Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Helicoverpa armigera

Uma Lagarta, Uma Lavoura e Bilhões de Prejuízo

Uma lagarta até então desconhecida, que atende pelo nome científico de Helicoverpa armigera, tem causado bilhões de reais de prejuízo aos produtores brasileiros em várias regiões e culturas. Mau manejo e utilização desnecessária de defensivos faz com que o Brasil se encontre em Estado de Emergência Fitossanitária. A Embrapa trabalha duramente para amenizar os problemas causados pela praga.

Uma praga exótica até então inexistente em lavouras brasileiras vem tirando o sono de produtores, extensionistas e pesquisadores de todo o Brasil. Trata-se da Helicoverpa armigera, uma lagarta de aproximadamente 4 cm com altíssimo poder de destruição devido suas características biológicas, como alta fecundidade, mobilidade e migração das mariposas. Isso a permite sobreviver em climas instáveis e em culturas diversas, como soja, milho, algodão, pimentão, tomate, sorgo, etc.

Seu primeiro ataque em solo brasileiro aconteceu na safra de 2012/13 na Bahia e esse ano se acentua nos estádios iniciais das culturas causando grandes perdas na soja, milho e algodão, incluindo os principais estados produtivos, sem exceção. A gravidade do problema é tão significativa que no último dia 18 o governo federal decretou Estado de Emergência Fitossanitária, permitindo assim que moléculas químicas não autorizadas pelo Ministério da Agricultura possam ser importadas de maneira emergencial na tentativa de seu controle.

Obviamente que a resistência da lagarta aos químicos existentes hoje no Brasil é fruto de um manejo inadequado (tanto de rotação de culturas como do químico utilizado) reflexo da falta de monitoramento, ansiedade e despreparo do produtor no seu controle, já que sua precisa identificação só é possível através de estudos laboratoriais com a análise da genitália masculina e molecular dos adultos. Tais medidas errôneas fazem uma redução dos inimigos naturais da praga e uma disponibilidade permanente de alimentação em diversos hospedeiros durante o ano inteiro, criando assim um desequilíbrio no sistema produtivo.

Somente no estado da Bahia, na safra passada, R$ 2 bilhões de prejuízo foram atribuídos ao ataque da Helicoverpa armigera. Também se estima que haverá, devido à ocorrência da lagarta, um aumento de 92% no uso de inseticidas na safra 2012/13, em função da dificuldade de se atingir o alvo, pois a lagarta se posiciona muitas vezes no limbo inferior da folha. Com base nisso e com uma infestação muito mais precoce e mais intensa nessa safra de 2013/14, o Ministério da Agricultura em conjunto com a Embrapa (http://www.embrapa.br/alerta-helicoverpa/Manejo-Helicoverpa.pdf) divulgou algumas medidas para combater ou, ao menos, reduzir o ataque da lagarta. São elas:



1. Formação de um Consórcio coordenado pelo Ministério com a finalidade de informar e capacitar técnicos sobre estratégias de manejo de inimigos naturais, produtos químicos, biológicos, boas práticas culturais/agronômicas e monitoramento da própria lagarta.

2. Uso de cultivares que reduzem a população da praga, seguindo as alternativas disponíveis no mercado e que possuam eficiência de controle, incluindo plantas Bt (proteína tóxica à Helicoverpa armigera).

3. Menor período possível de semeadura com a finalidade de restringir a disponibilidade de alimento à praga e, evitar cultivos subsequentes de plantas hospedeiras.

4. Uso do controle biológico com a liberação de insetos parasitoides e predadores, assim como fungos, bactérias e vírus que atacam a lagarta.

5. Integração de um manejo adequado de pragas com monitoramento de fatores climáticos, estádio da cultura e identificação de outras pragas.

6. Uso de feromônios em armadilhas específicas com a finalidade de monitorar a população da lagarta em grandes extensões.

7. Utilização do vazio sanitário, período no qual a área permanece sem plantas hospedeiras, suprimindo o ciclo reprodutivo da praga.

8. Utilizar a rotação de culturas e destruição de plantas voluntárias/invasoras e restos culturais que sirvam de alimento à lagarta. Luciano Crusius – Brasil in “Infomoney”

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