Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 22 de agosto de 2015

Brasil - Comércio exterior: novos rumos

Adelto Gonçalves
Indicado com quatro anos de atraso, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, tem feito o que pode para que as exportações e importações voltem a funcionar como indutoras da retomada do crescimento econômico. Como se sabe, o País, até dezembro de 2014, viveu 12 anos de uma política externa inconsequente que tentou encontrar alternativas para uma possível dependência econômica em relação aos Estados Unidos.

O resultado foi um desastre na corrente de comércio entre os dois países, como mostram os números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC): em 2002, o Brasil importou dos EUA US$ 10,2 bilhões FOB e exportou US$ 15,3 bilhões FOB. Em 2014, o País importou US$ 35 bilhões FOB e exportou US$ 27 bilhões FOB. Ou seja, de superavitária em US$ 5,1 bilhões em 2002, a corrente de comércio tornou-se deficitária em US$ 8 bilhões em 2014.

Em 2015, segue na mesma toada, ainda que em menor intensidade: até julho, o Brasil importou US$ 16,5 bilhões e exportou US$ 14,1 bilhões, registrando um déficit de US$ 2,4 bilhões. Maior mercado consumidor do planeta, com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 17,7 trilhões em 2014, o normal é que os Estados Unidos sempre comprem mais do que vendam para os seus parceiros. Com essa situação deficitária na corrente de comércio, mais parece que o Brasil é o país desenvolvido e os Estados Unidos, a nação emergente.

É para corrigir essa distorção que, desde que assumiu, o ministro Armando Monteiro tem se empenhado em buscar uma reaproximação com os Estados Unidos, procurando aumentar as exportações para aquele país. Desde já, porém, as dificuldades são muitas, pois não adiantam apenas manifestações de boa-vontade. Sobrecarregadas de custos, as indústrias brasileiras, na maior parte, perderam o poder de competição. Ainda que a depreciação cambial tenha trazido algum apoio à competitividade dos produtos nacionais, até agora os benefícios da desvalorização do real tem produzido benefícios pouco visíveis. É de se ressaltar que o saldo comercial só tem ficado positivo porque as importações caíram 19,5% até agora, enquanto as exportações diminuíram 15,5%.

Além de acertar a ampliação de seu acordo comercial com o México, o Brasil, finalmente, parece perto de concluir um tratado entre Mercosul e União Europeia, que inclui o aumento do intercâmbio com a Alemanha e um grande plano de concessão e investimento em logística que prevê grande presença de empresas belgas. Como as exportações de commodities de minério e produtos agrícolas para a China estão em fase de desaceleração, só resta buscar alternativas. O que se espera é que os possíveis desdobramentos da crise política que atinge o governo não sejam suficientes para jogar por terra todo esse esforço do MDIC. Adelto Gonçalves - Brasil

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Adelto Gonçalves, jornalista especializado em comércio exterior, é doutor em Letras pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo Colonial (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2015), entre outros. E-mail: marilizadelto@uol.com.br

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