Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Labutar

Normalmente os portugueses são muito críticos dos seus serviços, dizem cobras e lagartos se um serviço público ou privado demora mais algum tempo, por vezes segundos do que era expectável.

Um dia destes, uma entidade teve dificuldades a aceder a informação de um grande organismo internacional, daqueles que nos dias de hoje nos incomoda no contexto do triunvirato.

Depois de informar a instituição que havia problema no sítio deles, na recolha de informação que regularmente se obtêm em segundos, a resposta veio em termos de menino do primeiro ciclo da escola, explicando o que já era sabido.

Fizeram-se várias insistências sem qualquer resultado da outra parte, pois não verificava no sítio se tudo estava a funcionar em condições. Foi preciso enviar um mapa extraído para que esta entidade europeia se apercebesse que havia de algo errado lá pelo seu burgo e quando se apercebeu que qualquer coisa de anormal acontecia, demorou apenas 25 horas a responder que havia um problema no seu sistema e que pediam muitas desculpas, durante o fim de semana o problema ficaria resolvido.

Olhei para a resposta e fiquei a pensar como os portugueses são tão ingratos para os seus próximos, quando em causa está o trabalho. Baía da Lusofonia

terça-feira, 30 de julho de 2013

Despedida

Jornada Mundial da Juventude

Queridos voluntários, boa tarde!

Não podia regressar a Roma sem antes agradecer, de modo pessoal e afectuoso, a cada um de vocês pelo trabalho e dedicação com que acompanharam, ajudaram, serviram aos milhares de jovens peregrinos; pelos inúmeros pequenos detalhes que fizeram desta Jornada Mundial da Juventude uma experiência inesquecível de fé.

Com os sorrisos de cada um de vocês, com a gentileza, com a disponibilidade ao serviço, vocês provaram que "há maior alegria em dar do que em receber" (At 20,35).

O serviço que vocês realizaram nestes dias me lembrou da missão de São João Batista, que preparou o caminho para Jesus. Cada um, a seu modo, foi um instrumento para que milhares de jovens tivessem o "caminho preparado" para encontrar Jesus. E esse é o serviço mais bonito que podemos realizar como discípulos missionários: preparar o caminho para que todos possam conhecer, encontrar e amar o Senhor.

A vocês que, neste período, responderam com tanta prontidão e generosidade ao chamado para ser voluntários na Jornada Mundial, queria dizer: sejam sempre generosos com Deus e com os demais. Não se perde nada; ao contrário, é grande a riqueza da vida que se recebe!

Deus chama para escolhas definitivas, Ele tem um projecto para cada um: descobri-lo, responder à própria vocação significa caminhar na direcção da realização jubilosa de si mesmo. A todos Deus nos chama à santidade, a viver a sua vida, mas tem um caminho para cada um.

Alguns são chamados a se santificar constituindo uma família através do sacramento do Matrimónio. Há quem diga que hoje o casamento está "fora de moda"; está fora de moda? Na cultura do provisório, do relativo, muitos pregam que o importante é "curtir" o momento, que não vale a pena comprometer-se por toda a vida, fazer escolhas definitivas, "para sempre", uma vez que não se sabe o que reserva o amanhã.

Em vista disso eu peço que vocês sejam revolucionários, que vão contra a corrente; sim, nisto peço que se rebelem: que se rebelem contra esta cultura do provisório que, no fundo, crê que vocês não são capazes de assumir responsabilidades, que não são capazes de amar de verdade. Eu tenho confiança em vocês, jovens, e rezo por vocês. Tenham a coragem de "ir contra a corrente". Tenham a coragem de ser felizes!

O Senhor chama alguns ao sacerdócio, a se doar a Ele de modo mais total, para amar a todos com o coração do Bom Pastor. A outros, chama para servir os demais na vida religiosa: nos mosteiros, dedicando-se à oração pelo bem do mundo, nos vários sectores do apostolado, gastando-se por todos, especialmente os mais necessitados.

Nunca me esquecerei daquele 21 de Setembro --eu tinha 17 anos-- quando, depois de passar pela igreja de San José de Flores para me confessar, senti pela primeira vez que Deus me chamava. Não tenham medo daquilo que Deus lhes pede! Vale a pena dizer "sim" a Deus. N'Ele está a alegria!

Queridos jovens, talvez algum de vocês ainda não veja claramente o que fazer da sua vida. Peça isso ao Senhor; Ele lhe fará entender o caminho. Como fez o jovem Samuel, que ouviu dentro de si a voz insistente do Senhor que o chamava, e não entendia, não sabia o que dizer, mas, com a ajuda do sacerdote Eli, no final respondeu àquela voz: Senhor, fala eu escuto (cf. 1Sm 3,1-10).

Peçam vocês também a Jesus: Senhor, o que quereis que eu faça, que caminho devo seguir? Caros amigos, novamente lhes agradeço por tudo o que fizeram nestes dias. Não se esqueçam de nada do que vocês viveram aqui! Podem contar sempre com minhas orações, e sei que posso contar com as orações de vocês. Papa Francisco - Vaticano


Os Estagiários

Por muito que me pareça justo dar oportunidades aos "novos", acho abusivo, e uma objetiva falta de respeito por uma Administração pública que se fez "a pulso", estar a colocar em cargos governamentais figuras sem um mínimo de experiência que os recomende para as áreas específicas que vão dirigir, ungidos apenas pela confiança política ganha num gabinete, num qualquer lugar de nomeação/eleição partidária, num banco ou numa consultora amigalhaça.

A situação é ainda mais absurda se pensarmos que, de há uns tempos para cá, no âmbito do Estado, se segue a regra de sujeitar a concurso público rigoroso a seleção de técnicos para ocuparem certas funções de chefia. Ora parece-me incrível que esses responsáveis, logo de seguida, sejam colocados sob a "orientação" de um meninote qualquer, só porque tem um MBA tirado na estranja ou o cartão partidário em voga no momento. Muitas vezes essas figuras nem sequer têm legitimidade eleitoral ou, em casos em que ela existe, é apenas uma obscura passagem pelo parlamento, depois "legitimada" por presenças palavrosas em debates "prós-e-contras" nas televisões, na blogosfera ou nas colunas com retratinho no canto, onde demonstraram a sua lealdade às lideranças de serviço. Convido os leitores a olharem para alguns currículos e avaliar aquilo que neles resultou de meras escolhas político-ideológicas e compará-los com os de outros políticos, de pessoas oriundas do mundo real, de quem "fez pela vida" e tem uma história profissional a apresentar.

Observando o caso de alguns secretários de Estado - e este governo apenas abusa de uma prática que não é de hoje - verifica-se que estamos perante verdadeiros estágios pagos, à custa do erário público, ainda por cima atribuindo responsabilidades ao mais elevado nível. Seixas da Costa - Portugal in “Duas ou três coisas”

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Estagiariocracia

Tenho-me impressionado com certas coisas que venho lendo há algum tempo, sobre algo que passaram a chamar de "estagiariocracia".

Li que estagiários são leigos, despreparados, sem formação técnica, inexperientes, que custam ao Estado em média em torno de um a dois salários mínimos mensais aos cofres do Estado. No fundo entendo e compartilho, de certa forma, dessa visão. Entretanto, me revolto ao ler tais adjetivos direcionados a nós, estagiários.

Quando estava no segundo semestre da Faculdade de Direito da PUC-RS, ingressei como estagiário no Setor de Processamento de Recursos do Tribunal de Justiça, setor onde permaneci por cerca de dois meses. Ali descobri - com todo o respeito aos servidores deste setor - que naquele local só trabalhavam os estagiários que tinham seis horas diárias por uma bolsa-auxílio equivalente, na época algo em torno de R$ 650,00.

Insatisfeito com as funções de atender balcão e fazer cargas de processo, solicitei a troca de local setor, e acabei chegando à 1ª Câmara Especial Cível. Permaneci um ano e meio estagiando nesta câmara; a experiência me fez aprender mais do que todas as cadeiras de Processo Civil da faculdade juntas.

Durante quatro anos de estágio, inúmeras vezes eu vi operadores do Direito já formados e investidos de cargos públicos serem colocados em xeque, no que se refere a seus conhecimentos e técnicas, por leigos, despreparados, sem formação técnica e inexperientes, estagiários.

Perdão se meu texto soa como ofensa a quem serve o chapéu, mas sei o peso de estudar desde o segundo semestre da faculdade, para depois de oito anos fazer um concurso para a magistratura. Posso não ter anos de carreira, mas sei que domino, muito mais, certos assuntos e questões, do que muitos advogados e juízes, que fingem conhecer algo que deixaram de estudar quando foram empossados e passaram, desde então, a ser nada mais do que coordenadores de equipe bem remunerados.

Pior do que ser estagiário é lidar com o ego daqueles que não sabem medir suas palavras. A vontade que tenho é de dizer para alguns “donos” de estagiários, simplesmente a verdade, mas ela dói. Muitos desses senhores de estagiários, não saberiam e não conseguiriam dar um passo no tempo certo, dentro dos tribunais, sem pedir auxílio ao seu nobre e honrado estagiário que “paleteia” processos pra cima e pra baixo e que desenvolve uma brilhante habilidade política ao ter de lidar com o mau humor do serviço público.

Enfim, já trabalhei em órgãos públicos, onde era pago apenas para levar carrinhos amontoados de processos de uma sala para outra, ao contrário do que estava disposto nos contratos de estágio, através dos quais, e tão somente no papel, eu era pago para aprender e pensar.

De qualquer sorte, hoje estagio em um escritório que me dá o suporte para aprender e de fato, estagiar.

Caros senhorios, se querem se livrar da "estagiariocracia", façam o seu papel: honrem seus salários e vencimentos; simplesmente, trabalhem exercendo as suas funções e não as nossas.

Nós somos acadêmicos, estudamos horas e horas para chegarmos onde vocês estão agora.

Portanto saiam de seus gabinetes e conheçam a justiça (fisicamente) como ela realmente é; e depois, se conseguirem caminhar sozinhos, respondam quem são os leigos. Bruno Valério – Brasil in “Espaço Vital”


domingo, 28 de julho de 2013

Olimpíadas

 
Olimpíadas Internacionais de Matemática de 2013 – Santa Marta - Colômbia
 

 
Dois países lusófonos, Brasil e Portugal, participaram na 54ª edição das Olimpíadas Internacionais de Matemática (OIM), que decorreram em Santa Marta de 18 a 28 de Julho de 2013, na Colômbia, com excelentes resultados.
 
O Brasil, 28º lugar com 124 pontos entre 97 países, ficou aquém do 19º posto alcançado o ano passado. A equipa brasileira composta por seis jovens do sexo masculino teve em Rodrigo Sanches Ângelo (São Paulo) a melhor prestação, medalha de prata e 57º lugar absoluto entre 528 jovens, 476 do sexo masculino e 52 do sexo feminino. Obtiveram também medalhas de prata, Rafael Kazuhiro Miyazaki (61º - São Paulo) e Victor Oliveira Reis (131º - Pernambuco). Com medalha de bronze e classificado em 163º lugar, Franco Matheus de Alencar Severo (Rio de Janeiro). Por fim com duas menções honrosas e ambos na 306ª posição, Alessandro Augusto Pinto de Oliveira Pacanowski (Rio de Janeiro) e Victor de Oliveira Bitarães (Minas Gerais).
 
 
Os jovens estudantes brasileiros
 
 
Portugal ficou em 36º lugar com 111 pontos, melhor classificação de sempre, superando o 37º posto alcançado no ano passado. A equipa portuguesa também constituída por seis jovens do sexo masculino obteve pelo terceiro ano consecutivo uma medalha de ouro, desta vez por Miguel Moreira, aluno do 11º ano, na Escola Secundária Rainha D. Amélia, em Lisboa, registando a 30ª posição entre os 528 jovens. Miguel Martins dos Santos, aluno da Escola Secundária de Alcanena, que nos dois últimos anos obtivera medalhas de ouro, conquistou este ano uma das quatro medalhas de bronze que a equipa portuguesa alcançou e ficou no 163º posto. Com medalhas de bronze, Francisco Tuna de Andrade, aluno da Escola Secundária Padrão da Régua - Matosinhos (211º), Luís Pedro Lopes Duarte, Escola Secundária de Alcains (234º) e o estreante nestas andanças, David Pires Tavares Martins, escola Secundária de Mirandela (250º). Nuno Miguel Arala Santos, aluno do Colégio Nossa Senhora do Rosário – Porto, um dos mais jovens do grupo, foi distinguido com uma menção honrosa, foi 322º, melhorando substancialmente do 451º lugar obtido no ano passado na Argentina.
 
 
Os jovens estudantes portugueses
 
 
Para realçar os excelentes resultados de brasileiros e portugueses, os países vizinhos destes, Argentina e Espanha ficaram em 67º e 59º lugares, respectivamente.
 
No próximo ano, as Olimpíadas Internacionais de Matemática realizam-se na Cidade do Cabo na África do Sul, de 03 a 13 de Julho de 2014.
 
A participação portuguesa nas OIM é organizada pela Sociedade Portuguesa de Matemática, e a selecção e preparação dos alunos está a cargo do Projecto Delfos, do Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra. Portugal participou pela primeira vez nas OIM em 1989 e, desde então, já conquistou três medalhas de ouro, duas de prata, 20 de bronze e 21 menções honrosas.
 
A participação brasileira na competição é organizada pela Olimpíada Brasileira de Matemática, iniciativa que tem desempenhado um importante papel em relação à melhoria do ensino e descoberta de talentos para a pesquisa em matemática nas modalidades de ensino fundamental, médio e universitário nas instituições públicas e privadas de todo o país.
 
A OBM é um projecto conjunto do Instituto Nacional de Matemática Pura Aplicada (IMPA), da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) e conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), da Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (Secis), do Ministério de Educação (MEC) por intermédio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Matemática (INCT-Mat).
 
No próximo mês de agosto de 2013, entre os dias 4 e 10, na cidade de Maputo em Moçambique será palco das terceiras Olimpíadas da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (OCPLP). Baía da Lusofonia


sábado, 27 de julho de 2013

Hondt

 
“Quando a um total de abstenções corresponderem um conjunto de cadeiras vagas no parlamento eu passarei a abster-me. Enquanto isso não acontecer, não permitirei que um tal Victor D'Hondt, um tipo que já morreu há mais de cem anos na Bélgica, me transforme o meu não voto, na eleição de um palerma dum qualquer partido que é oposto às minhas ideias.” Popular - Portugal

 


Ferrovia

 
O Caminho de Ferro Galego. Tarde, mal e...
 
Em artigos anteriores, da ADEGA temos reclamado por umas linhas de ferro galegas, integradoras do território, econômicas, ecológicas e SEGURAS.
 
A tragédia de ontem (24.07.2013), véspera da celebração do Dia da Pátria Galega enche-me de tristura e de frustração. Se calhar, ainda de culpa oculta por pensar e transmitir que os transportes por trem vão ser mais seguros que outro meio qualquer.
 
Medo e tristura. Insegurança e dor. Pelos mortos, pelos familiares destes, pela minha Terra, sempre a sofrer a falta de governança de responsáveis, ou irresponsáveis que olham para ela da longa distancia do centro duma península seca e centralizada.
 
Defrontada com a tragédia do dia 24 de julho de 2013, pensei no Prestige, cujo julgamento foi visto nestes dias, em que mais uma incompreensão e inoperância condenaram a nossa terra a uma maré preta de indignidade.
 
Hoje vai vir cá o "Senhor dos Hilillos" (Mariano Rajoi). Mádia Leva! Era o menos que podia fazer. Mas, que vai dizer: que o sistema de controlo de freado a distância não funcionou? Que foram poupados recursos para evitar expropriações de terras, nas proximidades de Compostela? Numa zona altamente povoada? Que nas proximidades da Capital da Galiza o tracejado recupera a via tradicional por causa dessa poupança? Que o trem ALVIA que é o que nos mandaram para Galiza, não tem o sistema europeu de controlo integrado conhecido por ERTMS? (El sistema europeo de gestión del tráfico ferroviario ERTMS European Rail Traffic Management System tiene como objetivo coordinar todos los elementos de control sobre los coches, sobre todo los que implican a la gran velocidad.)
 
Eu que apenas vejo as imagens, e não sou técnica, não posso compreender como pode haver uma tal curva à entrada de Compostela para ser utilizada por um comboio de alta velocidade. Ainda me pergunto, porque não funcionaram as balizas de travado a controlo remoto (ASFA, Anuncio de Sinais de Frenado Automático), que esta linha possui?
 
Não sei muitas cousas, como suponho que acontece à maioria da população. Ficamos chocadas/os, ontem à noite perante a magnitude da tragédia. O Povo galego supriu com solidariedade popular a inoperância dos seus governantes. Como aconteceu com o Prestige.
 
Mas eu creio que, neste caso, vão ter que dar-nos uma justificação, para alem de "hilillos de plastilina em estiramiento vertical" (Rajoi dixit em 2004).
 
Um erro humano não pode ser a única causa do acidente. Um comboio de alta velocidade não pode ter a sua segurança dependendo, unicamente, duma pessoa que o conduza. Não é esperável, nem seria lógico.
 
Como ecologista defendo o transporte por caminho de ferro como mais barato ecológico e SEGURO.
 
Seguro? Depende...Como dita o senso comum, as vias devem de ir tracejadas consoante aos elementos de transporte que andem por elas (já os romanos, que sustentaram o seu império nelas, sabiam-no bem).
 
As auto-estradas têm as suas normas e as vias do trem as suas. Falta ainda uma investigação que nos diga com certeza se esta via reunia as condições necessárias.
 
A tragédia está aí denunciando.
 
Triste maneira de celebrarmos o Dia da Pátria!! Com certeza o 24/25 de julho de 2013 vai ficar tristemente gravado na nossa memória.
 
Por enquanto continuo a defender o caminho de ferro como meio de transporte desde que seja respeitoso com o território e os seus ocupantes.
 
Desde que seja gerido com responsabilidade e pensando nos seus utentes primeiro e não em benefícios eleitorais de curto-prazo.
 
Vaiam as minhas condolências para todas as pessoas que sofreram diretamente a catástrofe, familiares dos mortos e acidentados/as.
 
Por alguns momentos imaginei ser eu uma destas pessoas. Ainda penso nessa possibilidade. E a dor é tão forte que todo o domina.
 
Toda a minha simpatia (padeço com elas) para essa boa gente. Adela Figueroa – Galiza Vogal de transportes de ADEGA in “Portal Galego da Língua”
 
 


sexta-feira, 26 de julho de 2013

Total

O presidente da Guiné Equatorial Obiang Nguema Mbasogo responsabilizou a empresa francesa Total, que detém o monopólio de distribuição de combustíveis no país, de ser a causadora da falta dos mesmos nos postos de abastecimentos, levando que muitas viaturas estejam paradas.
 
O presidente descreveu esta situação como uma estratégia da empresa francesa orquestrada para provocar agitação social na Guiné Equatorial, enquanto nos postos onde aparece combustível os preços estão a subir rapidamente.
 
A população acorre aos postos de combustíveis com todo o tipo de vasilhame, procurando uns litros de gasolina para colocarem as suas viaturas de novo a circular.
 
População desespera numa gasolineira
 
 
Perante esta realidade num país que é o terceiro maior produtor de petróleo da África Sub-sahariana, o governo da Guiné Equatorial está a estudar a possibilidade de acabar com o monopólio da empresa Total, que considera ter obtido nas últimas décadas grandes benefícios económicos.
 
A possibilidade de uma parceria conjunta da Guiné Equatorial com as empresas angolana e portuguesa Sonangol e Galp é uma hipótese que começa a assomar para fazer frente ao que as entidades da Guiné Equatorial consideram ser um plano de desestabilização e que põe em causa a independência e a soberania nacional. Baía da Lusofonia

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Heróis

 
Heróis e história
 
Velha questão: são os homens providenciais que fazem a História ou é a História que os providencia? Estou pensando no Mandela. Ele sem dúvida fez história, mas o apartheid teria se mantido mesmo sem a resistência dramatizada na sua prisão e no seu sacrifício? Provavelmente não. Martin Luther King simbolizou a luta pelos direitos dos negros nos Estados Unidos, empolgou e inspirou muita gente, mas a injustiça flagrante da segregação racial estaria condenada mesmo sem seus discursos e seu exemplo. Frequentei uma "high school" americana durante três anos e todos os dias, antes de começarem as aulas, botava a mão sobre o coração e prometia lealdade à bandeira aos Estados Unidos da América e à republica que ela representava, com liberdade e justiça para todos, e certamente não era só eu que completava, em silêncio, o juramento: "...exceto para os negros". Durante anos a democracia americana conviveu com imagens de discriminação racista, linchamentos e outra violência contra negros no sul do país. Variava apenas o grau de consciência em cada um da hipocrisia desta convivência cega. O que Martin Luther King fez foi tornar a consciência universal e a hipocrisia visível, e insuportável. Mas a justiça para todos viria - ou virá, ou tomara que venha, numa América ainda dividida pela questão racial, como mostra a revolta pela absolvição recente do assassino daquele garoto negro na Flórida - mesmo sem a sua retórica.
 
Gandhi liderou o movimento de resistência pacífica que ajudou a liberar a India do domínio inglês. Há figuras como Gandhi - mais ou menos pacíficas - em quase todas as histórias de liberação do jugo colonialista. Mas por mais atraente que seja a ideia de heróis emancipadores derrotando impérios, a verdade é que eles serviram uma inevitabilidade histórica, independente da sua bravura, do seu discurso ou, como Gandhi, do seu apelo espiritual. O poder da História de fazer acontecer o necessário, à revelia da iniciativa humana, soa como ortodoxia marxista, eu sei, mas consolemo-nos com a ideia de que a História pode nos ignorar, mas está do nosso lado.
 
E dito tudo isto é preciso dizer que poucas coisas na vida me emocionaram tanto quanto a aparição do Mandela antes do jogo final da Copa do Mundo na África do Sul, ovacionado pela multidão. Consequente ou não, ali estava um herói. Luís Veríssimo – Brasil in “O Estado de São Paulo”


Galiza de luto

 
 
Hoje, 25 de Julho de 2013, Dia Nacional da Galiza, marcado pelo trágico acidente ferroviário que ontem aconteceu pelas 20H 40M horas locais em Santiago de Compostela e que já regista 78 mortos e 145 feridos. Uma camara de vigilância da linha férrea mostrou ao mundo as chocantes imagens do descarrilamento do comboio Alvia.
 
 
 
É o primeiro acidente registado numa linha de alta velocidade em Espanha e o terceiro mais mortal de sempre. O Governo Regional da Galiza declarou sete dias de luto após o acidente ferroviário de ontem e hoje de manhã as portas da Catedral de Santiago de Compostela tiveram que ser encerradas devido ao elevado número de pessoas que pretendiam assistir à missa matinal em memória dos que perderam a vida no trágico acidente.  Ao povo da Galiza e principalmente às famílias das vítimas o blogue "Baía da Lusofonia" expressa os sentidos pêsames.
 
Envio os meus pêsames aos habitantes da Galiza, em especial às famílias das vítimas mortais. Rogério de Seixas - Portugal
 


Jornada Mundial da Juventude

A juventude é a janela pela qual o futuro entra no mundo
 
Quis Deus na sua amorosa providência que a primeira viagem internacional do meu Pontificado me consentisse voltar à América Latina, precisamente ao Brasil, nação que se gloria de seus sólidos laços com a Sé Apostólica e dos profundos sentimentos de fé e amizade que sempre a uniram de modo singular ao Sucessor de Pedro. Dou graças a Deus pela sua benignidade.
 
Aprendi que para ter acesso ao Povo Brasileiro, é preciso ingressar pelo portal do seu imenso coração: por isso permitam-me que nesta hora eu possa bater delicadamente a esta porta. Peço licença para entrar e transcorrer esta semana com vocês. Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo! Venho em seu Nome para alimentar a chama de amor fraterno que arde em cada coração; e desejo que chegue a todos e a cada um a minha saudação: "A paz de Cristo esteja com vocês!"
 
Saúdo com deferência a Senhora Presidente e os ilustres membros do seu Governo. Obrigado pelo seu generoso acolhimento e por suas palavras que externaram a alegria dos brasileiros pela minha presença em sua Pátria. Cumprimento também o Senhor Governador deste Estado, que amavelmente nos recebe na Sede do Governo e o Senhor Prefeito do Rio de Janeiro, bem como os Membros do Corpo Diplomático acreditado junto ao Governo Brasileiro, as demais Autoridades presentes e todos quantos e se prodigalizaram para tornar realidade esta minha visita.
 
Quero dirigir uma palavra de afecto aos meus irmãos no Episcopado, sobre quem pousa a tarefa de guiar o Rebanho de Deus neste imenso País, e às suas amadas Igrejas Particulares. Esta minha visita, outra coisa não quer, senão continuar a missão pastoral própria do Bispo de Roma de confirmar os seus irmãos na Fé em Cristo, de animá-los a testemunhar as razões da Esperança que d´Ele vem e de incentivá-los a oferecer a todos as inesgotáveis riquezas do seu Amor.
 
O motivo principal da minha presença no Brasil, como é sabido, transcende as suas fronteiras. Vim para a Jornada Mundial da Juventude. Vim para encontrar os jovens que vieram de todo o mundo, atraídos pelos braços abertos do Cristo Redentor. Eles querem agasalhar-se no seu abraço para, junto de seu Coração, ouvir de novo o seu potente e claro chamado: Ide e fazei discípulos entre todas as nações.
 
 
 
 
Estes jovens provêm dos diversos continentes, falam línguas diferentes, são portadores de variadas culturas e, todavia, em Cristo encontram as respostas para suas mais altas e comuns aspirações e podem saciar a fome de verdade límpida e de amor autêntico que os irmanem para além de toda diversidade.
 
Cristo abre espaço para eles, pois sabe que energia alguma pode ser mais potente que aquela que se desprende do coração dos jovens quando conquistados pela experiência da sua amizade. Cristo "bota fé" nos jovens e confia-lhes o futuro de sua própria causa: "Ide, fazer discípulos". Ide para além das fronteiras do que é humanamente possível e criem um mundo de irmãos. Também os jovens "botam fé" em Cristo. Eles não têm medo de arriscar a única vida que possuem porque sabem que não serão desiludidos.
 
Ao iniciar esta minha visita ao Brasil, tenho consciência de que, ao dirigir-me aos jovens, falarei às suas famílias, às suas comunidades eclesiais e nacionais de origem, às sociedades nas quais estão inseridos, aos homens e às mulheres dos quais, em grande medida, depende o futuro destas gerações.
 
Os pais usam dizer por aqui: "os filhos são a menina dos nossos olhos". Que bela expressão da sabedoria brasileira que aplica aos jovens a imagem da pupila dos olhos, janela pela qual entra a luz revelando-nos o milagre da visão! O que vai ser de nós, se não tomarmos conta dos nossos olhos? Como haveremos de seguir em frente? O meu auspício é que, nesta semana, cada um de nós se deixe interpelar por esta desafiadora pergunta.
 
A juventude é a janela pela qual o futuro entra no mundo e, por isso, nos impõe grandes desafios. A nossa geração se demonstrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhe espaço; isso significa tutelar as condições materiais e imateriais para o seu pleno desenvolvimento; oferecer a ele fundamentos sólidos, sobre os quais construir a vida; garantir-lhe segurança e educação para que se torne aquilo que ele pode ser; transmitir-lhe valores duradouros pelos quais a vida mereça ser vivida, assegurar-lhe um horizonte transcendente que responda à sede de felicidade autêntica, suscitando nele a criatividade do bem; entregar-lhe a herança de um mundo que corresponda à medida da vida humana; despertar nele as melhores potencialidades para que seja sujeito do próprio amanhã e co-responsável do destino de todos. Com essas atitudes recebemos hoje o futuro
 
Concluindo, peço a todos a delicadeza da atenção e, se possível, a necessária empatia para estabelecer um diálogo de amigos. Nesta hora, os braços do Papa se alargam para abraçar a inteira nação brasileira, na sua complexa riqueza humana, cultural e religiosa. Desde a Amazónia até às pampas, dos sertões até ao Pantanal, dos vilarejos até às metrópoles, ninguém se sinta excluído do afecto do Papa. Depois de amanhã, se Deus quiser, tenho em mente recordar-lhes todos a Nossa Senhora Aparecida, invocando sua protecção materna sobre seus lares e famílias. Desde já a todos abençoo. Obrigado pelo acolhimento! Papa Francisco - Vaticano


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Bana

 
Bana – Um Digno Filho das Ilhas
 
A morte do cantor cabo-verdiano, Bana, colheu-me de surpresa e abalou os meus alicerces emocionais. Tinha-o como uma das maiores referências da música do Arquipélago. A morte do Bana transportou-me de volta para as memórias de há dezenas de anos, quando eu ainda era um jovem e o Bana estava já na fase madura da sua vida.
 
Através do Bana, tomei um mais íntimo contacto com a música das Ilhas. Mas, também com Luís Morais, depois com a bela voz de Cesária Évora. Com o passar do tempo, passei a ouvir Ildo Lobo, ele que ocupa um lugar destacado no panteão dos grandes cantores das Ilhas.
 
Muito antes do Bana, já ouvia os cantares de Fernando Queijas, e soube do significado e das composições de Eugénio Tavares, Manuel de Novas e de B. Leza. A música e a poesia de Cabo Verde sempre me encheram a alma – moldaram-me a alma. Parte da minha infância – e também da minha juventude – foi vivenciada sob os acordes da música cabo-verdiana.
 
A minha mãe, filha de cabo-verdiano, tinha presente no sangue o gene da morabeza. No seu paladar reinava, igualmente, o gosto pela catchupa. Foi, pois, ela que nos ensinou o sentir da morabeza e o gostar da catchupa…
 
Nos momentos de maior nostalgia, emergiam do quarto da minha mãe sons de mornas, de fados e de música clássica de que ela tanto gostava. A minha mãe apreciava a boa música – que era, talvez, a sua melhor companhia.
 
O Eleutério Sanches e o Tomás de Jesus Henriques, que depois vieram a criar o conjunto “Estrela Canora” – constituído por filhos de cabo-verdianos – faziam serenatas para a minha família, para as minhas irmãs, tocando violão e cantando cantares das Ilhas. A sua companhia e os seus cantares atenuava-nos a dor do pai precocemente perdido. Assim, fomos ganhando um grande afecto pela música das Ilhas e pela sua poesia. Os músicos cabo-verdianos eram, no fundo, todos poetas…
 
Guardo imensa saudade desses momentos da minha infância. Uma saudade que aumenta quando ouço (ou leio) o poema do Mário António recordando “os emigrados das ilhas que falam de bruxedos e sereias e tocam violão…”. Conheci o local onde habitavam muitos desses emigrados das Ilhas, e recordo-me de ouvir o som do seu violão a embalar a nostalgia da morna…
 
Passados alguns anos (não tantos assim), lá fui eu parar a uma das Ilhas, ao Arquipélago da Morabeza. Foi aí que eu senti na carne e no osso o efeito da estiagem que obrigou os seus homens e mulheres a demandaram outras paragens. Muitos deles vieram para Angola.
 
Os filhos das Ilhas cruzaram os oceanos em busca de uma guarida, de um espaço menos exposto aos caprichos da natureza. Os filhos da Ilhas viraram verdadeiros cavaleiros andantes e colocaram pedras nos alicerces do mundo… De algum modo, Angola é também um pouco um fruto dos filhos das Ilhas… Aqui, em Angola, os filhos da Ilhas trabalharam duro, de um modo abnegado, quase de sol a sol. E, no repouso, abriram sempre as portas da saudade. Tocando violão, como os quis imortalizar o poeta Mário António.
 
Nesse belo poema caracterizando as noites de luar no Morro da Maianga, o Mário António recordou a alma e também a têmpera dos cabo-verdianos… Têmpera do guerreiro, do cruzador de oceanos, de gente que não hesita em percorrer o mundo em busca de um pequeno espaço de felicidade.
 
O meu avô Vicente Costa cruzou o oceano aos 15 anos de idade, vindo de Santo Antão, da Ribeira Grande. Possivelmente, terá embarcado da Ponta do Sol. O meu avô Vicente Costa deixou nas suas costas a dependência da natureza. O meu avô Vicente Costa não se quis sujeitar aos caprichos da natureza – por isso, não se rendeu. Não se deixou postado na costa ou no cimo da montanha a olhar o mar infinito – sem esperança. O meu avô Vicente Costa partiu para a aventura. E venceu.
 
Quando cheguei ao Tarrafal, sobre as montanhas que circundavam o Campo ainda restavam vestígios de uma chuva velha, impregnada numa minúscula película de verde vegetal. Tive oportunidade de ver algum gado a pastar. Mas, com o passar do tempo, o gado foi emagrecendo, foi perdendo imponência e beleza, dando a ideia de que estava a perder a esperança de resistir à natureza.
 
Na encosta da montanha iam ficando apenas as cabras a vasculhar por debaixo das pedras, buscando pequenas raízes para se alimentarem. E as mulheres, magras e curvadas, subindo ou descendo a encosta, como se estivessem em busca de nada…
 
A estiagem quase que matou todo o gado de Cabo Verde. O pouco que restou foi enviado para a Guiné, onde a chuva caía em abundância. Nas Ilhas, ficara apenas o ronronar do Harmatão – esse vento forte que sopra do continente africano, que vem do deserto, que transporta a morte animal e vegetal. Ficaram também os corvos e as pragas de gafanhotos. Até mesmo as moscas que acompanham o gado haviam bazado… Foi assim que nos tornamos todos, verdadeiramente, flagelados do vento leste…
 
Com o passar dos anos, a chuva teimava em não cair. E os homens da Ilhas partiram para Portugal, para a França, para a Holanda, para a América. E as Ilhas gemiam de dor e de saudade. E nós, os presos, continuávamos para ali lançados, na esperança de um dia diferente… Mas, resistimos, juntamente com os burros, com os corvos e com alguns insectos. E com o povo que ficou na miséria. A estiagem arrasava tudo, massacrava as Ilhas. E os filhos da Ilhas partiam cada vez mais. Hoje, muitos do seus descendentes povoam países em várias partes do mundo.
 
Até que um dia choveu… Caiu chuva braba que, rapidamente, abriu sulcos na encosta da montanha. Pareciam rios loucos a procura do mar. Mas, a chuva desapareceu tão rápido como chegou….
 
Essa chuva louca matou uma jovem mulher, acabada de casar. A noiva que a chuva louca matou casara no dia anterior. E o emigrante que veio apenas para casar ficou viúvo, de súbito.
 
A noiva do emigrante, que aproveitou o sulco de água aberto na montanha para lavar a roupa, foi enrolada pela corrente que desceu a montanha, arrastando tudo no caminho. De dentro do Campo, ouvi os gritos do povo, descendo a montanha. Uma noiva estava a ser enrolada e destroçada pela água e pelas pedras que encontrava no caminho. O noivo ficou viúvo, de súbito.
 
Esse foi o dia em que eu tomei conhecimento de uma realidade que lera apenas no poema que diz que “quando não há chuva, morre-se de sede, e quando a chuva chega, morre-se afogado”.
 
Agora, desta vez, morreu Adriano Gonçalves, o Bana, um digno filho das Ilhas. O Bana não foi vítima da estiagem, nem foi enrolado pela chuva louca que desce a montanha. O Bana, esse ilustre e digno filho das Ilhas, morreu aos 81 anos, em Lisboa.
 
Tenho a certeza que o suor do Bana vai regar o solo das Ilhas. Como aquela chuva doce que Amílcar Cabral cantou para a Cidade Velha… Anunciando a todas as mães de Cabo Verde a chegada da Esperança… À minha mãe também. Pinto de Andrade - Angola


terça-feira, 23 de julho de 2013

Gabu

 
Depois de ter apresentado no passado dia 07 de Julho de 2013 na Biblioteca Municipal de Beja – José Saramago, cidade onde vive, o jornalista José Romeiro Saúde apresenta de novo o seu livro “Guiné – Bissau, As Minhas Memórias de Gabu 1973/1974” no próximo dia 26 de Julho de 2013, primeiro, dos três dias das festas anuais de Vila Nova de São Bento onde nasceu a 23 de Novembro de 1950.
 
 

 
Antigo furriel miliciano de operações especiais/Ranger da CCS do BART 6523, em Nova Lamego, Gabu, na Guiné-Bissau, José Romeiro Saúde tem dedicado a vida entre a actividade jornalística desportiva e a escrever as suas memórias do tempo que viveu como furriel miliciano em terras africanas. Para José Romeiro Saúde há factos da guerra colonial que estão ainda por esclarecer, mas segundo o próprio a sua escrita transmite “histórias que nos conduzem a uma viagem onde a guerra se cruzou com a paz.”  Baía da Lusofonia


Aldeia II

 
Na mesma localidade em que as pessoas não gastam dois euros para ir ao cinema, um dos passatempos favoritos é o deslocarem-se de automóvel dentro da aldeia que se atravessa a pé em cinco minutos, quer seja para andar cem metros de casa ao emprego, para ir tomar o café ou para se dirigir à padaria, todos se deslocam de automóvel, raramente se vê uma pessoa a andar pelos seus pés e normalmente quando vislumbramos uma, é uma pessoa de idade que não tem automóvel.
 
Pelo que me contam esta originalidade é comum em toda a região e é preocupante, pois a fronteira próxima, levam que os automobilistas atestem o depósito em Espanha, deixando lá os impostos que fazem falta do lado de cá.
 
Mais preocupante é que a maioria da população vive de uma pensão da segurança social, sendo a grande maioria antigos agricultores que não contribuíram para o sistema, por não serem obrigados, tendo o direito a uma reforma sido uma conquista justa da revolução do 25 de Abril.
 
Quando assistimos na grande Lisboa ao encostar do carro à porta de casa, aos reformados a não comprarem passes sociais por não terem posses para tal luxo, devido aos preços actuais dos mesmos, estranhamente numa zona do país, considerada das mais pobres, cujo rendimento per capita está muito abaixo da média nacional, verificamos por vezes, pequenos engarrafamentos nas estreitas ruas, pois o automóvel é líder naquela região. Dá que pensar. Baía da Lusofonia


segunda-feira, 22 de julho de 2013

Aldeia I

 
Estive uns dias ausente do reboliço da grande Lisboa, numa localidade que dista mais de 230 quilómetros da capital.
 
Esta povoação tem uma sala de espectáculos, faz inveja a muitas cidades portuguesas, que abre as suas portas uma vez por semana, às sextas-feiras, para apresentar um filme, normalmente estreado há relativamente pouco tempo nos grandes palcos mundiais.
 

Nesse dia, a sala de espectáculos transforma-se num cinema muito superior às “salas de pipocas” que encontramos nos centros comerciais de Lisboa e arredores. O bilhete tem um preço de apenas dois euros, bastante convidativo para que as pessoas acorram ao cinema, principalmente numa terra que é uma excepção no país, por haver muitos jovens.
 
Mas a realidade é bem diferente, o hábito de ir ao cinema perdeu-se e embora a sala seja de alta qualidade, o filme bastante recente, as pessoas não se deslocam para ver um espectáculo com um preço muito acessível, preferindo ficar em casa a coscuvilhar o que a televisão transmite através de camaras indiscretas dentro de uma casa algures.
 
Desta vez, além da minha pessoa e da minha companhia, só havia mais um casal, mas na anterior ida à mesma sala, tínhamos visto o filme sozinhos. Infelizmente a sociedade que se está a construir é oca e qualquer dia, justificando que os gastos não são úteis, fecharão a sala de espectáculos no único dia da semana que abre, basta ganhar nas próximas eleições, um político idêntico aos que proliferam pelos altos cargos no país. Baía da Lusofonia


Galiza pela Soberania

A tarde do sábado dia 20 de julho serviu na capital da Galiza para a apresentaçom pública pendente da 'Galiza pola Soberania', iniciativa suprapartidária lançada por 200 pessoas adscritas a diferentes organizaçons políticas, sindicais, feministas, ambientalistas, culturais, desportivas e, em geral, dos movimentos sociais galegos.

Na assembleia constituinte que decorreu no dia 6 deste mês, o plenário da GpS  decidira fazer umha apresentaçom pública antes da jornada patriótica do 25 de julho. A data escolhida pola Coordenadora da iniciativa foi este dia 20 e o local a praça das Pratarias da capital galega.

Em torno de umha bandeira da Galiza de grandes dimensons que ocupava boa parte da escadaria ao pé da catedral, a centena longa de participantes vestia camisolas reivindicativas dos diferentes conflitos e movimentos sociais galegos: a língua, o feminismo, o ensino público, o direito ao trabalho, às seleçons próprias, contra a megamineraçom e contra os despejos... um mosaico colorido e reivindicativo unido pola reclamaçom da soberania plena, do Estado galego, como saída para as multicrise que sofre a nossa naçom.



O ato começou com a música de A Quenlha, seguida da leitura do manifesto fundacional por parte de Ana Costoia. A seguir, Maurício Castro avançou informaçons sobre as linhas de intervençom aprovadas para os próximos meses, que incluirám a interlocuçom com coletivos de todo o tipo, trabalho de socializaçom das ideias soberanistas e mobilizaçons específicas em datas referenciais que serám anunciadas proximamente.

Marta da Costa concluiu as intervençons das porta-vozes da Coordenadora com um apelo à participaçom do povo galego nas iniciativas soberanistas convocadas para o Dia da Pátria, encorajando também à exibiçom da bandeira galega nas ruas e fachadas do nosso país.

Novamente, A Quenlha cantou para as centenas de pessoas congregadas na praça das Pratarias, para a seguir concluir o ato com o canto coletivo do Hino da Galiza e a salva de palmas geral. In “Diário da Liberdade” - Galiza