Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 24 de maio de 2015

Angola – Desigualdade social

“…muitos dos jovens da elite angolana partilham diariamente no Instagram e no Facebook as suas sweet lives. Vemo-los a apanhar sol nas piscinas azul turquesa, nos condomínios luandenses ou nos hotéis do Dubai, com os pulsos e os dedos coroados de jóias. A sua vida é um livro aberto, sem vergonha, sem complexos, sem kijila. Está tudo online. Fotografam as suas máquinas velozes e reluzentes, brindam com os champanhes mais caros, viajam o mundo em primeira classe e frequentam os clubes e discotecas mais exclusivos.

Nem todas essas fortunas são heranças de família. Alguns desses jovens ainda não chegaram aos 30 e têm salários de mais de 10 mil dólares por mês. Pergunto-me quanto é que os seus pais ganhavam há 30 ou 40 anos atrás.

O obsceno desta ostentação não é compreensível para muita gente. Nem vou questionar aqui a origem dessas fortunas. Haverá quem, efectivamente, pense que devemos ter orgulho porque em Angola também temos ricos (como se os ricos fossem património nacional e não cidadãos comuns) e que as críticas não passam de lamentos invejosos e hipócritas. “Haters gonna hate”.

De que serve tanta riqueza se o mundo inteiro não puder ver? O problema é que não adianta de nada ter um Ferrari se não tens estradas decentes para andar com ele. Não adianta teres uma mansão se atravessando a rua encontras uma montanha de lixo que tresanda doenças até à tua cozinha. Não adianta comprares a Avenida da Liberdade inteira, pensando que com isso compras o respeito alheio. Não adianta teres dinheiro para gastá-lo todo numa evacuação para a África do Sul, porque no teu país não há hospitais e clínicas eficientes.

Se a balança não se equilibra de uma vez, vamos continuar a ter um país sem estrutura, sem base, sem fortaleza económica, sujeito a ir ao chão se os ventos internacionais soprarem mais forte. Se a balança social não está equilibrada, as consequências chegam, cedo ou tarde, a todos os escalões da sociedade.” Aline Frazão – Angola in “Rede Angola”

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