Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Greve

Portugal está hoje, 27 de Junho de 2013, em greve geral promovida em conjunto pelas duas centrais sindicais, CGTP e UGT.

Ontem no Parlamento, o Primeiro-ministro português, abordando o tema da greve afirmava “o país precisa menos de greves e mais de trabalho e de rigor”, esquecendo-se que é o grande responsável pela destruição de 459 800 postos de trabalho, que o país perdeu desde o 3º trimestre de 2011.

Em 2001, no início do séc. XXI e antes da entrada na Zona Euro, Portugal tinha uma taxa de desemprego das mais baixas da Europa, 4,1% de taxa média nesse ano. Hoje, tem a 3ª taxa de desemprego mais elevada da União Europeia, 17,8% segundo dados do Eurostat para o mês de Abril de 2013, somente ultrapassado por Grécia e Espanha.

Que pensarão os cidadãos portugueses quando ouvem um governante afirmar que é preciso trabalhar, mas só vêem desemprego e mais desemprego, nos seus amigos, nos seus vizinhos, na sua família, dentro da própria casa.

No longínquo ano de 1985, é preciso recordar que a memória é curta, os políticos anunciavam que a futura entrada na Comunidade Económica Europeia (CEE), seria um sinal de conforto para os portugueses, que em dez anos estariam a viver como a maioria da população do centro e norte da Europa.

Para tal propósito, consideraram ser necessário abater a frota de pesca, acabar com a agricultura, reduzir ao essencial a indústria, porque os serviços seriam a grande aposta para Portugal. O resultado está à vista de todos.

Sinto-me envergonhado, hoje, quando assisto nos diversos órgãos de comunicação social, a um pedido de solidariedade para aqueles que em 2013 nada têm, como a situação mais natural, como um fado. Recordo-me dos tempos de aluno na escola primária, em que o colégio solicitava aos familiares dos alunos para levarem produtos de mercearia para distribuir pelos mais carenciados. Hoje, passados mais de cinquenta anos, depois de tantas promessas não cumpridas, de tão farta vilanagem, presencio a vivências de todo impensáveis, após o 25 de Abril de 1974. Baía da Lusofonia

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