Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 25 de junho de 2015

UE-CPLP – Presidente da Organização entrevistado pelo Diário de Notícias





A União de Exportadores da CPLP organiza esta sexta e sábado um fórum em Lisboa com seminários e salas para negócios. Mário Costa, Presidente da União de Exportadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (UE-CPLP) foi entrevistado pelo jornal “Diário de Notícias”.



Durante dois dias, empresários, gestores e entidades oficiais dos nove países da CPLP vão juntar-se no Centro de Congressos de Lisboa para comparar experiências e discutir negócios. No primeiro Fórum organizado pela União de Exportadores da CPLP cerca de 1500 empresários dos países de língua oficial portuguesa vão reunir-se num mesmo espaço, sexta e sábado, para assistir aos seminários mas também para fazer negócios. “Com este fórum queremos criar um novo paradigma, acabando com aquele modelo de assinatura de protocolos, de muita conversa e pouca prática” explicou Mário Costa. “A mostra empresarial serve para as delegações apresentarem os seus produtos e serviços. E há reuniões B2B para que os empresários possam conversar entre si e concretizar negócios. Neste momento, temos já mais de 120 encontros B2B agendados” contou. A ideia de dar um cunho empresarial ao encontro, está também nas salas temáticas onde as delegações apresentam a situação concreta de cada país. “Há várias sessões por dia, na sexta-feira, sobre cada país, para que os participantes possam circular. É nessas salas que será apresentada também a missão da UE-CPLP”. No sábado, o debate sobre os grandes objetivos da União de Exportadores incluirá os contributos do comendador Jorge Rocha de Matos, de Marcelo Rebelo de Sousa, de João Vieira Lopes (presidente da CCP), Luís Amado (ex-ministro dos Negócios Estrangeiros) ou Mari Alkatiri, entre muitos outros. “Esta missão não acaba quando terminar o fórum. Vamos continuar a percorrer os países e a potenciar esta rede.”

Qual o principal papel da União de Exportadores CPLP?

A União de Exportadores foi constituída após a cimeira de chefes de Estado e de governo do ano passado, em Dili, quando a CPLP fez um desafio à sua confederação empresarial: deixar de ser uma estrutura de Estados e passar a ter ligação ao mundo empresarial. Por não ter essa vocação, a confederação desafiou os associados a criar um organismo para promover negócios, sobretudo entre PME. Na prática, tem a missão de relação institucional entre as empresas e os Estados, faz a ligação entre empresários e políticos.

Que benefícios pode esta União trazer às empresas desses países?

O que fazemos é preparar as empresas para a internacionalização, acompanhá-las no processo tendo sempre dos dois lados um elemento da União de Exportadores que conhece muito bem o terreno no país de origem e no destino. No fundo, prestamos um serviço que até agora só existia para as grandes multinacionais, para fazer negócios com qualidade e segurança. Estamos nos nove países da CPLP e, em cada país por onde passamos nas missões empresariais temos angariado associados, concretizado parcerias e protocolos de cooperação. Temos uma rede de suporte às empresas com aconselhamento jurídico, logístico, fiscal, etc. muito favorável.

Estamos a falar de que volume de negócios?

Se olharmos para o universo da CPLP em termos de PIB, população, consumidores, é o terceiro maior bloco mundial a nível económico. Tem um PIB agregado superior a 2,5 mil milhões de dólares e mais de um milhão de empresas. Além dos mercados internos, há os das diferentes regiões económicas associadas aos países da CPLP num total de 86 países, passando de 260 milhões de consumidores para um mercado potencial de 1,8 mil milhões, o que se traduz em milhares de milhões de euros de negócios potenciais.

Essa dimensão não é aproveitada

A CPLP tem a dimensão política e institucional a ligar os países mas não aproveita verdadeiramente a económica, que é fundamental. Se conseguirmos dar o cunho empresarial a este bloco, ele pode tomar-se um caso sério de sucesso.

Num mercado potencial de 1,8 mil milhões de consumidores, que áreas de desenvolvimento prioritário beneficiariam as empresas destes países e da União Europeia?

Neste universo temos duas realidades de desenvolvimento económico: Portugal e Brasil em estádio muito avançado e depois os países africanos e Timor-Leste numa fase quase virgem do desenvolvimento económico. Há países com muitos recursos naturais mas onde falta quase tudo: formação, desenvolver a agricultura, a indústria, o comércio. Por isso, a relação entre estes países é fundamental. No caso de Portugal, representa uma porta aberta para a União Europeia. E o Brasil, com dimensão de um continente, é uma porta aberta para o Mercosul.

E o potencial da língua poderia ser mais explorado? Deveriam os representantes dos países da CPLP, por exemplo, impor o português nos seus negócios?

É um facto. Neste momento, a comunicação em diferentes línguas representa um custo de 17% no total do custo do produto. Sendo o português falado em todos os continentes, se conseguíssemos impor que o negócio fosse feito na nossa língua, isso representaria uma poupança muito significativa, com reflexo na competitividade.

De que forma é que o Fórum de sexta e sábado complementa a missão da UE-CPLP?

Temos realizado missões empresariais em todos os países e divulgámos a União de Exportadores e a sua missão. Neste fim de semana vamos conseguir reunir todos num espaço. Os participantes vão ter oportunidade de conhecer a situação empresarial concreta de cada país, o que oferece, que carências tem, como está o seu sistema financeiro, jurídico, etc. Com essa informação, e com a possibilidade de contactar de imediato com outros empresários destes países, o empresário pode decidir se faz sentido deslocalizar-se para ali, encontrar parceiros, etc. Joana Petiz – Portugal in “Diário de Notícias”

Sem comentários:

Enviar um comentário