduziram-se como cogumelos após o 25 de Abril, aproveitando-se dos mais aptos que procuraram no estrangeiro melhores formas de vida aplicando os conhecimentos que adquiriram, os meia-lecas têm ocupado cargos políticos, vivendo normalmente daquilo que o Estado lhes oferece, mas sempre críticos para esse Estado que os alimenta.

            O resultado está à vista, enquanto o país definha, estão como peixes na água, aproveitando as benesses que são apenas privilégios de alguns, esses mesmos, os meia-lecas. Baía da Lusofonia

quinta-feira, 21 de março de 2013

Mercados


                                    O Brasil e o seu lugar no mundo

            Com o avanço  competitivo da  China no mercado global, Estados Unidos (EUA) e União Europeia (UE) decidiram deixar para trás algumas divergências históricas e discutem um tratado que tem por objetivo principal eliminar barreiras para a circulação de bens e serviços entre os dois blocos. Não é preciso ser especialista em comércio exterior para concluir que, para o Brasil, esse acordo acena com perspectivas sombrias, pois, se quiser colocar seus produtos nesses dois blocos, terá de se adequar a padrões que, com certeza, não favorecerão a competitividade de nossos produtos.

            E como juntos EUA e UE representam, praticamente, a metade do produto mundial bruto, isso equivale a ficar de fora da maior zona de comércio do planeta ou se adaptar às normas e imposições que serão estabelecidas para aquelas nações que não gozarão de nenhuma preferência. Ou seja: é adaptar-se ou morrer.

            Seja como for, a verdade é que o Brasil, nos últimos anos, não soube construir parcerias sólidas e duradouras com mercados de peso no mundo. Há dez anos, o governo brasileiro trabalhou decisivamente para levar a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) ao fracasso no modelo proposto pelo ex-presidente George W. Bush e ainda comemorou o fato como se fosse um grande feito. Resultado: enquanto a China tratou de esquecer divergências ideológicas para vender àquele país cada vez mais, o comércio exterior brasileiro com os EUA foi reduzido a menos da metade do que era na década de 1990.

            O que sobrou?  Sobrou  apenas o  Mercosul,  um  bloco  que  está longe dos horizontes idealizados há 22 anos, quando da assinatura do Tratado de Assunção. Hoje, o Mercosul aparece em franca decadência, pois, se em 1998 absorveu 17,4% das exportações brasileiras, hoje absorve menos de 10%. E a tendência é de um retrocesso ainda maior.

            O comércio entre os países do Mercosul representa cerca de 12% das exportações totais dessas nações, o que é uma média muito baixa, se comparada com a registrada na UE, de 65%, e no Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), de 70%. É que a Argentina, por exemplo, passou a trocar o Brasil pela China e outros parceiros que julgou mais interessantes. E continuou a impor barreiras à entrada de produtos estrangeiros, em especial brasileiros, sempre que razões de política interna recomendavam a medida. Quer dizer: se união aduaneira implica responsabilidades e direitos recíprocos, entre os quais a livre circulação de mercadorias, o Mercosul já perdeu sua essência há muito tempo.

            O Mercosul,  porém, serviu,  ao  menos  como  pretexto,  para  impedir que o Brasil, ao contrário de Chile e México, assinasse isoladamente acordos de livre comércio com outros países e blocos. O resultado é que, nos últimos tempos, o País assinou apenas três acordos de preferências tarifárias com mercados pouco expressivos: Índia, Israel e Palestina. Já as negociações do Mercosul com a UE, depois de muitas rodadas, voltaram à estaca zero, depois que as concessões oferecidas foram consideradas insuficientes por ambos os lados. Afinal, como oferecer concessões aos europeus se não há livre comércio nem entre Brasil e Argentina?

            De tudo isso, o que se conclui é que o Brasil precisa urgentemente repensar o lugar que quer no concerto das nações, sob o risco de ser atropelado pelas transformações que estão acontecendo em vários lugares do planeta. Milton Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br












quarta-feira, 20 de março de 2013

Patuá


Língu di gente antigo di Macau
Lô disparecê tamên. Qui saiám!
Nga dia, mas quanto áno, 
Quiança lô priguntá co pai-mai
Qui cuza sä afinal
Dóci papiaçam di Macau?

Crioulo macaense de origem portuguesa - Macau

Para ouvir patuá aceda aqui

terça-feira, 19 de março de 2013

Acessibilidades

                                    Porto de Santos: novos acessos

            Com o início das obras de construção do trecho Norte, a implantação do Rodoanel entra em sua fase final. Com 44 quilômetros de extensão, o trecho ligará a Estrada Velha de Campinas, no trecho Oeste, à via Dutra, chegando ao trecho Leste, que está em construção desde agosto de 2011. Esse trecho fará a ligação do trecho Sul e do sistema Anchieta-Imigrantes com as rodovias SP-066 (Itaquaquecetuba-São José dos Campos), Ayrton Senna e Dutra e tem sua conclusão prevista para o final de 2014. Já o trecho Norte deverá estar concluído em 2016. Isso significa que, a partir dessa data, o acesso ao Porto de Santos, a partir de qualquer ponto do Estado e do País, estará mais fácil.

            É claro que o Rodoanel concluído  será  decisivo  para  o escoamento de cargas entre grandes polos de produção industrial e agrícola e os principais mercados de consumo. E, por sua importância estratégica, deverá inaugurar uma fase de crescimento econômico no País. A questão que fica, porém, é saber se a Baixada Santista estará apta até lá para suportar o impacto de um volume maior de caminhões nas vias de acesso ao Porto.

            Hoje, a  situação já  é caótica, com  constantes congestionamentos tanto na Margem Direita (Santos) como na Esquerda (Guarujá). Na verdade, como resultado do crescimento das operações no cais santista e da falta de investimentos em infraestrutura, os gargalos já começam ao sopé da Serra do Mar e vão até a área do complexo portuário.

          Uma solução  para boa  parte do problema  pode  ser a construção do anel viário na confluência das rodovias Anchieta, Padre Manuel da Nóbrega e Cônego Domênico Rangoni, cujas obras tiveram início em fevereiro. Esse anel viário deverá eliminar os congestionamentos nos acessos ao Polo Industrial de Cubatão, principalmente porque as obras incluem a duplicação de trecho de oito quilômetros da rodovia Cônego Domênico Rangoni, do km 262 ao km 270, e faixa adicional do km 270 ao km 274 da rodovia Padre Manuel da Nóbrega. Segundo a Ecovias, as obras deverão estar concluídas em setembro de 2014, mas o anel viário poderá ser liberado antes, em março.

            Isso, porém, não significa o fim dos problemas. Há necessidade da construção de novos viadutos e a implantação de faixas adicionais que facilitem o escoamento de cargas. É preciso transformar urgentemente a Marginal Sul da Anchieta e a Avenida Bandeirantes em pistas de apoio à Anchieta e construir, ao final dessa rodovia, um elevado para separar os veículos pesados dos automóveis, criando uma alça para acesso direto de caminhões ao Porto.

         Já em Guarujá, como mostram os  congestionamentos  dos últimos dias em razão do escoamento da safra de grãos, há necessidade de não só intervenções na malha urbana como a implantação de um pátio regulador para caminhões. Também é necessário que as empresas agrícolas do Centro-Oeste tenham maior capacidade de armazenamento: não basta carregar os caminhões e enviá-los diretamente para o Porto, deixando que os veículos façam as vezes de silos. Milton Lourenço - Brasil 

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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br






segunda-feira, 18 de março de 2013

Ética


          Segundo  um  estudo  do  Instituto  Internacional  Ethisphere,  líder  na investigação nas áreas da criação, do desenvolvimento e da partilha das melhores práticas na ética empresarial, responsabilidade social das empresas, anticorrupção e sustentabilidade, três empresas portuguesas e uma brasileira encontram-se reconhecidas na liderança e correlação entre o comportamento ético e um melhor desempenho financeiro, num total de 145 empresas a nível mundial.

            As empresas portuguesas, EDP Energias de Portugal, Portugal Telecom, Sonae e a empresa brasileira Natura Cosméticos, são as empresas lusófonas que estão contempladas no “World's Most Ethical Companies, (WMEC)” de 2012, numa classificação onde a maioria das empresas são americanas, 102, sendo as restantes, cinco do Japão e Reino Unido, quatro da França e três de Portugal e Suécia, dividindo-se as restantes 23 empresas por catorze países, havendo três empresas repartidas por EUA/Reino Unido (2) e EUA/Países Baixos(1).

            A metodologia para a classificação WMEC inclui: análise de códigos de ética e histórico de eventuais litígios e infracções regulamentares; avaliação do investimento na inovação e em práticas empresariais sustentáveis; observação das actividades concebidas para melhorar a cidadania empresarial; e estudo das nomeações por quadros de topo, pares do sector, fornecedores e clientes.

         Portugal ao ser o quinto país com mais empresas nesta classificação WMEC está de parabéns, que são endereçados à Associação Portuguesa de Ética Empresarial, APEE.

         Portugal  tem  boas  empresas,  tem  bons  empresários,  tem bons trabalhadores, as suas empresas têm todas as condições para discutirem mercados com as empresas estrangeiras, mas a qualidade dos políticos portugueses, não permitem que elas se organizem, se estruturem eficazmente para os desafios globais. Baía da Lusofonia  

domingo, 17 de março de 2013

Agrícola

A Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais da Madeira criou um interessante Mercado Agrícola em Linha, onde os produtores madeirenses podem apresentar os seus produtos.
 
Com um simples clique num qualquer computador em qualquer parte do mundo, os potenciais consumidores podem ter acesso aos produtos produzidos na Região Autónoma da Madeira, aumentando assim o leque de possíveis compradores dos produtos madeirenses, permitindo um mais fácil escoamento da sua produção por parte do produtor da ilha da Madeira.
 
Com uma imagem apelativa o Mercado Agrícola em Linha apresenta uma selecção de tipos de produtos, permite seleccionar o concelho pretendido e ainda pode optar pelo preço dos produtos.
 
Está de parabéns a Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais da Madeira por este extraordinário instrumento colocado ao serviço dos produtores madeirenses e cabe à sociedade civil, promover, anunciar, levar a casa de cada cidadão, as informações que possam dar a conhecer as novas ferramentas que se encontram ao seu dispor. Clique aqui para aceder ao Mercado Agrícola em Linha. Baía da Lusofonia