Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Brasil – Vai, ano velho

Vai, ano velho

Vai, ano velho, vai de vez,
vai com tuas dívidas
e dúvidas, vai, dobra a ex-
quina da sorte, e no trinta e um,
à meia-noite, esgota o copo
e a culpa do que nem me lembro
e me cravou entre janeiro e dezembro.

Vai, leva tudo: destroços,
ossos, fotos de presidentes,
beijos de atrizes, enchentes,
secas, suspiros, jornais.
Vade retrum, pra trás,
leva pra escuridão
quem me assaltou o carro,
a casa e o coração.
Não quero te ver mais,
só daqui a anos, nos anais,
nas fotos do nunca-mais.

Vem, Ano Novo, vem veloz,
vem em quadrigas, aladas, antigas
ou jatos de luz moderna, vem,
paira, desce, habita em nós,
vem com cavalhadas, folias, reisados,
fitas multicores, rebecas,
vem com uva e mel e desperta
em nossso corpo a alegria,
escancara a alma, a poesia,
e, por um instante, estanca
o verso real, perverso,
e sacia em nós a fome
- de utopia.

Vem na areia da ampulheta com a
semente que contivesse outra se-
mente que contivesse ou-
tra semente ou pérola
na casca da ostra
como se
se
outra se-
mente pudesse
nascer do corpo e mente
ou do umbigo da gente como o ovo
o Sol a gema do Ano Novo que rompesse
a placenta da noite em viva flor luminescente.

Adeus, tristeza: a vida
é uma caixa chinesa
de onde brota a manhã.
Agora
é recomeçar.
A utopia é urgente.
Entre flores de urânio
é permitido sonhar.


Affonso de Sant'Anna - Brasil

Brasil - Comércio exterior: é hora de reagir

SÃO PAULO – Se preciso é esgrimir números para mostrar o desastre que foi a política de comércio exterior do governo que se encerrou em 2014, aqui vão alguns dados da Organização Mundial de Comércio (OMC), entidade que tem sede em Genebra e hoje é comandada pelo diplomata brasileiro Roberto Azevêdo: em 2011, o Brasil alcançou seu melhor desempenho em meio século, obtendo 1,41% das exportações mundiais, mas, desde então, só desceu a ladeira – 1,33% em 2012, 1,32% em 2013 e 1,22% em 2014. Com isso, retornou ao patamar de 2008.

Obviamente, muitos fatores explicam essa derrocada, desde entraves e obstáculos colocados por uma infraestrutura logística interna deficiente e arcaica, até uma persistente burocracia promovida pela atuação de 17 órgãos governamentais no desempenho do comércio exterior. Sem contar que, basicamente, foram fatores externos que impulsionaram o resultado obtido em 2011, como a explosiva elevação das cotações dos produtos primários (commodities) em razão de uma considerável procura no mercado internacional por este tipo de mercadoria (minério de ferro, carvão, petróleo bruto, sal, açúcar, café, soja, alumínio, cobre, arroz, trigo e outras). É de se lembrar que mercadorias agrícolas (soft commodities) são bens cultivados, enquanto as mercadorias pesadas (hard commodities) são bens extraídos ou minerados.

Olhando-se por este prisma, como diria o conselheiro Acácio, o governo estaria isento de quaisquer responsabilidades ou culpas pela ascensão e queda da participação brasileira no comércio exterior. Mas não é bem assim. Esgrimindo-se dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), vê-se que, a partir do ano de 2000, teve início uma constante queda da participação dos produtos manufaturados na pauta de exportação do País.

Naquele ano, a participação dos manufaturados era de 59%, enquanto a das commodities chegava a 38,2%. Em 2013, já havia uma total inversão dos índices: 38,4% de manufaturados contra 59,2% de commodities. Isto porque o MDIC rotulou como manufaturados produtos como açúcar refinado, suco de laranja, etanol, óleos combustíveis e café solúvel, ainda que sejam comercializados como commodities. Em 2014, segundo dados da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), as exportações nacionais de manufaturados na pauta mundial ficaram em torno de 20%, ocupando a 33ª posição no ranking global. Enquanto isso, as exportações de commodities chegaram a 80%.

Se atingimos esse ponto, a par do cenário econômico mundial, foi porque o governo não só não fez sua parte no sentido de incentivar a produção e exportação de manufaturados como contribuiu decisivamente para a redução do mercado, ao isolar o País comercialmente, limitando sua participação praticamente ao Mercosul, sem assinar novos acordos bilaterais ou regionais.

Além disso, ao priorizar a orientação Sul-Sul, abandonou o diálogo Sul-Norte (especialmente com Estados Unidos, Canadá e México), permitindo a perda de mercados significativos para os manufaturados. Diante desse diagnóstico, o que se espera é que o governo que assume reveja esses erros flagrantes. É hora de reagir. Milton Lourenço - Brasil

___________________________________________ 
Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.

Portugal – A queda

A queda


Caíram as
casas sem
chão.
Caíram as
gentes que
viviam nas
casas sem
chão.
Caiu meu
pai, minha
mãe. Caíste tu,
amigo amor amiga
amor, caíste
tu. Caíram
todos. Caíram
todos os homens
e mulheres que
ainda resistiam
de pé. Caiu o
chão que os
sustinha. Caíram
as casas erguidas sobre o
chão que os
sustinha. Caíram
todos. Caíram
todos. Caíram
todos.
Caiu o vertical
e digno
humano.

Resisto de
pé, olhar em
frente. Caiu o
chão que me
sustinha.
Resisto de
pé, a dor por não
cair. Enquanto
houver um homem
que resista não cairá o
chão que sustém o
mundo.

Samuel Pimenta - Portugal



terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Angola – Presidente do Porto do Lobito apresenta balança anual

Presidente do Conselho de Administração endereça mensagem de fim de ano de 2014 a todos os portuários

Anapaz de Jesus Neto
É já uma tradição milenar por essa altura realizar-se o balanço do ano que se apresta a passar a história, e projectar com novas expectativas o advento do ano que surgirá no calendário, seja a nível particular, seja dos entes colectivos. E, connosco não é diferente.

Permitam-me, antes de mais, manifestar o privilégio que tem sido para mim, o facto de participar do processo de liderança do Porto do Lobito, cuja nata de homens e mulheres selectivos, profissionais abnegados e dotados de enorme postura, têm procurado a cada dia responsavelmente colocar, cada um, a sua pedra no alicerce deste “canteiro de obras” em que o nosso país se transformou.

Com a inauguração a 21 de Agosto de 2014 por Sua Excelência Engenheiro José Eduardo dos Santos, Presidente da República de Angola, das infra-estruturas constantes do Projecto de Expansão e Modernização do Porto do Lobito – Porto Seco, Terminal de Contentores e Terminal de Mineiro – à face desse marco histórico da nossa memória colectiva, somos, por isto, chamados a desempenhar um papel importante enquanto pilar nefrálgico da plataforma intermodal que o país reclama para si, no âmbito da política de gestão do executivo angolano para o sector dos transportes.

Para uma Empresa Prioritária da dimensão estrutural e organizacional da nossa, é natural que existam ainda alguns pormenores que devem ser afinados para a realização cabal da Missão e da Visão para o qual o Porto foi concebido.

Nesta conjuntura, teremos de continuar a reflectir atentamente, em vista, as valências criadas, na melhor forma de contribuir quer para facilitação na atracação e desatracação de navios, no aumento dos níveis de carga e descarga, e de um modo geral, no planeamento atempado das manobras de movimentação das mercadorias e concomitante arrumação e stockagem nos terraplenos e armazéns.

Sabemos bem que a real motivação para este salto qualitativo é a superação e especialização do Capital Humano, daí o facto de mantermos uma contínua formação de quadros quer no local de trabalho ou noutros centros profissionalizantes.

A sensação de aldeia global em que o mundo se tornou, legitima-nos a apreendermos das práticas e modalidades que se operam em todos os espaços geo-portuários.

Atingir a Excelência de Serviços em todas áreas, e simultaneamente poderá parecer uma tarefa hercúlea, mas porque somos um “povo heroico e generoso”, Vamos Vencer mais esta etapa do percurso.

Um factor que não desmerece realce, tem sido o empenhamento social do Porto do Lobito enquanto baluarte do desenvolvimento socioeconómico do país. Com efeito, participamos sem hesitação nas mais diversas causas sociais como foram a Campanha de Prevenção Rodoviária, a Campanha de Prevenção Contra o Ébola, o Natal Solidário, bem como outras doações e benfeitorias que efectuamos às várias instituições carenciadas dentre Infantários e Lares da Terceira Idade da província de Benguela, e de outras regiões.

Estas acções sociais são, contudo, levadas a cabo, sem prejuízo de continuarmos a manter a cesta básica mensal do trabalhador, a assistência médica e medicamentosa gratuita, através da nossa Clínica e, em certos casos a evacuação para Luanda, ou até para o exterior.

Ainda no que a dimensão social diz respeito, é agradável sublinhar que está na fase derradeira a construção dos novos fogos habitacionais do Porto do Lobito que conferirão aos trabalhadores portuários um maior conforto.

Por último, gostaria de almejar que para o ano vindouro, possamos nessa mesma altura de balanço, concretizar o sentimento de realização pessoal e colectiva de continuarmos firmes ao serviço da Nação.

Quero, assim, no meu nome próprio e, no dos demais membros do Conselho de Administração da Empresa Portuária do Lobito, augurar à todos os colegas no activo, bem como os reformados, os melhores votos de um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de prosperidades.

Que DEUS nos Abençoe! Anapaz Neto – Angola

Anapaz de Jesus Neto - natural do Moxico (Luena), mestrado em Gestão de Empresas pela Universidade de Haal - Londres (MBA/Managemant); pós graduado em Relações Internacionais pela Universidade Autónoma de Lisboa; Eng.º Técnico de Química Industrial pelo Instituto Politécnico de Pedro Maria Rodrigues, Cuba.

Internacional - Canais do Panamá, da Nicarágua, Mariel e a futura geopolítica latino-americana

Mudanças no panorama internacional, como a força dos Brics, encontrarão impulso regional nas possibilidades abertas pelo porto de Mariel e pela construção do canal fora dos domínios dos EUA

Bastaria a normalização das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos, apontando para o fim do bloqueio, para que se mexessem as peças do tabuleiro comercial e geopolítico na região, com o porto de Mariel passando a ser um posto estratégico. De tentativa de romper o bloqueio, Mariel se tornará beneficiária das novas ondas de comércio no mundo, que incluem a China e o Brasil como seus agentes mais importantes.

Porém, outros movimentos agitam um novo desenho da geopolítica mundial na região. O canal do Panamá mudou a configuração do mundo, quando foi inaugurado há pouco mais de um século. Os Estados Unidos retomaram o projeto fracassado e falido da França de construir o canal e fechou-se uma etapa do comércio mundial, abrindo-se outra.

Antes do canal do Panamá todo o comércio e a circulação de navios entre o Atlântico e o Pacífico tinham de ser feitos pelo Polo Sul, com tudo o que representava em gastos de tempo e de recursos. Assim que assumiu o projeto do canal, os Estados Unidos induziram à separação do Panamá da Colômbia. Deste movimento nasceu um canal que tem um país e não um país que tem um canal, como se costuma dizer, sob a tutela norte-americana, que fez da zona do canal um território seu, mediante um tratado imposto por cem anos.

Dessa forma surgiu o que os panamenhos chamam de "esquina do mundo" a única via de comunicação entre os dois oceanos mais importantes do planeta, ligando suas regiões economicamente mais relevantes.

Embora os EUA demonstrassem disposição de fazer como faz até hoje com Guantánamo – que depois de se apropriarem do território por mais de cem anos, não o devolveu para Cuba –, o líder nacionalista panamenho Omar Torrijos exigiu o cumprimento do acordo e conseguiu que o canal ficasse sob custódia do governo do Panamá. Porém, os EUA continuam a ser os controladores da zona e do seu papel estratégico no mundo.

Conforme o comércio marítimo foi aumentando, assim como o tamanho dos navios, o próprio canal de Panamá foi se mostrando insuficiente para dar conta das comunicações por mar entre os dois oceanos. Há cerca de quatro anos o Panamá aprovou – em referendo nacional – um projeto, praticamente, da construção de um outro canal, que deve ser inaugurado no primeiro semestre de 2015.

Paralelamente porém, está em curso um projeto ainda mais ambicioso em termos de comunicação marítima e de redesenho geopolítico: a construção de uma nova ligação entre o Pacífico e o Atlântico, na Nicarágua. A ideia é acalentada há muito tempo, pela própria configuração geográfica da Nicarágua, um país com grandes lagos, que podem ser aproveitados para a passagem de grandes navios e que, finalmente, começa a ser construído.

A responsabilidade pela construção e o financiamento é de um milionário chinês e sua empresa de construção. Em pouco tempo o projeto foi elaborado, ficou pronto, teve sua aprovação pelo governo de Daniel Ortega, mas enfrenta dificuldades para ser implementado.

A construção do canal da Nicarágua terá muitas consequências, a começar pela quebra do monopólio do canal do Panamá e da tutela dos Estados Unidos sobre a circulação entre os dois oceanos. Unindo-se ao porto de Mariel, facilitará o comércio que envolve a países em plena expansão de suas influências política e comercial, como a China e o Brasil.

Representaria também a presença chinesa no coração da América Central e do Caribe. As mudanças no panorama internacional, que fizeram dos acordos dos Brics de Fortaleza o mais importante acontecimento político internacional do ano, encontram expressão no plano regional com a inauguração do porto de Mariel e as obras para a construção do canal da Nicarágua.

Porém, se por um lado sua construção mudará o destino da Nicarágua, que passará a ter no canal seu principal instrumento de sobrevivência, com todo o seu movimento, até das outras obras anexas – um novo aeroporto, uma zona de livre comércio, entre outros –, é preciso considerar que movimentos populares de resistência se levantaram contra as consequências da sua construção.

Sem plano sobre os danos ambientais, ainda sem começar as negociações com os cerca de 30 mil camponeses que perderiam suas terras – há apenas o vago aceno por parte do proprietário da empresa construtora e do governo de que as indenizações serão justas –, no momento em que deveria se iniciar a construção do canal, grandes mobilizações nas zonas que serão afetadas, e também na capital, Manágua, produziram enfrentamentos com a polícia e dezenas de presos.

O governo pode seguir enfrentando as mobilizações com a polícia, mas a ocupação por parte de camponeses de territórios onde já deveriam estar começando as obras dificulta concretamente seu início, obrigando o governo a negociações imediatas e difíceis com camponeses que dizem não aceitar indenizações e querer manter suas terras.

Um projeto dessa dimensão e projeção, quando colocado em prática sem as medidas preventivas e compensatórias sobre os efeitos que sua construção produzirá, causa hostilidades, em vez de orgulho. Emir Sader – Brasil in “Rede Brasil Atual”

Angola – Comércio internacional no terceiro trimestre de 2014

Segundo o Instituto Nacional de Estatística de Angola as exportações angolanas tiveram uma quebra de 11% no terceiro trimestre de 2014 face a igual período do ano transacto. As importações registaram um crescimento de 76% também em igual período. O saldo foi positivo em 345 413 Milhões de Kwanzas.

Os principais parceiros das exportações de Angola durante o III Trimestre de 2014 foram a China com cerca de 49,5%; Espanha com 6,2%; Índia com 5,6%; Estados Unidos da América 5,5% e França com 5,1%. Os principais parceiros das importações angolanas durante o III Trimestre de 2014 foram Portugal com 14,7%; China com 12,6%; Singapura com 11,4% Estados Unidos da América com 8,8% e Emiratos Árabes Unidos com 5,1%.

Verifica-se que durante o mesmo período o maior volume das importações de Angola foi registado nos seguintes grupos de produtos: Máquinas Equipamentos e Aparelhos com 23,7%; Veículos e Outros Materiais de Transportes, 12,3%; Metais Comuns, 11,3%; Agrícolas, 8,3%; Combustíveis, 5,6% e Produtos e Alimentares com 5,5%. Do lado das exportações, coube ao grupo dos Combustíveis 98,6% do total das vendas ao exterior.

Angola importou produtos de todos os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, bem como de todos os países observadores associados, Japão, Ilha Maurício, Namíbia, Geórgia, Senegal e Turquia. Angola exportou para os seguintes membros da CPLP: Brasil, Portugal e São Tomé e Príncipe e para o Japão, país observador associado da CPLP. Baía da Lusofonia

Poderá aceder à publicação do INE Angola aqui.

São Tomé e Príncipe – Ilha nua

Ilha nua

Coqueiros e palmares da Terra Natal
Mar azul das ilhas perdidas na conjuntura dos séculos
Vegetação densa no horizonte imenso dos nossos sonhos.
Verdura, oceano, calor tropical
Gritando a sede imensa do salgado mar
No deserto paradoxal das praias humanas
Sedentas de espaço e de vida
Nos cantos amargos do ossobô
Anunciando o cair das chuvas
Varrendo de rijo a terra calcinada
saturada do calor ardente
Mas faminta de irradiação humana
Ilhas paradoxais do Sul do Sará
Os desertos humanos clamam
Na floresta virgem
Dos teus destinos sem planuras


Alda do Espírito Santo – São Tomé e Príncipe

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Costa Rica – Construção de um novo porto

Vai ser construído um "mega-porto" offshore no mar do Caribe na Costa Rica, na província de Limón no valor aproximado de mil milhões de dólares a começar no próximo mês de Janeiro de 2015 e a terminar no ano de 2018, informou a empresa responsável pela construção a holandesa APM Terminals.

O Director para as Relações Públicas da APM Terminals Rogelio Douglas informou que a empresa está pronta para começar a trabalhar em Janeiro próximo depois de receber todas as licenças necessárias. "Temos tudo pronto para começar a construção do mega-porto”.

A mão-de-obra para a construção do porto será constituída por 90% de trabalhadores da Costa Rica. Na primeira fase será dragado um canal com 16 metros de profundidade que posteriormente alcançará os 18 metros, será construído um quebra-mar com 1,5 km de comprimento e um cais de 600 metros apoiado por uma área de 40 hectares. Na fase final, o cais terá um comprimento de 1,5 Km com cinco berços, com uma área de apoio de 80 hectares que permitirá receber até 2,7 milhões de TEUs. A funcionalidade deste novo porto é de ser um porto de transferência para outros portos do mar do Caribe e da América Central.

O novo porto será concorrencial aos portos de Moín y Limón, distando destes apenas 10Km, por onde são actualmente escoados aproximadamente 80% do comércio internacional da Costa Rica, conhecidos pela má qualidade do serviço prestado. Baía da Lusofonia


Sete mares










Vamos aprender português, cantando


Tem mil anos uma história
De viver a navegar
Há mil anos de memórias a contar
Ai, cidade à beira-mar
Azul

Se os mares são só sete
Há mais terra do que mar...
Voltarei amor com a força da maré
Ai, cidade à beira-mar
Ao sul

Hoje
Num vento do norte
Fogo de outra sorte
Sigo para o sul
Sete mares

Hoje
Num vento do norte
Fogo de outra sorte
Sigo para o sul

Foram tantas as tormentas
Que tivemos de enfrentar...
Chegarei amor na volta da maré
Ai, troquei-te por um mar
Ao sul

Hoje
Num vento do norte
Fogo de outra sorte
Sigo para o sul
Sete mares

Hoje
Num vento do norte
Fogo de outra sorte
Sigo para o sul
Sete mares


Sétima Legião - Portugal


domingo, 28 de dezembro de 2014

Angola - Os sauditas vão ser a nossa desgraça

Arábia Saudita não quer diminuir produção para evitar que o preço do barril continue a descer

Uma produção em alta para manter os preços em baixa e controlar o mercado. Essa é aparentemente a estratégia adoptada pela Arábia Saudita e que poderá trazer muitos dissabores à economia angolana.

Com a actual produção diária em 87 milhões de barris é provável que o preço continue a descer até chegar aos USD 30 dólares, refere o jornal Expresso, o que seria desastroso para as contas públicas nacionais.

A Arábia Saudita pretende manter a sua produção no nível actual dos 9,7 milhões (a Rússia é o maior produtor mundial com 10,6 milhões) e foi isso mesmo que conseguiu na última reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), a 27 de Novembro, em Viena.

“Como política da OPEP – e convenci a OPEP disso, e até o Sr. Al-Badri (o secretário-geral da OPEP) está convencido disso agora -,não é do interesse dos produtores da OPEP reduzir a produção, seja qual for o preço”, disse o ministro saudita dos Petróleos e dos Recursos Minerais em entrevista ao Middle East Economi Survey.

“É irrelevante se descer até USD 20, USD 40, USD 50 ou USD 60″, acrescentou Ali Ibrahim al-Naimi.

Para os sauditas trata-se de manter a produção em níveis altos e continuar a ganhar dinheiro com o aumento da quota de mercado, pois, de acordo com as palavras do próprio ministro, o custo máximo de produção do barril de petróleo saudita está entre os USD 4 e os USD 5 e o país poderá continuar a ganhar dinheiro mesmo com os preços em queda.

O mesmo não se poderá dizer para Angola. Os cálculos do Orçamento Geral do Estado para 2015 estão feitos para um barril de petróleo a USD 81 mas o preço tem andado mais perto dos USD 60. In “Rede Angola” - Angola

Brasil – Maior carregamento de açúcar chega ao Dubai

Maior navio de cargas de açúcar do mundo desembarcou 106 mil toneladas do produto no Porto de Jebel Ali. Carregamento pertencente à Bunge Brasil saiu do porto de Santos em novembro.

São Paulo – O porto de Jebel Ali, nos Emirados Árabes Unidos, recebeu, na última semana, o maior cargueiro de açúcar do mundo, com 106 mil toneladas do produto embarcadas pela Bunge Brasil pelo porto de Santos. As informações são da DP World, empresa que administra o porto em Dubai.

O açúcar a granel, que saiu do Brasil em novembro, foi transportado até Dubai pelo navio UBC Ottawa, de bandeira holandesa. O cargueiro tem 260 metros de comprimento e uma capacidade total de carregamento de 118.625 toneladas. A carga foi vendida para a Al Khaleej Sugar, a primeira refinaria de açúcar da região do Golfo.

“Estamos orgulhosos de receber o maior cargueiro [de açúcar] do mundo no atracadouro da Al Khaleej Sugar em Dubai. Nos últimos anos, vimos diversas melhorias na nossa refinaria com a instalação de novos equipamentos que ajudaram a aumentar as taxas de produção e nos posicionaram como uma das refinarias de açúcar líderes no mundo”, destacou Jamal Al Ghurair, diretor-gerente da Al Khaleej Sugar, segundo comunicado.

De acordo com o sítio da Bunge Brasil, a empresa é hoje uma das maiores produtoras de açúcar e bioenergia do País e umas das maiores tradings mundiais de açúcar. O sítio informa que a companhia movimenta mais de cinco milhões de toneladas do produto, integrando áreas produtoras no Brasil, Tailândia e países da América Central a destinos como China, Canadá e Oriente Médio. Agência de Notícias Brasil Árabe – Brasil

O embarque no Porto de Santos foi notícia no blogue Baía da Lusofonia que poderá aceder aqui.

Moçambique - Índicos Caminhos

Índicos caminhos

Os caminhos
são teus
na lonjura destes
passos.

As palavras e metáforas
são às vezes minhas
rimadas de íntimos
cansaços.

As flores do Índico
são nossas
pétalas do mar
insubmissas...


Calane da Silva - Moçambique


sábado, 27 de dezembro de 2014

Vaticano – A idolatria do dinheiro

“Está provado que com a comida que sobra, podíamos alimentar as pessoas que têm fome. Não se compreende como… Não me lembro do número, mas há tantas crianças com fome. Quando vemos as fotografias das crianças que passam fome de diversas regiões do mundo, deitamos as mãos à cabeça. Não se compreende.

Creio que vivemos num sistema mundial a nível económico que não é bom. No centro de todo o sistema económico tem de estar o homem. O homem e a mulher. E tudo deveria estar ao serviço do homem, mas agora, no centro, está o dinheiro. O deus dinheiro. E caímos num pecado de idolatria, a idolatria do dinheiro.

E com esse afã de ter mais, de querer mais, toda a economia se move descartando – é curioso. Há uma cultura de descarte.

Descartam-se as crianças, seja porque se limita a natalidade…Basta olhar para a taxa de natalidade que existe na Europa. É baixíssima, 1, 2…Nenhum povo sobrevive com essa taxa de natalidade. Descartam-se as crianças, descartam-se os velhos. Já não servem, não produzem. É uma classe passiva. E ao descartar as crianças e os velhos, descarta-se o futuro de um povo, porque eles são o futuro de um povo. As crianças porque são elas que vão dar continuidade e os velhos porque são quem nos dá a sabedoria, são os que têm a memória desse povo e têm de a transmitir às crianças. Isso é descartado.

E agora, também está na moda descartar os jovens com o desemprego. Preocupa-me muito a taxa de desemprego atual. Alguém fazia-me notar… não tenho os números muito presentes, que, com menos de 25 anos, há 75 milhões de desempregados, só na Europa, é uma barbaridade. Portanto descartamos toda uma geração. Para manter um sistema económico que já não se sustém. E para se manter e equilibrar, tem de fazer o que faziam sempre os grandes impérios para sobreviver, fazer uma guerra.

Como não se pode fazer a Terceira Guerra Mundial, fazem-se guerras regionais, e o que significa isto? Que se fabricam armas, vendem-se armas e com isso, os balanços destas economias da idolatria, que são mundiais, obviamente, conseguem avançar. E a par disto, o pensamento único, que nos sonega a riqueza da diversidade do pensamento, e, portanto, a riqueza de um diálogo, entre pessoas.

E uma globalização mal compreendida. A globalização bem compreendida é uma riqueza. Uma globalização mal compreendida para mim é uma esfera, em que todos os pontos são iguais, todos equidistantes do centro, portanto, é anulada toda a individualidade. Uma globalização que enriqueça é como um poliedro: todos unidos, mas cada um conserva as suas particularidades, a sua riqueza e a sua identidade. E isso não acontece, acontece a outra coisa. Por isso o pensamento único é um sistema económico mau, e digo que é de idolatria porque sacrifica o homem em favor ao ídolo dinheiro, não é?” Papa Francisco – Vaticano in “SIC Notícias – Entrevista”

Poderá aceder à entrevista na íntegra aqui.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Nicarágua – Início dos trabalhos da construção do Canal Interoceânico

No passado dia 22 de Dezembro de 2014, realizou-se a cerimónia de inauguração da construção do Canal Interoceânico da Nicarágua com a presença dos membros da Comissão do Grande Canal da Nicarágua e o Presidente da Companhia HKND Group, Wang Jing.



A cerimónia teve lugar no Departamento de Rivas que fica situado junto ao oceano Pacífico. O projecto consiste em construir um canal interoceânico, concorrencial ao canal do Panamá e será três vezes maior que o novo canal do Panamá que está a acabar a sua construção. Terá um comprimento de 278 quilómetros, uma largura entre os 230 e 520 metros e uma profundidade de 30 metros que possibilitará acolher os futuros porta-contentores, que estão em fase de esboço, da classe F, que permitirão o transporte até 27 mil TEUs.

Além do canal, estão previstos a construção de novas estradas, dois portos, um lago artificial, um aeroporto, um complexo turístico, uma zona de comércio livre e fábricas de aço e cimento. O custo da obra que terá uma travessia de 105 quilómetros no Grande Lago, está neste momento projectado em 50 mil milhões de dólares. Baía da Lusofonia

Cabo Verde - Canção de embalar

Canção de embalar

"Dorme Maninho
pra não vir Ti Lobo..."

Maninho
volta-se e dorme
no colchão de saco vazio
sobre a terra batida.

Ao lado no chão dormindo também
o naviozinho de lata
que fez com suas mãos...

Apaga-se a luz.
Maninho acorda depois
por causa da voz falando baixinho
segredando
no meio escuro...

Não fala de mamãe...
Ti Lobo talvez...
Mas nhô Chico Polícia há dias contava:
"Ti Lobo não tem..."

Essa voz nocturna segredando...
O homem branco talvez
que lá vai de vez enquando...

"Dorme Maninho
pra não vir Ti Lobo..."

Volta-se e torna a dormir...

Amanhã cedo vai correr o naviozinho de lata
nas poças da Praia Negra...


Jorge Barbosa – Cabo Verde

República Democrática do Congo - Pauline Opango Lumumba

Faleceu na passada terça-feira, 23 de Dezembro de 2014, Pauline Opango Lumumba, 77 anos de idade, viúva do herói da independência da República Democrática do Congo, Patrice Émery Lumumba.

Patrice e Pauline Lumumba

Pauline Lumumba afirmava que quem viveu com um homem como Patrice, não tinha nenhuma razão para viver com outro. Viu-o pela última vez em 02 de Dezembro de 1960, um mês e meio antes de ser assassinado a 17 de Janeiro de 1961, tinha Pauline 23 anos de idade, quatro filhos e estava grávida do quinto. Exilou-se no Egipto donde regressou após a queda do ditador Mobutu.

Pauline viveu o tempo suficiente para saber quem foram os verdadeiros responsáveis pela morte de Patrice Lumumba que o blogue Baía da Lusofonia aflorou no texto Amilcar Cabral - A outra hipotese. Baía da Lusofonia

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Angola – Canto Eterno

Canto Eterno

O vento dispersou todas as vozes
do brado rasgando a noite sem fim.
Mas o canto dos mártires,
esse ficou perpetuado na dureza das rochas
no piar triste das aves nocturnas
e no reencontro dos ecos
condensando-se numa lua imponente
a brilhar tranquila
no firmamento lúcido dos nosso olhos.


Jofre Rocha - Angola

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Guiné-Bissau – Canção ao Menino

Canção ao Menino

Vi
O pranto
Secar
No calor
Do teu sorriso

A mágoa afogar
Ao clamor
Da tua bonança
E escrever
No ar que te rodeia
Amor, poesia
E esperança

Vejo
Nos teus olhos
O dó
Desta ventura
Alheia mas tua

E descubro
Na clara pousada
Do teu olhar,

Recôndito na tua alma
Fugaz e evanescente
Nos teus murmúrios
O secreto convite
À ceia da vida
E da eternidade

És
Canção
E harmonia perdida
No desencanto
Deste universo

E fonte
A que entregamos
Desesperançados
A nossa sede

Para eternizar

O que de melhor
Escondemos
No âmago do nosso ser

E satisfazer
Através de ti, Menino
A nossa ânsia
De viver.

Jorge Cabral – Guiné-Bissau

Guiné-Bissau – Fundo Mundial apoia no tratamento da malária, tuberculose e sida

Bissau - O Fundo Mundial vai apoiar a Guiné-Bissau com mais de 30 milhões de Euros para tratamento da Malária, Tuberculose e SIDA, informou o presidente da Comissão de Coordenação Multissectorial (CCM) de combate a estas enfermidades.

Em declarações à ANG, Mamadú Saliu Bá, que falava à margem da Conferencia sobre o Diálogo Nacional sobre Nota Conceptual da Malária e Apreciação do PEN - Plano Estratégico Nacional explicou que para a obtenção deste fundo, o governo deve investir, como contrapartida, dois milhões de Euros em infra-estruturas sanitárias.

“O Fundo Mundial (FM) requer a participação de todos os beneficiários, incluindo os doentes, a fim de preencher as lacunas existentes nas áreas de intervenção e reforçar a capacidade de supervisão e seguimento”, informou Mamadú Bá.

O Presidente da CCM considerou de positivo o balanço de dois dias da conferência “Diálogo Nacional” sobre a Nota Conceptual da Malária e Apreciação do Plano Estratégico Nacional (PEN) e Tuberculose, porque o documento elaborado pelos técnicos da saúde “é de extrema importância tanto para o país como para os parceiros”.

Mamadú Bá afirmou que a Guiné-Bissau tem quadros e técnicos suficientes na área da saúde, mas que se debatem com a falta de enquadramento.

“Se o sistema de avaliação da CCM for negativo e o governo não demonstrar a vontade de participar, então o país não beneficiará do apoio financeiro prometido pelo FM para tratamento e seguimento dos doentes de SIDA, Malária e Tuberculose”, disse.

No PEN elaborado, os técnicos recomendaram a uniformização da linguagem utilizada para descrição de conteúdos do documento, a reclassificação dos grupos de risco tendo em conta as comunidades muito pobres e a configuração dos agregados familiares conforme os outros programas.

A continuidade do seguimento das crianças diagnosticadas com Infecção Respiratória Aguda (IRA), revisão da política de Saúde Comunitária e Promoção da Medicina Tradicional para que as actividades a nível comunitário sejam trabalhadas de forma integrada e estratégica, foram outras recomendações feitas. Agência de Notícias da Guiné – Guiné-Bissau