Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 27 de dezembro de 2014

Vaticano – A idolatria do dinheiro

“Está provado que com a comida que sobra, podíamos alimentar as pessoas que têm fome. Não se compreende como… Não me lembro do número, mas há tantas crianças com fome. Quando vemos as fotografias das crianças que passam fome de diversas regiões do mundo, deitamos as mãos à cabeça. Não se compreende.

Creio que vivemos num sistema mundial a nível económico que não é bom. No centro de todo o sistema económico tem de estar o homem. O homem e a mulher. E tudo deveria estar ao serviço do homem, mas agora, no centro, está o dinheiro. O deus dinheiro. E caímos num pecado de idolatria, a idolatria do dinheiro.

E com esse afã de ter mais, de querer mais, toda a economia se move descartando – é curioso. Há uma cultura de descarte.

Descartam-se as crianças, seja porque se limita a natalidade…Basta olhar para a taxa de natalidade que existe na Europa. É baixíssima, 1, 2…Nenhum povo sobrevive com essa taxa de natalidade. Descartam-se as crianças, descartam-se os velhos. Já não servem, não produzem. É uma classe passiva. E ao descartar as crianças e os velhos, descarta-se o futuro de um povo, porque eles são o futuro de um povo. As crianças porque são elas que vão dar continuidade e os velhos porque são quem nos dá a sabedoria, são os que têm a memória desse povo e têm de a transmitir às crianças. Isso é descartado.

E agora, também está na moda descartar os jovens com o desemprego. Preocupa-me muito a taxa de desemprego atual. Alguém fazia-me notar… não tenho os números muito presentes, que, com menos de 25 anos, há 75 milhões de desempregados, só na Europa, é uma barbaridade. Portanto descartamos toda uma geração. Para manter um sistema económico que já não se sustém. E para se manter e equilibrar, tem de fazer o que faziam sempre os grandes impérios para sobreviver, fazer uma guerra.

Como não se pode fazer a Terceira Guerra Mundial, fazem-se guerras regionais, e o que significa isto? Que se fabricam armas, vendem-se armas e com isso, os balanços destas economias da idolatria, que são mundiais, obviamente, conseguem avançar. E a par disto, o pensamento único, que nos sonega a riqueza da diversidade do pensamento, e, portanto, a riqueza de um diálogo, entre pessoas.

E uma globalização mal compreendida. A globalização bem compreendida é uma riqueza. Uma globalização mal compreendida para mim é uma esfera, em que todos os pontos são iguais, todos equidistantes do centro, portanto, é anulada toda a individualidade. Uma globalização que enriqueça é como um poliedro: todos unidos, mas cada um conserva as suas particularidades, a sua riqueza e a sua identidade. E isso não acontece, acontece a outra coisa. Por isso o pensamento único é um sistema económico mau, e digo que é de idolatria porque sacrifica o homem em favor ao ídolo dinheiro, não é?” Papa Francisco – Vaticano in “SIC Notícias – Entrevista”

Poderá aceder à entrevista na íntegra aqui.

1 comentário:

  1. parece que o Daniel Oliveira no eixo do mal considerou o Papa Francisco a personalidade internacional do ano, mas pelo Bem (José Luís Albuquerque)

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