Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Guiné-Bissau - KuSiMon editora – 20 anos de atividade

Nunca será demais louvar o pioneirismo da KuSiMon Editora, fundada em Bissau em 1994, fruto do idealismo e da garra de três intelectuais, Fafali Koudawo, Abdulai Sila e Teresa Montenegro e que agora em junho de 2014 completa, e justamente festeja, seus 20 anos de atividade e de salutar intervenção na vida cultural do país. O nome da editora foi gerado da primeira sílaba de cada um dos fundadores, mas não por acaso significa também, em crioulo guineense, “com suas próprias mãos”. Além do mérito de ter lançado os três primeiros romances da literatura guineense, da autoria de Abdulai Sila (A última tragédia, Eterna Paixão e Mistida) e a importante série de contos da oratura guineense, em língua crioula com esmerada tradução em francês (por Fafali Koudawo), acrescida de um volume com versão em português, a KuSiMon alista entre suas publicações dois livros de contos, um romance policial, três peças de teatro (também aí iniciativa pioneira) e uma série de ensaios fundamentais, destacando-se As enxadas do rei; de Teresa Montenegro e Eleições e lições, de Fafali Koudawo. Agora em 2014, a editora KuSiMon está comemorando seus vinte anos de existência lançando mais um novo livro, Ema vem todos os anos, uma coletânea de contos de onze autores diversos, “dos mais jovens e talentosos aos já consagrados”, guineenses vivendo no país ou no exterior (Brasil, Portugal, Canadá).

Nossos parabéns aos fundadores da KUSIMON EDITORA, com votos de sempre maior engenho, ação e criatividade, nossas mantenhas de admiração e amizade para a sempre muita querida e profunda conhecedora das culturas guineenses TERESA MONTENEGRO, de impressionante (e lamentável) modéstia, ao admirável escritor ABDULAI SILA, pioneiro da prosa longa guineense e presidente da Associação de Escritores da Guiné-Bissau (AEGUI), e ao incansável cientista político e diretor da Universidade Colinas de Boé, FAFALI KOUDAWO! Moema Augel - Alemanha

Moema Parente Augel - é Licenciada em Letras pela Universidade Federal da Bahia (UFBa), Mestra em Ciências Humanas pela mesma Universidade e Doutora em Literaturas Africanas pela Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Radicada na Alemanha, foi professora de Português e Cultura Brasileira nas Universidades de Bielefeld e Hamburgo, encontrando-se aposentada desde 2006.

Teresa Montenegro - Licenciada em Psicologia pela Faculdade de Ciências Humanas da Universidade de Chile. Actualmente é investigadora no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP).

Outros trabalhos:

N sta li, N sta lá - livro de adivinhas. Edição bilingue criol-português. Cooperativa Domingos Badinca dos Trabalhadores da Imprensa, Imprensa Nacional de Bolama, Bolama, 1979. (em co-autoria com Carlos de Morais). Junbai - stórias de bolama e do outro mundo.  Edição bilingue criol-português. Departamento de Edição do Livro e do Disco, Bolama, 1979. (em co-autoria com Carlos de Morais). “Uma primeira interrogação em crioulo à cultura popular oral”, in África, 6, Lisboa, 1980. (em co-autoria com Carlos de Morais). “Fiju di mandiple”, in África, 9, Lisboa, 1981. (em co-autoria com Carlos de Morais). “Três provérbios em crioulo: uma aproximação à universalidade dos ditos”, in África, 11, Lisboa, 1981. (em co-autoria com Carlos de Morais). “Para a história da ficção na Guiné-Bissau: a ideologia e os donos do mito na narrativa oral”, in Revista Internacional de Estudos Africanos, 3, Lisboa, 1985, pp. 131-146. (em co-autoria com Carlos de Morais). “Notas sobre a evolução fonética do português para o crioulo”, in Soronda, Revista de Estudos 

Brasil – Que rumo?

Ou o Brasil assume o destino que lhe cabe, ou se entrega aos interesses colonialistas do passado

Todas as grandes nações do mundo se ergueram sobre espaços amplos, população instruída, e o ânimo de grandeza. Essas são as condições para que seu povo disponha de autoestima, identidade nacional, e exerça sua influência política e econômica em sua região.

Há países que nascem suficientemente fortes, do ponto de vista territorial e populacional, em determinado continente para o exercício de sua liderança. Esse foi o caso dos Estados Unidos, com relação às Américas, da independência até meados da segunda metade do século passado, ou da Rússia, no território ocupado pela União Soviética, depois da Revolução de Outubro.

Outras nações, ainda que desprovidas de grandes territórios ou população, conseguiram estender sua influência para além de suas regiões de origem, como, por exemplo, Portugal, que foi buscar na África, na Ásia e na América do Sul, uma dimensão que não tinha em sua própria Península, ou no contexto continental daquela época.

Sem autoestima e identidade nacional, os portugueses não teriam cruzado o Atlântico. Os Estados Unidos não se teriam transformado, por extenso período, na nação mais poderosa do mundo. A URSS não teria derrotado o nazismo, ou enviado o primeiro satélite, o primeiro foguete, o primeiro homem para a órbita da Terra, dando início à conquista do espaço.

Sem autoestima e identidade nacional, a China não teria erguido, há 4 mil anos, a Grande Muralha, e construído o Exército de Terracota, nem teria chegado onde se encontra, prestes a se transformar na maior economia do planeta – por poder paritário de compra – antes de dezembro, e na nação mais importante do mundo, nos próximos anos.

Sem autoestima, e identidade nacional, o Brasil não teria, nos últimos anos, contribuído para a derrocada progressiva do G-8, participando decisivamente da criação do G-20; nem do Mercosul, para a qual se esforçaram os cinco últimos presidentes da República; nem fundado a Unasul - União das Repúblicas Sul-Americanas; nem o Conselho de Defesa Sul-Americano, criando as condições para o estabelecimento natural e pacífico de nossa influência política e econômica, no restante do continente.

Há outros países como o México, por exemplo, que, ainda que quisessem, não conseguiriam fazer o mesmo. Na região do mundo em que se situa o México, o país mais importante em economia, território, população, são os Estados Unidos, que lhe tomaram, em ato de guerra, boa parte do território. Além do vizinho do norte, que projeta sobre ele esmagadora influência, o México só faz fronteira com Belize e Guatemala, duas pequenas nações, do ponto de vista territorial e demográfico, que não pertencem ao Nafta, e são incapazes de se aliar a ele em qualquer tipo de alternativa geopolítica ou econômica.

Além do Mercosul, e da Unasul, a influência brasileira se exerce, do ponto de vista global, no Brics, a aliança que nos une à Rússia, China, Índia, e África­ do Sul, países que têm, como característica, ser – como o Brasil –, cada um à sua maneira, o mais poderoso em suas respectivas regiões.

No âmbito do Brics, se negociarmos, com inteligência, com os chineses, a criação de joint ventures industriais, meio a meio, para o atendimento ao nosso mercado interno, evitaremos que todo o lucro tome, todos os anos, o caminho do exterior, como ocorre com as multinacionais instaladas no Brasil, que são majoritariamente europeias e norte-americanas.

Com a Rússia, e com nossos outros sócios, como os chineses e indianos, podemos aprender a explorar o espaço, como já estamos fazendo, construindo, de igual para igual, satélites como os CBERS sino-brasileiros. Com a Índia, podemos aprender em matéria de software e da capacitação maciça de engenheiros na área de TI.

Com todos eles podemos desenvolver e produzir armamento para defender, se necessário, o quinto território do mundo, e as riquezas da Amazônia Azul, que se escondem em nossas águas do Atlântico. Obtendo a tecnologia de ponta, na área de defesa, que sempre nos foi negada pelos europeus e norte-americanos.

Afinal, se Índia, China e Rússia fossem nações atrasadas, estudantes e cientistas desses países não estariam à frente das maiores descobertas científicas realizadas nos últimos anos, no “ocidente”. Nem venceriam, como estão fazendo os chineses e suas universidades, as maiores competições acadêmicas internacionais.

Na economia, a única região do mundo em que ainda temos competitividade em manufatura – o que se deve também ao protecionismo norte-americano e da União Europeia – é a América Latina, e, mais especialmente, a América do Sul.

Apresentar a Aliança do Pacífico como contraponto ao Mercosul, que nos deu mais de US$ 50 bilhões em superávit nos últimos dez anos, é uma balela. O México só sobrevive por estar na fronteira sul dos Estados Unidos, o maior mercado do mundo. Fazer um acordo de livre comércio com os Estados Unidos não nos aproximaria nem um centímetro a mais de suas fronteiras, que continuariam a milhares de quilômetros e tão distantes de nossos produtos como estão agora.

Nossos salários são muito maiores que os do México. Crescemos mais que eles nos últimos dez anos – incluindo 2013 – e somos superavitários com nações, como a China, que usam o México como plataforma de exportação, enquanto a indústria do país de Zapata teve com Pequim US$ 51 bilhões de prejuízo no último ano. Não existe seguro-desemprego no México. Sessenta por cento de sua população se encontra na informalidade, e ele é, segundo a própria OCDE, organização a que pertence, o país mais desigual das Américas. Ao contrário do México, exportamos mais para o Mercosul do que para os Estados Unidos, e é natural que o façamos, já que não temos fronteira com os Estados Unidos, mas dividimos as nossas com nove diferentes países sul-americanos.

Dizer que os Estados Unidos ou a Europa serão para nós mercados maiores que nossos vizinhos é ignorar a geografia e se burlar da história. Basta ver quantos contenciosos já tivemos com os Estados Unidos, devido a barreiras impostas por eles para nossos produtos, entre eles o aço, o etanol, o suco de laranja etc.

Os acordos assinados entre a Rússia e a China, no dia 21 de maio, para cooperação científico-militar e a exportação de gás no valor de US$ 400 bilhões, mostram onde está o dinheiro, o poder e o futuro. Certamente, ele não está nem em uma Europa decadente, nem em um Estados Unidos que nada nos ofereceram de justo no passado, e que nos compram cada vez menos, sem nos dar um centavo de superávit.

Recente levantamento, realizado pela agência inglesa Ipsus-Mori, em 20 grandes países, comprova isso. Segundo a pesquisa, os norte-americanos são mais pessimistas que os mexicanos, e na França só 7% da população considera que o mundo em que viverão seus filhos será melhor que o de agora. Depois, vêm os 13% de otimistas da Bélgica e os 16% da Espanha, enquanto os habitantes dos Brics são os mais confiantes, com 81% dos chineses, por exemplo, afirmando que o amanhã será muito melhor do que o presente.

Nosso futuro está nos Brics, no qual seus quatro maiores membros se encontram – incluído o Brasil – por qualquer critério, entre as dez primeiras economias do mundo.

O nosso destino, e principal opção estratégica, é fortalecer nossa cooperação com os vizinhos, e nos aliarmos à Rússia, Índia, China e África do Sul, na única aliança que nos pode oferecer um lugar no mundo nas próximas décadas. Ou assumimos isso – uma situação e uma atitude à altura de nossa história e geografia – ou partimos para a abjeta entrega, aos interesses europeus e norte-americanos, de nosso território, recursos, ­consumidores e do mercado sul-americano. Mauro Santayana – Brasil in “Rede Brasil Atual”

domingo, 29 de junho de 2014

Brasil – Ensino da língua portuguesa a crianças chinesas

Ensino de português para crianças chinesas: questões que vão além da língua – Nosso Idioma

Os primeiros imigrantes chineses chegaram ao Brasil em 1810 para cultivar chá, mas depois deles, muitos outros foram, principalmente para vender produtos importados. A ida de chineses para o país está crescendo. Segundo o Museu do Imigrante de São Paulo, estima-se que, hoje, há 190 mil imigrantes e descendentes, a maioria mora em São Paulo. Os imigrantes chineses que se instalam na cidade de São Paulo, em sua maioria, trabalham em comércios nas regiões centrais (25 de março, Bom Retiro, Brás).

Quase todos que imigram levam a família, quando não têm seus filhos lá. Assim, os filhos nascem como brasileiros e eles podem tirar seus vistos e documentos no Brasil, regularizando sua situação. Os filhos têm nacionalidade brasileira, mas não falam português, pois com poucos meses de vida vão para China, para serem criados pelos avós. Ao ficarem mais velhos, as crianças e/ou adolescentes voltam ao país para viver com os pais e, em alguns casos, trabalhar nas lojas. Um colégio católico do centro de São Paulo, juntamente com uma entidade católica, elaborou um projeto para atender as crianças e os adolescentes chineses ou brasileiros que não falam português, ajudando-os a se adaptar à cultura brasileira.

Ao chegarem no Brasil e se matricularem, os alunos que já foram alfabetizados em mandarim, passam por, aproximadamente, um ano de aulas de português, aprendendo a se comunicar de forma básica ou intermediária, a fim de que consigam acompanhar as aulas do colégio ou começar a estudar de forma regular em algum outro colégio. A primeira dificuldade que precisam passar é o aprendizado do alfabeto romano, uma vez que o sistema de escrita chinês é logográfico. Os alunos já conhecem a maioria das letras do alfabeto, pois eles aprendem o sistema romanizado da fonética da língua chinesa (pinyin), mas não conhecem o sistema de escrita do português, então há uma grande dificuldade na aprendizagem do alfabeto, que geralmente é feito com a ajuda de uma professora que fala chinês.

Muitos alunos, na maioria das vezes adolescentes, não queriam ir para o Brasil, e por isso não querem aprender a língua, não se esforçam, se comunicam apenas em mandarim ou no seu dialeto, ou tornam-se rebeldes dentro da sala de aula. A dificuldade no ensino/aprendizagem da língua portuguesa é maior, pois há o fator afetivo e de negação à língua, por isso, muitos desses alunos não conseguem continuar seus estudos regulares no país e acabam desistindo de estudar.

Já as crianças, quando ainda não alfabetizadas, vão para o colégio, para as aulas regulares. E, aos poucos, os alunos vão avançando os estudos na língua, até serem capazes de se comunicar no ambiente escolar e conseguirem acompanhar as aulas do colégio. Percebe-se que as aulas para os alunos chineses vão muito além de apenas ensinar a língua portuguesa, mas também ensiná-los a cultura escolar brasileira. Luhema Ueti – Brasil in “Gazeta Brazilian News”

Luhema Santos Ueti é formada em Letras Português/Inglês pela Universidade Norte do Paraná, mestra em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo, leciona e pesquisa o ensino de português para estrangeiros desde 2006.

Se você é professor e deseja fazer parte da American Organization of Teachers of Portuguese, AOTP, visite o site www.aotpsite.net ou entre em contato pelo e-mail info@aotpsite.org.

A AOTP é uma entidade sem fins lucrativos e não governamental criada por professores da Flórida em 2007. Está comprometida em valorizar e promover o ensino da língua portuguesa, orientar professores estrangeiros no processo de habilitação para lecionar nos EUA, assim como proporcionar atualização e aperfeiçoamento profissional.Para ler mais sobre a American Organization of Teachers of Portuguese, acesse www.aotpsite.org.

Brasil - Comércio exterior: perspectivas

Ainda que não se possa dizer que vêm por aí tempos de vacas magras, os prognósticos dos especialistas em comércio exterior são de que o cenário global nos próximos anos deverá estar carregado de nuvens plúmbeas. Como o Brasil não soube se beneficiar dos anos de vacas gordas que foram os da primeira década deste século e não fechou acordos de livre-comércio nem ampliou tanto quanto podia a sua inserção internacional, as perspectivas não são muito favoráveis.

Por isso, não é fortuita a preocupação com certo isolamento comercial a que o País se impôs, limitado a sua participação no Mercosul, que hoje nem progride nem regride. A impressão que fica é que o governo anterior, ao trabalhar decididamente há dez anos para o fracasso das negociações que visavam à formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), deu um tiro no pé na Nação.

Afinal, com o fracasso da Alca, os Estados Unidos partiram para outras alternativas. E a expectativa é que venham a fechar acordos amplos, ainda que regionais, como a Parceria Trans-Pacífico (TPP), com países da Ásia, com exceção da China, e o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP), com a União Europeia. Se esses acordos megarregionais forem formalizados, não é difícil imaginar um quadro em que os países que não façam parte deles possam estar excluídos dos grandes mercados mundiais.

Menos mal que a China continuará a comprar as commodities brasileiras, o que poderá garantir por largos anos a manutenção do superávit na balança comercial. É de notar, porém, que as commodities minerais em direção a China começaram a cair e, dificilmente, esse ritmo será revertido, o que significa que o país asiático deverá comprar mais produtos agropecuários, como exige o seu modelo de crescimento baseado no consumo doméstico. Seja como for, para o Brasil, não é confortável que venha a se tornar um país apenas exportador de matérias-primas.

A aposta nos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) também não resultou em grandes operações comerciais para o País até agora, ainda que para julho estejam previstas a criação de um Banco de Desenvolvimento e a formalização de um Acordo Contingente de Reserva. A previsão é que essas nações, com exceção da China, não deverão apresentar taxas elevadas de crescimento, o que significa que deverão contribuir pouco para a evolução do comércio a nível global.

Diante disso, o que se espera é que haja, a partir do próximo governo, maior empenho do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) em aumentar a participação do Brasil no comércio mundial, hoje limitado a 1,2% de tudo o que se vende e compra no planeta. Essa ampliação pode começar pelas vizinhanças mesmo, com um acordo de preferências comerciais com países como Chile, Colômbia, Peru e México, que já formaram a Aliança para o Pacífico. Mauro Dias - Brasil

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Mauro Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br

sábado, 28 de junho de 2014

Cabo Verde – Entre o crioulo e o português

800 Anos da língua portuguesa: entre o crioulo e o português

Esta sexta-feira, 27 de Junho de 2014, comemoram-se os 800 anos da Língua Portuguesa (LP), data do documento mais antigo de que há registo nesse idioma. Em Cabo Verde, apesar de ser a língua oficial, não é a materna. A falta de oralidade, por um lado, e a falta de sentimento de pertença da própria língua, por outro, tem condicionado a aprendizagem e o uso do português nestas ilhas. Mesmo assim, alguns especialistas cabo-verdianos garantem que a língua portuguesa está “viva”, mas alertam que precisa ser mais bem tratada.

Com cerca de 244 milhões de falantes em todo o mundo, a língua de Camões é, hoje, o quarto idioma mais falado do planeta. É crescente no mundo inteiro o número de interessados em dominar esse meio de expressão cujas raízes se perdem no tempo. Em Cabo Verde, contudo, a “coabitação” entre o português, língua oficial, e o cabo-verdiano, língua materna, não está isento de tensões.

Escritora e professora de profissão, Ondina Ferreira tem sido uma defensora acérrima da Língua Portuguesa, salientando que a mesma tem vindo a conhecer uma expansão notável no mundo. “Basta pensar que países como a China, a Índia e o Japão têm revelado um crescente interesse pelo ensino da LP nos respectivos países. De tal forma que o Japão pediu estatuto de Observador, junto da CPLP. O interesse desses países reside no facto de a LP ter aumentado o seu valor como língua de negócios”.

Aliás, a língua de Camões, ocupa hoje o 4º lugar no TOP dos 20 países mais falantes da LP, o que deixa transparecer claramente o poder e influência que tem vindo a conquistar, incluindo no próprio seio da CPLP, onde há partida os dialectos nativos ainda exercem pressão. “A LP é hoje a língua materna de mais de 80% de angolanos com menos de 50 anos de idade. E a percentagem sobe, quando se trata de população dos centros urbanos daquele país. Em S. Tomé e Príncipe, e à escala do país, o fenómeno linguístico é idêntico, ao de Angola. Em Moçambique, ela vem atingindo níveis de expansão assinaláveis”.

Dados do Observatório da Língua, que na opinião da nossa entrevistada deixam transparecer “a importância que os responsáveis dos países citados atribuem à expansão e ao apossamento da LP como língua de desenvolvimento por parte do seu cidadão, e como parte incontornável da sua história cultural”. Por isso, diante desse quadro, Ondina Ferreira antevê “um futuro brilhante, de plena globalização e de mundialização” para a LP no mundo.

Falta de pertença pela LP

O mesmo futuro risonho quer antever para Cabo Verde, onde, apesar de ser considerada língua oficial, a LP sempre foi a segunda língua. Na prática, a maioria dos cabo-verdianos começam por falar o crioulo, língua materna, que ao longo da infância vai ganhando terreno quer na informalidade e brincadeiras de criança, quer nos jardins-de-infância ou até nas salas de aulas do Ensino Básico Integrado, onde a aprendizagem é maioritariamente em crioulo.

Neste contexto, a nossa entrevistada defende que o ensino do português, sobretudo a sua oralidade, devia começar nos jardins-de-infância. “A criança cabo-verdiana que não a tem em casa (LP), devia ouvi-la desde muito cedo, dada a enorme capacidade de aprender línguas que a criança possui. E, isso, seria uma vantagem, uma mais-valia que a criança, depois aprendente, levaria para a escola e para a sua formação pós-secundária no país”.

Mas, o que tem dificultado a má aprendizagem do português nas escolas de Cabo Verde? Para Ondina Ferreira, o problema começa logo na “falta de assunção da LP como nossa língua também” dos cabo-verdianos. A este facto, junta-se “a falta de afecto e de interiorização normal”, como acontecia até há bem pouco tempo. “Há poucos anos a esta parte, tem vindo a acentuar-se este fenómeno de estranheza com a LP, entre os nacionais”. Estranheza essa que Ferreira crê “ser fruto de uma orientação – má e intencional – das políticas linguísticas que estão a suceder no país”.

Na sua opinião, um dos resultados que já é visível “infelizmente”, desse desapego, “é o pouco à-vontade com que o falante cabo-verdiano escolarizado se expressa em LP”. Esse distanciamento poderá, no futuro, “criar um fosso social e intelectual (em termos de raciocínio lógico/dedutivo) entre os alunos cabo-verdianos que já levam para a escola (de casa ou, mesmo do jardim de infância) a nossa língua segunda e oficial, e aqueles a quem a escola primária e secundária não presta a atenção devida ao ensino do português e a maltratam sem que ninguém, com isso, se escandalize”, alerta.

Língua é identidade

Ademais, Ondina Ferreira faz questão de lembrar que a LP “é o veículo linguístico fundamental de todo o percurso escolar do aluno cabo-verdiano” e a “língua de união que nos permite comunicar com os países da CPLP”, exemplificando, com “a significativa comunidade cabo-verdiana emigrada actualmente em Angola, para não falar da comunidade que foi e continua a ser numerosa, imigrante em Portugal e que recebe diariamente novos elementos que daqui vão em busca de trabalho”.

Questionada se a língua portuguesa tem sido "bem tratada" em Cabo Verde, Ondina Ferreira diz que não e argumenta que “o que está a acontecer e o que está em défice é a falta de oralidade da LP, em Cabo Verde” e vai mais longe, afirmando que “a língua oficial e segunda, em termos de oralidade, não está a ser respeitada entre nós”.

Contudo, apesar do cenário pouco animador, não acredita que a LP tenda a desaparecer em Cabo Verde e afirma que, se isso acontecesse, seria “como se amputássemos parte da nossa identidade, da nossa cultura, do nosso saber, da nossa produção literária, jornalística e técnica, e igualmente a parte mais significativa do progresso e do desenvolvimento conseguido por Cabo Verde”.

Paridade e complementaridade

Também o linguista e professor universitário Manuel Veiga tem uma opinião muito própria sobre a LP no país e destaca que o “contributo maior” que Cabo Verde tem dado para a “boa saúde” do português é, desde logo, “a declaração do português como língua oficial de Cabo Verde”. E nisso salienta ainda “as consequências que advêm dessa escolha no sistema do ensino, na administração, na comunicação, na criatividade artística e cultural”.

Outrossim, remete ainda para “o contributo” que “vem da consagração na Constituição da República do articulado que diz: o Estado promove as condições para a oficialização da língua materna cabo-verdiana, em paridade com a língua portuguesa”.

Aliás, a falta de paridade e convívio das duas línguas, crioulo e português, em pé de igualdade, tem prejudicado a aprendizagem do português, acredita este entrevistado. “O ensino do português continua problemático pelo facto de não partilhar, convenientemente, o espaço do magistério com a língua materna cabo-verdiana, nos termos da Constituição que ordena a construção da paridade”.

Na opinião deste linguista, esta situação “é problemática” porquanto “o sistema impõe, por enquanto, o ensino formal apenas do português”, mas “os professores se confrontam na sala de aula com a presença fortíssima da língua materna que, por não estar devidamente enquadrada, procura, mesmo sem ser autorizada, e por necessidade ou comodidade, ocupar espaços que julga ter direito, mas que ainda não lhe é, legalmente, reconhecido”, explica a propósito da necessidade do ensino do crioulo.

Ensino de qualidade

Por isso, esta “luta” entre as duas línguas “desfavorece”, na opinião desse entrevistado, tanto a língua portuguesa como a língua cabo-verdiana. A solução, a seu ver, passaria por “ensinar as duas línguas com rigor e com metodologia própria, não em competição, mas em complementaridade”.

Aliás, Veiga defende que a LP ficaria “mais viva” quando “passar a viver mais harmoniosamente com a língua materna cabo-verdiana nos espaços de oficialidade, particularmente no ensino” e “passar a partilhar, harmoniosamente, mais espaços de informalidade com a língua materna cabo-verdiana”.

Por outro lado, admite que ainda que o português conseguirá conquistar outro espaço em Cabo Verde “quando a massificação do seu ensino corresponder também à massificação da qualidade desse mesmo ensino, com uma pedagogia e metodologia adequadas”.

Não obstante estes e outros constrangimentos, Veiga almeja que “o português da informalidade aumente o seu espaço e conviva, harmoniosamente, com a informalidade das línguas nativas, e que haja paridade e bilinguismo social efectivo entre o português formal e as línguas maternas nacionais” não só nas ilhas crioulas”, como em todo o espaço da CPLP. Gisela Coelho – Cabo Verde in “A Nação” 

As questões elaboradas por Gisela Coelho e as respostas de Ondina Ferreira para a construção do texto acima apresentado:

Na sua opinião qual o futuro da língua portuguesa no mundo?

A Língua portuguesa é uma das línguas vivas que vem conhecendo uma expansão notável no mundo. Entre as 20 Línguas mais faladas no mundo, ocupa o 4º lugar. É a Língua mais falada no Hemisfério Sul.

Basta pensar que países como a China, a Índia e o Japão têm revelado um crescente interesse pelo ensino da Língua portuguesa nos respectivos países. De tal forma que o Japão pediu estatuto de Observador, junto da CPLP.

O interesse desses países reside no facto de a Língua portuguesa ter aumentado o seu valor como língua de negócios. Os dados que eu aqui referencio, são dados do Observatório da Língua.

A Língua portuguesa é hoje Língua materna de mais de 80% de Angolanos com menos de 50 anos de idade. E a percentagem sobe, quando se trata de população dos centros urbanos daquele país. Em S. Tomé e Príncipe, e à escala do país, o fenómeno linguístico é idêntico, ao de Angola.

Em Moçambique, a língua portuguesa vem atingindo níveis de expansão assinaláveis. Daí que se possa perceber a importância que os responsáveis dos países citados, atribuem à expansão e ao apossamento da língua portuguesa como língua de desenvolvimento por parte do seu cidadão, e como parte incontornável da sua história cultural.

Por tudo isto, auguro-lhe um futuro brilhante, de plena globalização e de mundialização.

E em Cabo Verde, na sua opinião, a língua portuguesa tem sido "bem tratada"?

Como falante e amante da nossa bela língua, acho que não. Mas isto parece que é infelizmente, geral. O que está a acontecer e o que está em “deficit” é a falta de oralidade da língua portuguesa em Cabo Verde. Os falantes lusófonos que cá chegam estranham muito este fenómeno. Outrossim, a língua oficial e segunda, em termos de oralidade, não está a ser respeitada entre nós….

Acha que a língua portuguesa está "bem viva " em Cabo Verde ou tenderá a desaparecer?

Abrenúncio! Uma língua que é hoje falada por mais de 250 milhões de pessoas, em plena expansão, desaparecer entre nós? É o começo da minha resposta à sua pergunta!

A primeira, que as rochas e os areais destas ilhas ouviram! Uma língua vetusta, mas sempre renovada e enriquecida!...

Seria também como se amputássemos parte da nossa identidade, da nossa cultura, do nosso saber, da nossa produção literária, jornalística e técnica, e igualmente a parte mais significativa do progresso e do desenvolvimento conseguido por Cabo Verde. Se tal acontecer, na minha opinião, estar-se-ia a penhorar e sem recuperação o próprio país.

Defendo que a Língua portuguesa tem que estar bem viva e bem cuidada em Cabo Verde! A língua portuguesa é nosso património há mais de 500 anos! É a testemunha linguística principal de quase todo o acervo e do registo documental escrito, da História de Cabo Verde.

Na sua opinião o que tem dificultado a má aprendizagem do português nas escolas de Cabo Verde?

Tal como a entendo, o que tem dificultado tudo isto, é a falta de assunção (fenómeno relativamente recente) da Língua portuguesa como nossa língua também; falta de afecto e de interiorização normal como acontecia naturalmente, até a um passado bem recente, mas que na actualidade, e de há poucos anos a esta parte, tem vindo a acentuar-se este fenómeno de “estranheza” com a Língua portuguesa, entre os nacionais. Creio ser fruto de uma orientação – má e intencional – das políticas linguísticas que estão a suceder no País. Creio, que um dos resultados que já é visível infelizmente, é o pouco à-vontade com que se expressa em Língua portuguesa, o falante cabo-verdiano escolarizado. E isto, vai no futuro, criar um fosso social e intelectual (em termos de raciocínio lógico/dedutivo) entre os alunos cabo-verdianos que já levam para a escola (de casa ou, mesmo do Jardim de Infância) a nossa Língua segunda e oficial e aqueles a quem a escola primária e secundária não presta a atenção devida ao ensino do português e a maltratam sem que ninguém, com isso, se escandalize!

Para além do mais, é a Língua portuguesa, a língua de união que nos permite comunicar com os países da CPLP – veja-se a já significativa comunidade cabo-verdiana emigrada actualmente em Angola, para não falar da comunidade que foi e continua a ser numerosa, imigrante em Portugal e que recebe diariamente novos elementos que daqui vão em busca de trabalho.

Tudo isso e de há muitos anos a esta parte, já devia merecer, o maior cuidado e interesse em todo o o sistema de ensino da língua portuguesa aqui em Cabo Verde. A língua portuguesa é o veículo linguístico fundamental de todo o percurso escolar do aluno cabo-verdiano.

Bem não estou a inovar, isto é expresso, com força de legal e institucional, na Lei de Bases do Sistema de Ensino de Cabo Verde, fundada e elaborada em 1989, e aprovada em parlamento plural, no ano de 1991.

Aliás, tal como outros estudiosos e interessados pelas questões que se põem às nossas línguas, já o afirmaram, no respeitante à portuguesa, e entre nós, o seu ensino, sobretudo a sua oralidade, deviam começar nos Jardins-de-Infância. Ou seja, a criança cabo-verdiana que a não teve ou tem em casa, devia ouvi-la desde muito cedo, dada a enorme capacidade de aprender línguas que a criança possui. E isso seria uma vantagem, uma mais valia que a criança, depois aprendente, levaria para a escola e para a sua formação pós-secundária no País.

Logo, a sua expansão entre nós, sobretudo a sua oralidade, é de todo desejável pois que, só nos enriqueceria ao tornarmo-nos bilingues de facto.

Considera que o projecto de Ensino Bilingue nas escolas do EBI poderá servir para facilitar uma melhor aprendizagem do Português ou não? Porquê?

Como não estou a par do projecto, não sei se responderei a esta questão de forma correcta. Por isso, não sei se é esse o propósito do projecto, refiro-me à questão colocada: - poderá servir para facilitar uma melhor aprendizagem do Português?


Depende e muito da formação do professor, dos professores que têm ou, terão a seu cargo ministrar as duas línguas. Para começar os docentes (espero e faço votos que sem formações aceleradas, leia-se: apressadas) deviam ter perfis diferenciados, o de português há-de ser, ou deve ser, um docente que a domina e a fala sem acanhamento (a língua portuguesa). O ensino actual das línguas vivas, com é o caso da língua portuguesa entre nós, comporta e funde diferentes metodologias do ensino de línguas (materna, segunda e estrangeira). Pode ser que sim, que resulte, e pode ser que não, que não resulte… Tal como já disse depende de muitos factores inerentes à didáctica das línguas vivas e reitero, não conheço o projecto com profundidade suficiente para aferir eventuais resultados. Ondina Ferreira – Cabo Verde in “Coral Vermelho”




Brasil - Codesp: o novo modelo de gestão

A nomeação de Angelino Caputo de Oliveira, ex-assessor da Casa Civil da presidência da República, para a direção da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), em substituição ao engenheiro Renato Barco, constitui mais um passo do processo de centralização administrativa da empresa que é resultado do disposto na nova Lei dos Portos (nº 12.815/13).

Como se sabe, a nova legislação, em seu artigo 64, estabelece que as companhias docas firmarão compromisso de metas empresariais com a Secretaria de Portos (SEP). Ou seja, se em determinados prazos o desempenho das empresas estatais não alcançarem os resultados esperados, novas mudanças em sua diretoria podem ser anunciadas. O pretexto é que as empresas estatais atuem dentro da dinâmica maneira empresarial, comprometendo-se com resultados e não em dar abrigo a apaniguados e favorecimentos políticos.

Por trás disso, porém, o que se vê é uma excessiva centralização administrativa dos portos – o que constitui, de certa forma, outra maneira de preservar favorecimentos político-partidários –, com a perda de autonomia de gestão. Isso preocupa porque, a rigor, as decisões estão cada vez mais centralizadas em Brasília. Em contrapartida, a comunidade portuária fica marginalizada dessas decisões.

É o caso do Conselho de Autoridade Portuária (CAP), que passou a mero órgão consultivo, ainda que constitua importante espaço estratégico, já que reúne em sua composição diretores indicados pela Prefeitura (50%), por empresários (25%) e trabalhadores (25%). Infelizmente, dentro do atual formato, suas sugestões ou reivindicações, dificilmente, são levadas em conta.

Nada contra a mudança periódica no comando das empresas estatais, mas, no caso da Codesp, o que se teme é que haja, em função dessa excessiva centralização, comprometimento nas decisões que serão tomadas longe do foco das necessidades, o que pode retardar as medidas necessárias para o funcionamento das atividades portuárias.

Desde já, sabe-se que há pela frente dois desafios para que o Porto continue a funcionar a contento: o primeiro é o risco de assoreamento e estreitamento do canal de navegação, que exige providências imediatas para que navios de grande porte possam entrar; o segundo é o aumento da capacidade da Via Anchieta para suportar o fluxo crescente de caminhões em direção ao Porto.

A Codesp vinha correndo contra o tempo para providenciar a abertura de pátios de estacionamento, já que os dois que recebem esses caminhões não são suficientes. Sabe-se que há um pátio regulador credenciado em Sumaré, na região de Campinas, e que a Codesp estuda alternativas em Santos e no bairro do Jardim Casqueiro, em Cubatão.

O que se espera é que a troca do comando na estatal não comprometa esses objetivos. Pelo contrário. E que a proximidade do novo diretor-presidente da Codesp com a presidência da República favoreça também a agilização de um processo de facilite a criação de locais para a armazenagem de grãos na zona produtiva, que possam disciplinar o escoamento das safras.

É de reconhecer que a troca de comando na Codesp representa um avanço em relação a práticas perniciosas do passado, quando as indicações eram meramente políticas e a empresa funcionava como moeda de troca no jogo político-partidário. Mas só isso não basta. É preciso que os resultados venham logo. Só assim será possível dizer que a Codesp e as demais empresas docas passaram a ser geridas dentro de um novo modelo administrativo comprometido apenas com a eficiência. Milton Lourenço - Brasil

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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Brasil – Porto de Paranaguá

O Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) inaugurou na passada quarta-feira, 25 de Junho de 2014, seu novo cais de atracação, novos equipamentos e dolphins.

Com a obra do TCP, o cais passa de 574 metros para 879 metros e receberá simultaneamente até três navios de contêineres no Porto de Paranaguá. A capacidade operacional do terminal será de 1,5 milhão de TEUs/ano, um incremento de 25% em relação aos 800 mil teus/ano atuais.

Além da ampliação do novo cais, o terminal adquiriu portêineres e transtêineres, entre outros equipamentos, e inaugurou três dolphins para a atracação exclusiva de navios destinados a operações com veículos.

As mudanças no TCP fazem parte de um pacote de investimentos privados do governo do Estado realizados nos últimos três anos. São quase R$ 2,5 bilhões em projetos e melhorias já efetivadas ou em andamento nos portos do Paraná. In “Secretaria de Portos” - Brasil

China – Manifesta interesse pelas ferrovias brasileiras

Chineses demostram interesse em investir em ferrovias do Brasil

Representantes do governo chinês se reuniram com o diretor presidente da EPL, Paulo Sérgio Passos, na passada terça-feira, 24 de Junho de 2014. Durante o encontro, os chineses demonstraram o interesse do país asiático em investir na infraestrutura brasileira, em especial nas ferrovias.

“O Brasil é um país que precisa avançar na área de logística e a China pode contribuir além da tecnologia, com investimentos”, afirmou o vice-diretor geral do Conselho do Estado de Desenvolvimento e Reforma, Wang Jianjun.

Passos lembrou que o Brasil tem por desafio inadiável a ampliação e qualificação da sua infraestrutura tanto para atender a demanda interna quanto a externa. O diretor-presidente da EPL disse aos chineses que o país possui grandes oportunidades para investimentos e deu o exemplo das concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. “O governo faz um grande esforço no sentido de melhorar a logística brasileira”.

O atual modelo de concessões para aprimoramento logístico do Brasil foi bastante elogiado pelos chineses. “A China tem muito a aprender com o Brasil. Espero que além de expandir nossa cooperação com o país, possamos aprender cada vez mais um com o outro”, finalizou Wang Jianjun. Empresa de Planejamento e Logística - Brasil

Brasil - Portos: falta seriedade

SÃO PAULO - Quando o País não é considerado sério, o que é insistentemente alardeado no exterior desde os tempos do general Charles De Gaulle (1890-1970), os brasileiros sentimos um natural desconforto e, muitas vezes, reagimos em busca de exemplos internacionais que não deixem o Brasil tão isolado nesse quesito. Mas a verdade é que os nossos administradores públicos estão sempre se superando, oferecendo exemplos notórios de que aquela maledicência do antigo mandatário francês está longe de perder a validade. Afinal, maus exemplos não faltam, só para ficarmos na área da infraestrutura portuária.

Basta ver que, depois de o governo federal ter investido pesado para ampliar a capacidade de portos como Santos e Rio Grande, as áreas beneficiadas correm o risco de ficar assoreadas novamente por falta de homologação da Marinha. Quer dizer: sem a manutenção adequada, os portos perderam o ganho obtido com as obras de dragagem de aprofundamento.

Por isso, a Marinha hesita em homologar as profundidades que teriam sido alcançadas logo depois da dragagem. No caso do Porto de Santos, depois de uma ressaca – fenômeno comum na região –, o canal do estuário ficou assoreado e o calado foi reduzido de 13,2 metros para 12,3 metros. Já os berços de atracação variam de 11,5 metros a 14 metros.

O pior é que as obras de dragagem, segundo a Secretaria Especial de Portos (SEP), custaram aos cofres da União R$ 1,6 bilhão, dentro do Programa Nacional de Dragagem (PND), lançado em 2007. Esse programa previa que o governo federal assumisse a responsabilidade pelas obras, enquanto as companhias docas ficavam responsáveis pela manutenção. Mas hoje a própria SEP reconhece que as companhias docas não fizeram a lição de casa.

Com isso, os portos não podem receber navios Post Panamax, que começaram em 1998 com calado de 13 metros e hoje alcançam 15,5 metros (Post New Panamax), com capacidade para 15 mil TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés). Sem contar o Triple E, lançado em 2013, que também exige calado de 15,5 metros, mas tem capacidade para 18 mil TEUs.

Outro exemplo de malversação de recursos públicos dá-se também no Porto de Santos, onde 40 metros do primeiro trecho do novo Cais de Outeirinhos terão de ser destruídos para a passagem do túnel submerso que ligará aquela cidade a Guarujá. Segundo a Dersa, responsável pela ligação seca entre Santos e Guarujá, o túnel passará por baixo da atual estrutura, mas, para tanto, será preciso retirar as estacas que estão a 60 metros de profundidade. Um detalhe: esse trecho ainda não foi sequer inaugurado.

A obra faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e teve seu projeto elaborado em 2011, dois anos antes da definição do traçado do túnel, que ocorreu ao final de 2013. Tudo isso mostra que não há sintonia nem planejamento entre os técnicos federais e estaduais. E que mais dinheiro público será escoado pelos ralos. Depois não reclamem quando algum estrangeiro diz que o Brasil não é um país sério. Mauro Dias - Brasil
           
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Mauro Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br

O trabalho e a revolta

O trabalho é diferente da acção humana.

A acção humana é tudo o que vai pela mão e além da mão. É tudo o que o cérebro pode criar, imaginar e depois realizar. É o sonho feito prática. É pensar e depois criar.

O trabalho também pode ser um projecto.

Mas o trabalho é sobretudo e para quase todos para comer.

Foi o trabalho para caçar, para colher. Para inventar pedras pontiagudas. Setas. Mas algumas marcadas por desenhos que vejo na minha cabeça. Eu sou criador.

Aprender a trabalhar a terra. Sol a sol. Até à exaustão. Produzir para trocar. O meu trigo, o teu linho. Produzir para vender. Para pagar a terra, que já não é a minha. Ser escravo. Até à exaustão. O chicote.

Até que vendo o meu trabalho.

Não trabalho para os meus alimentos.

Trabalho para vender o meu trabalho. Para sobreviver. Trabalho até à exaustão. Pagam-me. O patrão sabe que se eu comer posso trabalhar. Comer alguma coisa. O mínimo. Se for mais velho já posso morrer. A minha mulher também tem de comer. O mínimo. E as crianças, as que vivem, têm que comer. O mínimo. E cedo vão começar a trabalhar.

Flora Tristan correu a França e descreveu-os. Corriam os anos 30 e 40 do século XIX. Viu-os nas fábricas da seda de Lyon. Foi a casa deles. Viu as camisas lavadas de um dia para o outro. Esfiapadas. Les canuts, trabalhadores da seda, cantou o Ives Montand. Flora viu-os nos altos fornos em Londres. E as crianças das ruas escuras. “Não será o raquitismo uma doença hereditária? “Diziam alguns sábios. Foi a classe operária inglesa que lutou pelo weekend. Quando já havia muitas máquinas. É uma regalia, dizem os sábios.

Um século de revoltas, greves, lutas, utopias. Um século a sonhar com o futuro. Consigo encurtar as horas do dia. Mas nos campos as horas são as horas do dia. De sol a sol. Pão e azeitonas. E vinho. O vinho dá-me força e alegria. Suporto. Canto. Se fazes greve és despedido no “balão”.

Mais quase outro século a sonhar com o futuro. Trabalhar só 8 horas. Tirar meio fim-de-semana. Tirar o fim-de-semana. Muitas lutas. Muitos mortos. Vale a pena? Vale a pena. Sonhar com o futuro. Amanhã “o sol brilhará para todos nós”.

O sol não brilhou muito. Brilhou um pouco. Houve liberdade e greves e lutas. Houve dignidade. Sou um homem, trabalho com as mãos. Sou uma mulher, trabalho com as mãos. Sou eu. Igual a ti. A minha casta? Trago-a escondida no fundo da minha memória.

E falo da minha memória: passávamos fome, não tínhamos sapatos. Era uma vergonha. Muito pequena fui para a costura. Fui para criada. Apanhava. Fui aprendiz de sapateiro. Fui para a fábrica.

Agora este fundo da memória vem ao de cima. Com raiva.

São 700.000, 1 milhão de desempregados. 300.000 vivem de nada. Viverão de nada. Para eles já não vai haver amanhã. Nem esperança. Nem ilusão. 2 milhões pensam todos os dias como é que hão-de pagar a casa. Como é que hão-de comer. E o leite para os filhos. Eu vendo o trabalho pelo preço que quiserem. Estou à venda. Aqui. Sou simpático. Faço qualquer coisa. Tenho jeito para tudo. Trabalho as horas que quiser. Logo me arranjo. Sou mulher, posso pôr as crianças na creche, logo de manhãzinha. Tomo o transporte, mesmo apertado. Levo lancheira. Saio tarde. Vou buscar as crianças. Dou-lhes banho. Comem. Oxalá durmam cedo. Faço a comida. Adormeço em frente da televisão. Durmo pouco. É levantar. Trabalhar. Trabalhar. Até à exaustão.


Um dia vamos trabalhar só 4 horas. Porque as máquinas já trabalham por nós. Não haverá desemprego. Teremos tempo para as crianças, para namorar, para criar, para jogar.

Um dia. Depois da luta que há-de vir. Isabel do Carmo – Portugal in “ Revista Rubra”

(Este texto foi escrito e lido por Isabel do Carmo, integrado na performance sobre o esforço realizada pelo grupo Visões Úteis, no Festival Serralves em Festa, a 24 de Maio de 2014, no Porto. Integraram ainda esta performance Conceição Martins, operária da cortiça, Alexandre Viegas, operário da construção civil, António Fonseca, actor, o Grupo de Etnografia e Folclore da Universidade do Porto, João Palinhos, Kendoca, Ester Alves, maratonista e Inês de Carvalho, artista visual.)

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Atividade portuária na América Latina e Caraíbas

A movimentação de carga nos portos cresce 1,7% em 2013 e confirma desaceleração do comércio exterior na região.

Contexto geral de crescimento económico mais lento continuou a afetar a atividade portuária, indica nova classificação da agência das Nações Unidas.

A desaceleração do comércio internacional da América Latina e do Caribe continuaram a afetar a atividade portuária, no final de 2013, ano em que se registou um crescimento de 1,7%, segundo dados divulgados hoje pela CEPAL.

Na última edição de seu ranking de atividade portuária, a Comissão Económica para a América Latina e Caribe (CEPAL), assinala que este número confirma o declínio da atividade nos portos de vários países da região. Em 2010 e 2011 o aumento foi de 14% ao ano e 5,9% em 2012.

O ranking de movimentação de contentores mostra o detalhe da atividade deste tipo de carga em 80 terminais na região, cujas operações em 2013 chegou a 46,6 milhões de TEUs (unidades de medida padrão, equivalentes a contentores de vinte pés, ou 6,25 metros). Informação obtida com dados coletados pela CEPAL diretamente das autoridades portuárias locais e nacionais.

Os primeiros 30 portos classificados, com os níveis de atividade na faixa de 500.000 a 3.000.000 TEUs, representam cerca de 82% das operações de contentores na região.

O declínio da atividade em relação aos anos anteriores concentrou-se sobretudo em portos de cinco países do Caribe: Colômbia, com queda anual de 6,9%, Jamaica (-8,2%), Venezuela (-8,2%), Panamá (-4,1%) e República Dominicana (-21,7%).

Em contraste, os terminais de cinco países da América do Sul e um da América Central mantiveram seu nível de crescimento: Argentina, com uma alta de 9,8% em comparação a 2012, Brasil (6,2%), Uruguai (9,7%), Chile (6%), Equador (3,9%) e Costa Rica (37,5%).

De acordo com a análise da CEPAL, o comportamento dos portos em 2013 era muito heterogénea e existem diferenças significativas entre os terminais dos países. Por exemplo, os portos chilenos de Angamos, Arica, Coronel e San Antonio registaram um crescimento positivo devido ao sucesso dos seus projetos e gestão comercial.

Os portos de Freeport (Bahamas) e Havana (Cuba) são os únicos terminais de contentores que mostraram aumentos na região do Caribe, enquanto no Brasil, os portos com maior expansão foram Itapoá (72,1%) e Chibatão (32, 6%).

O porto com o maior crescimento na região em 2013 foi o de Caldera, na Costa Rica, com um movimento de carga superior a 246% face a 2012. Seguiram-se Coronel, no Chile (135%) e Itapoá, no Brasil.

As quedas mais pronunciadas foram registadas nos terminais de Puerto Plata e Santo Domingo na República Dominicana (com reduções de 83,2% e 58,5%, respectivamente) e São Francisco do Sul, no Brasil (-37,2%). CEPAL – Chile

Poderá aceder ao ranking dos 80 portos aqui.


Guiné Equatorial – Arqueologia na ilha de Corisco

Universidade dos EUA publica o rico passado arqueológico da ilha de Corisco

Depois de na última temporada de escavações (maio de 2012) conduzida por guineenses e arqueólogos espanhóis na ilha de Corisco na Guiné Equatorial (Mandji na língua local), a pesquisa concentra-se agora na divulgação dos resultados entre a comunidade científica internacional. Recorde-se que estamos falando de descobertas espectaculares, únicas na África subsaariana, uma vez que os restos arqueológicos encontrados em 2010 junto ao aeroporto internacional existente na ilha, pertence a um cemitério com dois mil anos. Além disso, os arqueólogos têm documentado, no mesmo lugar toda a sequência histórica da ilha de Corisco, a partir de um período anterior ao nascimento de Cristo até aos nossos dias.

Dada a magnitude da descoberta, a American University of Florida publicará brevemente em língua inglesa, um livro que terá como título "Arqueologia do Capitalismo", assinado pelo arqueólogo espanhol Alfredo González Ruibal, director das escavações de Corisco e será dedicado ao "Património Arqueológico na Guiné Equatorial". O director acrescentou à nossa revista, "A Gazeta da Guiné Equatorial", que a mesma universidade publicará brevemente, um livro (também em Inglês), intitulado "A Arqueologia do colonialismo espanhol na América, Filipinas, Marrocos e Guiné Equatorial."

Com o lançamento destas pesquisas arqueológicas, o director das escavações, o espanhol Alfredo Gonzalez Ruibal (professor e pesquisador do "Conselho Superior de Pesquisas Científicas" (CSIC) afirmou que "pode ​​ter a sequência histórica completa de evolução guineo-equatoriana das populações no estuário do rio Muni e Corisco desde a Idade do Ferro (700 AC) até ao presente."

Três momentos de desastre ecológico

Como antecipação do que serão as futuras publicações, Alfredo González referiu que os pesquisadores foram capazes de testemunhar três momentos de antropogénica catastrófica (causada pelo homem) e ecológica em Corisco. Um dos episódios consistiu em que a ilha sofreu uma desflorestação total, ficando apenas com os recursos para manter a subsistência dos seus habitantes. A primeira ocorreu no ano de 500 DC; A segunda, por volta de 1200 DC, e a terceira, coincidindo com os primeiros momentos da colonização europeia da ilha. Uma colonização que começou em 1642, quando a Holanda se apoderou da região geográfica que integra actualmente o território da Guiné Equatorial, estabelecendo na ilha de Corisco a base das operações de escravos. Seis anos depois, em 1648, a coroa portuguesa recuperou estas colónias e criou "A Companhia de Corisco". Já em 1778, com a assinatura do "Tratado de El Pardo," entre Espanha e Portugal, o país luso cedeu à coroa espanhola as ilhas de Fernando Pó e Ano-Bom, na Baía de Biafra, com o direito de livre comércio desde o cabo Formoso, na foz do rio Níger até ao Cabo Lopez, a sul do Gabão. Só depois de 1858, quando os chefes Bengas de Corisco e das Elobeyes fizeram a transferência das ilhas para o governo de Madrid, se pode falar de colonização espanhola eficaz destes territórios.

Do luxo à decadência

Assim, desde o início do século XIX, e até relativamente tarde, pôde-se desenrolar em Corisco uma notável classe nativa, comparável à rica burguesia espanhola dessa mesma época. Correspondendo aqueles tempos, os arqueólogos encontraram ricas porcelanas e luxuosas cerâmicas feitas nas melhores fábricas da Europa. Louça idêntica ao que então possuíam os colonos ingleses mais ricos das Caraíbas e dos países do sul da América.

No entanto, tudo mudou quando os espanhóis começaram formalmente a sua colonização da ilha, totalmente consolidada no ano de 1880. A burguesia Benga começou então o seu declínio, ao ver reduzido o seu poder hierárquico e económico em detrimento dos colonos espanhóis. As louças que a partir de então chegam da Europa a Corisco, não são tão luxuosas, nem de tanta qualidade. E em 1900, com a chegada do novo século, a situação ainda piora. Os comerciantes europeus colocam uma linha de produção de cerâmica de baixa qualidade (o que reduziu significativamente os custos de produção) concebido exclusivamente para o comércio colonial. Trata-se da louça que os arqueólogos encontraram tanto em África (Guiné, Namíbia, Gana...), como na Índia, Indonésia ou Malásia.

Mente sã em corpo são

Um último dado interessante sobre os efeitos da colonização na ilha de Corisco, à luz da vertente da ciência arqueológica: durante as suas pesquisas na ilha de Mandji, os arqueólogos identificaram mais de trinta assentamentos humanos pertencentes aos tempos contemporâneos (desde o final do século XVIII até meados do século XX). Em todas encontraram-se recipientes de bebidas alcoólicas: desde as produções locais para Malamba, até ao gin estrangeiro (uma tradição holandesa) e vinho espanhol. Quanto aos hispânicos, outra curiosidade: quanto maior é o declínio da população nativa, mais alta é a graduação (são abundantes evidências de importação de xerez) dos vinhos oriundos da Península Ibérica.

 A Arqueologia, portanto, veio demonstrar a verdade do velho ditado africano, segundo a qual "a melhor ferramenta de trabalho de uma pessoa é o seu próprio corpo." Por isso, quando alguém se mutila por meio de drogas ou álcool, também prejudica a sua dignidade e perde o respeito pelas suas tradições, família e pelo seu povo. Bem o sabiam na antiga Roma o seguinte ditado: "Mens sana in corpore sano", ou o que seria o mesmo: ". Respeita o teu corpo e a tua alma, e serás uma pessoa trabalhadora, honesta e solidária" A arqueologia é também uma fonte de sabedoria, e a Guiné Equatorial, a possui em abundância. Luís Marco – Guiné Equatorial in “La Gaceta de Guinea Ecuatorial”