O aeroporto do enclave
timorense de Oecusse deverá custar, no mínimo, cerca de 170 milhões de dólares,
mais do dobro do inicialmente previsto, devido a erros, falta de informação e
imprecisões no projeto inicial, segundo responsáveis da obra.
Os cerca de 80 milhões do
desenho inicial do projeto não correspondiam ao seu custo real, segundo o
construtor, a empresa indonésia Wika, e os fiscalizadores da obra, a empresa
portuguesa ISQ.
O desenho para a construção
do aeroporto foi revisto depois da equipe da ISQ, contratada pela autoridade da
região autônoma para fiscalizar a obra, ter concluído que o projeto inicial era
irrealizável.
Nos últimos meses, a ISQ
trabalhou com a construtora indonésia Wika, a quem foi adjudicada a obra, e com
os responsáveis da Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM) para
analisar o projeto inicial, tendo entretanto construído uma pista provisória,
que já funcionou esta semana.
Responsáveis da Wika deram a
conhecer o novo desenho do aeroporto durante uma reunião da Comissão de
Coordenação e Acompanhamento da Região Administrativa Especial de Oecusse
Ambeno, numa apresentação aberta à imprensa.
O encontro contou com a
presença do primeiro-ministro de Timor-Leste, Rui Maria de Araújo, do
responsável da ZEESM, Mari Alkatiri, e de vários ministros timorenses,
incluindo o do Planeamento e Investimento Estratégico, Xanana Gusmão.
Os responsáveis da Wika
explicaram que o custo inicial orçamentado não era real, já que seriam
necessárias obras adicionais que empurrariam o valor do projeto para entre 140
e 160 milhões de dólares.
Isso sem garantir que o
aeroporto cumpria as exigências necessárias, podendo transformar-se num
‘elefante branco’, o que levou à revisão de todo o projeto.
Assim, foram propostos dois
novos orçamentos, que variam, dependendo da área que será reclamada ao mar,
entre 126 e 171 milhões de dólares.
O valor, em qualquer
projeto, pode ser afetado por custos relacionados com o solo, que tem de ser
reforçado. No pior cenário, o aeroporto poderá custar quase 200 milhões de
dólares, com o valor mínimo a rondar os 171 milhões.
Desenhado durante o anterior
Governo e entregue à ZEESM, o projeto estava inacabado, sem informação
suficiente essencial para a execução da obra – incluindo os estudos de densidade
do solo – e com apenas parte dos requisitos em termos de infraestruturas e
outros componentes.
A avançar tal como estava
desenhado, explicaram à Lusa elementos da equipe da ISQ, o projeto poderia
nunca ser acabado, veria o seu custo real necessariamente inflacionado por
custos adicionais e continuaria a ter limitações.
O projeto anterior
implicava, por exemplo, que o aeroporto só poderia ser utilizado durante o dia
e nunca com mau tempo, e veria, quase obrigatoriamente, a necessidade de
alocações orçamentais adicionais.
Uma situação idêntica à que
se vive na construção do aeroporto de Suai, que já teve cinco orçamentos
adicionais e ainda não está concluído.
Por isso, e como detalharam
responsáveis da Wika, foi necessário rever o desenho para incluir os elementos
que faltavam, calcular a elevação, concluir a topografia, analisar os solos e
otimizar a engenharia.
É necessário um aterro médio
de 1,9 metros de altura – ou cerca de 513 mil metros cúbicos – e reclamar ao
mar uma área de mais de 21 mil metros quadrados.
A equipe da Wika, com o
apoio dos consultores da ISQ, antecipa que a obra só estará concluída em 2018,
o que permite dividir o custo ao longo dos próximos três anos, sendo que a
pista e o terminal estarão em condições de funcionar a partir de 2017.
O novo aeroporto, de
categoria C, permitirá movimentos de aviões com entre 150 e 180 passageiros, da
dimensão dos Airbus A320-200 e Boeing 737-800, com uma pista de 2,5 quilômetros
de comprimento. O aeroporto terá capacidade para um movimento de 250 mil
passageiros por ano (700 em hora de ponta).
Oecusse terá assim
possibilidade de ter voos diretos para destinos num raio de 4.000 quilômetros
(ou voos de cerca de cinco horas de duração), permitindo ligações com Jakarta,
Surabaya, Singapura, Banguecoque e várias cidades australianas, por exemplo.
Oecusse é um dos 13
distritos administrativos de Timor-Leste, localizado na costa norte da metade
ocidental da ilha de Timor, constituindo um enclave de Timor-Leste, já que está
separado do resto do país pela província indonésia de Timor Oeste. In “Mundo
Lusíada” - Brasil
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