Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Circuito Automobilístico de Pequim

Arquitecto português desenhou circuito em redor do “Ninho do Pássaro”

Mão portuguesa no circuito citadino de Pequim

O circuito urbano de Pequim que acolherá a primeira prova do recém-nascido Campeonato FIA de Fórmula E, para carros eléctricos, foi apresentado no final de Março e tem a particularidade de estar a cargo da equipa liderada pelo arquitecto português, Rodrigo Nunes.

O traçado nascido em redor do Estádio Olímpico de Pequim, que ainda está pendente da homologação da Federação Internacional do Automóvel (FIA), terá um perímetro de 3,44 quilómetros e vinte curvas, e é fruto da cooperação do gabinete de projectos português, da FIA, Formula E Malásia, da Federação de Desportos Motorizados da República Popular da China (FASC), do Comité do Parque Olímpico, do Team China Racing e das autoridades governamentais de Pequim.

A oportunidade de trabalhar neste projecto surgiu no final de 2012 e tudo começou com o Circuito da Boavista, circuito que nos anos ímpares tem recebido a corrida portuguesa do Campeonato do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCC). “Somos os projectistas do Circuito da Boavista desde o seu ressurgimento em 2005.

Nesse ano, foi idealizado um circuito que permitisse a realização de provas nacionais de automobilismo. Após o sucesso do evento em 2005 foi-nos pedido para propormos as adaptações necessárias, tanto ao nível do traçado como ao nível dos sistemas de segurança, de modo a possibilitar a realização de uma prova do Campeonato do Mundo. Essas propostas foram feitas, aceites, e o Circuito da Boavista tem uma prova do WTCC desde 2007“, explicou o arquitecto luso ao HM.

O contacto com a Fórmula E ocorreu em 2012: “um elemento da Fórmula E contactou-me referindo que sabia que o meu gabinete era responsável pelo projecto do Circuito da Boavista, que conhecia muito bem a sua evolução técnica desde 2005 e que pretendiam concretizar um campeonato do mundo realizado única e exclusivamente em meio urbano”. O “know-how” adquirido na construção do circuito citadino portuense tem sido valorizado, para além de permitir “desenvolver soluções técnicas pioneiras que nos são hoje solicitadas para serem adoptadas noutros circuitos urbanos.”

CARACTERÍSTICAS EM AMBIENTE ÚNICO

O traçado em redor do “Ninho do Pássaro” tem, segundo o nosso interlocutor, características naturais “de um circuito automóvel urbano puro que se podem resumir a curvas pronunciadas e espaço livre limitado”. Claro que as condicionantes dos circuitos urbanos, como o Circuito da Guia em Macau é o melhor exemplo, “são sempre um desafio para quem pretende a realização de um evento desta natureza e serão trabalhadas de modo a potenciar o grau de segurança e do próprio espectáculo”.

Nas largas ruas da capital chinesa, os monolugares da Fórmula E serão capazes de atingir uma velocidade de ponta de 225 km/h, como tal, “as longas rectas serão pontualmente interrompidas, através da criação de chicanes, potenciando a segurança nas zonas do circuito com mais limitações, tanto físicas – existência de construções, edifícios, jardins, árvores, etc. – como da própria configuração existente”, esclareceu o arquitecto.

Para o brasileiro Lucas di Grassi, vencedor do Grande Prémio de Macau Fórmula 3 de 2004, ex-piloto de F1 e piloto da Audi Sport ABT Formula E Team: “para os pilotos, será um desafio tremendo conhecer os limites da pista com rapidez, assim como compreender os pontos de ultrapassagem. Os lugares mais óbvios são a primeira e a última curva. O circuito também vai requerer bastante tracção e estabilidade na travagem, enquanto as zonas de recuperação de energia, nos pontos de travagem, irão ajudar a estabilizar o carro.”

PITLANE ORIGINAL

A maior particularidade do circuito de Pequim está no seu pitlane, em forma de “U”, que para Di Grassi “é único e requer alguma prática especial para o fazer certo, isto porque os pilotos terão que trocar de carros nas boxes.“ Esta foi a solução encontrada pelo arquitecto Nunes para a falta de espaço existente, mas que ao mesmo tempo “irá permitir uma situação de interacção única entre o público, pilotos e a própria corrida”. As corridas da Fórmula E serão realizadas num só dia, de forma a minimizar a interrupção que causam nas cidades que acolhem os eventos. Uma sessão de treinos-livres, uma qualificação e uma corrida de 60 minutos fazem parte de um programa que encerra com concertos e animação de rua. A corrida de Pequim e de início de temporada está marcada para o dia 13 de Setembro. Sérgio Fonseca – Macau in “Hoje Macau”

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