Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Galiza - Na Galiza, um padrom nacional, como em todo o mundo

Cada vez parece mais claro que o galego só terá soluçom por duas vias complementares: a primeira, e principal, da mao de umha afirmaçom coletiva em termos de poder político soberano; a segunda, a nível da chamada política lingüística, tirando-o das maos dos filólogos e professores de língua ou, no mínimo, alargando as decisons na matéria ao conjunto de cientistas sociais.

É sabido que a ciência social foi artificalmente parcelada em áreas autónomas para, precisamente, provocar o atual afastamento entre cada umha dessas esferas da totalidade que juntas constituem. História, economia, política, lingüística, filosofia, direito, antropologia… nenguma dessas áreas do conhecimento é compreensível à margem das restantes. Porém, o sistema de pensamento dominante pretende fazer de cada umha delas um universo isolado, reduzido a um saber apresentado como técnico, neutro e indiscutível.

Parece desnecessário afirmá-lo, mas é o caráter social que constitui as sociedades humanas, sendo precisamente a maneira específica como a nossa espécie incide na natureza através do trabalho o que nos torna umha espécie humana. Em funçom desse caráter fundante do fator social, nem a economia, nem a política, nem a lingüística fam o menor sentido se forem estudadas e aplicadas à margem do caráter social intrínseco a todas elas.

Poderíamos dar exemplos sobre como os economistas pretendem vender-nos a sua doutrina como asséptica e alheia à política, ou da falsa objetividade histórica com que os estados puxam a brasa à sua sardinha, vendendo como “científicos” projetos vulgarmente ideológicos… mas fiquemos com a que agora nos interessa: o ámbito da lingüística.

Durante décadas, temos assistido na Galiza a umha discussom acesa entre defensores da orientaçom reintegracionista do galego e valedores da sua constituiçom em língua diferenciada e afastada do português. Um debate em que os filólogos assumírom especial protagonismo para defenderem com critérios técnicos umha ou outra opçom.

Na verdade, por trás de ambas, ficárom sempre claras duas visons integrais do que a Galiza deveria ser: um apêndice de Espanha (em versom unitária, autonómica ou federal) ou um sujeito político soberano.

A primeira visom adapta-se melhor ao isolacionismo antiportuguês, e como tal tem sido promovida até hoje polo poder político vigorante na Galiza. A segunda permite romper os vínculos ortográficos e a referencialidade cultural de Espanha, abrindo-nos para as culturas que no mundo se expressam na nossa língua, contando com um incontestável aval histórico.

Se limitarmos o assunto aos termos filológicos, qualquer das vias será possível, sempre que formulada com umha mínima coerência interna, mas os resultados práticos socialmente contrastáveis serám opostos. Fatores sociais, económicos, políticos e históricos combinam-se para determinar que o isolacionismo conduza –como já tem feito– para umha institucionalizaçom autonómica da secular hispano-dependência. Esses mesmos fatores dam ao reintegracionismo um rol fundamental para marcar umha distáncia de segurança frente ao dominante mundo espanhol, favorecendo a construçom de um espaço lingüístico-cultural próprio.

Nom foi por acaso que o autonomismo institucional imperante nas últimas quatro décadas optou por alimentar e adotar o isolacionismo. Tampouco foi casual a tendência mais reintegracionista dos minoritários setores soberanistas, sendo o independentismo o principal responsável pola defesa e divulgaçom social da prática reintegracionista.

A AGAL tem sido desde os primeiros anos 80 o principal sustento científico de umha visom  sempre ligada a umha proposta integral que podemos denominar nacionalitária. Sem compromissos partidaristas concretos, a construçom nacional tem tido no trabalho da AGAL umha das frentes a nível de recuperaçom da língua própria, fornecendo legitimidade e ferramentas práticas para a atividade de um crescente, embora minoritário, movimento social reintegracionista.

Entretanto, nos últimos anos, pareceria que parte da sua dirigência experimente umha deriva sempre presente nalguns setores do que genericamente podemos chamar “galeguismo”, mas também no reintegracionismo: umha desconexom progressiva e consciente de qualquer vínculo entre língua e naçom. Tendência essa preocupante, ligada em ocasions a certo elitismo inteletual e desligada das dinámicas sociais mais ativistas.

É verdade que a situaçom do idioma, expressom da situaçom do País, é hoje de umha profunda gravidade, com umha acelerada perda de falantes e de presença inclusive em ámbitos onde no passado recente tinha conseguido estar presente. Sendo mais que preocupante, nom é essa umha situaçom irreversível, como alguns dirigentes da atual AGAL parecem concluir quando assumem, na prática, que só nos resta reduzir o nosso ativismo à demanda de introduçom do português no ensino como língua estrangeira próxima, tomando a Estremadura espanhola como modelo.

A conseqüência dessa visom, se se confirmasse, poderia reduzir as aspiraçons desse reintegracionismo a agir como lobby alternativo ao ILG, à procura da legitimidade do poder autonómico atual.

Isso seria tam legítimo como triste.

Que se pretenda argumentar em termos técnicos ou filológicos umha tal rendiçom estratégica, através da “superaçom” da norma galega proposta pola AGAL há mais de 30 anos, é inassumível para quem ainda acredita na Galiza como realidade nacional viável. É a visom ideológica de quem desiste do labor que deu sentido histórico ao reintegracionismo. Um labor que tem como aval a legitimidade que dá o trabalho dos movimentos sociais que utilizam o padrom galego.

Apoiar toda a presença possível do português na Galiza é, mais do que saudável, imprescindível. Porém, o caminho para isso nom é renunciar à construçom de um padrom nacional próprio, inserido no ámbito lusófono, em pé de igualdade com o de Portugal e o do Brasil. Foi para isso que a AGAL nasceu, como parte desse segmento da sociedade galega que nom renuncia à sua construçom como comunidade nacional plena e emancipada.

É esse o critério que dá sentido e vigência à norma da AGAL, e nom qualquer argumento técnico sobre as possíveis escolhas ortográficas.

É imprescindível considerar a nossa comunidade lingüística para além do “corpus lingüístico”, de maneira social e em funçom de projetos coletivos. Daí que começássemos por reivindicar o caráter multidisciplinar de qualquer política lingüística, ao invés da estratégia “filologista” que vem sendo aplicada na Galiza.

Até hoje, quem defende a viabilidade da Galiza como naçom fai-no incorporando o galego como parte substancial do projeto de construçom nacional. Se assim nom for, o espanhol irá consolidar-se como língua própria e o galego nom passará de um enfeite ou recurso de livre escolha, como cada vez mais é.

A atual dirigência da AGAL apresenta-nos como exemplo do seu novo modelo o contexto valenciano no contexto dos Países Cataláns. Nom parece ser precisamente esse o exemplo mais representativo de umha atuaçom bem sucedida. Nós contrapomos a necessária construçom de um padrom próprio, como tenhem feito todos os grandes espaços lingüísticos na sua articulaçom nacional. Poderíamos citar casos de sucesso como o alemám nos cantons suíços ou o francês no Quebeque, para nom indicarmos outros mais evidentes como o hispano ou o anglófono; até porque, ao invés do caso catalám, ninguém na Galiza aspira a constituir uns “Países Lusófonos” que justificassem um “padrom flexível” único.

Eis a articulaçom que defendemos para o galego. Dar tanta presença quanto possível às variantes lusitana e brasileira no nosso país é necessário, mas nom deve desviar-nos do principal objetivo: umha Galiza soberana com umha língua plenamente normalizada, sob a forma de um padrom reintegrado próprio.

Como em todo o mundo. Maurício Lopes – Galiza in “Portal Galego da Língua”

Maurício Castro Lopes - Nasceu em Ferrol, Galiza, no ano 1970. É licenciado em Filologia Galego-Portuguesa pola Universidade de Santiago de Compostela (USC), exercendo na actualidade a docência de português na Escola Oficial de Idiomas de Ferrol, após ter leccionado nas escolas oficiais de Badajoz (Estremadura), da Corunha e noutros pontos da Galiza durante a última década. Porém, a sua relaçom com o idioma galego-português remonta à sua adesom militante desde a juventude, tendo participado em diferentes projetos de auto-organizaçom em defesa dos direitos lingüísticos do povo galego. É autor ou co-autor de obras divulgativas como a História da Galiza em Banda Desenhada (1995), Manual de Iniciaçom à Língua Galega (1998), Manual Galego de Língua e Estilo (2007) ou Galiza Vencerá! (2009). Presidiu o primeiro centro social reintegracionista em defesa do galego, aberto pola Fundaçom Artábria em Ferrol no ano 1998. Ainda, forma parte da Comissom Lingüística da AGAL.

Alemanha - Escândalo Volkswagen

Eurodeputado La Via pede avaliação real das emissões dos automóveis

O fabricante de automóveis alemão Volkswagen já admitiu que milhões dos seus carros foram equipados com um programa especial para enganar os testes de emissões e parecerem menos poluentes. Falámos com Giovanni La Via, presidente da Comissão do Ambiente do Parlamento Europeu que defendeu que o escândalo deve ser investigado exaustivamente e que as regras devem ser reforçadas através de um organismo europeu que estabeleça padrões comuns para os testes.

Acabámos de saber que estes carros, equipados com um software para enganar os testes de emissões, também foram vendidos na Europa. Até onde estende este escândalo?

É muito difícil prever a verdadeira extensão do problema. É óbvio que houve erros também ao nível europeu. Hoje ouvimos que outros importantes fabricantes de automóveis podem ter diferentes sistemas e por isso precisamos de saber claramente das instituições europeias se há outras empresas envolvidas no escândalo.

Pensa que o escândalo da Volkswagen pode ter um impacto na posição do Parlamento Europeu sobre as emissões?

Somos o poder legislativo da UE e por isso temos que fixar os limites das emissões. Queremos que todos os fabricantes de automóveis respeitem as regras europeias. Se não forem capazes de o fazer, têm que substituir os seus modelos, têm que investir mais no aspeto ambiental. Temos que assistir rapidamente a uma redução significativa na poluição geradas pelos automóveis.

Como podemos assegurar que as regras são respeitadas pelas empresas?
Até ao momento só temos controlos nacionais em cada um dos 28 Estados-Membros. Precisamos de uma agência ou de um organismo europeu capaz de supervisionar estes controlos. Se a Comissão propõe a utilização de um organismo já existente, também estamos de acordo. Se quiserem sugerir algo diferente, estamos prontos para estudar a proposta, para assegurar que os consumidores sabem realmente o que estão prestes a comprar.

Olhando para o passado, pensa que o Parlamento deveria ter sido mais duro nas negociações?

Não. Exigimos sempre mudanças no sistema de controlo das emissões e uma verdadeira avaliação das emissões dos automóveis, em condições reais e não apenas nos laboratórios. Votámos muitas vezes num novo sistema. A posição do Parlamento é clara: queremos a avaliação das emissões.

Como pode a UE manter a sua reputação de respeito pelo ambiente e no combate às alterações climáticas quando as empresas podem manipular os resultados dos testes de emissões tão facilmente?

Temos que ter uma clara noção do problema rapidamente para mostrar ao mundo que estamos a trabalhar de forma séria. Precisamos de criar um sistema e de aplicar sanções. Isso é muito importante. Parlamento Europeu

Brasil - O exemplo deve vir de cima

SÃO PAULO – Apesar dos veementes apelos que faz à sociedade para suportar os custos do ajuste fiscal, não se vê por parte do governo federal nenhuma iniciativa que transmita a certeza de que pretende cortar os gastos supérfluos e excessivos que, se no mandato passado garantiram a reeleição da presidente e atenderam a interesses políticos, por outro lado, causaram um rombo profundo nas contas públicas e provocaram a atual crise de governabilidade.

Nem mesmo a anunciada redução do número de ministérios chega a convencer como medida de austeridade, pois se sabe que tudo pode não passar de mera realocação de órgãos e cargos dentro das pastas remanescentes. Tampouco se vê por parte das duas casas do Congresso qualquer iniciativa para cortar gastos como se as verbas de gabinete que consomem com assessorias, combustíveis, viagens aéreas e alugueis de apartamentos não saíssem do Orçamento da União.

Em compensação, não têm faltado medidas que comprometem o funcionamento do setor produtivo. Basta ver que a sobrevalorização do dólar, que já superou com folga a casa dos R$ 4,00, vem causando estragos nas empresas importadoras de máquinas e equipamentos, que viram cair em 25% o faturamento até agosto. Com o câmbio nesse nível estratosférico e a economia nacional em baixa atividade, não há investimentos na indústria e o desemprego só faz crescer. Como não vislumbram qualquer possibilidade de melhora por enquanto, os investidores preferem aguardar tempos menos bicudos.

Do mesmo modo, a indústria química sente os efeitos da decisão do governo federal de cortar importantes estímulos à competitividade, reduzindo alíquotas de programas como o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários (Reintegra) e o Regime Especial da Indústria Química (Reiq). Como se sabe, a alíquota do Reintegra, programa que devolvia aos empresários uma parte dos valores recolhidos como tributo nas exportações de produtos manufaturados, por meio de créditos do PIS/Cofins, que seria de 1% em 2016, passou a ser de apenas 0,1%. Já o Reiq, incentivo que prevê a redução na alíquota do PIS/Cofins para compra de matérias-primas do setor químico, foi reduzido em 50% no próximo ano e extinto em 2017. Com isso, o governo espera economizar R$ 2,8 bilhões.

Em compensação, o produto químico nacional perdeu qualquer possibilidade de competição com o estrangeiro, o que pode levar ao fechamento de várias indústrias. É de se lembrar que, no período de 1990 a 2012, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), 1.710 unidades industriais foram fechadas e 447 produtos deixaram de ser fabricados. Se isso ocorreu num período que hoje é incensado como de grande prosperidade no País, não é difícil imaginar o que vem por aí. Até porque, em 2014, o setor químico já acumulou um déficit comercial de US$ 31,2 bilhões.

Portanto, se o momento é de extrema gravidade, o que se espera é que o exemplo de austeridade venha de cima. E que o governo (em todos os níveis) também faça a sua parte. Milton Lourenço - Brasil


________________________________________

Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Timor Leste – Presidente da República recebe delegado da República Saharaui

O presidente de Timor Leste, Taur Matan Ruak, recebeu no passado dia 22 de Setembro de 2015, em Díli, o enviado do presidente da República e ministro delegado para Ásia da República Árabe Saharaui Democrática, Maulud Saíd.

Durante o encontro, o enviado saharaui relatou ao seu anfitrião os últimos acontecimentos relacionados com o conflito no Sahara Ocidental, nomeadamente a visita do enviado pessoal do SG da ONU, Christopher Ross, que insere-se nos esforços da comunidade internacional para encontrar uma solução justa e duradoura que garanta o direito do povo saharaui à autodeterminação.

O Presidente timorense expressou a sua “vontade e determinação de impulsionar as relações bilaterais existentes entre Timor Leste e a República Saharaui, afirmando que o desenvolvimento desses vínculos sempre será um objetivo prioritário da nossa política exterior”. In “Sahara Ocidental Informação”

UCCLA – Presença na Feira do Património 2015


A UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa) vai estar presente na terceira edição da Feira do Património, no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha (Rua das Parreiras), em Coimbra, Portugal, que irá decorrer de 9 a 11 de outubro de 2015.

Esta feira tem como objetivo a promoção do Património Cultural enquanto bem que cria valor económico e social e este ano terá como tema a "Internacionalização do Património". O foco na internacionalização do sector tem como objetivo contribuir para gerar novas oportunidades aos agentes culturais, sejam instituições governamentais, empresas, entidades educativas, associações sem fins lucrativos, entre outras.

A Feira do Património é promovida pela Spira – empresa pioneira na estruturação de oferta patrimonial em Portugal – e segue o modelo de eventos congéneres de países vizinhos: Espanha, França, Itália, Alemanha, entre outros, que contam já com alguns anos de existência.

A Feira decorrerá das 11 às 23 horas e os eventos noturnos terão início às 19h30. UCCLA




Mais informações no sítio da Feira do Património aqui.


UE-CPLP - Missão Empresarial a Cabo Verde


A UE-CPLP promove missão empresarial a Cabo Verde nos dias 15,16,17 e 18 de Outubro de 2015

A “Missão Empresarial a Cabo Verde” tem como objetivo possibilitar o estabelecimento de contactos com empresas cabo-verdianas, através de reuniões previamente agendadas.

Serão também proporcionados encontros com outras entidades selecionadas de acordo com o perfil de cada participante.

O programa inclui a vista à Feira Internacional do Ambiente e Energias Renováveis no entanto esta ação é aberta a todos os setores de atividade. Através da Missão apresentada, as empresas terão a possibilidade de, in loco, perceber as potencialidades que este país proporciona nos vários setores de atividade, fazendo assim uma prospeção de mercado.

Oportunidades de negócio detetadas

Abastecimento de cadeias hoteleiras com produtos nacionais e internacionais | energias renováveis | rede de águas e esgotos | base logística de reexportação | adução de água das barragens e sistemas de rega gota-a-gota | importação de produtos (gerais) | pequenas indústrias transformadoras | produção de flores | exportação de aguardente | exportação de vinho. UE-CPLP

Mais informações: joao.pinto@uecplp.org

Brasil – Empresas brasileiras participam na feira de alimentos na Alemanha

BRASÍLIA – No próximo mês, 83 empresas brasileiras estarão na cidade de Colônia, na Alemanha, para participar da Anuga, a principal feira de alimentos e bebidas do mundo. Segundo estimativa da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), os brasileiros devem fechar US$ 1,4 bilhão em negócios durante o evento e nos 12 meses seguintes. O número supera o da edição anterior, quando 73 empresas geraram US$ 1,1 bilhão em vendas.

A última edição da Anuga, realizada a cada dois anos, foi em 2013. Este ano, o evento acontecerá entre 10 e 14 de outubro. De acordo com o gerente de Exportação da Apex, Christiano Braga, durante a feira, os exportadores brasileiros apresentam seus produtos a potenciais compradores. “As pessoas que trabalham com exportação de alimentos e bebidas vão a essa feira para descobrir tendências de mercado, seja em embalagens ou produtos”, afirma.

Segundo ele, a Anuga reúne representantes de todo o mundo. “Os países com maior representação na última edição foram Itália, Espanha, China, França e Turquia, mas há compradores de todas as partes do mundo. É uma grande plataforma”, diz. De acordo com Christiano Braga, o Brasil se destaca em diversos segmentos do setor de alimentos e bebidas. “O Brasil é um país que tem uma diversidade muito grande. Há desde o pão de queijo até produtos em grande escala, como a carne”.

O gerente de Exportações da Apex não acredita que o momento econômico, com países como a China em desaceleração, prejudicará o desempenho do setor de alimentos e bebidas. “É um setor que funciona bem independentemene da crise, mesmo o dos alimentos mais finos. E você tem aí um câmbio que de certa forma favorece”, afirmou, referindo-se ao dólar alto. Quando a moeda norte-americana está valorizada, os produtos brasileiros ficam mais baratos no exterior e as exportações são favorecidas. Esta semana, o dólar fechou acima de R$ 4 pela primeira vez na história.

A empresa paranaense Vapza, especializada em alimentos embalados a vácuo e cozidos a vapor, representará o Brasil na Anuga. Segundo Luiz Fernando Mion, gerente de Comércio Exterior da marca, este é o terceiro ano de participação na feira da Alemanha. “A primeira vez que fomos foi em 2011, para conhecer. Em 2013, tivemos estande pela primeira vez e este ano será a segunda”, diz. Mion explica que a empresa exporta sua linha de grãos e carnes para mais de 10 países. No portfólio da empresa há alimentos tipicamente brasileiros, como feijoada e carne seca embaladas.

Segundo Luiz Fernando Mion, o dólar valorizado não é inteiramente benéfico para os exportadores, já que muitos precisam importar os insumos para fabricar seus produtos e acabam pagando mais caro quando a moeda norte-americana está em alta. No entanto, ele acredita que o setor deve aproveitar o momento para conquistar mercados. “É uma ajuda momentânea. Lógico que tem que aproveitar para aumentar a competitividade. Mas, pelo bem do Brasil, o dólar deve cair”, disse.

As empresas que participarão da Anuga ficarão distribuídas em pavilhões de acordo com os tipos de produtos: lácteos, bebidas, alimentos e carnes. Segundo a Apex, dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) mostram que o Brasil exportou US$ 96,7 bilhões em produtos do agronegócio em 2014. O valor representa 42,9% dos US$ 225,1 bilhões exportados no ano passado. Também segundo informações do Mdic, o país exportou US$ 24,1 bilhões em produtos alimentícios em 2014, o equivalente a 10,72% do total vendido no período. Mariana Branco – Brasil in “Agência Brasil”

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

São Tomé e Príncipe - Câmara Distrital de Água-Grande em prol de inclusão e desempenho escolar

São Tomé – O presidente da Câmara Distrital de Água-grande, Ekneyde dos Santos, anunciou, na passda quarta-feira, 23 de Setembro de 2015, a disponibilidade de sua instituição, apoiar todos os alunos carenciados dos diferentes níveis de ensino do distrito, visando promover a inclusão e o desempenho escolar, no sistema do ensino, em São Tomé e Príncipe, soube-se, no arquipélago.

O anúncio foi feito em circunstância da abertura da “Campanha de Solidariedade”, coordenada por Santos que contemplou com um lote de materiais didácticos aos 39 alunos necessitados da escola básica 12 de Julho, nas redondezas da capital do país, São Tomé.

A edilidade, por ocasião, assegurou que deslocou-se ao terreno, para melhor detectar directamente esses alunos, tendo em conta que “recebemos muitos pedidos dos pais, encarregados de educação e das escolas” mas por questão de transparência “entendemos que este trabalho deve ser feito no terreno, andando de escola em escola e de turma em turma”, explicou.

Tendo reconhecido fraco recurso dos pais e encarregado de educação, para suportar as despesas dos seus educandos com a educação, numa altura em que se regista no país a abertura do novo ano lectivo, 2015/2016, Santos instou as direcções das escolas a facultar o ingresso desses alunos, alegando que, pelo contrário, “estaríamos a excluir os mesmos de forma indirecta do ensino”, justificou.

De acordo com Santos, a primeira fase de campanha tem o propósito de munir todos esses alunos com os materiais didácticos e uma segunda fase com os uniformes escolar, “porque os aluno têm direito à educação”, exigência que se junta a do ministério de educação, cultura e ciência que nos últimos tempos vem exortando e zelando pela qualidade de ensino, no arquipélago.

Em promoção à inclusão e melhoria do desempenho escolar, de acordo ainda com essa edilidade, a Câmara Distrital de Água-Grande vai elaborar uma base de dados, com vista a registar “todos esses alunos que são mais carenciados”, para proporcionar, no próximo ano, mais melhoria na campanha que a directora da escola básica 12 de Julho, Idalina Carvalho, enalteceu, tendo alegado que os alunos que frequentam essa escola têm várias necessidades nomeadamente, a de bata, materiais didácticos, calçados e outros. In “Agência Noticiosa de São Tomé e Príncipe” – São Tomé e Príncipe

Moçambique – Disponíveis fundos para financiar PME’s

As pequenas e médias empresas (PME’s) nacionais vão beneficiar a partir do próximo ano de mais de 572 milhões de meticais para financiarem as suas actividades, promover a sua complementaridade aos megaprojectos e gerarem mais emprego, sobretudo para os jovens.

De acordo com Danilo Nalá, director-geral do Gabinete das Zonas de Desenvolvimento Acelerado (GAZEDA), parte considerável do dinheiro provem de um fundo destinado às pequenas e médias empresas que operam nas regiões cobertas pela iniciativa do vale do Zambeze e do “Corredor de Nacala”. A parte complementar, estimada em 44 milhões de meticais, será concedida pelo Gabinete de Apoio aos Pequenos Investidores (GAPI).

Os dados foram divulgados, há dias, durante a Conferência de Investidores de Nampula, que juntou na capital desta província mais de 300 personalidades em representação do Governo, homens de negócios moçambicanos e estrangeiros, académicos, políticos, entre outros.

O “Notícias” apurou que um dos objectivos que concorreu para a mobilização do fundo é a necessidade de dinamizar as actividades das pequenas e médias empresas nos domínios da agricultura em toda a sua cadeia de valor, bem como de outras geradoras de emprego e renda.

António Soto, do Gapi, explicou na ocasião que a falência das PME’s significa a criação de uma das principais premissas para a instabilidade social, económica e política, “situação que deve ser evitada a todo custo”.

“Cerca de 140 mil jovens procuram emprego anualmente no país. Este grupo de pessoas sem emprego pode a qualquer momento ser um factor de instabilidade social e política”, disse António Soto.

O anúncio da disponibilidade daquele montante para financiar as cerca de 361 PME’s que operam no país foi aplaudida pelos participantes da conferência, que decorreu sob o lema “Investimentos: Caminho para o Crescimento Socio-Económico de Nampula”.

Firmino Mucavele, docente universitário, também presente no evento, alertou ao empresariado para se organizar, sobretudo no que respeita à sua contabilidade, para poder ser elegível ao financiamento.

Segundo ele, a dinâmica da economia faz prever um aumento, nos próximos tempos, de pedidos de financiamento junto dos bancos comerciais por parte de operadores das PME’s. Carlos Tembe – Moçambique in “Jornal de Notícias”

domingo, 27 de setembro de 2015

CE-CPLP – Senegal e UEMOA aderem à Confederação Empresarial da CPLP

O Empresariado Senegalês, representado na pessoa do empresário Racine Sy, que também é Presidente da FOPAHT - UEMOA (Federação do Patronato de Hotelaria e Turismo da UEMOA) aderiu à Confederação Empresarial da CPLP na Reunião de Direção da CPLP, realizada no passado dia 22 Setembro de 2015, com as suas seguintes empresas:

- Senegal Hotels
- Senegal Travel Service
- Hotel King Fobb Palace

Grandes perspectivas de oportunidade de negócios futuros estão a ser criadas para o empresariado da CPLP neste País-Observador.

Esta adesão deu-se na sequência da recente visita de Estado do Presidente da República do Senegal a Portugal no corrente mês.



O Empresariado Turistico-Hoteleiro do UEMOA representado pela FOPAHT (Federação do Patronato de Hotelaria e Turismo da UEMOA) cujo Presidente é o empresário Senegalês Racine Sy aderiu à Confederação Empresarial da CPLP na Reunião de Direção da CPLP, realizada no passado dia 22 Setembro de 2015.

Fazem parte da FOPAHT-UEMOA os seguintes países:
- Benin
- Burkina Faso
- Costa do Marfim
- Guiné Bissau
- Mali
- Níger
- Senegal
- Togo



Estes países do UEMOA à excepção da Guiné Bissau são todos de expressão Francófona, tendo como moeda comum do Franco CFA com câmbio fixo.

Grandes perspectivas de oportunidade de negócio estão a ser criadas para o empresariado da CPLP neste País-Observador da CPLP.

Está previsto para breve a assinatura de um protocolo de Cooperação e Parceria Institucional entre a CE-CPLP e a FOPAHT-UEMOA

Esta adesão deu-se na sequência da recente visita de Estado do Presidente da República do Senegal a Portugal no corrente mês. CE-CPLP

Moçambique – Projecto “Pro-pesca”

O Fundo do Fomento Pesqueiro vai alocar, este ano, cerca de dois milhões de meticais para incrementar o desenvolvimento da aquacultura.

Este valor faz parte de uma linha de crédito de cerca de seis milhões de meticais que cobre toda a zona costeira do país para apoiar a prática da actividade pesqueira em Moçambique.
Denominado “Pro-pesca”, o projecto visa a aquisição de diversos materiais de pesca por parte dos pescadores nomeadamente: embarcações, redes e outros materiais, em foram de crédito.

Segundo o Director do Fundo do Fomento Pesqueiro, António Mandlate, neste momento está na fase conclusiva a tramitação de processo de quatro instituições de micro-finanças, onde serão alocados estes fundos.

 António Mandlate, fez saber que estas instituições, deverão conceder os créditos aos pescadores, mediante assinatura de contratos, incluindo toda a cadeia de valores, para que os fundos cheguem aos destinatários à taxas de juros acessíveis.

Mandlate, deu a conhecer ainda que o Fundo do Fomento Pesqueiro está a trabalhar igualmente com os governos distritais para que os “sete milhões”, alocados anualmente para o desenvolvimento de iniciativas locais, cubram também actividade pesqueira com destaques para as regiões costeiras. In “Rádio Moçambique” - Moçambique

sábado, 26 de setembro de 2015

Espanha – Alta Velocidade avança até Badajoz

A Adif Alta Velocidad adjudicou mais um contrato para a linha de Alta Velocidade que há-de ligar Madrid à fronteira com Portugal, e daí até Lisboa.

Um consórcio formado pela Bombardier, a Alstom e a Indra ganhou o contrato de fornecimento dos sistemas de sinalização e comunicação, e da respetiva manutenção durante 20 anos, do novo troço de Alta Velocidade Plasencia-Cáceres-Badajoz.

O contrato tem um valor total de 164 milhões de euros: 77 milhões para a Bombardier, 62 milhões para a Alstom e 25 milhões para a Indra.

A Bombardier instalará o sistema ERTMS Nível 2 nos 164 quilómetros de extensão do troço. Por sua vez, a Alstom será responsável pelo sistema de encravamento electrónico Smartlock300 e a Indra implementará o seu sistema Asfa.

Mais sete cidades espanholas com AVE

Entretanto, a linha de Alta Velocidade de 162,7 quilómetros que liga Madrid a Palência e León, via Valladolid, será inaugurada já na próxima terça-feira (dia 29), segundo o anúncio feito ontem pela ministra do Fomento de Espanha, Ana Pastor, num evento do Nueva Economia Forum.

A governante adiantou que a Alta Velocidade ferroviária servirá mais sete cidades nos próximos tempos: além de Palência e Leon, na próxima semana, também Burgos, Zamora, Múrcia, Castellón e Granada deverão ficar ligadas à Alta Velocidade ainda este ano.

De acordo com Ana Pastor, a dotação orçamental do país vizinho para o sistema ferroviário no período 2012-2016 ascende a 25 900 milhões. Desde 2012, entraram ao serviço 360 quilómetros de linhas de Alta Velocidade.

Para 2016, a ministra adiantou que continuarão as obras nos vários Corredores (Noroeste, Mediterrâneo, Norte, Nordeste e Sul), na linha Madrid-Extremadura-Fronteira com Portugal e no túnel em bitola europeia entre as estações de Atocha e Chamartín, em Madrid. In “Transportes & Negócios” - Portugal

Estados Unidos da América - Confluência e divergência no Mundo de Língua Portuguesa


A Conferência Internacional “Confluência e divergência no Mundo de Língua Portuguesa“ vai realizar-se a 11 e 12 de fevereiro de 2016, na Universidade Estadual de Kennsaw (KSU), em Atlanta, nos Estados Unidos da América. Este evento ambiciona examinar a confluência diversificada e única de influências estéticas, culturais, económicas, ambientais, literárias, políticas e sociais dentro Língua Portuguesa, idioma mundial.

De acordo com a organização do evento, está aberta a submissão de comunicações, especialmente em torno de perspetivas interculturais e interdisciplinares que contribuam para expandir a compreensão dos desafios, mudanças e alternativas enfrentadas pelos Estados-membros da CPLP, bem como no mundo mais amplo.

Com o programa do “Ano do Mundo de Língua Portuguesa – Year of the Portuguese Speaking World Program”, que decorre no ano académico 2015/2016, a KSU pretende envolver os alunos e a comunidade local na história e numa maior compreensão das sociedades e culturas de Língua Portuguesa. Este programa inclui inúmeras conferências semanais, interligadas a aulas excepcionais sobre o tema. Estão ainda previstas atuações e exibições artísticas e cinematográficas, para além de um congresso académico, um seminário de desenvolvimento de professores e um número dedicado da revista académica “Journal of Global Iniciatives”. Os programas “Year of” na KSU começaram há trinta anos, com o objectivo de internacionalização deste campus norte-americano.

Mais informações, clique aqui. In “IILP.Wordpress.com” 


sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Goa - 2º Festival da Lusofonia Goa 2016

2º Festival da Lusofonia Goa, 22 de Janeiro a 22 de Fevereiro de 2016. Uma variedade de eventos culturais promovendo a cultura dos países e das regiões lusófonas.

O Festival da Lusofonia Goa pretende ser uma oportunidade para reunir pessoas e apresentar culturas lusófonas num festival que é único em Goa. O programa incluirá, para além de diversos eventos culturais, uma aula de culinária/pastelaria denominada “Sabores do Mundo Lusófono” e a tradicional festa “Feijoada e Samba” com música, comida e bebidas de países/regiões lusófonas.

O programa completo será divulgado em finais de 2015. In “Sociedade Lusófona de Goa” - Goa

UE-CPLP – Visita ao Baixo Alentejo


A União dos Exportadores da CPLP promoveu esta quarta-feira, 23 de setembro de 2015, uma série de contactos com associações empresariais e cooperativas agrícolas no distrito de Beja.

A acção incluiu também a assinatura de diversos protocolos de cooperação, contando com a participação do presidente da União dos Exportadores da CPLP – Comunidade de Países de Língua Portuguesa, Mário Costa.

A visita de trabalho começou às 10h00 na Vidigueira, com uma reunião com o presidente da autarquia local e com vários empresários ligados ao sector exportador (vinho, azeite e doces).

Às 11h30 a comitiva visitou a Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito, onde foi assinado o primeiro protocolo de cooperação.

Seguiu-se, pelas 13h00, um almoço em Beja com empresários e depois a assinatura de mais um protocolo de cooperação, desta feita com a ACOS – Agricultores do Sul.

A iniciativa prosseguiu durante a tarde na Margem Esquerda, com a visita e assinatura de protocolo de cooperação com a Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos (16h00) e uma reunião na Caixa de Crédito Agrícola Guadiana Interior, em Moura, com empresários do sector exportador e com a direcção da instituição (17h00).

Este evento foi dinamizado pelo Núcleo do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral da UE-CPLP. UE-CPLP

A influência árabe na literatura brasileira

                                                           I

Quando os portugueses chegaram a Moçambique, ao final do século XV, algumas cidades já floresciam na chamada contracosta africana, onde os bantos negociavam com outras partes da África, do Oriente Médio e da Índia. A influência árabe nestes portos era forte e o suaili era a língua franca do comércio.  Foi da fusão das comunidades bantas e dos árabes que nasceu a cultura suaili de que faz parte o litoral do Norte de Moçambique, do Quênia e da Tanzânia. Mas, até hoje, por razões várias, que incluem motivações geopolíticas, pouco tem sido estudada essa influência na Literatura Moçambicana em Língua Portuguesa.

No Brasil, essa influência também tem sido vista com pouca (ou nenhuma) atenção, ainda que a presença árabe por aqui seja mais recente. Para corrigir (ou amenizar) essa falha, a professora Moema de Castro e Silva Olival acaba de publicar A Literatura Brasileira e a Cultura Árabe (Goiânia, Editora Kelps, 2015), que reúne ensaios sobre seis escritores brasileiros de origem libanesa, destacando a significativa contribuição dos imigrantes árabes para a formação cultural do País. É de se lembrar que hoje são mais de seis milhões os libaneses e seus descendentes radicados no Brasil, uma população igual à do Líbano. E que, nos dias de hoje, já são 8.530 os refugiados sírios, que imigraram recentemente em função da crise político-econômica que vive a Síria.

Na introdução, a professora Moema Olival explica que não foi seu objetivo fazer um estudo específico da cultura árabe nem reunir autores quanto à temática comum, mas sim observar, como no decorrer de suas obras, esses escritores acabam apontando para traços que os reúnem como intelectuais modernos, de procedência comum: a libanesa. Ou seja, a ensaísta procura mostrar como a narrativa ficcional desses autores se entretece com dados relativos ao povo e costumes árabes, uns mais ambientados, modernizados; outros menos, mas sempre a revelar a origem: “um povo que é parte do leque de etnias que constituem e enriquecem o diversificado universo sociocultural brasileiro”.

                                               II
O romance Lavoura Arcaica (1976), de Raduan Nassar (1935), é definido por Moema Olival como “uma semeadura narrativa que viceja, com austeridade e determinação, sobre um arcabouço familiar libanês, construído sob rigorosos laços de afeto e amor, em terras brasileiras”. Para ela, o romance espelha com fidelidade a cultura do patriarcalismo comum ao mundo árabe. Já ao analisar Um copo de cólera (1978), também de Raduan Nassar, a ensaísta destaca a problemática sexual que a novela traz, lembrando que o tema tem sido frequentemente abordado pela literatura árabe.

De Salim Miguel (1924), nascido no Líbano, Moema Olival estuda o romance Nur, na escuridão (1999), narrativa autobiográfica que reconstitui a trajetória da família do autor, desde o desembarque de Yussef, seu patriarca, em 1927, no cais da Praça Mauá, no Rio de Janeiro, e “a luta assumida por aquela família na sua aventura de tentar novos destinos”, passando por seu esforço por encontrar um bom comércio em Biguaçu e Florianópolis, em Santa Catarina, e no Rio de Janeiro, para oferecer uma vida melhor à família que, com o passar dos anos, reuniria sete filhos. De Salim Miguel, a ensaísta analisa ainda Eu e as corruíras (2001), livro comemorativo dos 50 anos de estréia do autor, que reúne crônicas e depoimentos.

De Milton Hatoum (1952), com certeza o autor de descendência libanesa mais proeminente hoje na literatura brasileira, com quatro romances premiados e traduzidos em dez línguas e publicados em 14 países, Moema Olival analisa os romances Dois Irmãos (2000) e Cinzas ao Norte (2010). Se o primeiro romance retrata o drama de mais uma família libanesa estabelecida no Brasil e a saga de dois irmãos gêmeos (Yakub e Omar), na cidade de Manaus, às margens do Rio Negro, o segundo busca trilhar um caminho aberto por Machado de Assis (1839-1908), em Dom Casmurro (1899), ao deixar para o leitor a tarefa de concluir se Ran ou Arana seria o pai de Mundo (Raimundo), uma das personagens principais.

                                               III
De Carlos Nejar (1939), a ensaísta debruça-se sobre Carta aos loucos (1998), terceira obra em prosa do poeta gaúcho e membro da Academia Brasileira de Letras desde 2009, e Riopampa: o moinho das tribulações (2004), romance que igualmente reconstitui os percalços de uma família que habitava um moinho. Para a professora, “Riopampa é uma parábola da vida e da morte, e do desamor, do egoísmo e da generosidade, da guerra e da paz, das classes político-sociais que separam os homens, das forças da natureza sobre os sentimentos, e da alma que as traduz”.

De Miguel Jorge (1933), nascido em Campo Grande-MS, mas estabelecido em Goiás desde cedo (em Inhumas e, depois, em Goiânia), membro da Academia Goiana de Letras, a ensaísta estuda Veias e Vinhos (1982), Nos ombros do cão (1991) e Pão cozido debaixo de brasa (1997), trilogia urbana centrada em Goiânia, O Deus da hora e da noite (2008) e Minha querida Beirute (2012), sua última obra publicada.

Por fim, de William Agel de Mello (1937), a ensaísta discute o volume I de suas Obras Completas (2008), que reúne sua ficção (os demais volumes abrangem tradução, ensaios, monografias e artigos, fortuna crítica e dicionários). Sua ficção é composta por dois romances (Epopéia dos sertões e O último dia do homem) e dois livros de contos (Geórgicas – Estórias da terra e Metamorfose). De Geórgicas, analisa especificamente o conto “Baalbek”, que, segundo ela, sintetiza com dramaticidade os perfis da raça árabe: “o espírito aventureiro, amor ao comércio e à cultura, aos amigos, a consciência de seus direitos, a complacência com os mais fracos, o espírito religioso, endossando as convicções herdadas”.

Provavelmente, porque estes dois últimos autores estão diretamente ligados ao solo goiano, Moema Olival dedica maior espaço ao estudo de suas obras, chegando a ponto de esmiuçar capítulo por capítulo Minha querida Beirute, de Miguel Jorge, obra que, em sua opinião, representa uma súmula dos preceitos morais, éticos e afetivos característicos de uma família libanesa tradicional. Ou seja: “para o homem, tudo. Para as mulheres, a restrição e a obediência”, constata.

De fato, como observa o professor Fabio Lucas no prefácio que escreveu para este livro, a professora goiana, com estes ensaios, aponta não só uma nova perspectiva para o estudo da cultura libanesa projetada no ambiente brasileiro como abre o debate sobre a contribuição dos escritores descendentes de árabes à ficção produzida no Brasil, repetindo-se aqui o que diz o próprio Miguel Jorge na contracapa deste livro.

                                               IV
Ensaísta, crítica literária, professora emérita (aposentada) da Universidade Federal de Goiás (UFG), Moema de Castro e Silva Olival é doutora em Letras Clássicas e Vernáculas pela Universidade de São Paulo (USP). Fundadora e primeira coordenadora do Centro de Estudos Portugueses da UFG e do mestrado em Letras por oito anos, é sócia-correspondente da Academia Brasileira de Filologia (Abrafil), do Rio de Janeiro, e da União Brasileira de Letras (UBE)-RJ. Membro da Academia Goiana de Letras (AGL) e da seção de Goiás da UBE, é membro-titular do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG).

Tem 14 livros de ensaios publicados, entre os quais se destacam: O processo sintagmático na obra literária (Editora Oriente,1976), O espaço da crítica – panorama atual (Editora UFG, 1998), GEN – um sopro de renovação em Goiás, v. I (Editora Kelps, 2000), Moura Lima: a voz pontual da alma tocantinense (Editora Cometa, 2003),  Diálogos plurais (R&F Editora, 2008), O espaço da crítica III (Editora da UFG, 2009), Um sopro de renovação em Goiás, v. II (Editora Kelps, 2009), Novos ensaios – vozes em interação (Editora Kelps, 2010), e Contos (Des)armados (Editora Kelps, 2014). Adelto Gonçalves - Brasil


__________________________________________________ 

A Literatura Brasileira e a Cultura Árabe, de Moema de Castro e Silva Olival. Goiânia: Editora Kelps, 236 págs., 2015. E-mail: moemacsolival@hotmail.com

__________________________________________________

Adelto Gonçalves é doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de Os vira-latas da madrugada (Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1981; Taubaté, Letra Selvagem, 2015), Gonzaga, um poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002), Bocage – o perfil perdido (Lisboa, Caminho, 2003), Tomás Antônio Gonzaga (Academia Brasileira de Letras/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2012), e Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo Colonial (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2015), entre outros. E-mail: marilizadelto@uol.com.br

Guiné Equatorial - Inauguração da Missão Permanente junto da CPLP

Foi inaugurada em Lisboa a sede da Missão Permanente da Guiné Equatorial junto da CPLP, no dia 10 de setembro de 2015. Estiveram presentes na cerimónia o Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação da Guiné Equatorial, Agapito Mba Mokuy, e o Embaixador da Guiné Equatorial junto à CPLP, Tito Mba Ada. Para além de convidados, onde se incluem o Secretário Executivo da CPLP, embaixador Murade Murargy, estiveram ainda presentes os representantes dos Estados-membros e os Observadores Associados da CPLP.

A CE-CPLP esteve representada pelo seu Presidente, Salimo Abdula, acompanhado pelo Secretário Geral da CE-CPLP, José Medina Lobato e pelo Presidente da União de Exportadores da CPLP, Dr. Mário Costa. CE-CPLP

Brasil - Contêineres: perspectivas de crescimento

SÃO PAULO – Dados coletados pela Statistics Netherlands, também conhecida como Dutch Central Bureau of Statistics (CBS), mostram que o contêiner como equipamento utilizado para o transporte de carga tem ainda muito o que crescer e uma vida longa pela frente. Basta ver que, em 2014, o transbordo de contêineres nos portos marítimos holandeses cresceu 9% e o volume de mercadorias que chegam e saem desses complexos acondicionadas nessas caixas metálicas subiu 2,3%, alcançando 570 milhões de toneladas.

No peso total de contêineres transbordados em portos holandeses – especialmente em Roterdã, o maior porto de contêineres da Europa –, houve um crescimento de 25% desde 2000, enquanto o transbordo de mercadorias a granel diminuiu 2% durante o mesmo período. Com a conclusão do projeto Maasvlakte 2, os maiores navios porta-contêineres poderão chegar a Roterdã, o que faz prever um aumento ainda mais significativo no manejo de contêineres neste porto.

É de se lembrar que hoje o transporte de contêineres responde por 20% do peso total do transporte de mercadorias nos portos holandeses. E que cerca da metade da carga marítima consiste em granéis líquidos, principalmente petróleo e seus derivados, enquanto granéis sólidos, como carvão e minério, respondem por 25%. À falta de números confiáveis sobre a movimentação de cargas no Brasil, pode-se imaginar que essa proporção seja semelhante à que se registra nos portos brasileiros.

Mas, como não dispõe em andamento de nenhum projeto semelhante a Maasvlakte 2, o Brasil não deverá acompanhar no mesmo ritmo esse crescimento na movimentação de contêineres. E tampouco deverá se preparar adequadamente para esse futuro porque o atual governo não dispõe de recursos para novos investimentos. Pelo contrário. Em luta pela própria sobrevivência política, o que mais tem feito é cortar investimentos em áreas essenciais para a economia.

Além disso, a esperança que tinha de formalizar uma parceria com a China para a retomada de investimentos em infraestrutura e na área de petróleo, como forma de estancar a recessão, escorreu pelo ralo depois da desaceleração registrada na economia chinesa, que inclusive começa a causar consequências negativas nas exportações de commodities de minério e produtos agrícolas para aquele país.

Por isso, a previsão do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), do Rio de Janeiro, em trabalho de 2011 feito por encomenda da Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público (Abratec), segundo a qual a carga transportada por contêineres nos portos brasileiros cresceria 7,4% ao ano e iria dobrar até 2021, precisa ser revista. Segundo o estudo, o volume de contêineres em 2021 atingiria 14,7 milhões de TEUs – unidade equivalente a um contêiner de 20 pés –, 90% a mais do que em 2011, quando o País movimentou 8,2 milhões de TEUs.

Para tanto, porém, seria necessário um aumento de capacidade suficiente para atender à demanda no período, o que exigiria investimentos de R$ 10 bilhões nos terminais de contêineres de uso público, instalados nos portos organizados para prestar serviços a terceiros, o que, obviamente, não acontecerá em função da crise. Por outro lado, acuados pela insegurança econômica, os empresários aguardam melhor momento para investir em terminais privados. Milton Lourenço – Brasil

_________________________________________

Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.