Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 30 de novembro de 2013

Fiorde - 28 anos ao seu serviço


FIORDE: 28 anos de tradição e inovação em comércio exterior

Milton Lourenço presidente da Fiorde Logística Internacional
Dedicação, tradição e inovação são as palavras que marcam, neste dia 30 de novembro de 2013, os 28 anos de atuação da FIORDE LOGÍSTICA INTERNACIONAL, uma das principais empresas de prestação de serviços em comércio exterior no Brasil. Desde sua fundação em 1985, a empresa tem apostado no crescimento do País, expandindo seus negócios, inclusive, criando outros braços, como a Fiorde Cargo e Armazéns Gerais, empresa de transporte rodoviário, e a Fiorde Fairs, divisão de feiras, exposições, eventos, certames e projetos nacionais e internacionais.

A vontade de crescer e a preocupação de executar as tarefas com perfeição e rapidez são apontadas pelo presidente da Fiorde Logística Internacional, Milton Lourenço, como as razões que levaram a empresa a trilhar essa trajetória de sucesso, evoluindo em média 15% ao ano. Para 2014, segundo o diretor, o Grupo Fiorde planeja a abertura de filiais e novos investimentos na área de tecnologia da informação e atendimento aos clientes, além da ampliação da frota de veículos apropriados para transporte de alimentos, produtos farmacêuticos e correlatos.

Lourenço destacou que, em maio de 2013, a Fiorde Cargo e Armazéns Gerais, empresa do Grupo Fiorde, abriu um centro de distribuição com 2000 metros quadrados no município de Cabo de Santo Agostinho, na região metropolitana de Recife, a apenas 9 quilômetros do Porto de Suape e a 15 quilômetros do Aeroporto Internacional dos Guararapes. Esse centro de distribuição conta com serviço de transporte rodoviário de DTA, ou seja, trânsito aduaneiro nas zonas primária e secundária.        

O presidente lembrou que, desde maio de 2012, a Fiorde mantém filial no Recife, localizada à Rua Ribeiro de Brito, 830, salas 701/702, no bairro da Boa Viagem, que conta com uma equipe altamente especializada para atender a seus clientes no Aeroporto Internacional dos Guararapes, no Porto do Recife, no complexo industrial portuário de Suape e outros portos da região. “Com a entrada em funcionamento da unidade em Cabo de Santo Agostinho, o Grupo Fiorde está em condições de oferecer à região Nordeste toda a sua infraestrutura e pessoal técnico para a movimentação e armazenagem de cargas com os menores custos”, disse.

Recentemente, a Fiorde estendeu os seus serviços também para a região do Distrito Federal, com a abertura de um escritório na Área Especial do Aeroporto Internacional de Brasília. Com a nova filial, a empresa passou a contar igualmente com uma equipe especializada para atender a seus clientes na região Centro-Oeste. Como os demais escritórios da empresa no País, a unidade de Brasília está capacitada a oferecer todos os tipos de assessoria e consultoria, desde o estabelecimento de custos de importação e exportação, classificação fiscal, análise e obtenção de benefícios fiscais, informações sobre normas, editais, portarias e regimes aduaneiros especiais, até a elaboração de defesas e recursos administrativos.

Com mais de 750 funcionários, o Grupo Fiorde tem hoje a sua sede num prédio de sete andares da Rua Frei Caneca, no bairro da Bela Vista, bem como filiais em Santos, Jacareí, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Manaus e nos aeroportos de Guarulhos e Viracopos, além de agentes subcontratados nos principais portos e aeroportos do País.  “Em todas as unidades, oferecemos desembaraço aduaneiro com grande agilidade, disponibilizando serviços de coordenação de transporte, pagamento de fretes e taxas, contratação de seguro e análise de carta de crédito, entre outros”, disse.

“Para chegar até aqui, foi fundamental a participação dos fundadores e colaboradores, que sempre estiveram presentes com muito trabalho e profissionalismo”, ressaltou o presidente, lembrando que a Fiorde coloca à disposição de seus clientes serviços de consolidação de cargas para qualquer ponto do planeta, oferecendo sempre as tarifas mais competitivas do mercado.

Recertificada pelo ISO 9001:2008, a empresa opera como freight forwarder e NVOCC, contando com profissionais especialmente treinados para bem atender ao cliente, seja na estrutura da empresa seja in house. “Dependendo do projeto aplicado e do estudo de viabilidade para a operação, podemos até terceirizar setores do cliente, desinflando sua estrutura sem perda na qualidade do processo”, ressaltou Lourenço, lembrando que o Grupo Fiorde, por meio da Fiorde Cargo e Armazéns Gerais, oferece também transporte de carga fechada, carga solta, granel, paletizada, unitizada e conteinerizada no Brasil e no Mercosul. Fiorde Logística Internacional - Brasil





Plataformas multimodais

                 A saída está nos trilhos

Estudos encomendados pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) já apontaram para uma previsão de 193 milhões de toneladas a serem movimentadas em 2024 pelo Porto de Santos, embora outros especialistas acreditem que, se o atual nível de evolução for mantido, é possível que essa projeção seja alcançada em menos de uma década. E que, em 2024, o Porto já esteja às voltas com 230 milhões de toneladas movimentadas.

Diante disso, fica claro que com a atual matriz de transporte não será possível enfrentar esse crescimento, sob pena de o País sofrer um caos logístico sem precedentes e com prejuízos incalculáveis para todas as partes intervenientes no comércio exterior. Para evitar esse quadro catastrófico, obviamente, algumas medidas terão de ser tomadas.

É consenso que a principal dessas medidas será aumentar a participação da ferrovia no transporte de cargas dos atuais 15% para pelo menos 60%, a exemplo do que ocorre em portos como o de Hamburgo, na Alemanha, e Houston, nos Estados Unidos. Para tanto, seria necessário que houvesse por parte do governo federal um esforço concentrado para a conclusão do Ferroanel, projeto que surgiu há quase 60 anos para ligar o Norte ao Sul do País, mas que ainda está longe de sua conclusão.

Mas não é só. O que se percebe é que, ao contrário do que ocorria antes da Lei nº 8.630/92, a antiga Lei de Modernização dos Portos, hoje não há uma gestão pública para o ordenamento da entrada e saída de vagões no Porto de Santos. Para piorar, há ainda escassez de pátios.

Como a nova Lei dos Portos (nº 12.815/13) não contempla devidamente o modal ferroviário, o que se verifica é a ausência total de normas que monitorem e regulem as manobras nos ramais ferroviários do Porto. Para agravar ainda mais a situação, a nova legislação não obriga a construção de pátios ferroviários nos novos terminais de uso privativo (TUPs) com o objetivo de viabilizar a integração com outros modais e facilitar o escoamento das cargas.

Tudo isso se reflete nos congestionamentos constantes que ocorrem nas rodovias e vias de acesso ao Porto. Portanto, para aumentar a eficiência portuária, será preciso pensar em plataformas multimodais, o que equivale a dizer que é fundamental acelerar o funcionamento do modal ferroviário.

Em outras palavras: é preciso que haja restrição para a permanência de um vagão dentro do terminal portuário, do modo que as operações sejam executadas em menos tempo e com custos de estadia mais baixos, liberando assim o espaço para a sua utilização por outro usuário do complexo portuário. Mauro Dias - Brasil

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Mauro Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Helicoverpa armigera

Uma Lagarta, Uma Lavoura e Bilhões de Prejuízo

Uma lagarta até então desconhecida, que atende pelo nome científico de Helicoverpa armigera, tem causado bilhões de reais de prejuízo aos produtores brasileiros em várias regiões e culturas. Mau manejo e utilização desnecessária de defensivos faz com que o Brasil se encontre em Estado de Emergência Fitossanitária. A Embrapa trabalha duramente para amenizar os problemas causados pela praga.

Uma praga exótica até então inexistente em lavouras brasileiras vem tirando o sono de produtores, extensionistas e pesquisadores de todo o Brasil. Trata-se da Helicoverpa armigera, uma lagarta de aproximadamente 4 cm com altíssimo poder de destruição devido suas características biológicas, como alta fecundidade, mobilidade e migração das mariposas. Isso a permite sobreviver em climas instáveis e em culturas diversas, como soja, milho, algodão, pimentão, tomate, sorgo, etc.

Seu primeiro ataque em solo brasileiro aconteceu na safra de 2012/13 na Bahia e esse ano se acentua nos estádios iniciais das culturas causando grandes perdas na soja, milho e algodão, incluindo os principais estados produtivos, sem exceção. A gravidade do problema é tão significativa que no último dia 18 o governo federal decretou Estado de Emergência Fitossanitária, permitindo assim que moléculas químicas não autorizadas pelo Ministério da Agricultura possam ser importadas de maneira emergencial na tentativa de seu controle.

Obviamente que a resistência da lagarta aos químicos existentes hoje no Brasil é fruto de um manejo inadequado (tanto de rotação de culturas como do químico utilizado) reflexo da falta de monitoramento, ansiedade e despreparo do produtor no seu controle, já que sua precisa identificação só é possível através de estudos laboratoriais com a análise da genitália masculina e molecular dos adultos. Tais medidas errôneas fazem uma redução dos inimigos naturais da praga e uma disponibilidade permanente de alimentação em diversos hospedeiros durante o ano inteiro, criando assim um desequilíbrio no sistema produtivo.

Somente no estado da Bahia, na safra passada, R$ 2 bilhões de prejuízo foram atribuídos ao ataque da Helicoverpa armigera. Também se estima que haverá, devido à ocorrência da lagarta, um aumento de 92% no uso de inseticidas na safra 2012/13, em função da dificuldade de se atingir o alvo, pois a lagarta se posiciona muitas vezes no limbo inferior da folha. Com base nisso e com uma infestação muito mais precoce e mais intensa nessa safra de 2013/14, o Ministério da Agricultura em conjunto com a Embrapa (http://www.embrapa.br/alerta-helicoverpa/Manejo-Helicoverpa.pdf) divulgou algumas medidas para combater ou, ao menos, reduzir o ataque da lagarta. São elas:



1. Formação de um Consórcio coordenado pelo Ministério com a finalidade de informar e capacitar técnicos sobre estratégias de manejo de inimigos naturais, produtos químicos, biológicos, boas práticas culturais/agronômicas e monitoramento da própria lagarta.

2. Uso de cultivares que reduzem a população da praga, seguindo as alternativas disponíveis no mercado e que possuam eficiência de controle, incluindo plantas Bt (proteína tóxica à Helicoverpa armigera).

3. Menor período possível de semeadura com a finalidade de restringir a disponibilidade de alimento à praga e, evitar cultivos subsequentes de plantas hospedeiras.

4. Uso do controle biológico com a liberação de insetos parasitoides e predadores, assim como fungos, bactérias e vírus que atacam a lagarta.

5. Integração de um manejo adequado de pragas com monitoramento de fatores climáticos, estádio da cultura e identificação de outras pragas.

6. Uso de feromônios em armadilhas específicas com a finalidade de monitorar a população da lagarta em grandes extensões.

7. Utilização do vazio sanitário, período no qual a área permanece sem plantas hospedeiras, suprimindo o ciclo reprodutivo da praga.

8. Utilizar a rotação de culturas e destruição de plantas voluntárias/invasoras e restos culturais que sirvam de alimento à lagarta. Luciano Crusius – Brasil in “Infomoney”

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Exportações: é hora de reagir

Há um ano, Estados Unidos e União Europeia iniciaram negociações para a formalização de uma parceria de comércio e investimentos que tem por objetivo a eliminação de barreiras para a circulação de bens e serviços entre os dois blocos econômicos. Prestes a ser concluído, o acordo, com certeza, vai afetar a vida dos demais países que estão fora dessa parceria.

Afinal, juntos, Estados Unidos e União Europeia representam a metade do produto mundial e 30% do comércio global, o que significa que os padrões que essa parceria estabelecer é que vão valer para o resto do planeta, ou seja, para aqueles que pretenderem vender seus produtos para o novo bloco econômico.

E o Brasil? Como se sabe, o Brasil não faz parte de nenhum grande bloco nem participa de tratativas para a formação de novos acordos comerciais. Está compromissado com o Mercosul, que já representou 17% das trocas comerciais dentro da região que engloba, mas que hoje está limitado a 12%.  Além de retroceder em termos econômicos, o Mercosul está paralisado politicamente desde que a Argentina passou a impedir a evolução das negociações com a União Europeia.

Fora isso, o Brasil assinou acordos de livre comércio com Israel, Palestina e Egito e tratados de preferências tarifárias com Índia e África do Sul, mercados que vão de modestos a inexpressivos.  A alegação para tão reduzido êxito em negociações para fechar acordos bilaterais foi que o País aguardava a conclusão da Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra, que deveria derrubar barreiras ao comércio global, principalmente no setor agrícola. Mas, até agora, esses resultados não vieram e, ao que parece, não virão mais.

Enquanto isso, acordos bilaterais ou regionais não deixaram de pipocar no resto do mundo, a ponto de serem hoje 354, de acordo com dados da OMC. Os Estados Unidos participam de 14 acordos de livre comércio e ainda articulam aliança com nações do Pacífico, com exceção da China. Já a União Europeia tem 32 acordos e a China, 15. Nas vizinhanças, a Colômbia assinou 11 acordos, o Peru, 12, e o Chile, 21. A diferença é que esses países, ao contrário do Brasil, não têm um parque industrial desenvolvido e dependem, praticamente, das vendas de poucas commodities, o que tem facilitado o fechamento de acordos. Já no Brasil – e igualmente na Argentina- a indústria reluta em abrir-se a importações e exige salvaguardas especiais e períodos de carência.

O resultado disso é que o Brasil vem perdendo competitividade nas exportações de manufaturados, assumindo-se como fornecedor de matérias-primas. A participação industrial na pauta exportadora, que foi de 59% em 2000, caiu para 37% em 2012. Em conseqüência, o número de empresas exportadoras caiu 10% e as importadoras passaram de 28 mil para mais de 42 mil, registrando evolução superior a 50%.

Portanto, não há mais tempo a perder. Num mundo que aposta na formação de blocos econômicos, o Brasil precisa tratar de sua reinserção nas cadeias internacionais de comércio. Afinal, se o País constitui o sétimo Produto Interno Bruto (PIB) mundial, não pode continuar a ser apenas o 22º no ranking de exportação. É preciso reagir. Milton Lourenço - Brasil

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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Entre o passado e o presente

Graça Pacheco Jorge,  Joey Ho, Pedro Jorge Barreiros
Fotografias raras da colecção de Danilo Barreiros podem ser vistas agora em Macau, numa exposição que junta imagens de hoje do fotógrafo Chan Hin Io e pinturas que retratam épocas passadas de João Magalhães. “Transformações – Fotos e Ilustrações de Macau do passado ao presente” é o título desta viagem no tempo inaugurada ontem no edifício do antigo tribunal.

Os escritores Wenceslau de Moraes e Camilo Pessanha convivendo com o seu mestre de chinês num café em Macau no final do século XIX é apenas uma das fotos raras da colecção privada do macaense Danilo Barreiros que agora pode ser vista pelo público na exposição “Transformações – Fotos e Ilustrações de Macau do passado ao presente”.

A mostra é comissariada pela artista local Joey Ho e inaugurou ontem no edifício do antigo tribunal, com a presença do filho de Danilo Barreiros, Pedro Jorge Barreiros, que é quem conserva o espólio. O fotógrafo Chan Hin Io, nascido em Zhongshan, mas estabelecido em Macau desde 1990, faz a ponte entre o passado e o presente, apresentando um conjunto de imagens actuais dos lugares antigos. O artista plástico João Magalhães participa na mostra com um conjunto de quadros que retratam Macau na época de Danilo Barreiros, entre 1910 até 1946, quando partiu para Lisboa.

“A Joey já nos tinha falado em fazer uma exposição de fotografias do Danilo [Barreiros]. Ela escreveu-nos em Setembro [de 2013] a dizer-nos que o projecto ia mesmo para a frente. Esteve connosco [em Lisboa] em Outubro. Estivemos praticamente 24 horas por dia a trabalhar, a fazer a escolha, a digitalização, fizemos tudo em casa. O Pedro fez as legendas em português, eu fiz a tradução para inglês, a Joey fez em chinês. Foi o trabalho de nós os três”, explica Graça Pacheco Jorge, mulher de Pedro Jorge Barreiros, também ela parente de Danilo Barreiros, autora de diversos livros sobre culinária de Macau, tendo colaborado em documentários sobre a cultura e gastronomia macaenses.

Para Pedro Jorge Barreiros, médico, professor, pintor, autor de várias obras literárias e colaborador de documentários sobre figuras ilustres de Macau, que nasceu no território mas saiu muito novo para Portugal, esta exposição é uma forma de manter uma ligação com o território. “[Representa] uma continuidade das vezes que tenho vindo a Macau, a propósito não só do meu pai mas da minha família, e que tem sido muito importante, que é a recordação, no local, de tudo o que aprendi de Macau, que me foi ensinado por eles, e da ligação que continuo a ter.”

“As pessoas querem saber a história”

João Magalhães pintou “quadros inspirados na cidade, na vivência de Macau, nas histórias contadas pelos pais”. “Desde pequenino que estou habituado a ver fotos antigas”, explica. Magalhães pinta as suas próprias memórias da cidade e o que ainda se conserva do passado. “Esta exposição consegue mostrar o antigo, o presente e consegue mostrar essa passagem [entre o antigo e o novo], porque ainda se consegue ver e sentir muita coisa, os cheiros, o mahjong na rua, o que faz esta cidade um lugar interessante, com essa mistura das duas culturas, o ocidente e o oriente”.

Para a comissária da exposição, Joey Ho, esta mostra é uma forma de os habitantes da cidade conhecerem melhor as suas raízes e a sua história. “As pessoas querem conhecer o passado, os que vivem na cidade querem saber a sua história. Penso que vai ser fácil atrair a atenção do público, as pessoas querem entender-se a si próprias”, afirma.

Joey Ho conheceu Graça e Pedro há cerca de três anos, quando trabalhavam na biografia trilingue do avô de ambos, o macaense José Vicente Jorge, sinólogo, coleccionador de arte, figura influente da segunda metade do século XIX e do início do século XX. Em múltiplas conversas, Joey começou a interessar-se pelo passado daquela família, com uma história conhecida desde  o século XVII.

Por sua vez, Miguel de Senna Fernandes, advogado, dramaturgo, presidente da Associação dos Macaenses, presente na inauguração, afirma que esta mostra permite “dar a conhecer o que foi a cidade”. “Macau não foi só uma terra antiga onde tudo se destruiu e onde tudo se substituiu pelas coisas que vemos agora. É uma terra com história, o que vemos [nestas imagens] é a história a nível arquitectónico, mas sobretudo o aspecto humano”. “Muitas pessoas não fazem ideia do que foi este território e esta exposição pode dar uma nova perspectiva”, prossegue Senna Fernandes. “Claro que é apenas uma pequena amostra, mas é o suficiente para dar uma ideia bem precisa que aqui sempre houve várias nuances, várias comunidades que se cruzaram, que sempre viveram aqui. A parte dos chineses, que eram a população maioritária, e a comunidade portuguesa, bem enraizada, com costumes muito próprios. Esta exposição vem trazer precisamente esta dimensão.” Cláudia Aranda – Macau in “Ponto Final”

Competitividade fiscal

A Empresa de auditoria, consultoria e impostos PricewaterhouseCoopers (PwC) apresentou o seu relatório “Paying Taxes 2014” que analisa a competitividade fiscal em 189 países, tendo como base um conjunto de três indicadores a distinguir: taxa total de tributação, número de horas despendidas com as obrigações fiscais e o número de pagamentos necessários.

Numa classificação onde estão apresentados todos os países lusófonos, o mais bem classificado é Timor-Leste no 55º lugar com 11% na taxa de tributação, 276 horas despendidas e 18 pagamentos necessários. Cabo Verde é o segundo melhor país no 80º lugar, com 37,2%, na taxa de tributação, 186 horas despendidas e 30 pagamentos necessários. Portugal encontra-se no posto imediato, 81º, com 42,3%, 275 horas e 8 pagamentos.

Num segundo grupo estão os restantes países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), com Moçambique em 129º lugar, 37,5% no total de tributação, 230 horas despendidas e 37 pagamentos necessários. Guiné Bissau está na posição 153ª, 45,9%, 208 horas, 46 pagamentos, Angola no 155º posto, 52,1%, 282 horas, 30 pagamentos, São Tomé e Príncipe, 156º lugar, 32,5%, 424 horas e 42 pagamentos e finalmente o Brasil no 159º posto, com 68,3%, 2600 horas e apenas 9 pagamentos.

Dos países observadores da CPLP, a Ilha Maurícia está no 13º lugar, com 28,2%, 152 horas, 8 pagamentos, a Guiné Equatorial está na posição 177ª, 44,1% no total de tributação, 492 horas e 46 pagamentos e o Senegal no 182º posto com 48,5%, 644 horas e 59 pagamentos.

Dos países em negociações para observadores da CPLP, a Geórgia está no 29º lugar, 16,4%, 280 horas e 5 pagamentos e a Namíbia está na posição 114ª, 21,8%, 314 horas e 37 pagamentos.

Poderá aceder ao relatório clicando em: "Paying Taxes 2014"  Baía da Lusofonia

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Porto de Cabinda cresce

Nos últimos quatro meses, o porto de Cabinda movimentou mais de 26 mil contentores de 20 e de 40 pés, segundo o administrador para a área técnica e operacional da empresa portuária, Artur Fernandes de Carvalho, em declarações aquando da III Feira Internacional de Transportes e Logística de Angola (Expotrans). O responsável assegurou ainda que houve um crescimento face a período homólogo do ano passado.

Dos produtos importados nos últimos meses, aquele responsável destacou materiais de construção, bebidas, alimentos, viaturas, maquinaria e materiais de limpeza e quanto à origem mencionou o continente europeu como a origem principal, a que se seguiram a Ásia, Américas e África do Sul.

Artur Fernandes de Carvalho disse que a empresa prevê executar 90% dos planos elaborados para 2013, apontando a renovação da ponte cais (com uma área de 45 mil metros quadrados e uma capacidade de atracagem de cinco navios em simultâneo) como o “grande exemplo” deste processo.

“Além de facilitar as manobras e movimentação dos meios e cargas, o porto irá permitir a movimentação de quase 500 mil contentores, ou seja, um milhão de toneladas de carga por ano”, salientou.

Entretanto, Augusto Tomás, ministro dos Transportes de Angola, reafirmou que a cidade de Cabinda vai ter um porto de águas profundas, devendo a sua construção iniciar-se nos próximos três anos.

O ministro angolano adiantou que as obras de construção do porto irão decorrer em três fases, sendo que no final da primeira haverá um cais comercial com uma extensão de 775 metros, que será aumentada para 1550 metros no final da última fase.

As atuais operações de descarga e carga de mercadorias a granel e em contentor são feitas através da nova ponte-cais, inaugurada em 2012 e que tem permitido fluidez no manuseamento das mercadorias importadas pelos agentes económicos.

O porto actual dispõe de capacidade para receber mensalmente 37 navios de grande calado tendo movimentado até ao final de Setembro passado 26 mil contentores, número que deverá atingir 35 mil até ao final do ano. In “Cargo Edições” - Portugal

Avaliação das selecções de futebol

Segundo o estudo da Pluri Consultoria, uma empresa brasileira de pesquisa, análise, cenários e tendências, a selecção nacional brasileira de futebol é a mais valiosa entre as 32 equipas seleccionadas para a Copa do Mundo de 2014 a realizar no Brasil. Para tal consideração a Pluri Consultoria estimou uma equipa de selecção tipo composta por 23 jogadores.

Os 736 jogadores seleccionados para o campeonato do mundo de futebol têm um valor de mercado de 5,8 mil milhões de euros, rondando os 7,9 milhões de euros por cada jogador, enquanto o valor médio de cada seleção é de 182 milhões de euros, estando onze equipas acima deste patamar médio.



Duas equipas lusófonas irão disputar este campeonato do mundo, Brasil e Portugal. O Brasil, como já foi afirmado anteriormente lidera a classificação com um valor de mercado avaliado em 508,7 milhões de euros, montante que consegue ser inferior a clubes como o catalão Barcelona que vale 594 milhões de euros, ou o castelhano Real Madrid, 573 milhões de euros.



A seguir à selecção brasileira, apresenta-se a equipa da Espanha, vale 504,0 milhões de euros e da Argentina, 475,2 milhões de euros. Depois seguem-se, Alemanha, França, Bélgica, Itália e Inglaterra.



Portugal é a nona selecção mais valiosa, 309,6 milhões de euros, uma média de 13,5 milhões de euros por jogador, valor inflacionado pela presença de Cristiano Ronaldo. Seguem-se na classificação, Colômbia (10º), Uruguai, (11º) e Rússia (12º).

Com uma avaliação inferior a 25 milhões de euros, com valores próximos da média de um jogador brasileiro (22,1 milhões de euros), estão em 29º a Honduras, 24,3 milhões, em 30º a Austrália, 23,6 milhões, em 31º o Irão, 21,9 milhões de euros e finalmente em 32º, a Costa Rica, 20,8 milhões de euros.

Poderá aceder ao estudo da Pluri Consultoria aqui. Baía da Lusofonia

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Direitos Humanos e a Rede da internet

A organização Word Wide Web Foundation (WWWF) apresentou na passada sexta-feira, 22 de Novembro de 2013 a “Web Index Report” uma classificação que mede a forma como um país usa a rede da internet para promover o desenvolvimento local e os direitos humanos.



Lançado pela primeira vez em 2012, o Índice de 2013 foi ampliado e aperfeiçoado para incluir 20 novos países e apresenta um conjunto aprimorado de dados, em particular nas áreas de género, dados públicos, direitos de privacidade e segurança. O formato engloba agora 81 países a nível mundial, estando classificados dois países lusófonos, Brasil e Portugal, sendo as pontuações para a classificação identificadas em quatro critérios distintos: acesso universal, liberdade e abertura; conteúdo relevante, e impacto e dar poder.

O critério “acesso universal” mede se o país investiu na ampliação da capacidade de infra-estrutura da rede, se mantém investimento na educação e nas competências necessárias dos cidadãos para usar a rede.

“Liberdade e abertura” aborda os direitos à informação, opinião, expressão, segurança e privacidade em linha no país.

“Conteúdo Relevante” verifica o uso da rede pelos cidadãos do país em comparação às ferramentas e serviços disponíveis na rede da internet.

“Impacto e dar poder” mede a diferença que a rede faz na vida das pessoas e de que forma a utilização da internet muda de forma positiva a sociedade, a economia, a política e o meio ambiente.

A classificação liderada pela Suécia, Noruega e Reino Unido, apresenta Portugal na 23ª posição com um índice global de 72,8%, imediatamente atrás da Itália e à frente de países como a Grécia (26º) ou Espanha (28º). Por critérios, Portugal tem um índice de 78,8% em acesso universal, 69,4% em conteúdo relevante, 81,2% em liberdade e abertura e 44,8% em impacto e dar poder.

O Brasil encontra-se na 33ª posição com um índice global de 58,7%, imediatamente atrás da Colômbia e à frente de países como a África do Sul (35º), a Argentina (36º), Peru (39º) ou a Rússia (41º). Nos critérios, o Brasil tem um índice de 49,6% em acesso universal, 57,1% em conteúdo relevante, 63,1% em liberdade e abertura e 51,9% em impacto e dar poder.

Numa classificação em que a Ilha Maurícia se encontra no 40º lugar, a Namíbia em 60º e o Senegal em 61º, os três últimos classificados são o Mali, a Etiópia e Yemen, poderá aceder ao “Web Index Report” aqui. Baía da Lusofonia


domingo, 24 de novembro de 2013

Porto de Santos: questões a resolver

O aumento radical da participação do modal ferroviário na matriz de transporte brasileira tem sido apontado como a solução para o caos logístico nas rodovias e acesso viários ao Porto de Santos, diante do inevitável crescimento da movimentação de carga e descarga. Mas essa opção por si só não é suficiente para equacionar totalmente a questão, se não vier acompanhada de outras medidas a nível nacional.

Uma medida urgente passa pela criação de uma rede de armazenagem no interior do País, capaz de atender ao crescimento das safras de grãos. Só assim será possível estabelecer um agendamento de cargas desde a origem, de modo a evitar que caminhões continuem a funcionar como silos. Caberia ao governo federal estimular a iniciativa privada a criar essa rede de armazenagem.

Outra questão macroeconômica que merece atenção é a desconcentração portuária, de maneira que o Porto de Santos não continue sendo responsável por 26% do comércio exterior do País. Na verdade, a tendência é que, em 2014, o Porto alargue essa porcentagem para perto de 30%, até porque é aquele que oferece as melhores condições de operacionalidade, apesar de todos os problemas que enfrenta. Ou seja, é fundamental que haja uma especialização na movimentação do Porto de Santos com a conseqüente distribuição de cargas para outros portos nacionais, o que só será possível se houver uma malha ferroviária mais expandida e melhor infraestrutura rodoviária.

Ao mesmo tempo, é preciso que haja um planejamento sério para a expansão do Porto que inclua cais off shore. É de lembrar ainda que o Porto de Santos, inevitavelmente, terá de se adequar às demandas da população das cidades em que está instalado, como, por exemplo, estudar a criação de uma filial da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) para Guarujá. Desde 1997, quando a Santos Brasil venceu a licitação do Terminal de Contêineres (Tecom), esse município tem sido prejudicado na arrecadação de tributos. Sem contar que o distrito de Vicente de Carvalho retomou com mais força a ideia de emancipação, o que significa que boa parte da margem esquerda do Porto poderá ficar sob sua jurisdição, assumindo o direito de auferir a arrecadação do Imposto Sobre Serviços (ISS).

Por outro lado, com a entrada em funcionamento do terminal da Embraport, na área continental de Santos, grande parcela da movimentação do complexo portuário deixará de ser executado pela Santos Brasil em Guarujá. Em 2012, essa movimentação pela Santos Brasil chegou a abranger 54% da movimentação total do complexo.

A par disso, há ainda a questão social a ser resolvida, já que a nova Lei dos Portos (nº 12.813/13) permite que a Embraport realize operações com funcionários com vínculo empregatício, deixando de contratar os trabalhadores do Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo). Tudo isso indica para um acirramento nas questões relacionadas ao Porto, até porque outros terminais dentro do porto organizado vão se sentir prejudicados. O que se espera é que haja bom senso e equilíbrio entre as partes para resolver essas questões e o Porto continue a desempenhar o seu papel com eficiência. Milton Lourenço - Brasil

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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.

sábado, 23 de novembro de 2013

Consequências da centralização excessiva

Do outro lado da cidade de Santos, na área continental, há espaço suficiente para duplicar o Porto, mas parece que isso não é levado em conta pelo governo federal que insiste em promover o arrendamento de todos os terminais do Corredor de Exportação, localizado no bairro da Ponta da Praia, consolidando o espaço como reservado à movimentação de grãos e outros granéis sólidos.

Não é preciso ser especialista no assunto para perceber que essa iniciativa, se  levada a efeito, irá agravar os problemas que já existem na área, aumentando não só o trânsito de caminhões, com seus impactos no sistema viário do município, como os prejuízos das outras empresas que atuam no Porto, mas em outros segmentos. Sem contar a questão ambiental, já que os moradores da região continuarão expostos à poluição e à sujeira provocada pela queda de grãos nas ruas e avenidas próximas, o que significa maiores gastos na execução dos serviços públicos de limpeza urbana.

É de lembrar que o Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ), adotado pelo Conselho de Autoridade Portuária (CAP) em 2006, já recomendava a transferência da atividade relacionada aos granéis sólidos para áreas mais afastadas, mas nada disso tem sido levado em consideração. Há em elaboração um novo PDZ, mas que só deverá valer para outras licitações.

Isso significa que os processos licitatórios em curso depois da promulgação da nova Lei dos Portos (n º 12.815/13) vão continuar a serem feitos sem levar em conta as reivindicações da comunidade portuária, aproveitando-se claramente da centralização das decisões em Brasília estabelecida pela mesma legislação, que, por outro lado, tornou o CAP um mero órgão consultivo, sem poder decisório.

Se as autoridades não demonstraram até aqui capacidade administrativa para dotar o Porto de Santos da infraestrutura necessária para enfrentar situações de emergência, como ficou claro por ocasião do incêndio que destruiu em outubro seis armazéns do Terminal Açucareiro Copersucar (TAC), é de imaginar que a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) tampouco haverá de se preocupar em melhorar a qualidade de seus equipamentos ou aumentar a vigilância para evitar que a carga a granel fique aberta à atmosfera.

Essa falta de entendimento que leva a decisões arbitrárias e atabalhoadas é resultado de uma centralização excessiva que se tem acentuado na cúpula estatal do setor portuário brasileiro, cujos postos de direção por muitos anos têm servido como moeda de troca no jogo político-partidário. Enquanto isso, as partes diretamente interessadas na questão – como os empresários, os trabalhadores, as administrações locais, os CAPs e os moradores das cidades portuárias – continuam sem ser ouvidos. Mauro Dias - Brasil


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Mauro Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Crime!

Angola: Autoridades Implicadas em Assassinato de Organizadores de Protesto

«A terrível verdade sobre o que aconteceu a duas pessoas que organizaram uma manifestação em Angola contra o atraso no pagamento de salários e pensões está finalmente a vir ao de cima. A investigação sobre o brutal assassinato de Kamulingue e Cassule só fará sentido se o governo assumir com firmeza o compromisso de levar a julgamento todos os responsáveis, independentemente do seu estatuto ou cargo.»
Leslie Lefkow, diretora-adjunta de África da Human Rights Watch

As autoridades angolanas devem mover uma ação judicial contra todos os oficiais de segurança responsáveis pelo assassinato de dois organizadores de uma manifestação que estavam desaparecidos desde Maio de 2012, anunciou hoje a Human Rights Watch.Um relatório confidencial do Ministério do Interior que chegou às mãos da comunicação social angolana no dia 9 de Novembro de 2013, e que a Human Rights Watch julga ser autêntico, descreve o papel da polícia e do serviço de inteligência, o SINSE, no rapto, tortura e assassinato de António Alves Kamulingue e Isaías Cassule.

A Procuradoria-geral de Angola anunciou a abertura de uma investigação e disse que quatro oficiais não-identificados haviam sido detidos. Em 14 de Novembro de 2013, o presidente José Eduardo dos Santos demitiu o diretor dos serviços de inteligência, Sebastião Martins.

«A terrível verdade sobre o que aconteceu a duas pessoas que organizaram uma manifestação em Angola contra o atraso no pagamento de salários e pensões está finalmente a vir ao de cima,» disse Leslie Lefkow, diretora-adjunta de África da Human Rights Watch. «A investigação sobre o brutal assassinato de Kamulingue e Cassule só fará sentido se o governo assumir com firmeza o compromisso de levar a julgamento todos os responsáveis, independentemente do seu estatuto ou cargo.»

Kamulingue e Cassule, membros do Movimento Patriótico Unido (MPU) ad hoc, foram raptados em diferentes alturas por agressores não-identificados, após terem organizado uma manifestação de guardas presidenciais e veteranos de guerra pelo pagamento de salários e pensões em atraso, que teve lugar no dia 27 de Maio de 2012, em Luanda.

O sítio angolano de notícias Club-K.net, baseando-se no relatório a que a comunicação social teve acesso, divulgou que Kamulingue foi detido por membros da guarda presidencial em 27 de Maio e levado para uma esquadra da polícia no centro de Luanda, onde foi torturado e eventualmente morto por um tiro na cabeça.O corpo foi abandonado num local ermo fora da cidade.

Uma investigação da Human Rights Watch de 2012 descobriu que Cassule fora raptado em 29 de Maio quando andava à procura de informação sobre o desaparecimento de Kamulingue. Alberto Santos, que estava com Cassule, contou à Human Rights Watch que viu Cassule ser arrastado para dentro de um carro por seis homens. Santos conseguiu escapar e procurou manter-se escondido, mas acabou por ser detido em Março de 2013 e libertado seis meses depois sem qualquer acusação. O Club-K.net denunciou que Cassule foi violentamente espancado durante dois dias e assassinado, tendo o corpo sido atirado a um rio.

As revelações sobre os homicídios provocaram um alarido político fora do comum em Angola.O principal partido da oposição, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), convocou uma manifestação pública para dia 23 de Novembro para exigir a demissão do presidente José Eduardo dos Santos, devido à sua alegada responsabilidade nos assassinatos.O partido no poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), condenou os assassinatos numa declaração, mas alertou para o facto de a UNITA estar a tentar «criar caos» e a «preparar um novo conflito».

Desde 2011, um pequeno movimento pacífico de grupos ativistas angolanos, inspirado pelos levantamentos populares no Médio Oriente, tem procurado manifestar-se contra a corrupção, as restrições impostas à liberdade de expressão e a outros direitos, e ao aumento das desigualdades no país rico em petróleo.

Nos últimos dois anos, agentes da polícia e das forças de segurança angolanas têm usado repetidamente de intimidação, assédio e força excessiva para reprimir protestos pacíficos, levantando receios de que a próxima manifestação também venha a enfrentar uma repressão igualmente violenta, alertou a Human Rights Watch. 

Os meios de comunicação do estado têm vindo a chamar às campanhas que apelam a manifestações contra o governo uma tentativa de «declarar guerra», uma alegação infeliz num país cuja longa guerra civil só terminou há uma década, disse a Human Rights Watch. Jornalistas e outros observadores que procuraram documentar as manifestações e as respetivas respostas do governo têm sido regularmente assediados, detidos e, por vezes, vítimas de maus-tratos.

«O governo angolano deve reconhecer que há muitas pessoas indignadas e frustradas, com razão, com estes assassinatos e com o longo historial de crimes cometidos pelas forças de segurança que têm ficado impunes», defendeu Lefkow. «É necessário que estas preocupações sejam abordadas de forma aberta e dentro da lei, e não através de uma nova repressão de protestos à base de intimidação e violência.» Human Rights Watch – África do Sul

Lusotopias

O processo de reabilitaçom do galego iniciado nos oitenta, quando a Galiza estreava autonomia, pretende ancorar o idioma no espaço normativo internacional que lhe é próprio depurando-o dos vínculos ortográficos que o subordinam ao castelhano e das artificiosas próteses –neologismos arbitrários, decalques do espanhol– que o desfiguram e esterilizam.

O processo nom defronta dificuldades de carácter técnico, nunca melhores filólogos houvo no país, facto que nom impede prolongar o regime de bloqueio decretado por decisom administrativa inapelável. A situaçom lembra um bocadinho o conflito do celibato imposto aos padre-curas: Roma pontifica, assunto concluído. A autoridade competente decretou harmonia linguística indefinida sem direito a réplica. O bloqueio do processo de adaptaçom do galego ao seu standard internacional é tanto mais lamentável quanto que o galego institucionalmente consagrado tem atingido um elevado grau de madureza que o habilitaria para progredir facilmente na direçom apontada. A obra de filólogos tam reconhecidos como Freixeiro Mato e mesmo a discretíssima política restauradora exercitada polo poder glotopolítico assi o demonstra. Hoje em dia qualquer concorrente a umha prova oficial de aptitude linguística pode já utilizar sem temor palavras como “libraría”, “consellaría” e mesmo “porén” punidas severamente até há pouco por uso ilegal de substáncias linguísticas proibidas.

O tímido relaxamento das funçons de fiscalizaçom lexical e crescente descrédito dos alardes de autoritarismo linguístico permitem perceber mesmo algum tímido eco procedente das esferas do poder sobre a conveniência de submeter a reconsideraçom a clausura decretada sobre o debate de reabilitaçom do galego. Nom será preciso lembrar que umha hipotética reabertura do diálogo contaria com interlocutores altamente qualificados nas fileiras reintegracionistas. O histórico trabalho da Comissom Lingüística da AGAL tem atingido um inegável grau de madureza como pode comprovar qualquer um sem mais que se debruçar nas últimas publicaçons da Comissom[1]. A conveniência de recuperar o diálogo normativo dista de poder ser despachada como assunto extemporáneo que a ninguém importa – típico sofisma de todo argumentário imobilista – como prova a listagem de 17.000 assinaturas cívicas em prol da Iniciativa Legislativa Popular Paz-Andrade. Cabe perguntar daquela que dogma da teologia linguística vigente permite fundamentar a pena de celibato obrigatório imposta ao galego. Contodo, o processo de fusom fria galaico-portuguesa avança. Nos primeiros dias deste mês de novembro o Parlamento da Galiza recebia oficialmente o Diretor Executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, Gilvan Müller de Oliveira, com presença de representantes do CCG. Um sintoma, ou talvez um prenúncio 'for the times they are a-changin’.

O doloroso processo de confrontaçom entre os discursos reintegracionista e isolacionista produziu – além da consabida esteira de ressentimentos que toda ditadura sementa – umha deplorável agudizaçom das posiçons mais relutantes ao diálogo e à transaçom. A atitude da presidência atual da RAG, como a da precedente, ilustram bem a desdenhosa recusa ao dialogo praticada por umha instituiçom que deveria cultivar umha atitude de abertura e diálogo pola sua qualidade de entidade nacional. Um dos argumentos implícitos de tal política é a insidiosa ameaça do inimigo interno e a consequente necessidade de prolongar o decretado estado de sítio. O inimigo interno: argumento inevitável dos regimes autoritários.

A expulsom irrevocável do discurso reintegracionista da reflexom sobre o futuro do idioma contribuiu a exacerbar as posiçons em conflito e a reprimir as possibilidades de transaçom. No campo reintegracionista, a supressom do incipiente debate dos oitenta alimentou um progressivo desinteresse polas doenças do galego vivo e a simultánea identificaçom com a norma portuguesa. Um passo mais na mesma direçom é a opçom pola norma mais discrepante da tradiçom ortográfica do galego, a do acordo ortográfico de 1990. Falemos galego e escrevamos português padronizado pode resumir o conteúdo desta deriva, tam legítima do ponto de vista glotoestratégico como estéril na estratégia de reabilitaçom do formato e o repertório de usos do galego. O fundo do problema estriba, a meu ver, em que só ostentam virtualidade transformadora as propostas suscetíveis de generalizaçom enquanto as de propensom minoritária veem severamente travada a sua potência socializadora. Um oneroso tributo político. Prova desta dialética socializadora som as evidentes resistências que suscita a adoçom da norma reintegracionista polo movimento nacionalista, mesmo no ámbito da comunicaçom com os adeptos se excetuamos casos como o de Novas da Galiza. A razom é óbvia: a recetividade social é um imperativo regulador da atividade política, a chave da hegemonia social. Em assuntos transcendentais como o pam e a palavra é preceptivo arrecadar os mais amplos consensos. Teses mais ou menos discutíveis em foros académicos podem resultar incompreensíveis na ágora pública. O mapa da rota deve evitar sempre a linha do horizonte.

O lusismo como conceito implicitamente admitido tem algo de estranho para nós. O nexo simbólico que nos une a Portugal afinca no nosso imaginário em raiz galaico-minhota, castreja se assim quigermos denominá-la. Podemos reconhecer-nos na citánia de Briteiros com a sua Pedra Formosa, tam galaicas como as de Santa Tegra, Viladonga ou Lás. Identificarmo-nos com o imaginário luso-alentejano, nascido da poética de Silio Itálico, é outra cousa, mesmo que esteja ungida pola épica camoniana. Toda tradiçom irradia a sua aura, como sabia Walter Benjamin, e, na nossa exuberante ramagem simbólica, a aura lusitánica é um bocadinho enigmática, devemos reconhecer. Portugal mantém, aliás, um teimoso olhar autorreferencial no qual a Galiza é um ponto cego e o lusismo a aura que reverbera a sua particular saudade do Quinto Império.

No conflito latente que se livra em torno ao galego há cousas bem mais prementes, com certeza, do que os evanescentes dissensos simbólicos. A radical fragmentaçom do romance que compartimos mundo afora, por exemplo. O muito celebrado romancista português Valter Hugo Mãe, nado em Angola, declarado admirador do Brasil e português de cidadania e exercício afirmava há pouco: “Em Portugal, fala-se uma língua mais pudica, ortodoxa. Angola é uma escangalhação. Misturam com dialeto e então vão esquecendo a língua. No Brasil, o uso da língua é mais informal. Inventa-se uma palavra hoje e amanhã ela já está na televisão para todo mundo falar”. Esta língua plural, pudica e ortodoxa, escangalhada e incessante, é a nossa própria a título de portugueses arcaicos que somos – trasmontano-minhotos, bracarenses – por história e raiz. A outra raiz nossa é a compostelana.

A desestima mais radical do conceito de lusismo parte da sua condiçom de significante vazio ou altamente controverso no universo lusófono. O lusismo pode interpretar-se nesta perspetiva como um construto simbólico do patriotismo português com escasso eco mundo afora. Umha espécie de hispanidade em versom portuguesa, mesmo afetada por achaques de velhice mais severos que a sua decrépita versom espanhola, se acreditamos no mestre Eduardo Lourenço. O taciturno pensador português é um guia inescusável em qualquer viagem iniciática ao controverso conceito[2]. Nom cederemos à tentaçom de resumir as suas lúcidas reflexons sobre o mal-estar da consciência coletiva portuguesa e a sua compensaçom simbólica no graal lusista. Os mestres ham de ser lidos.

Galiza partilha com Portugal a sua raiz identitária mais íntima que é o próprio idioma. A naçom galega orgulha-se de pertencer ao viçoso continente das lusofonias que nos ampara do minguado provincianismo que por aqui campa. Talvez seja chegada a hora de retomar o discurso reabilitador do nosso idioma para inseri-lo na cepa forte das lusofonias. Se assi for, talvez convinhesse lembrar que inserir gomo adventício em cepa velha requer destreza. Aceitemos o desafio, a arte de enxertar é o ofício original da agálica legiom contra a hipótese da sua hibernaçom permanente, da prática da eutanásia passiva. Joám Facal – Galiza in “Portal Galego da Língua”


NOTAS A RODAPÉ

[1] CL-AGAL (2012): O Modelo Lexical Galego. Fundamentos da Codificaçom Lexical do Galego-Português da Galiza. Através Editora. Santiago de Compostela.

[2] Eduardo Lourenço (2004): “Imagem e miragem da lusofonia” em A nau de Ícaro, Gradiva, Lisboa.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Hortofloricultura

Formação em hortofloricultura

A Engenho iniciou, no início de Novembro de 2013, um curso de hortofloricultura, no âmbito da formação para a inclusão dirigidas a pessoas com particulares dificuldades no acesso ao sistema de ensino/formação.



O curso com a duração de 6 meses, frequentado por adultos desempregados e beneficiários do rendimento social de inserção das freguesias da área de intervenção desta Associação e freguesias vizinhas, está estruturado em módulos de formação de base, formação tecnológica e formação em contexto de trabalho.

A cultura de leguminosas e outros produtos hortícolas em modos de produção biológico, a cultura de plantas medicinais, aromáticas e condimentares, a par da plantação e manutenção de jardins, irá permitir aos formandos conhecimentos e capacidades, bem como o gosto pelo trabalho no quintal, no jardim ou no campo promovendo a agricultura familiar como fonte complementar de pequenos rendimentos da economia doméstica.

Para a direcção da Engenho, para além de uma acção inclusiva e de capacitação dos formandos, este curso permitirá também a disseminação de boas práticas no que diz respeito ao trabalho na terra, a preservação do património genético de algumas sementes destas comunidades locais e o possível incentivo ao empreendorismo.

Esta acção é financiada pelo Programa Operacional Potencial Humano (POPH), recebendo os formandos, subsídio de alimentação, subsídio de transporte e uma pequena bolsa de formação. In “O Povo Famalicense” - Portugal


Engenho - Quando a 27 de Maio de 1994 foi constituída, por escritura pública, a Engenho – Associação de Desenvolvimento Local do Vale do Este – mais do que uma ideia e um projecto, esteve presente nos seus fundadores o assumir de um compromisso, o estabelecimento de pacto consentido e partilhado tendo em vista a promoção e o desenvolvimento comunitário das populações.
Como Associação de Desenvolvimento local, posteriormente equipada a Instituição Particular de Solidariedade Social, a Engenho surgiu, nos meados dos anos 90, como forma de contribuir para a resolução de problemas de natureza social e cultural, sentidos em 5 freguesias do extremo norte do município de V. N. Famalicão: Arnoso Sta Eulália, Arnoso Sta Maria, Jesufrei, Lemenhe e Sezures.
Efectivamente estávamos perante um conjunto de freguesias isoladas, periféricas e empobrecidas, sem valências e serviços que pudessem equacionar problemáticas como o desemprego, a pobreza, o alcoolismo, o abandono escolar, entre outros fenómenos de marginalização e/ou exclusão social. Em contrapartida, a Engenho e os fundadores, aperceberam-se que este território e estas comunidades, com características e vivências do mundo rural, sempre souberam estabelecer relações de boa vizinhança e um forte sentimento de solidariedade como forma de ultrapassar problemas comuns.
Neste contexto, e procurando encontrar, no movimento associativo, uma alavanca de desenvolvimento, a Engenho foi-se consolidando com base em objectivos, actividades e estratégias assentes no principio da defesa do bem comum, na promoção e valorização dos recursos endógenos, a começar pelas pessoas em termos de qualificação e procura de bem-estar.
Enfim, esta Associação tem contribuído para que as pessoas possam exercer a cidadania plena.

http://www.engenho.pt/ Rua Dr Alcino Pinto, Nº2  Arnoso Sta Maria - 4770-522 Portugal, Tel  252916040, Telm. 919618080, Fax 252916537, geral@engenho.com.pt