Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Chuva

Outrora
Quando a chuva vinha
Era a alegria que chegava
Para as árvores
O capim
E para a gente.
Era a hora do banho sob a chuva
Meninos sem chuveiro
A água regateada na cacimba
Muitas horas de pé esperando a vez.
Era a alegria de todos, essa chuva:
Porque então fiz o primeiro poema triste?
Hoje ela veio
Veio sem o encanto de outras eras
E ergueu na minha frente o tempo ido.
Porque estou triste?
Porque estou só?
A canção é sempre a mesma
Mesmos os fantasmas, meu amor:
Inútil o teu sol ante os meus olhos
Inútil teu calor nas minhas mãos.
Essa chuva é minha amante
Velho fantasma meu:
Inútil, meu amor, tua presença.


Mário António - Angola

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