Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 30 de junho de 2013

Índia

Índia e o Mercado Lusófono
 
Congresso Internacional
 
14 e 15 de Janeiro de 2014
 
Goa – Índia
 
A Lusophone Society of Goa (LSG) organiza um Congresso Internacional nos dias 14 e 15 de Janeiro de 2014, focando a Índia e o Mercado Lusófono. Com tradução simultânea Inglês-Português.
 
Interesse e Objectivos:
 
Interessa particularmente aos empreendedores dos países Lusófonos e da Índia, para conhecerem em directo as possibilidades reais de intercâmbio de bens e serviços.
 
A India está a fazer avanços notáveis em variados domínios como as tecnologias de informação, produtos farmacêuticos, turismo de saúde, produtos industriais variados, equipamento de transporte e electrónico, etc., necessitando de importar variados bens e serviços: produtos agrícolas, minérios, combustíveis, materiais de construção, etc.
 
Por sua vez os países Lusófonos, um mercado diversificado de 250 milhões de pessoas, com recursos minerais, petrolíferos, agrícolas e tecnologias, como por exemplo Angola, Moçambique ou Brasil, representam uma plataforma de incalculável valor face ao seu empreendedorismo e experiências.
 
O Congresso constará de variadas intervenções e painéis onde cada país terá oportunidade de se dar a conhecer, com os seus pontos fortes e fracos, capacidades e carências, de modo a encontrar complementaridades nos outros países participantes.
 
Dirigentes de empresas de grande impacte social, que deram contributos importantes (microcréditos, saúde, próteses, cooperativas, revolução verde, etc.) apresentarão os seus projetos.
 
Haverá stands de empresas de tipo social e outras, com folhetos e vídeos dos seus produtos com maior interesse.
 
O local do Congresso não podia ser melhor: Goa! É um Estado muito procurado por indianos e estrangeiros, para uma vida ‘sossegada’ e relaxante, praias paradisíacas, gozando de um bom sol e deliciosa comida. Goa recebe anualmente mais de 600 mil turistas estrangeiros e 2,7 milhões de turistas indianos.
 
Quem deve assistir:
 
Empresários dos mais variados domínios, desejosos de dar a conhecer e exportar os seus produtos e serviços, e de encontrar vias para a transferência de tecnologia, para criar mais valor internamente e mais postos de trabalho… Também importadores de produtos em falta no seu país.
 
Dirigentes da Administração Pública ávidos de saber como fazer mais e melhor, aprendendo da experiência dos outros, da Índia e dos Países Lusófonos, sobre o empreendedorismo, ‘inclusão social’, inovação, etc.
 
Patrocinadores:
 
A organização já conta com alguns patrocínios, mas está aberta a outros. Os patrocinadores serão referidos nos documentos e na publicidade do Congresso.
 
Inscrição:
 
Haverá um fee de inscrição, a definir brevemente.
 
Mais informações e Inscrições provisórias:
 
Mais informações serão dadas oportunamente, à medida que os contactos em curso estejam confirmados e um alto nível de comunicações esteja assegurado. Para mais informações e/ou inscrições provisórias contacte por favor via e-mail: info@lusophonegoa.org . Lusophone Society of Goa - Goa
 
 
Basílica de Bom Jesus - Velha Goa
 
 
 
 
 
 
 


sábado, 29 de junho de 2013

Centésima

Inicia-se hoje, dia 29 de Junho de 2013, a 100ª edição da Volta à França em bicicleta, o famoso “Tour” que durante três semanas percorrerá as estradas francesas, com início em Porto-Vecchio na ilha da Córsega, terminará em 21 de Julho como habitualmente na cidade de Paris.
Este ano estarão em competição três ciclistas lusófonos, o brasileiro Murilo António Fischer da equipa Française des Jeux (FDJ), com o dorsal 75, o português Sérgio Miguel Moreira Paulinho da equipa Team Saxo – Tinkoff, dorsal 96 e finalmente o português Rui Alberto Faria da Costa, da equipa Movistar Team, dorsal 124 e que este mês venceu a Volta à Suíça pela segunda vez consecutiva.
Na linha de partida da primeira etapa em Porto-Vecchio estarão 198 ciclistas, sendo 42 franceses, 27 espanhóis, 18 italianos, entre uma diversidade de países de todos os continentes, representando 22 equipas que tentarão que um corredor da sua formação alcance a vitória nesta emblemática corrida.
Dividida por 21 etapas, os ciclistas percorrerão 3 404 quilómetros, sendo a última semana de dificuldade máxima, com o maior obstáculo no dia 18 de Julho, quando na 18ª etapa da corrida, os corredores subirem por duas vezes o Alpe d’ Huez, uma ascensão com 13,8 quilómetros de distância e uma inclinação média de 8,1%. Baía da Lusofonia  


sexta-feira, 28 de junho de 2013

Fome em África

União Africana, FAO e Instituto Lula somam esforços para combater a fome na África.

A Comissão da União Africana (AUC), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e o Instituto Lula estão somando esforços para erradicar a fome e a desnutrição na África. As três entidades realizarão um encontro de alto nível com líderes africanos e internacionais intitulado “Rumo ao renascimento africano: novas abordagens unificadas para erradicar a fome na África até 2025 no âmbito do CAADP”.O encontro acontecerá em Adis Abeba (Etiópia), sede da União Africana, nos dias 30 de junho e 1º de julho de 2013. Nove chefes de estado africanos têm presença confirmada, além de ministros, diplomatas, acadêmicos e representantes de organismos internacionais e de  ONGs.


A parceria é baseada na visão comum de que uma África sem fome é possível e que esforços concentrados podem alcançar melhorias significativas na segurança alimentar e nutricional do continente africano. Atualmente, 239 milhões de africanos – cerca de um quarto da população – vivem em situação de insegurança alimentar e nutricional.


Inspiração nos programas sociais brasileiros


Os programas sociais brasileiros implantados durante o governo Lula, como o Fome Zero e o Programa de Aquisição de Alimentos, que tiraram 40 milhões de pessoas da pobreza em uma década, são considerados um modelo para a África na luta contra a fome. Diversos países africanos já colocaram em prática, por meio da cooperação técnica com o governo, programas inspirados no Brasil. O Programa de Aquisição de Alimentos, em que o poder público compra alimentos de pequenos agricultores, já está implantado no Maláui, em Moçambique, na Etiópia, no Níger e no Senegal.


“A segurança alimentar é uma das prioridades-chave da União Africana. A África tem o potencial para aumentar sua produção agrícola, já que quase 60% das terras aráveis do continente ainda não são utilizadas. Esse enorme potencial pode fazer uma diferença significativa na melhora de nossa produção agrícola e segurança alimentar. É hora de ir além da agricultura de subsistência e considerar caminhos para embarcar em uma produção agroindustrial”, afirma Nkosazana Dlamini Zuma, presidenta da Comissão da União Africana.


A decisão foi tomada em conjunto entre , o diretor geral da FAO, José Graziano da Silva, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é presidente honorário do Instituto que leva seu nome.


Para Graziano, “a construção de uma alimentação e nutrição seguras na África com segurança alimentar e nutricional requer uma melhor governança, vontade política renovada e um forte comprometimento de trabalhar conjuntamente através de programas inovadores e abrangentes de segurança alimentar e nutricional e de estratégias envolvendo todas as partes interessadas. Segundo ele, esse é um esforço conduzido pela África, com o apoio de parceiros, como a FAO e o Instituto Lula.


“Em 2003, quando assumi a presidência do meu país, tinha convicção moral e política de que era necessário combater a fome e a pobreza com vigorosas políticas de Estado. Hoje, tenho a certeza e a experiência prática de que é possível acabar com a fome no mundo”, acredita Lula.


O ex-presidente considera que “os recursos para os pobres não podem ser vistos como gasto, mas como investimento de alto retorno que um país faz em seu próprio povo.”


Programação


O encontro será dividido em duas fases. No primeiro dia haverá uma reunião técnica de troca de experiências, com objetivo de facilitar a apropriação por parte dos países africanos, seus governos e a sociedade organizada, das experiências exitosas no Brasil e em outras nações. Seis países – quatro africanos (Etiópia, Malauí, Níger e Angola) e três não-africanos (Brasil, Vietnã e China) apresentarão seus programas de combate à fome e à desnutrição.


No dia seguinte ocorrerá o encontro de chefes de estado. Os líderes presentes devem assinar uma “Declaração Final” que expressa o compromisso político de promover e conjugar os esforços africanos e internacionais para combater a fome. Também será definida uma ação conjunta imediata a ser levada a cabo numa região específica de África. O ex-presidente Lula estará presente nos dois dias.


O combate à fome na África


Uma nova era de otimismo surgiu em relação ao continente africano. Depois de décadas de declínio, a perspectiva econômica do continente melhorou consideravelmente, com um crescimento médio do seu PIB de 5 a 6% ao ano e a expectativa é de continuar em alta.


Porém, mesmo com esses avanços, ainda existem na África cerca de 223 milhões de pessoas vivendo em situação de insegurança alimentar, o equivalente a um quarto de sua população total. Apenas na região do Sahel  são quase 19 milhões de pessoas com fome e no chamado “Chifre da África”, outros 12 milhões de africanos encontram-se nas mesmas condições . Hoje, entre 30 e 40% das crianças menores de cinco anos continuam a sofrer de desnutrição crônica.


Na última década, o aumento global do preço dos alimentos, que cresceu três vezes mais rápido do que a inflação, colocou ainda mais africanos em situação de insegurança alimentar. O número de pessoas desnutridas na África aumentou de 175 milhões em 1990-92 para 239 milhões em 2010-2012, de acordo com a FAO.

 
Até 2050, a população africana deve dobrar de tamanho, aumentando ainda mais a preocupação em relação à segurança alimentar. Para combater a fome e as desigualdades sociais, a União Africana aposta no desenvolvimento agrícola. Os níveis da produtividade da agricultura no continente são extremamente baixos devido à falta de tecnologia e de insumos básicos. Apenas 4% das terras aráveis na África Subsaariana são irrigadas – contra 20% no mundo. Apesar disso, 60% das terras férteis não cultivadas do mundo encontram-se na África.


Para aproveitar esse imenso potencial, a União Africana elaborou o Programa Integrado de Desenvolvimento Agrícola (CAADP), um plano estratégico de longo prazo que tem como meta ajudar os países a alcançar maiores patamares de crescimento econômico por meio do desenvolvimento baseado na agricultura. Os governos africanos se comprometeram a aumentar o investimento público na agricultura, alcançando um mínimo de 10% dos orçamentos nacionais e melhorar a produtividade agrícola em, no mínimo, 6%. Hoje, 30 nações são signatárias do acordo.


A aproximação entre o Brasil e os países africanos é um dos objetivos da Iniciativa África do Instituto Lula. Durante seu governo, Lula mudou a prioridade da política externa brasileira e trabalhou para ampliar as relações entre o Brasil e os países africanos. Foram 33 viagens presidenciais ao continente, com a criação de 19 novas embaixadas. Como ex-presidente, Lula já visitou 10 países africanos. Instituto Lula - Brasil

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Greve

Portugal está hoje, 27 de Junho de 2013, em greve geral promovida em conjunto pelas duas centrais sindicais, CGTP e UGT.

Ontem no Parlamento, o Primeiro-ministro português, abordando o tema da greve afirmava “o país precisa menos de greves e mais de trabalho e de rigor”, esquecendo-se que é o grande responsável pela destruição de 459 800 postos de trabalho, que o país perdeu desde o 3º trimestre de 2011.

Em 2001, no início do séc. XXI e antes da entrada na Zona Euro, Portugal tinha uma taxa de desemprego das mais baixas da Europa, 4,1% de taxa média nesse ano. Hoje, tem a 3ª taxa de desemprego mais elevada da União Europeia, 17,8% segundo dados do Eurostat para o mês de Abril de 2013, somente ultrapassado por Grécia e Espanha.

Que pensarão os cidadãos portugueses quando ouvem um governante afirmar que é preciso trabalhar, mas só vêem desemprego e mais desemprego, nos seus amigos, nos seus vizinhos, na sua família, dentro da própria casa.

No longínquo ano de 1985, é preciso recordar que a memória é curta, os políticos anunciavam que a futura entrada na Comunidade Económica Europeia (CEE), seria um sinal de conforto para os portugueses, que em dez anos estariam a viver como a maioria da população do centro e norte da Europa.

Para tal propósito, consideraram ser necessário abater a frota de pesca, acabar com a agricultura, reduzir ao essencial a indústria, porque os serviços seriam a grande aposta para Portugal. O resultado está à vista de todos.

Sinto-me envergonhado, hoje, quando assisto nos diversos órgãos de comunicação social, a um pedido de solidariedade para aqueles que em 2013 nada têm, como a situação mais natural, como um fado. Recordo-me dos tempos de aluno na escola primária, em que o colégio solicitava aos familiares dos alunos para levarem produtos de mercearia para distribuir pelos mais carenciados. Hoje, passados mais de cinquenta anos, depois de tantas promessas não cumpridas, de tão farta vilanagem, presencio a vivências de todo impensáveis, após o 25 de Abril de 1974. Baía da Lusofonia

Sines...

Sines à deriva

A dimensão portuária do complexo de Sines tornou-se num raro caso de consenso em torno de um notável sucesso da economia portuguesa.

Distante da visão centrada na petroquímica que o marcelismo decadente sonhara, e que a crise de 1973 liquidara, Sines é um caso único de afirmação de um projeto portuário de dimensão intercontinental. A sua consolidação rompeu com a miséria do centralismo provinciano e com as desconfianças dos medíocres habituais que no final do século passado tudo fizeram para impedir a concretização do que apelidavam de elefante branco.

A teimosia determinada de João Cravinho, Consiglieri Pedroso e Ana Paula Vitorino deu músculo e visão política a que o pequeno porto de pesca e o terminal industrial evoluíssem para um grande porto de combustíveis e de contentores que vale metade do movimento portuário nacional, é um exemplo de simplex burocrático e dá lucro para o Estado.

Aqueles que, como o atual Governo, se deliciam com a comodidade do apeadeiro aéreo da Portela e têm orgulho em que Portugal seja uma Albânia ferroviária não conseguiram travar o sucesso de Sines. Adiaram a ligação ferroviária eficiente à Europa, cancelaram a ligação rápida ao interior, mas não impediram que Sines continuasse a crescer nos dois últimos anos, quando tudo corre mal na economia portuguesa.

Na última década, o rosto do sucesso de Sines tem sido uma exemplar gestora pública chamada Lídia Sequeira, que Cavaco Silva destacou na recente visita a Singapura como o símbolo de sucesso da vocação portuguesa para centrar o desenvolvimento na relação com o Mar. Quando Passos Coelho quis mostrar a economia que resiste à crise teve de ir a Sines.

Na imprensa de fim de semana dizia-se que o Governo admitia afastar Lídia Sequeira pelas suas reservas ao crime económico anunciado para a Trafaria. Ela disse o que todos acham, que é um absurdo um porto de águas profundas na Margem Sul, que liquida a competitividade de Lisboa e prejudica Sines e Setúbal.

Ontem iria falar do tema na Assembleia da República… já não foi porque foi escovada para não dizer verdades inconvenientes. A economia está já de rastos, temos agora Sines à deriva… Eduardo Cabrita – Portugal in “Correio da Manhã”

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Zuma

A Dra. Nkosazana Dlamini-Zuma, a primeira mulher a chefiar a Comissão da União Africana, instou durante a 102ª Conferência Internacional do Trabalho realizada em Genebra na Suíça, os Estados africanos e os parceiros internacionais a investirem mais em África, a fim de promoverem a criação de empregos no continente.




Conforme informação veiculada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Presidente da Comissão da União Africana, a Dra. Nkosazana Dlamini-Zuma, pediu mais investimentos para promover a criação de emprego, alcançar um crescimento inclusivo e erradicar a pobreza num continente que nos próximos cinquenta anos terá mil e cem milhões de trabalhadores, mais de um terço da força de trabalho global. A senhora Zuma afirmou: “Estamos determinados a intensificar os nossos esforços para promover a criação de emprego, trabalho para a erradicação da pobreza, atingir o crescimento e permitir a distribuição equitativa, particularmente para as mulheres e os jovens.” Há desafios significativos pela frente e a senhora Zuma continuou: “Por todas as estimativas, o nosso continente africano é dos jovens e está a ficar cada vez mais jovem. Estima-se que em 2025 a juventude africana será um quarto da população mundial. Em 2040 metade da população jovem no mundo será africana, a maioria mulheres e raparigas. Significa que nos próximos cinquenta anos, cerca de mil e cem milhões de trabalhadores estarão em África.”

O Director Geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder afirmou que a Organização que dirige está empenhada em continuar a trabalhar em conjunto com a União Africana para que o direito ao trabalho para todos os africanos seja uma realidade no continente. Baía da Lusofonia

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Nkosazana Clarice Dlamini-Zuma – nasceu na África do Sul no Natal em 27 de Janeiro de 1949 e foi um activista anti-apartheid, foi Ministra da Saúde na presidência de Nelson Mandela (1994 – 1999) e Ministra dos Negócios Estrangeiros (1999 – 2009) nas presidências de Thabo Mbeki e Kgalema Molanthe.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Nicarágua

O Congresso da Nicarágua aprovou ontem, 24 de Junho de 2013, uma lei que permite a uma empresa de Hong Kong construir e operar um canal transoceânico, alternativo ao novo canal do Panamá.

A lei que consigna este novo canal foi aprovada por 61 votos, 25 contra e uma abstenção, vai demorar dez anos a ser construído e será operado pela empresa chinesa Hong Kong Nicaragua Canal Development Investment CO. durante um século, o que levou a oposição nicaraguense a criticar o acordo por perda de soberania.

Assiste-se neste início do séc. XXI a uma tentativa de supremacia entre os Estados Unidos da América e a China pelo comércio entre continentes e Portugal está na rota dos interesses destes dois países com o porto de águas profundas de Sines e com o projecto de um segundo porto também de águas profundas a construir na Trafaria.

Enquanto Sines, continua mês após mês, a bater recordes de carga e descarga de mercadorias, com as dificuldades de não ter uma linha férrea directa a Espanha e com ligação ao resto da Europa, que viabilize também o aeroporto de Beja, a Trafaria que poderá ser uma resposta concorrencial aos interesses dos diversos mercados internacionais, terá o problema da saída da linha férrea do porto colocado na extremidade da margem esquerda do rio Tejo, como terá dificuldades adicionais com os inertes transportados pelo próprio rio.

Portugal, ao contrário de muitas afirmações públicas de comentadores políticos, está no centro do mundo, ou não tivesse Vasco da Gama nascido em Sines, mas para conseguir esse desígnio, necessita como pão para a boca, urgentemente de linhas férreas, de transporte de mercadorias e passageiros, que carreguem o mais rapidamente possível os produtos para e da Europa, ligando os portos nacionais aos grandes centros industriais e pólos logísticos europeus, substituindo em eficiência Antuérpia, Roterdão ou Hamburgo.

A tecnologia ligada aos transportes vai evoluindo e hoje pode-se complementar os três principais meios de transporte, o marítimo, o rodoviário e o ferroviário, apenas num só, para tal observe este vídeo aqui. Baía da Lusofonia

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Hidrovia

                       Nada há novo debaixo do sol

Que nada há novo debaixo do sol bem sabe quem costuma ler o Livro do Eclesiastes ou Pregador. Por isso, não se surpreende quando aparece alguém anunciando planos com foro de novidade, pois quase sempre são ideias requentadas que se apresentam com nova roupagem.

Foi o caso da ideia da privatização tão decantada na década de 1980 e apresentada como nova panaceia para todos os males, mas que era idosa de séculos. Desde que se concluiu que o Estado sem freios pode virar o monstro Leviatã de Hobbes (1588-1679), sabe-se que a iniciativa privada é mais eficiente que qualquer engrenagem burocrática.

Era assim já ao tempo do Brasil colônia: reino diminuto, pobre e acossado por um vizinho mais forte, Portugal sempre recorria à iniciativa privada não só para impulsionar os Descobrimentos como passava a arrendatários a tarefa de arrecadar os impostos de entradas (de mercadorias), passagens de rios e outros. Esses contratantes montavam equipes e desempenhavam o papel que hoje cabe aos bancos e à Receita Federal e secretarias estaduais.

É o caso também do estudo encomendado pela Secretaria de Portos (SEP) para a implantação de um sistema hidroviário na Baixada Santista, com a instalação de novos terminais. É uma ideia quase tão velha quanto o Brasil, pois foi há 400 anos que os portugueses instalaram na embocadura do rio Piaçaguera, onde hoje está a usina da Usiminas, o primeiro porto fluvial de Cubatão.

Mas a utilização dos rios foi mais intensa no século XVIII quando o açúcar procedente da região de Itu e outros produtos desciam a Serra do Mar em sacos em lombo de burros e bestas por uma trilha aberta por indígenas e eram carregados em chatas entre o Largo do Caneú e o rio Cubatão, até o embarque em embarcações no porto do rio Piaçaguera ou no cais do Valongo. Documentos da época mostram que os prejuízos eram muitos porque as águas acabavam por invadir as chatas e inutilizavam boa parte do açúcar.

Hoje, uma das ideias levantadas no estudo encomendado pela SEP é implantar nessa região 12 terminais fluviais para movimentar por barcaças os contêineres que passam pelo Porto de Santos, a exemplo do que é feito em rios europeus, como o Necker e o Danúbio. Esses terminais seriam construídos entre as cidades de Bertioga, Guarujá, Cubatão e Praia Grande, às margens de rios e braços de mar, em locais com acesso ferroviário e rodoviário.

Como se sabe, a Baixada Santista tem 180 quilômetros de rios navegáveis que, bem utilizados, podem melhorar o acesso ao Porto. Obviamente, obstáculos existem, pois nem todas as vias têm uma profundidade mínima de três metros para a movimentação das barcaças com contêineres, o que exigiria obras de desassoreamento. Sem contar que há pontes que poderiam dificultar a passagem dessas barcaças.


Seja como for, voltar a utilizar o transporte fluvial de carga entre o sopé da Serra do Mar, onde está instalado o pólo de Cubatão, e o Porto de Santos pode representar uma drástica redução de custos e tirar milhares de caminhões por ano das rodovias, aliviando os congestionamentos que hoje infernizam a vida dos moradores. Além disso, hidrovia significa menos poluição e mais desenvolvimento sustentável. Milton Lourenço - Brasil

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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.


domingo, 23 de junho de 2013

CPDS


A Comissão Executiva do partido Convergência para a Democracia Social (CPDS) da Guiné Equatorial, principal partido a oposição legalizado, pois o Partido do Progresso (PP), a principal força da oposição continua ilegalizado e instalado em Espanha no exílio, solicitou à entidade competente, para no próximo dia 25 de Junho de 2013, realizar uma manifestação pacífica, própria dos regimes democráticos, entre a sede do partido CPDS em Malabo, capital da Guiné Equatorial e o Ministério do Interior e Corporações Locais, para protestar contra a forma como foram conduzidas as últimas eleições do passado dia 26 de Maio de 2013.

A manifestação entretanto não foi autorizada pelo governo de Malabo, mas o CPDS considera que se trata de uma reivindicação legítima, pacífica e que a sua realização seguiu os trâmites legais. Como na Guiné Equatorial não existe a possibilidade de manter um diálogo político, entre as diversas forças políticas e de opinião, mantêm a convocatória para a manifestação no próximo dia 25 de Junho de 2013, terça-feira, pelas 12 horas locais e convoca o povo de Malabo para participar nesta forma de luta que tem como objectivos: a anulação das eleições do passado dia 26 de Maio de 2013, direito imediato à liberdade, direitos humanos e democracia e o início de um verdadeiro processo plural e pacífico de democratização na Guiné Equatorial, que culmine em eleições livres, transparentes e credíveis.

Por fim, a Convergência para a Democracia Social (CPDS), apela à comunidade internacional, em especial, os Estados Unidos da América, Espanha, França, Alemanha e restantes países da União Europeia, a empreender todas as iniciativas necessárias para que a Guiné Equatorial não continue na senda das fraudes eleitorais institucionalizadas e imposta pelo regime no poder. Baía da Lusofonia




Malabo - Capital da Guiné Equatorial

Cantata

 





Cantata da paz
 
Vemos, ouvimos e lemos
não podemos ignorar
vemos, ouvimos e lemos
não podemos ignorar

Vemos, ouvimos e lemos
relatórios da fome
o caminho da injustiça
a linguagem do ter
 

A bomba de Hiroshima                                 
vergonha de nós todos
reduziu a cinzas
a carne das crianças

D'África e Vietname
sobe a lamentação
dos povos destruídos
dos povos destroçados

Nada pode apagar
o concerto dos gritos
o nosso tempo é
pecado organizado.
 
 
Sophia Andresen – Portugal


sábado, 22 de junho de 2013

Tão próximos

“O Erasmus em Lisboa veio reforçar mais ainda a minha visão internacional do galego. Estar cá permitiu-me aceder mais profundamente à cultura, à história e à língua portuguesas. E é desse novo conhecimento que possuo, das minhas vivências pessoais e das minhas novas amizades portuguesas que acredito, ainda mais (se isso for mesmo possível!) na internacionalidade do galego. Para além de aspectos linguísticos, o facto de estar a estudar Estudos Portugueses / Lusófonos em Lisboa, ofereceu-me a possibilidade de aceder, sobretudo, à história e à cultura portuguesas. Se linguisticamente, os galegos e os portugueses não somos tão diferentes como a gente nos quer fazer ver, culturalmente e historicamente também não! Compartilhamos uma história comum e culturalmente, os portugueses são como os galegos. Eles têm “chacota”, que seria, em termos culturais, a nossa “retranca”, igual de pungente do que a nossa; eles, pessoalmente, são desconfiados e fechados no princípio, no mesmo sentido do que o genérico dos galegos; os portugueses também tendem a desvalorizar a sua língua e cultura a favor do inglês e mesmo do espanhol. É muito conhecida a relação histórica entre o Reino Unido e Portugal. Em geral, e a diferença de nós, os portugueses têm um bom nível de inglês por causa da sua estreita relação com este país e também devido a disporem de muitos canais de televisão integramente em inglês e legendados em português. A maior parte dos filmes e das séries mantêm-se na sua língua de origem, que usualmente é o inglês. Por outro lado, o intercâmbio e a relação cultural com Espanha também é bastante forte aqui. Não é nada estranho ver nos quiosques de Portugal imprensa espanhola ou em espanhol. Possivelmente por isto, e também pelo facto de Portugal ser um país economicamente mais pobre, os portugueses consideraram a sua cultura e a sua língua inferiores a qualquer outra, em destaque à espanhola e à inglesa.

Os galegos não nos diferenciamos nisto mesmo. Muitos ainda consideram o galego ou o português da Galiza inferior e sem valor. Preferem aprender qualquer outra língua antes que o galego e a sua obsessão pelo inglês é tanta quanta a dos portugueses. Outra coisa que nos diferencia dos portugueses é que estes têm um espírito realmente europeu. Eles sim são europeus e não os galegos ou os espanhóis! Outro aspecto interessante é que os portugueses aceitam com boa vontade o plurilinguismo, a diversidade linguística e cultural... algo que os distingue rotundamente dos habitantes do estado espanhol. Um exemplo claro disto é que a pessoa portuguesa gosta de falar a língua do estrangeiro e muitos se esforçam para isso, sobretudo, se essa língua for o inglês ou o espanhol. Em certa maneira, acho que essa boa receptividade para a diversidade é em detrimento de si próprios; é, na realidade, uma consequência da sua autonegação, do seu sentimento de inferioridade. Ainda assim, nos últimos anos tem havido mudanças nesta atitude por causa, sobretudo, da crise económica. Os portugueses têm visto que Espanha está muito pior do que Portugal, com um Governo que leva a cabo políticas de corte muito mais agressivas do que o Governo português (embora as suas medidas de corte também o sejam). Isto fez com que eles tivessem começado a se valorizar bastante mais e a se deixarem de comparar com outros povos à sua volta.

Por estas razões e por outras muitas, considero que o povo galego e o português têm muitas mais coisas que os unem do que os separam, a começar simplesmente pelo seu caráter... praticamente idêntico. Aliás, os galegos compartilhamos com os portugueses muitas lendas, tradições, folclore, música... Por exemplo, há danças tradicionais portuguesas que são muito parecidas com as galegas; por outro lado, o espírito do fado lembra-me em muitas ocasiões ao próprio de muitos alalás galegos. Só por pôr alguns exemplos. Por que não havíamos, portanto, de ligarmo-nos linguisticamente a eles, se compartilhamos, na realidade, muita cultura? Posso contar uma anedota que me aconteceu nas minhas aulas de Literatura Portuguesa Medieval, cadeira que estudei no primeiro quadrimestre em Lisboa. Quando a minha professora soube que eu era galega, preferiu que empregasse o português da Galiza nas suas aulas. Quando os meus colegas me ouviram falar em galego, muitos, que nunca o tinham ouvido com anterioridade, ficaram realmente maravilhados e mais de um exclamou: “senhora professora, como é que posso perceber tudo o que ela disse perfeitamente?!” e a minha professora tentava explicar-lhes que, na realidade, o galego era uma variedade do português embora este facto não fosse reconhecido oficialmente.

Atendendo a esta anedota, é claro que existe um desconhecimento mútuo muito fundo entre os galegos e os portugueses por causa de um isolamento histórico e político criados propositadamente. É claro também que, para um português, um galego será à primeira vista um simples espanhol, mas quando ficam a te conhecer e lhes explicas as diferenças existentes, rapidamente o percebem e aceitam facilmente a tua consideração como galego. Porém, também é certo que existem muitos portugueses que conhecem minimamente a realidade galega e acham que os galegos não são espanhóis, aceitando, dessa maneira, as especificidades galegas. As minhas experiências com os portugueses a respeito das nacionalidades e das identidades foram muito positivas. E é que, em geral, os portugueses são muito mais receptivos do que os espanhóis.” Mar López – Galiza in “Portal Galego da Língua”

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Orçamentos

No passado mês de Janeiro deste ano de 2013, a ONG International Budget Partnership apresentou os resultados do Open Budget Survey (OBS) num documento, o Índice de Orçamento Aberto 2012 (OBI) que colige informação de 100 países de todos os continentes, em diversos patamares de desenvolvimento, com um tratamento metodológico comum. Equipas de peritos independentes asseguram a veracidade da informação transmitida através de 125 questões.




Dos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) apenas Cabo Verde e a Guiné Bissau não estão escrutinados quanto à transparência dos seus Orçamentos de Estado (OE).

Dos restantes países, o Brasil apresenta-se no 12º lugar com 73 pontos, no segundo grupo de países considerados, os países de informações significativas. Nesse grupo está também Portugal, no 21º posto com 62 pontos. No terceiro grupo que agrega os países que transmitem alguma informação, encontramos a meio da tabela, na posição 50, Moçambique com 47 pontos.

Na segunda metade da tabela e no grupo que transmitem informações mínimas, estão no lugar 67º Timor-Leste, com 36 pontos, na posição 72, São Tomé e Príncipe com 29 pontos e no 73º posto, Angola com 28 pontos.

Para complemento de informação, no grupo principal, que transmitem informações abrangentes sobre os seus orçamentos de estado, temos em primeiro lugar a Nova Zelândia com 93 pontos num máximo de 100, a África do Sul com 90, Reino Unido 88, Suécia 84, Noruega e França, ambos com 83 pontos. Para melhor conhecer o documento pode aceder na Pesquisa do Orçamento Aberto 2012 Baía da Lusofonia


quinta-feira, 20 de junho de 2013

Porto de Sines

No mês de Maio o Porto de Sines registou um crescimento de 29% nas mercadorias e 72% nos contentores, o que lhe permitiu estabelecer novos recordes.

Nas mercadorias foram movimentadas no mês de Maio 3,6 milhões de toneladas, o melhor mês de sempre na história do Porto de Sines. Para este número destacou-se o Terminal de Graneis Líquidos, concessionado à empresa CLT do grupo Galp Energia, que registou a sua melhor movimentação de sempre ao fechar o mês com 1,8 milhões de toneladas.

No que respeita aos contentores, foram movimentados em Maio 72.759 TEU no TXXI, sendo também o melhor mês de sempre neste segmento de carga e posicionando-o como principal terminal de contentores da fachada atlântica.

No acumulado de Janeiro a Maio de 2013 foram movimentadas no Porto de Sines 14,3 milhões de toneladas de mercadorias e 330.043 TEU. Foram os melhores primeiros cinco meses de sempre desde que o Porto de Sines entrou em funcionamento, quer no que respeita à tonelagem total nas mercadorias transportadas, quer nos contentores, quer no número de navios entrados em porto.


Com estes registos, que atestam um crescimento sustentado na movimentação de mercadorias superior a 20%, o Porto de Sines está cada vez mais perto de integrar o “ranking” dos 20 maiores portos europeus. In “Administração Porto de Sines” - Portugal

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Corrupção

Comunicado do Governo da Guiné Equatorial sobre as declarações do Primeiro-ministro britânico David Cameron

O Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Agapito Mba Mokuy, leu ontem à tarde um comunicado do governo em resposta a um discurso do Primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, entregue sábado, 15 de Junho, durante o qual atestou várias acusações contra o Estado da Guiné Equatorial. O comunicado:

O Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Agapito Mba Mokuy, representando o Governo do nosso país, enquanto responsável pelos interesses da Guiné Equatorial no exterior, além de ler a declaração do governo também respondeu a perguntas de jornalistas imprensa nacional e internacional, que presenciaram no ministério na segunda-feira à tarde 17 de junho.

No seu discurso, David Cameron acusou o Governo da Guiné Equatorial, entre outras coisas, de falta de transparência no uso dos recursos de petróleo e fez alegações de corrupção a que o Governo respondeu com veemência, fornecendo alguns dados apoiados por prestigiadas instituições internacionais como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a UNESCO.

É a seguinte a declaração na íntegra do Governo da Guiné Equatorial:




Reacção do Governo da Guiné Equatorial às declarações do Exmo. Senhor David Cameron, Primeiro-ministro do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, no passado dia 15 de junho de 2013, durante o evento do G8 sobre a importância da transparência e do crescimento do comércio.

O Governo da Guiné Equatorial, seguindo muito atentamente as palavras proferidas pelo Primeiro-ministro da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, Senhor David Cameron, contra o povo soberano e independente da Guiné Equatorial e altos funcionários do nosso país, durante o evento do G8 sobre a importância da transparência e crescimento no comércio, no passado sábado 15 Junho de 2013.

Consequentemente, calendarizamos como se segue:

O Governo da República da Guiné Equatorial está muito melindrado nos avanços do tratamento das questões relacionadas com a falta de transparência no uso dos recursos petrolíferos, sendo bem sabido que a Guiné Equatorial não tem tecnologia suficiente para produzir uma actividade operacional, nem tem a tecnologia para o processamento. Durante todo este processo, sempre apelou para as empresas de alta tecnologia ocidentais, que têm sido os maiores beneficiários dos recursos petrolíferos do país.

Graças à utilização eficiente dos recursos petrolíferos limitados, a Guiné Equatorial tem sido capaz de melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos nas últimas duas décadas, registou um produto interno bruto subindo de uma média US $300 por cabeça para os actuais  $17.500.
 
De acordo com o relatório de 2012 da África Health Financing Scorecard da Organização Mundial de Saúde (OMS), a Guiné Equatorial em 2012 liderou o investimento per capita em saúde no continente Africano, com um investimento de $612 per capita, seguido pelo Botswana com 442 dólares, África do Sul e Angola $228 e US $182 respectivamente. A média da maioria dos países africanos permanece em 41 dólares per capita, um valor baixo comparado à média per capita de 1566 dólares nos Estados Unidos ou $1677 na Europa.

No campo da educação, publicado pelo Instituto de Estatística da UNESCO, em 2011, a Guiné Equatorial venceu a maior taxa de alfabetização na África Sub-saariana, com uma percentagem de 94,2%, seguida pela África do Sul com 93% e Seychelles com 91,8%.

Pensamos que o Primeiro-ministro britânico poderia ter felicitado a Guiné Equatorial por estes avanços que ocorrem no país, graças à boa gestão das receitas do petróleo.

Sabemos que cada vez mais, os países africanos estão controlando melhor os recursos naturais e a investir na sua população, como é o caso da Guiné Equatorial. Não precisa ser uma fonte de frustração para algumas potências que estão acostumadas a beneficiar unilateralmente e gratuitamente dos recursos naturais do continente. Apelamos a esses países a abandonar a prática colonial de "dividir para reinar". Os cidadãos africanos têm o direito de proteger os seus recursos para o bem estar do seu povo. A política africana dos países emergentes pede simplesmente uma prática de “ganhador – ganhador”.

No que respeita às denúncias de corrupção feitas pelo Primeiro-ministro do Reino Unido contra as autoridades da Guiné Equatorial, convidamos o Primeiro-ministro britânico a respeitar os países africanos e as suas autoridades. Não se pode tratar um Vice-presidente de um país soberano como "o filho do presidente." Pedimos consideração pelos africanos, por África e pelas suas autoridades.

Em segundo lugar, convidar o Primeiro-ministro a informar-se da decisão do juiz norte-americano Rudolph Carreras, que rejeitou as alegações de corrupção contra o Vice-presidente da Guiné Equatorial por falta de provas. Falando em corrupção, a África não pode ser sempre o continente de todos os males. E sobre o famoso caso de “cash for honours” ou dinheiro para honra?. Acaso não existem casos de corrupção na Inglaterra? E quem são os verdadeiros corruptores em África?

Quando o Primeiro-ministro britânico compara a mortalidade infantil na Guiné Equatorial com a Polónia, um país com um rendimento mais baixo, deveria também fixar-se no estudo publicado na revista mediática "The Lancet "sobre a mortalidade infantil nos 15 países da União Europeia, antes de 2004. Segundo este estudo, a Inglaterra ocupa o penúltimo lugar, atrás de países com rendimento mais baixo, como Espanha, Portugal ou Irlanda.

Uma das condição "sine qua non" para garantir o desenvolvimento do continente africano é, e deve ser, a manutenção da paz. A tática geralmente exógena de desestabilizar os países africanos, especialmente aqueles que possuem recursos naturais, para fins ocultos, não ajuda a aliviar a pobreza na África. É por isso que o Governo da República da Guiné Equatorial condena a tentativa de desestabilização mercenária de 2004. Esperamos que o Primeiro-ministro britânico não aceite este tipo de acções de desestabilização no continente africano
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Agradecemos o crescente interesse que vem manifestando o governo britânico sobre a boa governação política da República da Guiné Equatorial, em particular e na África em geral. No entanto, gostaríamos de convidá-lo para uma cooperação sincera que resulte em benefício mútuo.

O Governo da Guiné Equatorial.

In “guineaecuatorialpress.com” – Guiné Equatorial

terça-feira, 18 de junho de 2013

Fidjus di Bideras

Carta de Bissau

História do Adile Sebastião e dos  ”Fidjus di Bideras”

Advertência ao leitor: prepare o seu lencinho porque vai chorar, pois o que ler é mesmo para fazer verter lágrimas, muitas.

Nem tudo na Guiné-Bissau é política, ou pelo menos política dura, suja e violenta. E nem toda a gente transpira corrupção e droga. Há muita gente boa (e alguma má) em todos os grupos sociais e em todo o lado neste nosso mundo. Posso citar muitos países na África, da Ásia, Europa, Américas, onde, em termos per capita, há mais sacanagem e mais crimes se praticam do que nesta Terra de Deus, a Guiné-Bissau.

Esta é uma terra abençoada com muita água, chuva, rios e lagos. Um mar muito, muito rico. Mas esta enorme riqueza marinha está a saque em pleno dia por centenas de traficantes, oriundos de países que falam muito sobre a droga na Guiné-Bissau, mas não dizem uma palavra sobre a pesca ilegal, espoliando e levando à ruína milhões de gentes simples de toda esta região da África.

Enquanto o vizinho Senegal está sendo devorado pelo deserto do Sahel, asfixiado pela poeira, a Guiné-Bissau exibe verdura luxuriante, com belas florestas de madeiras raras que até atraem comerciantes sem escrúpulos do Império do Meio.

A Guiné-Bissau foi também abençoada com um povo bom, avesso à violência. Aqui há tradições ricas, profundas, místicas, difíceis de decifrar; há dança, música, poesia, cinema.

Já fui a um concerto de jazz com orquestra. No passado, fui frequentador dos grandes clubes de jazz em Greenwich Village, Nova Iorque, mas um concerto de jazz com uma orquestra sinfónica, só em Bissau! Foi no Centro Cultural Francês, com agendamento cultural variado toda a semana, onde assisti a esse fabuloso concerto de jazz apresentado por um famoso grupo alemão. O Centro Cultural Francês é um magneto na cidade, atraindo centenas de pessoas, de todas as idades, cada semana.

O Centro Cultural Brasileiro não fica atrás, com muitas atividades culturais, musicais, literárias e cinematográficas de grande qualidade.

O Centro Cultural Português é muito mais parco em atividades. Sou bem timorense, mas a minha costela luso-judaica faz-me viver e sofrer com Portugal e fico triste quando oiço falar deselegantemente do CCP. Dizem que ali só há o jornal “A Bola”! Dou a mão `a palmatória…ainda não fui lá. Hei-de ir e tenho esperança em desaprovar aqueles que falam mal do Centro Cultural Português. Vou descobrir que, além do venerado jornal “A Bola”, há muito mais eco da grande herança cultural portuguesa.

Políticos não faltam na Guiné-Bissau. Há mais de 30 partidos políticos. Isto significa que não falta gente com ambição de governar. Há também universitários sem conta, desde advogados a economistas, até médicos. As Forcas Armadas têm oficiais altamente formados, licenciados e mestrados. Ouvimos falar apenas no General António Injai, mas há muitos outros, jovens e de grande intelecto.

E aqui atribuem-se todos os males, dos pequenos aos mais graves, aos militares. Pude comprovar alguns incidentes em que, com a maior desenvoltura, se acusava os “militares” para, após alguma averiguação por mim feita, se vir a concluir que, afinal, nenhum militar estivera envolvido.

Há comerciantes experientes, relativamente bem sucedidos, aqui e na região. Mas, então, porquê esta estagnação e depauperamento? Hoje decidi escrever só sobre as coisas boas, pois das más toda a gente escreve.

E vou partilhar com vós (sim…com vós…não digo convosco, pois gosto mais de dizer com vós…) uma história bonita, que faz chorar.

É a história do Adile Sebastião. Ele é o segundo de sete filhos do casal Domingos Armando Sebastião, empregado comercial de 60 anos, e Abelina Biaguê, doméstica e vendedora, de 51.

Conheci-o há umas semanas, quando aceitei um convite para assistir a um jogo de futebol promovido pela Academia Fidjus de Bideras (crioulo), o que em português significa “Filhos das Vendedeiras”. O estádio, recém construído pela cooperação chinesa, fez-me inveja, sendo timorense. Nós, em Timor-Leste, temos um estádio que, mesmo depois da sua reabilitação, não tem sequer metade da dimensão e condições deste estádio de Bissau.

Ele e seus amigos e companheiros de pobreza e luta decidiram criar esta academia em homenagem às suas mães, mulheres simples, dignas, trabalhadoras, que cada dia labutam no mercado a vender comidas para recolher algum dinheiro destinado à sobrevivência da família.

Eu fui a esse mercado, uma manha, há uma semana, e assim conheci as mães “Bideras”. Conheci a mamã Abelina, mãe do herói deste meu conto de hoje.

A Dona Abelina tem 51 anos, mas podia ter 71; magra, pele seca, cara sorridente, vestida muito simples, pé descalço. Ela vende uma espécie de canja, que prepara em casa e leva de manhã cedo para o mercado.

Senti-me pequeno perante a dignidade daquelas mães de pé-descalço. Receberam-me com calor, alegria, algumas com lágrimas nos olhos. Eu era a primeira pessoa “importante” a visita-las.

O meu herói de hoje – de nome Adile Sebastião – nasceu em Bissau e aqui estudou até ao 7º ano. Agora, pelas suas próprias palavras:

“Hoje, 11 de Junho, faz precisamente 15 anos que deixei a Guiné com medo da guerra. Saímos num barco da marinha senegalesa que tinha trazido militares para combaterem ao lado do então Presidente Nino Vieira e, no regresso, evacuou cidadãos estrangeiros. Nem sei como, mas entrei no barco e fui parar a Dakar. Três dias depois, um senhor cabo-verdiano, também ele refugiado no mesmo centro de acolhimento, teve pena de mim e ofereceu-se para me levar para a sua casa em Cabo-Verde. Tratou da papelada e seguimos num voo da força aérea portuguesa. Em Cabo-Verde, eu mantinha-me sempre ligado à RDP-África, para ter informações sobre a situação na Guiné. Foi assim que descobri que uma fragata portuguesa estava a caminho de Praia, com refugiados guineenses. Fui ao porto para ver se via algum familiar, pois o último contacto havido com a minha família fora há uma semana e não sabiam do meu paradeiro. No porto, soube que iam para o aeroporto e, depois, para Portugal. Segui para o aeroporto e acabei por me juntar a eles, e fui para Portugal. Estava a quatro meses de completar 13 anos.

“Em Portugal, encaminharam-me para a Mansão Santa Maria de Marvila, uma instituição da Igreja Católica, onde permaneci, mais ou menos, uma semana, até conseguir localizar um tio meu. De seguida, com a ajuda dele, liguei para um programa que promovia o reencontro dos guineenses separados pela guerra e deixei uma nota que emitiram. O meu pai ouviu que estava fora de perigo… nove meses mais tarde consegui falar ao telefone com toda a família e ficaram finalmente sossegados.

“O meu sonho sempre foi jogar futebol e o FC Porto tinha estado na Guiné meses antes da eclosão do conflito, à procura de talentos. Contactei-os, e propuseram-me ir para um clube no norte de Portugal, concretamente em Matosinhos. Fui morar para o Lar do Leixões, onde me deram as condições para estudar e jogar futebol. Estive cinco anos e, depois, mudei-me para o Boavista FC, que me assegurou as mesmas condições e um subsídio mensal…que nunca cheguei a receber. Nessa altura, tinha 17 anos e estava a completar o Ensino Secundário. Decidi deixar de jogar futebol e entrei no mercado de trabalho. Com a ajuda de um amigo e aproveitando a circunstância de Matosinhos ser uma cidade costeira, sofrendo os efeitos das salinas do mar, ofereci-me para limpar os vidros de montras das lojas e janelas de casas. Arrendei um apartamento, pagava a minha alimentação, estudos e conseguia ajudar a família na Guiné.

“No ano seguinte, entrei para o Curso de Direito na Universidade Católica Portuguesa, Porto, através de uma bolsa social da instituição. Queria ser magistrado. Acordava cedo, tratava da minha agenda quanto aos vidros e seguia para as aulas. Entretanto, fruto do facto de o meu trabalho se desenrolar em lojas e casas de outras pessoas, fui ganhando amigos. Foi assim que conheci o Diego, um jogador da Seleção Brasileira, que me mudou a vida. Tornámo-nos muito amigos e beneficiava…do estatuto de estrela que ele detinha. Facto que, infelizmente, quase me ia atrofiando a vida, embora tivesse ganho muita coisa boa no complicado “mundo da fama.

“Por ter acesso facilitado aos jogadores de futebol, detentores de grande poder de aquisição, criei uma imobiliária que apenas negociava nesse nicho de mercado. Permitiu-me ganhar algum dinheiro.

“Em 2007, nove anos depois, voltei à Guiné, de férias. Encontrei tudo pior do que quando tinha saído. Vi a minha família numa situação muito complicada. Os meus pais tinham-se separado e os meus irmãos estavam sem grandes perspetivas. Essa viagem fez-me crescer e passei a ter como prioridade ajudá-los. Arrendei um apartamento maior em Portugal, levei quatro comigo. A mais velha já vive sozinha e trabalha num restaurante. O que me segue é um grande chefe! Trabalha num dos melhores restaurantes do Porto e é um orgulho. Os outros dois são mais novos e estão no último ano do Secundário. A caçula é um exemplo na escola e quer ser médica. O outro quer fazer Gestão Desportiva. Tenho uma outra a quem financio os estudos no Brasil. Está a finalizar a Licenciatura em Biblioteconomia. Eram duas, uma delas não se adaptou, há quatro meses voltou, vive comigo e com o meu pai até se conseguir outra solução.

“Em 2009 licencie-me como “Agente de Jogadores” e passei a representar jogadores. Trabalhava sobretudo com a América Latina, por influência de amigos Argentinos.

“Em 2010, comecei a elaborar o projeto da Academia Fidjus di Bideras, apesar de que só conseguimos assegurar as condições mínimas para arrancar a seis meses.

“A par do projeto de futebol, estou inserido em mais dois. A partir de meados de 2011, incentivei alguns amigos/empresários portugueses a investirem na Guiné. Com efeito, conseguimos promover a criação da AFROSTONE, S.A., que se dedica à exploração de granitos e mármores, um investimento de cerca de 1 000 000 (um milhão de euros), do qual sou sócio e administrador (por pouco tempo). Estamos a trabalhar a 40 por cento, mas perspetivamos arrancar em força após as chuvas. Trouxe igualmente para a Guiné a BILECTRIC, SARL, uma empresa vocacionada para montagens elétricas, de baixa, média e alta tensão. Neste momento estamos a instalar-nos.

“Em Setembro deste ano vou-me inscrever na faculdade para completar os poucos créditos que me faltam para ter a licenciatura. É que, com o trabalho de empresário de futebol, nunca consegui conciliar, pois os exames coincidiam com as épocas de transferências e andava muito stressado. Depois, gostaria muito de fazer o Mestrado num país anglo-saxónico, ou francófono.

“Namoro há quatro anos com uma estudante de Arquitetura de nacionalidade argentina/alemã, que vive no Porto, com quem tenciono casar-me em Dezembro de 2014 (o Senhor Presidente está convidado)!”

Conclusão

E agora…os meus amigos portugueses o que vão fazer? Os grandes clubes nacionais, Benfica, Sporting, Porto, o Cristiano Ronaldo, Figo e muitos outros mais, juntos podem muito facilmente juntar dinheiro, uns dois ou três milhões de euros, e ajudar a construir a Academia Fidjus di Bideras! Ramos-Horta - Guiné Bissau in “ramoshorta.com”