Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 1 de setembro de 2013

Mangokouro

 
 
Mangokouro, este bairro de Ziguinchor, no coração do espírito de paz e independência de Dezembro de 1982.
 
A libertação em duas fases dos sapadores que estavam detidos, as três mulheres primeiro e finalmente os nove homens, foi um momento histórico acrescido à grande marcha pela paz e independência de Dezembro de 1982 munida no sangue pelo exército senegalês.
 
 
 
Na verdade, o surgimento espontâneo de milhares de casamansenses amantes da liberdade na sede do Movimento das Forças Democráticas da Casamansa (MFDC) para assistirem em directo ao regresso à liberdade dos presos, sacudiu o sistema autoritário e colonial imposto pelo Senegal em Casamansa.
 
Em Mangokouro, estamos pois no coração do espírito de Dezembro de 1982. Regressar hoje a esse espírito é um imperativo face ao completo impasse na qual se encontra actualmente o nosso país, a Casamansa.
 
Vendo a sacerdotisa Tellé Diémé rodeada por centenas de mulheres, Edmond Bora, Abdou Elinkine Diatta, os delegados das secções, os representantes da juventude independentista e simpatizantes de todos os lugares da Casamansa, acredita-se que um novo horizonte para a luta democrática no interior da Casamansa foi desencadeado. 
 
Suportada pela reivindicação identitária, linguística, cultural e independentista, uma dinâmica sem precedentes desenvolveu-se sob o impulso dos ramos combatentes e do exterior do MFDC.
 
Quatro fenómenos indicadores que nos retêm a atenção:
 
O primeiro refere-se à súbita auto-organização dos independentistas através de comités autónomos em ruptura com as estruturas enquadradas na autoridade e poder senegalês e das suas organizações de massas pela via das ONG’s e plataformas de mulheres ou outros grupos de estudo e reflexão.
 
O segundo é a reapropriação do espaço público. A rua, os edifícios e outras infra-estruturas estão quase arrancadas para servir daqui em diante a causa da independência.
 
O terceiro fenómeno é a utilização das novas tecnologias da comunicação para servir a luta. Os casamansenses mostram todos os dias um grande talento em formas e meios de expressão na internet. É nesta mesma dinâmica que todos os casamansenses encontram-se em conformidade com o activismo.
 
Enfim, o último fenómeno, o manifesto e crescente nervosismo do governo senegalês e do seu exército, desprovido de ideias, instigam-se sempre contra a população civil: o assassínio de Antoine Robert Sambou, a detenção de 15 civis sem acusação há seis anos, a destruição dos acantonamentos do MFDC, as barragens de controlo pelos militares, a impunidade nos assassínios de civis e das vítimas do navio Joola para citar alguns exemplos e mesmo hoje em dia, a criação de milícias para prender os casamansenses.  
 
Levaremos esta mensagem de paz do Abade Diamacoune, inscrita nas costas da t-shirt de cada detido liberto em Mangokouro:
 
“Se ele é corajoso para fazer a guerra, muito mais corajoso será para fazer a paz.”
 
Para evitar novas tragédias, sim, nós os casamansenses estamos sempre imbuídos nas nossas reflexões e diligências destes valores libertadores incorporados pelos fundadores da nação casamansense: Fodé Kaba Doumbouya, Moussa Molo, Aline Sitoé Diatta, Victor Diatta, Abbé Diamacoune, etc… Uma situação verdadeiramente e continuamente revolucionária! Bintou Diallo – Casamansa - Casamance
 
Bandeira da Casamansa
 


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