Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Macau - Ensino de português criticado em debate na Universidade de São José

A académica Maria José Grosso considerou ontem que os professores chineses que ensinam português em Macau têm um “baixo nível de proficiência” e ensinam a língua com métodos desactualizados, durante um debate na Universidade de São José em Macau.

A professora da Universidade de Lisboa e da Universidade de Macau participou num debate sobre “Políticas da Lusofonia, Políticas da Língua”, integrado numa conferência de dois dias em torno da Lusofonia.

Traçando um cenário sobre a situação e as dificuldades do ensino da língua portuguesa em Macau, Maria José Grosso alertou para o “baixo nível de proficiência dos professores” que não têm o português como língua materna. “Eu própria assisti a casos em que um professor pronunciava uma palavra mal e escrevia também mal no quadro, [palavra] que as crianças copiavam”, descreveu.

Além desta dificuldade, a académica chamou também a atenção para os métodos de ensino usados no território que “já são considerados pouco motivantes” e que “muitas vezes têm que ver com a representação que esse professor tem do que é aprender uma língua”.

Também a gramática é ensinada não tendo em conta “a experiência linguística da criança, a sua língua materna”, disse a professora.

Como resultado, a língua portuguesa, que é uma das duas oficiais no território, “é geralmente limitada à sala de aula”.

Crítica também para os professores portugueses

Agendado para participar no debate estava Carlos André, director do Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau, que acabou por não poder comparecer, mas fez-se ouvir através de uma comunicação lida pela professora Rosa Bizarro.

As características do ensino em Macau foram também alvo de críticas, desta vez igualmente dirigidas aos professores portugueses, com o académico a sublinhar que “não basta ser português e ter formação superior” para ensinar o idioma. “O ensino como língua estrangeira é um domínio de especialização. A lusofonia deve ter especialistas nessa área. Quantos existem em Macau? Certamente muito poucos”, referiu.

Carlos André destacou que o Governo de Macau “tem feito bastante pela língua portuguesa”, mas que “é a Portugal que esse papel cabe”.

Na sua comunicação, o académico defendeu que uma “política da língua” deve ir além da simples oferta do seu ensino em diferentes instituições – o que já acontece em Macau.

“É preciso um estudo de mercado competente, que permitisse saber qual é o interesse pelo português nos diferentes grupos etários, que tipo de português se procura, qual o nível de proficiência linguística de quem comanda o português”, explicou. In “Ponto Final” - Macau

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