Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Portugal – 1º de Dezembro

Um ato de coragem insuperável contra a maior potência do Mundo de então. A única revolução sem apoio de qualquer exército contra o mais potente exército da altura.

Esta semana passará mais um ano sob um dos maiores momentos da História portuguesa: O golpe que restaurou a independência nacional depois de mais de meio século de submissão ao poder da Espanha imperial dos Habsburgos.

Embora fosse o mais antigo feriado nacional, criado na segunda metade do séc. XIX, um dos poucos feriados monárquicos que sobreviveu à 1ª República, que atravessou a Ditadura e boa parte do regime democrático, não resistiu aos golpes de títeres que confundiram finanças de contabilista com marcadores fundamentais da nossa memória histórica.

É certo que a Esquerda nunca gostou deste feriado. Desprezou-o em nome dos seus preconceitos ideológicos, do atavismo ridículo, permitindo que fosse apropriado por um nacionalismo bacoco e ultramontano. Porém, a verdade é que foi a Direita mais radical que alguma vez governou em democracia que haveria de o assassinar.

Nem a Esquerda, seja lá isto o que for, nem a Direita, seja mais bronca ou mais culta, perceberam que 1640 abriu as portas para a expansão do maior ativo que Portugal entregou à Humanidade – a sua própria Língua. Esta Pátria imensa, como lhe chamava Fernando Pessoa, é falada por duzentos e cinquenta milhões de pessoas. É a Língua mais falada no hemisfério sul, é um dos processos de comunicação mais poderosos entre pessoas, entre comunidades, entre povos.

É um tesouro universal parido em português e que só ganhou a dimensão extraordinária que hoje assume no quadro das Nações graças ao movimento libertador liderado pelos duques de Bragança, executado pelos fidalgos conspiradores e pelo povo de Lisboa. Um ato de coragem insuperável contra a maior potência do Mundo de então. A única revolução sem apoio de qualquer exército contra o mais potente exército da altura.

Se esses punhados de homens e de mulheres tivessem olhado a História com a mesma mediocridade com que é vivida pela ignorância que nos governa, hoje a nossa Língua teria a dimensão do catalão ou do basco, sem possuir a carta de alforria que a torna no maior contributo português para a História Universal. Nenhum ministro das Finanças será capaz de contabilizar o valor deste património na nossa balança de pagamentos. Tem um valor infinito.

Garante o novo governo que vai repor este feriado. É boa ideia. Mas que o faça recuperando o verdadeiro significado que assumiu para a dimensão universalista de Portugal e da sua Língua. Moita Flores – Portugal in “Correio da Manhã”

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