SÃO
PAULO – A possibilidade de a Companhia Docas do Estado de São Paulo
(Codesp) comprar uma draga para atuar no Porto de Santos com o objetivo de
regularizar as atividades de dragagem é uma medida que deve ser incentivada,
diante das dificuldades para se encontrar uma empresa que possa executar os
serviços a preços razoáveis.
Como
se sabe, a Secretaria de Portos (SEP) abriu uma licitação internacional para
contratar uma empresa capaz de executar a obra, mas que redundou em malogro,
depois que os concorrentes apresentaram propostas muito superiores ao que a
pasta federal previa em
orçamento. O consórcio Dragagem Santos, formado pelas
empresas Van Oord e Boskalis, primeiro colocado, apresentou uma proposta de R$
545 milhões, enquanto o consórcio Etesco-Tulipa, segundo colocado, pediu R$ 579
milhões. Ambos estudam uma redução, mas, até agora, as negociações não
avançaram.
Enquanto
isso, o canal de navegação continua a sofrer assoreamento, principalmente nos
berços de atracação, com a queda de areia das margens, o que acaba por
inutilizar o trabalho de dragagem anteriormente realizado. Portanto, se para
contratar uma empresa pode-se demorar tanto, melhor seria que a Codesp
dispusesse de uma draga para executar o trabalho. Pelo menos, seria um
investimento, embora alto, que evitaria maiores despesas no futuro e excessiva
demora à época das licitações.
Até
porque, como mostra a experiência de portos internacionais mais organizados, o
trabalho de dragagem só tem sentido e validade se for acompanhado por serviços
permanentes de manutenção. Do contrário, será atirar recursos públicos pela
janela. E, no caso, muitos recursos.
De
acordo com o edital de licitação, o canal de navegação e as bacias de evolução,
ou seja, as áreas em que os navios fazem as manobras, terão de ficar com
profundidade de 15,4 a
15,7 metros ,
enquanto os pontos de atracação podem ter de 7,6 a 15,7 metros , dependendo
do local. Como se vê, com a dragagem, o Porto ficará à altura para receber os
supernavios Post-Panamax, que exigem calado mínimo de 15 metros .
Levando-se
em conta essas dificuldades, está mais do que na hora de as autoridades
federais estudarem a instalação de uma plataforma para o Porto de Santos em
águas profundas (off shore),
o que eliminaria muitas despesas com desassoreamento. É de lembrar que o canal
do estuário de Santos recebe constantemente águas com lama e sedimentos dos
rios da região, o que reduz a profundidade e a possibilidade de navegação de
embarcações carregadas em sua total capacidade.
Em
outras palavras: com a perda de profundidade do canal, os navios não podem
entrar ou deixar o cais com sua capacidade máxima de carga, o que significa
prejuízos não só para os armadores como para importadores/exportadores, pois o
custo do transporte aumenta, prejudicando a competitividade do porto e
encarecendo os produtos. No final, quem paga é o bolso do consumidor. Mauro Dias - Brasil
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Mauro Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é
vice-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP, e professor
de pós-graduação em Transportes e Logística no Departamento de Engenharia Civil
da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br
Site: www.fiorde.com.br
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