Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Internacional - Dia Internacional da Juventude

O emprego formal: uma forma essencial para garantir a participação dos jovens

O tema para o Dia Internacional da Juventude deste ano é a participação cívica dos jovens, tanto económica quanto socialmente. Jovens trabalhadores que fazem parte da economia formal têm maiores oportunidades de acesso ao trabalho formal como adultos.

Genebra - Para muitos jovens que vivem em países em desenvolvimento, a sua primeira experiência de trabalho ocorre na economia informal. Para a maioria deles, a transição para a economia formal é muitas vezes uma luta difícil ou até mesmo uma batalha impossível. A falta de experiência e preparação é um factor determinante que os mantém fora da informalidade, bem como o facto de que estes jovens são muito afectados por ciclos económicos. No entanto, alguns países estão implementando políticas para facilitar o acesso dos jovens ao emprego formal. Por ocasião do Dia Internacional da Juventude, falámos com Guillermo Dema, especialista de emprego da Organização Internacional do Trabalho (OIT) Juventude para a América Latina, sobre algumas das políticas que estão sendo implementadas na região, que tem uma das maiores taxas de informalidade no mundo.

OIT: Quais são os principais obstáculos e barreiras que os jovens enfrentam na América Latina e no Caribe, que os impedem de participar mais activamente na economia formal?

G. Dema: Os jovens representam a promessa de mudança positiva nas nossas sociedades. No entanto, não há empregos suficientes para eles. Além disso, existem milhões de jovens que não têm acesso a oportunidades de trabalho decente e estão em risco de exclusão social.

A América Latina e o Caribe é uma região jovem. A dinâmica da população conduziu a uma "janela demográfica" que oferece aos jovens (108 milhões) a possibilidade de liderar a transformação das nossas sociedades no século XXI.

Contudo, os jovens da América Latina e Caribe enfrentam condições de trabalho particularmente difíceis, levando a altos índices de desemprego e informalidade. Esta situação pode ser atribuída à sua falta de experiência e formação, bem como as vão sendo afetadas de uma maneira desproporcionada pelos ciclos económicos. Isto é especialmente relevante num momento como este, quando a região experimentou um abrandamento do crescimento económico.

OIT: Os jovens são mais afetados pelo emprego informal. A que se deve e qual a magnitude do problema na América Latina e no Caribe?

G. Dema: A formalização do emprego, especialmente o emprego dos jovens, é um desafio para os países da região. Na América Latina e no Caribe, o emprego informal (não agrícola) caiu de cerca de 50 por cento em 2009 para 47 por cento em 2012, com variações em termos de amplitude e velocidade nos diversos países analisados. Os dados desagregados por idade mostram que a informalidade afeta mais os jovens trabalhadores do que os adultos. Além disso:

  • Estima-se que 27 milhões de jovens trabalhadores têm um emprego informal. Isto representa 56 por cento de todos os jovens empregados, em comparação com 46 por cento dos adultos (mais de 25 anos). Seis em cada dez novos postos de trabalho para os jovens são criados na economia informal:

  • 31 por cento dos jovens que trabalham em empresas do sector formal o fazem em condições de informalidade, o dobro dos adultos (15 por cento).

  • 45 por cento dos jovens que têm um emprego não assalariado trabalham na economia informal, em comparação com quase 30 por cento dos adultos.

  • 87 por cento dos jovens que trabalham por conta própria, o fazem na economia informal (83 por cento dos adultos).

  • Nos 20 por cento mais pobres da população, apenas 23 por cento dos jovens trabalhadores têm um contrato escrito, e muito poucos têm acesso à segurança social (12 por cento para a saúde e pensões).


OIT: A OIT identificou as melhores práticas para promover a transição para a economia formal na região. Pode-nos dar alguns exemplos?

G. Dema: São muitas e diversas as experiências encorajadoras. Aqui estão algumas delas:

O Uruguai institucionalizou incentivos para a contratação de jovens num regime especial para o investimento e emprego juvenil, que promove o trabalho decente para a juventude. O regime concede isenções fiscais até aos 30 por cento, a fim de estimular o emprego dos jovens e subsídios salariais quando se contratam jovens entre os 15 e 24 anos que não têm nenhuma experiência laboral. Estes subsídios salariais podem chegar a ser 60 e 80 por cento para os empregadores que contratem jovens desempregados com menos de 30 em situação de vulnerabilidade.

O Brasil aprovou uma lei estabelecendo subsídios para a contratação de jovens aprendizes que inclua formação. O seu objectivo é facilitar a transição dos jovens da escola para o emprego formal. Também estabelece um número mínimo de formandos que as empresas devem contratar. A lei exige que as médias e grandes empresas, que cubram 5 a 15 por cento da sua força de trabalho com empregos que exigem formação de jovens entre 14 e 24 anos recebam educação formal ou frequentem centros de capacitação credenciados. O dia de trabalho é de seis horas e o salário por hora corresponde ao salário mínimo nacional. O período de estágio pode durar até dois anos. Entre 2005 e 2015, mais de dois milhões de jovens brasileiros beneficiaram destes modelos de formação e recrutamento.

OIT: Durante a Conferência Internacional do Trabalho (CIT), em Junho de 2015 foi adoptada uma nova Recomendação da OIT para facilitar a transição para economia formal. De que maneira este instrumento legal pode contribuir para reduzir o emprego informal entre os trabalhadores jovens e todos os outros trabalhadores na América Latina e noutras regiões?

G. Dema: A nova Recomendação adoptada na Conferência Internacional do Trabalho 2015 contribuirá de maneira significativa para promover a formalização da mão-de-obra juvenil assim como a protecção laboral num mundo de trabalho em contínua transformação. Também contribuirá para promover a transição das pequenas e médias empresas da economia informal para a formal. A Recomendação insta a que se preste atenção especial aos jovens como um subgrupo onde os défices associados à informalidade são mais graves. Organização Internacional do Trabalho

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