Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Bolívia – Obtêm acordo com o Uruguai para uma saída para o Oceano Atlântico

Mujica outorga à Bolívia saída para o Oceano Atlântico - Pepe Mujica e Evo Morales assinaram um acordo em que o governo uruguaio concede facilidades para a Bolívia usar o terminal de cargas do porto que será construído em Rocha

São Paulo – O presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, e o presidente da Bolívia, Evo Morales, assinaram no passado dia 26 de Fevereiro de 2015, um memorando em que o Uruguai outorga a Bolívia uma saída para o Oceano Atlântico no porto de águas profundas que será construído no departamento uruguaio de Rocha. As condições para utilização serão definidas nos próximos meses, com uma equipe de técnicos.

O documento expressa a disposição do governo uruguaio de conceder à Bolívia facilidades e concessões para utilização do espaço terrestre do porto e do terminal de águas profundas que será construído na costa atlântica do Uruguai. O projeto é avaliado em US$ 500 milhões e contará com recursos brasileiros, por meio do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul.

Mujica, que concluirá seu mandato hoje, afirmou que é “inevitável” que o povo boliviano tenha uma saída para o mar e que o intercâmbio comercial marítimo é um “direito natural” para o desenvolvimento das nações. “Todos os países de América do Sul necessitam desta integração para o comércio de complementariedade para o bem do nosso povo”, disse. O presidente uruguaio agradeceu o trabalho de Morales em colaborar para a permanente integração da América Latina.

O acordo foi firmado em uma reunião na Casa de Governo do Uruguai, em Montevidéu, capital do país. Morales afirmou que o porto de Rocha se converterá no “primeiro ponto de saída” da Bolívia para o Oceano Atlântico e que as duas nações “trabalharão conjuntamente” na região. “Agradecemos em nome do povo boliviano a grande iniciativa de nosso presidente José Mujica, pelo convite para visitar o Uruguai e aprofundar nossos laços de solidariedade e complementariedade”, afirmou Morales, durante entrevista coletiva.

Os chanceleres uruguaios e bolivianos Víctor Oporto e David Choquehuanca também assinaram acordos complementares para garantir a instalação de unidades de tratamento de água na Bolívia e para implementar ações de combate à discriminação racial e de promoção de igualdade de oportunidades nos países. In “Rede Brasil Atual” - Brasil

Galiza - Olá, novo consenso!

Fevereiro de 2015 pode ser um mês que marque um ponto de inflexom na história da nossa língua no atual território da Galiza. Começou com umha importante mobilizaçom social em favor do galego e finalmente termina com bom sabor de boca, fruto da assinatura dum acordo de colaboraçom entre o Presidente do governo galego e o Chefe de Estado português. Parece evidente que a língua importa, ainda na Galiza do século XXI.

Importa, e muito, porque umha percentagem relevante do povo galego assim o tem manifestado, nunca melhor dito, polas ruas e praças da capital galega numerosas vezes. Assim como no seu agir do dia a dia. Falamos de umha proporçom elevada da cidadania galega que nom sempre se sentiu amparada pola administraçom que maior cumplicidade e sensibilidade deveria mostrar neste tema, a própria Junta da Galiza. O atual governo galego chegou ao poder depois de ter-se apoiado, entre outros argumentos, num ilusório conflito construído fundamentalmente por quem realmente mostra um ódio terrível frente à língua do país. Quebrou-se, assim, um fraco consenso que tinha as suas peças fundamentais no decreto Filgueira de 1982 e no Plan de Normalización de 2004. Um velho consenso que fora construído de costas viradas a estratégia histórica do galeguismo e que nestes últimos 30 anos insistiu no afastamento da nossa fala a respeito daquelas variantes alheias às atuais fronteiras de Espanha. Um ideário que reconhecia como galego as falas de três concelhos da província de Cáceres, mas nom o galeguíssimo falar de Castro Laboreiro. Qualquer observador externo dá-se conta que esta forma de conceber a língua foi bem pouco eficaz e nada produtiva.

Trinta e três anos de velho consenso que nos transportárom até o ponto atual. Mais de três décadas de umha estratégia que ocultou o potencial do galego e que, aliás, deixava fora esse importante setor da cidadania que já nom fala galego habitualmente. Um caminho que se centrou numha rígida filiaçom identitária que até podia deixar excluída essa parte do povo galego que já nom é utente da língua própria do país. Um velho consenso fracamente partilhado por aqueles que tenhem utilizado o idioma como umha arma política ainda que com diferentes objetivos.

Chegados ao ponto atual é preciso construirmos entre todas e todos o novo consenso. Umha nova estratégia que da AGAL transmitimos com a metáfora do New Deal: quando as cousas venhem viradas é necessário mudar o rumo. Viremos 180 graus para começar por reconhecer que no novo consenso o português tem de ocupar umha posiçom central. Para algumhas galegas será mais umha língua estrangeira -de fácil aprendizagem- e para outras será mais umha variedade do galego. Ambos os sentimentos som compatíveis no novo consenso, e todas as partes tenhem muito a ganhar.

Jogar a ganhar, a que todas as partes ganhem foi o espírito fundamental que guiou a Lei Paz Andrade, que agora em março completará o seu primeiro ano de vida. A dinámica desta lei é umha boa mostra de como pode ser este novo consenso. A iniciativa da lei chegou ao Parlamento com um alargado apoio social -mais de 17.000 sinaturas- e foi aprovada por unanimidade dos quatro grupos lá representados. A partir de diferentes conceções e com distintos posicionamentos chegamos a um ponto em comum, o português de Portugal, do Brasil, de Angola tem de ocupar um espaço importante na Galiza, dado que isto é bom para a sociedade no seu conjunto, vivamos como vivamos o galego.

O novo consenso tem de chegar para transformar o galego numa língua completa e global. Vai ser o motor para revitalizar os seus usos, alargá-los e mostrarmos orgulhosamente como somos o único coletivo no Planeta Terra que pode comunicar de forma natural com as sociedades que falam em espanhol e em português, as duas línguas latinas mais estendidas. O novo consenso é umha estratégia envolvente e abrangente, um roteiro que dá sentido ao galego para qualquer pessoa da Galiza. É um caminho que combina identidade e utilidade para a língua, independentemente do relacionamento que desejemos ter com ela.

Porque o galego-português é a nossa língua própria, mas nom exclusiva do nosso território. E por isso que saudamos e damos as boas-vindas ao novo consenso.

Olá, Novo Consenso! Miguel Penas – Galiza in “Portal Galego da Língua”

Brasil - Instalações portuárias movimentam 969 milhões de toneladas em 2014

A movimentação do setor portuário brasileiro cresceu 4% em 2014 frente a 2013, quando foram movimentados 929 milhões de toneladas. O Brasil movimentou no ano passado, por via marítima, um total de 969 milhões de toneladas de cargas, das quais 349 milhões de toneladas em portos organizados e 620 milhões em terminais de uso privado (TUP).

Os números são do Anuário Estatístico Aquaviário, produzido pela ANTAQ e foram divulgados na passada quarta-feira 25 de Fevereiro de 2015, em entrevista coletiva à Imprensa, pelos diretores da Agência, Mário Povia (diretor-geral), Fernando Fonseca e Adalberto Tokarski. O Anuário está disponível na ligação:
www.antaq.gov.br/anuario.

O diretor-geral da ANTAQ destacou o crescimento de 4% no volume total das cargas movimentadas, mesmo diante do fraco desempenho da corrente de comércio em 2014. Segundo Povia, esse incremento é explicado pelo crescimento da movimentação das principais commodities, como o minério de ferro, que teve expansão de 5% em relação a 2013, fertilizantes e adubos (11%), carvão mineral (26%), alumina (12%) e soja (4%).

De acordo com o Anuário Estatístico da Agência, as principais mercadorias movimentadas no ano passado foram minério de ferro, combustíveis/óleos minerais, contêineres, soja, bauxita, milho, fertilizantes e adubos, que representaram, respectivamente, 36%, 21%, 11%, 5%, 4%, 3% e 3% do total da carga movimentada em 2014.

Considerando-se o tipo de carga, o granel sólido, com destaque para o minério de ferro, foi a carga mais movimentada no conjunto das instalações portuárias do país, em 2014, representando 61% do total, seguido do granel líquido, com 24% de participação, e da carga geral, com 15%.

Quando se separam os contêineres da carga geral, eles representaram 11% do total movimentado no ano passado. “É um volume significativo”, observou o diretor-geral da Agência, explicando que a movimentação de contêineres é a que possui maior volume agregado em termos monetários.

Santos

O Porto de Santos foi o que mais movimentou carga em 2014, com 27% de participação do total movimentado no conjunto dos portos organizados. Em segundo lugar, aparece o Porto de Itaguaí (RJ), com 18% do total, seguido de Paranaguá-PR (12%), Rio Grande-RS (6%) e Itaqui-MA (5%). Santos foi também o porto que mais movimentou contêineres (33 milhões de toneladas).

Os dez portos organizados que mais movimentaram carga em 2014 participaram com mais de 85% do total das cargas que passaram por esse tipo de instalação portuária.

Já com relação aos terminais de uso privado (TUP), a liderança ficou com o Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, no Maranhão, que movimentou 112,5 milhões de toneladas de carga em 2014. Em segundo lugar, aparece o Terminal de Tubarão, com 109,8 milhões de toneladas e, em terceiro lugar, o Terminal Almirante Barroso, com 53 milhões de toneladas.

Navegações

Em 2014, a navegação de cabotagem (navegação que se dá entre os portos brasileiros) representou 22% sobre o total de cargas movimentadas em todas as demais navegações. Isso equivale a 213 milhões de toneladas, representando um aumento de 4% em relação a 2013.

As principais mercadorias movimentadas na cabotagem foram combustíveis, com 66% do total de carga movimentada em 2014, bauxita (13%) e contêineres (10%). Só a bauxita correspondeu a 28 milhões de toneladas.

Já o transporte em vias interiores atingiu 83,1 milhões de toneladas em 2014, contra 82,2 milhões de toneladas em 2013, representando um crescimento de 1,21%. Com relação ao volume de cargas transportadas, por grupo de mercadoria, houve um crescimento significativo para as três mercadorias mais transportadas nesse tipo de navegação: minério de ferro (19,6%), combustíveis e óleos minerais (15,7%) e soja (7,3%). ANTAQ - Brasil

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Cabo Verde – Missão da CEDEAO de assistência técnica ao Instituto Nacional de Estatística

Termina hoje, 27 de Fevereiro de 2015, uma missão de assistência técnica da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para a conclusão da montagem dos indicadores de curto prazo.


O objectivo desta missão é trabalhar com a equipa nacional nos indicadores de Índice do Comercio externo, Índice de Produção da Construção Civil, Índice de Produção Industrial e Índice da Actividade do Sector Serviços, com vista a finalizar a montagem dos mesmos e ter uma publicação regular.

O INE está a trabalhar num conjunto de indicadores de curto prazo no domínio das estatísticas económicas e que serão fundamentais para a melhoria da qualidade das contas nacionais anuais e trimestrais e também para a análise da conjuntura económica do país.

Espera-se no final da missão ter o Índice do Comércio Externo totalmente montado, uma proposta de boletim finalizada e ter orientações claras quanto às aplicações informáticas mais apropriadas para cada um dos produtos. INE – Cabo Verde

Portugal - O fura-bardos é a Ave do Ano 2015: o mistério da ilha da Madeira


O fura-bardos (Accipiter nisus granti) é a Ave do Ano em 2015, campanha lançada todos os anos pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA). Esta subespécie, que apenas pode ser encontrada na ilha da Madeira e no arquipélago das Canárias é um exímio caçador. Ilustre desconhecido para muitos, pouco se sabe acerca dele e por esta razão e na sequência dos incêndios que aconteceram nos últimos anos, decorre, desde 2013, um outro grande projeto - o LIFE Fura-bardos.

A presença desta ave de rapina é usual apenas em algumas zonas da ilha da Madeira e Canárias, em ambientes florestais, podendo também ser vista em campos agrícolas e áreas abertas, que utiliza para caçar as suas presas.

Esta subespécie do gavião, caraterizada pelas suas diferenças morfológicas em relação à sua congénere continental, o gavião Accipiter nisus, apresenta uma plumagem mais escura no dorso e mais listrada no ventre. A fêmea, com um tom mais acastanhado, é maior que o macho, caracterizado por uma plumagem acinzentada complementada por uma coloração laranja no peito.

Aves pequenas, como canários e melros, bem como aves de porte médio, entre elas o pombo-trocaz ou pombo-da-madeira, fazem parte da alimentação do fura-bardos.

Segundo Isabel Fagundos, Diretora da SPEA Madeira, “A campanha da Ave do Ano vai dar a conhecer esta ave tão singular e demonstrar como é importante investir na conservação de espécies que apenas existem em locais muito limitados do planeta. Vamos, por isso, organizar atividades e promover ações de comunicação para que os madeirenses e também as pessoas do continente passem a conhecer o fura-bardos.”

Desconhece-se o número de exemplares da espécie que existem na ilha da Madeira, uma vez que nunca foi realizado um censo específico, mas sabe-se que este tem sido ameaçado nos últimos anos pelos fogos florestais, através da destruição do seu habitat de reprodução. Estes fatores levaram a SPEA a submeter um projeto ao programa comunitário LIFE+, que decorre desde 2013 em parceria com o Parque Natural da Madeira, a Direção Regional das Florestas e Conservação da Natureza e a Sociedad Española de Ornitología. SPEA – Portugal

Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves – A SPEA é uma Organização Não Governamental de Ambiente que trabalha para a conservação das aves e dos seus habitats em Portugal. A SPEA faz parte da BirdLife International, uma aliança de organizações de conservação da natureza em mais de 100 países, considerada uma das autoridades mundiais no estudo das aves, dos seus habitats e nos problemas que os afectam | www.spea.pt

LIFE Fura-bardos - O projeto “Conservação do Fura-bardos e habitat de Laurissilva, na ilha da Madeira” é coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, em parceria com a Direção Regional de Florestas e Conservação da Natureza, Sociedad Española de Ornitología e Serviço do Parque Natural da Madeira. É financiado pelo instrumento financeiro LIFE+ da Comissão Europeia. O principal objetivo deste projeto é a conservação de uma subespécie prioritária através da recuperação e proteção do seu habitat natural – a floresta Laurissilva da Madeira. | http://lifefurabardos.spea.pt/pt/

Informação complementar:

• Nome científico: Accipiter nisus granti
• Características: ave de rapina diurna, própria de ambientes florestais
• Ocorrência: restrita à ilha da Madeira e a cinco ilhas do arquipélago das Canárias – Gran
Canaria,Tenerife, La Palma, La Gomera e El Hierro
• Onde pode ser observada: próximo de campos agrícolas, em áreas abertas ou áreas urbanas, que utiliza como áreas de caça
• Habitat: ambientes florestais, preferencialmente em áreas de sub-bosque arbustivo (urzes, azevinhos ou faias) e em zonas de Laurissilva

Curiosidades

• O fura-bardos Accipiter nisus granti, pertence à família dos Accipitridae, como o seu congénere continental, o gavião Accipiter nisus;
• A espécie tem cerca de 28 a 37cm de comprimento e 60 a 80cm de envergadura, asas curtas, largas e arredondadas, cauda comprida e patas amarelas;
• O macho é mais pequeno (137g) e tem o abdómen alaranjado, sendo que a fêmea é maior (234g) e o seu abdómen tem uma tez acastanhada;
• O período de reprodução ocorre entre os meses de fevereiro e julho, e os seus ninhos são construídos em árvores;
• Todos os anos constroem um ninho novo próximo do ano anterior, o que mostra uma grande fidelidade em relação ao território.

Brasil - EUA a retomada

SÃO PAULO – Os números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostram que, desde 2009, o Brasil importa mais do que exporta para os EUA, o que é um contrassenso, pois, diante do maior mercado importador do mundo, o normal seria que a balança da nação norte-americana fosse deficitária em relação ao parceiro. Eis os números: em 2009, o déficit do Brasil foi de US$ 4,4 bilhões; em 2010, de US$ 7,7 bilhões; em 2011, de US$ 8,1 bilhões; em 2012, de US$ 5,6 bilhões; em 2013, de US$ 11,4 bilhões; e em 2014, de US$ 7,9 bilhões.

Essa relação desigual, no entanto, está com os dias contados, pois, ao que parece, os EUA deverão voltar a ser o principal destino das exportações brasileiras, senão em 2015, pelo menos em 2016 ou 2017. Ou seja, em breve, os EUA deverão recuperar a liderança perdida para a China em 2009, o que deverá acontecer não só em função do crescimento da economia norte-americana e da desvalorização do real como da queda nas cotações das commodities agrícolas e minerais.

O crescimento da China não apresenta o fôlego de antes e não necessita tanto de matérias-primas. O resultado está na queda de 35% que tiveram os embarques com destino ao país asiático. Esse não é bom sinal, pois o ideal seria que o Brasil aumentasse o volume de vendas para os EUA de produtos semimanufaturados e manufaturados, sem deixar de vender commodities para a China nos níveis dos últimos anos.

É de se notar que aqueles produtos são aqueles de maior valor agregado e que, por isso mesmo, geram mais empregos e reativam o mercado doméstico. Sem contar que estão menos sujeitos às oscilações de preços. Portanto, é de se comemorar essa retomada das vendas de produtos industriais para os EUA que, aliás, em 2014, superaram a Argentina, tornando-se o principal destino de exportações de manufaturados do Brasil, com embarques de US$ 15,1 bilhões.

Hoje, segundo a Funcex, os manufaturados respondem por 54% dos embarques para os EUA, os semimanufaturados por 21% e os básicos por 25%. Mas é de se lembrar que, desde 2006, o petróleo é o maior item na pauta de exportações para os EUA. Em 2014, as vendas do produto chegaram a US$ 3,4 bilhões e representaram 12,6% dos embarques. Mas, em seguida, vieram produtos manufaturados, como os de ferro e aço (US$ 2,2 bilhões), aviões (US$ 1,93 bilhão) e motores e turbinas para aviões (US$ 1,57 bilhão).

Até o começo deste século XXI, o mercado norte-americano respondia por 24% das vendas brasileiras, mas, em 2014, ficou com12%. Isso significa que há muito que fazer para se recuperar o terreno perdido. Ainda bem que o governo brasileiro, no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, parece que aprendeu com a sabedoria chinesa que negócios são negócios. Milton Lourenço – Brasil


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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.

Moçambique – Diálogo Governo com Associações Económicas

O ministro da Indústria e Comércio garantiu total abertura e interesse em trabalhar de uma forma fluída, com a CTA - Confederação das Associações Económicas de Moçambique, para encontrar soluções, visando a concretização dos objectivos do Governo, na perspectiva de desenvolver a indústria, com vista a agregar valor aos produtos nacionais.

Ernesto Max Elias Tonela fez este pronunciamento, quarta-feira última, 25 de Fevereiro de 2015, em Maputo, momentos após efectuar uma visita de cortesia àquela agremiação do sector privado, onde se inteirou do ponto de situação do diálogo público-privado, da proposta do novo modelo de diálogo público-privado, da morosidade na resposta às preocupações colocadas pelo sector privado, dentre vários outros aspectos.

“O diálogo com o sector privado, com vista à criação de um melhor ambiente de negócios, constitui um dos pilares de suporte do Governo, daí que tivemos este encontro com a CTA, no qual auscultámos as preocupações que o sector privado tem, quanto à implementação das acções listadas e que estão ainda pendentes”, indicou o governante, acrescentando que “tentámos igualmente perceber melhor as razões que justificam a morosidade na execução dos compromissos que foram assumidos entre o sector privado e o Governo”.

É que, segundo consta, de uma matriz de cerca de 118 pontos apresentados pela CTA ao Governo, para a melhoria do ambiente de negócios em Moçambique, foram apenas resolvidos 19 assuntos, num espaço de um ano e meio.

“Temos uma estratégia para a melhoria do ambiente de negócios, já acordada para o período 2013-2017. A implementação das acções previstas nesta matriz vai permitir que Moçambique possa se posicionar melhor ao nível do ranking Doing Business. Essas acções serão, portanto, priorizadas no diálogo entre o sector privado e o Governo”, sustentou.

Em relação ao novo modelo de diálogo público-privado, Ernesto Max Elias Tonela assegurou que “iremos trabalhar na perspectiva de encontrar a forma mais eficaz de resolver as questões que vão surgindo”.

“Nós temos a noção das acções que devemos tomar para tornar o nosso ambiente de negócios mais apetecível e, nessas acções, as componentes que fazem parte da estratégia acordada estão alinhadas com os critérios da avaliação do Banco Mundial. Obviamente, que não depende somente do que nós faremos, mas também do que outros países irão fazer. A nós cabe tomar as medidas e acções o mais rapidamente possível para a melhoria da imagem do País, assim como para permitir que o País possa atrair o máximo de investimento possível”, frisou.

Por sua vez, o presidente da CTA, Rogério Manuel, considerou a visita como um marco muito importante no início de uma nova relação com Ministério da Indústria e Comércio, para a melhoria do diálogo público-privado em Moçambique.

Entretanto, na véspera desta visita, a CTA manteve um encontro informal com os representantes dos principais órgãos de informação, onde foi feita uma apreciação ao desempenho da agremiação nos últimos anos. In “Olá Moçambique” - Moçambique

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Quénia – No próximo mês avança o projecto do Porto de Lamu

Após atrasos administrativos, avanço do Porto de Lamu teve luz verde.

Ampliação do Porto de Lamu
As obras do novo porto terão início no próximo mês de Março de 2015 e farão parte do projecto de transportes (Lapsset), o corredor Porto de Lamu - Sudão do Sul - Etiópia, inclui novas estradas, uma ferrovia e um gasoduto, cuja conclusão está prevista para 2030, que permitirá ao Sudão do Sul e à Etiópia o acesso ao Oceano Índico.

O projecto está agora no caminho certo e irá alterar a geopolítica do Quênia ao ligar cinco países da região. Estima-se que US$ 25,5 mil milhões de dólares serão gastos no projecto, de acordo com o American Journal of Transportation.

A nova construção do Porto de Lamu terá um terminal de exportação de petróleo construído por um consórcio liderado pelo grupo de construção “China Communications Construction” que irá construir os três primeiros berços do porto pelo valor adjudicado de US $449 milhões de dólares.

O presidente do Quênia Uhuru Kenyatta afirmou: "O novo porto, que é parte do projeto do “Corredor Lapsset”, será uma oportunidade para a exploração dos recursos marítimos do país." Baía da Lusofonia

Mais informações sobre a ampliação do Porto de Lamu aqui

Brasil - Comércio exterior: nova estratégia

SÃO PAULO – Depois do malogro dos entendimentos da Rodada Doha, promovida pela Organização Mundial do Comércio (OMC), muitos países preferiram incrementar as negociações para a assinatura de acordos bilaterais ou regionais. Esses acordos procuraram, por meio da redução de tarifas aduaneiras e a concessão de facilidades, abrir mercados, ampliando as operações de exportação e importação. As nações que ficaram de fora desses acordos ou blocos acabaram por se isolar comercialmente e seus produtos passaram a encontrar mais obstáculos, além daqueles que surgem em razão de sua pouca competitividade.

Esse é o caso do Brasil que, nos últimos 22 anos, só foi capaz de assinar três acordos – com Israel, Palestina e Egito – e, ainda assim, tão inexpressivos que pouco representam na corrente de comércio do País. Já nações como Chile, México e Estados Unidos, que preferiram assinar muitos acordos comerciais, apresentam números bem mais significativos.

Com a presença do empresário Armando Monteiro à frente do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o governo parece, finalmente, ter despertado para a necessidade de promover a inserção do País nas cadeias produtivas, com vistas à colocação não só de commodites agrícolas e minerais como principalmente de produtos manufaturados e semimanufaturados.

A reaproximação comercial com os Estados Unidos parece caminhar bem com a possível visita da presidente Dilma Rousseff a Washington até setembro. Mas é preciso que essa reaproximação seja marcada pela promoção de feiras e exposições naquele país que mostrem que o Brasil não é só produtor de matérias-primas, mas que dispõe de um parque industrial capaz de produzir manufaturados de baixa, média e alta tecnologia, de que os aviões da Embraer são bom exemplo.

A nova estratégia não deve se resumir aos Estados Unidos, ainda que este país represente o maior mercado do planeta.  O MDIC, por meio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), deve definir outros mercados prioritários, sem levar em conta ideologia ou aspectos políticos, abandonando uma prática que nos últimos anos só colheu fracassos na diplomacia comercial.

Nesse sentido, seria de suma importância que o Brasil convencesse seus parceiros no Mercosul a concluir as negociações com a União Europeia que já se arrastam há mais de dez anos. Antes disso, porém, seria recomendável que o próprio Mercosul fosse aperfeiçoado, deixando de ser uma união aduaneira para se transformar em área de livre comércio.

Caso contrário, o Brasil vai continuar atrelado ao crescimento econômico da China. Se a nação asiática continuar a crescer em níveis elevados, as cotações das commodities serão mantidas e o País poderá ainda exibir uma balança comercial equilibrada. Mas, por trás disso, estarão o sucateamento e o fechamento de seu parque industrial que, aliás, em 2014, registrou um recuo de 3,2% em sua produção, o pior resultado desde 2009. Milton Lourenço - Brasil


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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.

Anda comigo ver os aviões











Vamos aprender português, cantando

 

Anda comigo ver os aviões


Anda comigo ver os aviões levantar voo
A rasgar as nuvens
Rasgar o céu
Anda comigo ao porto de leixões ver os navios
A levantar ferro
A rasgar o mar

Um dia eu ganho a lotaria
Ou faço uma magia
Mas que eu morra aqui
Mulher tu sabes o quanto eu te amo,
O quanto eu gosto de ti
E que eu morra aqui
Se um dia eu não te levo à América
Nem que eu leve a América até ti

Anda comigo ver os automóveis à avenida
A rasgar nas curvas
A queimar pneus
Um dia vamos ver os foguetões levantar voo
A rasgar as nuvens
Rasgar o céu...

Um dia eu ganho o totobola
Ou pego na pistola
Mas que eu morra aqui
Mulher tu sabes o quanto eu te amo
O quanto eu gosto de ti
E que eu morra aqui
Se um dia eu não te levo à lua
Nem que eu roube a lua,
Só para ti

Um dia eu vou jogar à bola
Ou vendo esta viola
Nem que eu morra aqui
Mulher tu sabes o quanto eu te amo,
O quanto eu gosto de ti.
E que eu morra aqui
Se um dia eu não te levo à América
Nem que eu leve a América até ti.

Os Azeitonas - Portugal

UCCLA - A Casa dos Estudantes do Império e o Movimento Associativo Estudantil em debate



O novo edifício da Assembleia da República, em Lisboa, foi o palco do debate «A Casa dos Estudantes do Império e o Movimento Associativo Estudantil», no âmbito da homenagem que a UCCLA está a organizar aos associados da Casa dos Estudantes do Império (CEI), desde outubro passado.


O debate, que ocorreu no passado dia 24 de fevereiro de 2015, foi moderado pela jornalista Maria Flor Pedroso e contou com as presenças e intervenções de Vítor Ramalho, Secretário-Geral da UCCLA, Edmundo Rocha, médico, Carlos Veiga Pereira, jornalista, Manuel Santos Lima, professor catedrático e escritor, Luís de Almeida, Embaixador de Angola junto da CPLP, e do Deputado António Filipe, em representação da Presidente da Assembleia da República.

Poderá aceder a toda a informação no sítio da UCCLA. UCCLA

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Brasil - Fapesp e Centro de Pesquisa da Indústria Israelense apresentam chamada de propostas

SÃO PAULO – A apresentação dos principais critérios para apoio ao desenvolvimento de projetos de pesquisa para a inovação e a possibilidade de ampliação do mercado externo para pequenas empresas de base tecnológica em São Paulo foram temas de um encontro promovido pela FAPESP e pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Indústria Israelense (Matimop) em São Paulo ontem (24/02/15).

Estiveram presentes pesquisadores e empresários de São Paulo interessados em participar de uma chamada de propostas lançada em novembro de 2014 e que receberá, até 8 de maio, projetos de pesquisa tecnológica em todas as áreas do conhecimento.

As pesquisas deverão ser desenvolvidas por meio de parceria entre pequenas empresas (com até 250 empregados) sediadas no Estado de São Paulo e empresas de Israel, credenciadas pelo Escritório do Cientista Chefe do Ministério da Economia, organização que dá suporte à política de P&D no país.

Conduzido por Sérgio Queiroz, membro da coordenação adjunta de Pesquisa para Inovação da FAPESP, e por Boaz Albaranes, cônsul para Assuntos Econômicos do Consulado Geral do Estado de Israel em São Paulo, o encontro destacou aspectos técnicos e esclareceu dúvidas sobre a chamada, elaborada com base nas regras da Fundação para o Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE). A FAPESP e o Matimop mantêm um acordo de cooperação desde novembro de 2012

“As parcerias ajudam a estimular empresas paulistas a olhar para o mercado internacional desde o início de suas atividades”, disse Queiroz. “Espera-se que os projetos apresentem um objetivo de pesquisa que aumente o conhecimento e seu uso em novas aplicações.”

Pela chamada, serão selecionados até dez projetos de pesquisa voltados à criação de produtos e processos que possam ser comercializados no mercado global ou no Brasil. As propostas selecionadas poderão receber até R$ 1 milhão de cada instituição ao longo de dois anos.

“A visão do governo israelense é de que os desafios tecnológicos mundiais de hoje são comuns a muitos países. Por isso, a agenda do Matimop inclui acordos internacionais para a cooperação em P&D. São Paulo tem o potencial necessário nessa área e, quando decidimos buscar uma parceria no Estado, a FAPESP foi a única organização na qual identificamos capacidade para estabelecer essa cooperação”, disse Albaranes.

Elaboração de propostas

Pequenas empresas de São Paulo poderão utilizar a base de dados do Matimop (www.matimop.org.il/database.aspx) para selecionar empresas interessadas em parcerias internacionais, pelo setor de atividades. A FAPESP e o escritório do centro israelense em São Paulo também oferecem apoio à aproximação de empresários e à elaboração dos projetos.

Os projetos submetidos no âmbito da chamada serão analisados de acordo com a metodologia de revisão pelos pares, que utiliza pareceres de especialistas não vinculados à Fundação como base para decisões.

Os proponentes devem comprovar sua dedicação ao projeto e a titulação acadêmica não é obrigatória. Um requisito específico das propostas é que já haja um acordo sobre propriedade intelectual entre as empresas parceiras, que estabeleça com clareza a repartição dos resultados. A relação dos projetos selecionados será divulgada em maio e o início dos projetos aprovados está previsto para junho de 2015.

A chamada de propostas está disponível em: www.fapesp.br/en/9051. In “Agência Fapesp” - Brasil

Brasil - O Porto de Santos e os novos tempos

SÃO PAULO – O Porto de Santos, o maior em movimentação de cargas da América Latina, localizado na região que concentra mais de 70% da economia nacional, seria naturalmente vocacionado para se tornar o principal hub port (concentrador de cargas) brasileiro. Acontece que essa vocação esbarra em muitos obstáculos, que vão da falta de áreas para a expansão de pátios e armazéns à ausência de condições para oferecer navegabilidade em seu canal aos supercargueiros, passando por uma infraestrutura logística deficiente e altos custos de operação.

Como mostra a experiência internacional, a produtividade de um terminal é o ponto basilar para a operacionalidade dos supercargueiros. E qualquer déficit na movimentação de contêineres e cargas de maiores dimensões pode levar um porto a ser descartado como hub port. Aliás, terminais com a média de 30 a 35 movimentações por hora já estão com os dias contados.

Alguns portos já sofrem com a nova realidade. É o caso do complexo de Itajaí-SC, que opera navios de no máximo 306 metros de comprimento, enquanto na costa brasileira já navegam cargueiros com até 366 metros. Em 2014, o porto de Itajaí sofreu uma retração de 2%, ou seja, 1.086.519 TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) contra 1.104.653 TEUs em 2013, que é atribuída à evasão de escalas para outros portos, reflexo do aumento dos navios.

É de se lembrar que o Porto de Santos, com a entrada em operação dos terminais Embraport e Brasil Terminal Portuário (BTP), alcançou em 2014 a média de 104 movimentações por hora, superior à média mundial e à de Roterdã, que é de 87. Ocorre, porém, que o calado do Porto de Santos só permite a navegabilidade para embarcações com até 335 metros de comprimento. Os maiores porta-contêineres que já operaram em Santos, da classe Cap San, têm uma capacidade para 9.600 TEUs.

Os grandes armadores querem baixar seus custos e isso significa navios cada vez maiores. E não há limites para se construir e operar navios de até 24.000 TEUs, cuja construção está prevista para 2016. Um navio desses baixaria os custos em 23% em comparação com uma embarcação de 12.500 TEUs e 17% frente a uma de 16.000 TEUs. E representaria cinco mil contêineres a mais que o maior navio atualmente em operação pode comportar.

Só que um navio de 24.000 TEUs teria um comprimento de 430 metros e uma largura de 62 metros, o que exigiria uma profundidade de 16 a 17,5 metros no canal de navegação e nas áreas de manobras. Hoje, o Porto de Santos, depois das últimas obras de dragagem, tem um calado de 13,2 metros nos trechos 1, 2 e 3 e de 13 metros no trecho 4, até a  BTP.

Para se adequar às exigências dos novos tempos, Santos teria de fazer tantos trabalhos de dragagem que talvez o canal de navegação não suportasse ou partir para a construção de plataformas off shore (afastadas da costa). Mesmo assim, é preciso levar em conta que essa possibilidade de operar supercargueiros criaria todo tipo de pressões operacionais, influenciando e sobrecarregando toda a cadeia logística, como acessos ao porto, rodovias, rede ferroviária, transporte hidroviário e cabotagem. É o que já ocorre em portos como os de Los Angeles/Long Beach e Houston, nos Estados Unidos. Milton Lourenço – Brasil

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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.

Angola - Importante rede transcontinental

O “Corredor do desenvolvimento do Lobito” constitui um importante sistema regional de infraestruturas de transportes com o qual se espera promover o crescimento económico sustentável

A estação do Luau é o último ponto em solo angolano do ramal do CFB, que está ligado aos sistemas ferroviários da Zâmbia e da RDC. Através da ligação com a Zâmbia, é possível chegar a cidade da Beira, em Moçambique, passando por Lubumbashi, na RDC, e Ndola, na Zâmbia, e a Dar-es-Salam, na Tanzânia, junto ao Oceano Índico. Também está ligado, ainda que de forma indirecta, ao sistema ferroviário da África do Sul.

Com a conclusão das obras de reconstrução do CFB, espera-se por uma diminuição significativa dos custos de logística dos países e regiões encravados da África Austral, tanto nas importações como nas exportações de mercadorias. Espera-se ainda um aumento da competitividade dos agentes económicos da região e a melhoria significativa do nível de vida das populações.

O “Corredor do desenvolvimento do Lobito” constitui um importante sistema regional de infraestruturas de transportes com o qual se espera promover o crescimento económico sustentável, dado o seu forte potencial de atrair e mobilizar o capital de investimento e o desenvolvimento das trocas comerciais nacionais e transfronteiriças.

Segundo o Ministro dos Transportes, Augusto Tomás, o programa de reabilitação da rede dos Caminhos de Ferro de Angola representou ao longo da última década (2005-2015), um investimento próximo dos 3,5 mil milhões de dólares. A parcela correspondente ao CFB é de 1,9 mil milhões de dólares. In “Porto Lobito” - Angola

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Brasil - A hora das pequenas e médias empresas

SÃO PAULO – Aproveitando a atual fase de valorização do dólar diante do real, pequenas empresas têm procurado colocar no mercado externo os seus produtos, principalmente os manufaturados de pouco valor agregado. É o que mostram dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) referentes a 2014, que assinalam o crescimento do número de empresas exportadoras.

Segundo o MDIC, no ano passado, 19.250 empresas aturaram no comércio exterior contra 18.809 em 2013, o que equivale a um crescimento de 2,3% no período. Essa evolução, porém, pouco representa no total da receita das exportações, já que o segmento ainda não é expressivo.

Na verdade, 50% do que é exportado pelo País provém de 40 grandes empresas exportadoras de commodities agrícolas e minerais, entre elas Vale, Petrobras, Bunge, JBS e BRF, só para citar as cinco maiores. Obviamente, a queda de 7% registrada na receita exportadora está ligada ao desempenho das grandes empresas.

Seja como for, é de se assinalar como bem-vindo o crescimento da participação das pequenas e médias empresas nas vendas externas. São empresas que oferecem produtos de baixa tecnologia, mas que se têm beneficiado do câmbio para tornar suas mercadorias mais competitivas no mercado internacional. Para este ano de 2015, a expectativa é que cresça o número de exportadores nessa faixa de comércio.

Para tanto, é fundamental a revisão de metas que fez o MDIC no atual governo, ao reconhecer implicitamente o desastre da política externa que marcou os últimos doze anos e priorizar uma reaproximação com os Estados Unidos, cuja economia vem apresentando sinais de crescimento. É de se lembrar que o mercado norte-americano, o maior do planeta, tem muito espaço para produtos de pouco valor agregado, assim como para os produtos industrializados mais sofisticados do Brasil, que, infelizmente, hoje, têm pouco poder de competição. Nesse caso, 2015 para esse segmento não se afigura com boas perspectivas, especialmente em razão da crise pela qual passa a Argentina, tradicional mercado para esse tipo de produto.

Diante disso, é importante que tanto o governo federal como os bancos privados facilitem o acesso a linhas de crédito que possam permitir o crescimento das pequenas e médias empresas no comércio exterior. Hoje, segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), as pequenas empresas representam 62% do total de exportadores brasileiros, mas são responsáveis por apenas 1% do total exportado, ou seja, US$ 2,2 bilhões.

É preciso, portanto, criar condições para que as pequenas e médias empresas tenham maiores facilidades de acesso ao mercado externo, independente de que sejam fabricantes de produtos com baixo nível de tecnologia ou de produtos industrializados mais sofisticados. Milton Lourenço - Brasil

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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Brasil - Pilotos do Porto de Santos preocupados com tamanho dos porta-contentores

Um grupo de pilotos brasileiros estão a pedir às autoridades nacionais de portos, que limitem o comprimento dos navios cuja entrada é permitida no porto do país com maior capacidade, Santos. Um representante dos armadores avisou que poderão haver nefastas consequências se os pilotos conseguirem ver o seu pedido aceite.

O Presidente da Associação Nacional de Pilotos da região de São Paulo/Santos (Conapra), Cláudio Paulino, diz que pretende que exista uma restrição a navios com mais de 266m no porto, visto que uma insuficiência na dragagem faz com que não seja seguro a navegabilidade de navios com comprimento superior, como por exemplo o navio de 300m, o CMA CGM Tigris, que atracou no porto no início de Fevereiro de 2015. Com 10622 TEU, é o maior navio que acostou no Porto de Santos até hoje.

Mas Cláudio Loureiro, Presidente Executivo da Centronave, que representa as empresas estrangeira de longo curso no Brasil, criticou a ideia numa carta à autoridade local do porto, a Codesp. As consequências poderiam ser más para Santos, se o limite actual de 336m, dependendo das marés e localização do terminal dentro do porto, fosse alterado para 226m.

“Estas ideias (da Conapra de São Paulo) trarão um prejuízo à comunidade portuária de Santos. Os custos do frete têm sistematicamente diminuído nos últimos anos em todas as linhas de comércio, devido à intensa competição entre as empresas transportadoras, devido a uma economia de escala que os novos navios fornecem. É claro que o custo por unidade transportada aumenta se reduzirmos o tamanho dos navios.”

Cláudio Loureiro argumenta que o Porto de Santos poderá perder alguns dos seus serviços regulares, se não for permitido a modernização e aceitação de maiores porta-contentores.

A decisão final do pedido da Conapra de São Paulo será tomada pela Secretaria de Portos em conjunto com a Marinha Brasileira.

A empresa francesa de transportes marítimos adicionou este ano o CMA CGM Tigris ao seu serviço SEAS2, ligando 13 portos na China, Hong Kong, Singapura, Malásia e África do Sul com a Argentina, Uruguai e Brasil. É também o quarto numa série de 28 navios na classe porta-contentores entre os 9400 e os 10900 TEU a entrar na frota da companhia. O navio está equipado com as mais recentes tecnologias ambientais que reduzem as emissões de CO2, de acordo com a CMA CGM.

Com um movimento de 3,45milhões TEU em 2013, o Porto de Santos foi o 38º na lista CM’s World Top Container Ports 2014, sendo esta a posição mais elevada alcançada por um porto Sul Americano. Baía da Lusofonia com origem in “JOC”

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Brasil - Exportações: boas perspectivas

SÃO PAULO – Que o Brasil vem perdendo espaço nas exportações mundiais é indiscutível. Os números o provam. Segundo dados da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a melhor participação do País ocorreu em 2011, quando o índice chegou a 1,41% de tudo o que se vende no planeta. Mas, desde então, esse índice só caiu: 1,33% em 2012, 1,32% em 2013 e 1,22% em 2014, marca igual à obtida em 2008, ano da deflagração da crise econômico-financeira mundial.

É verdade que, nos últimos anos, o Brasil conseguiu superávits comerciais, mas isso foi à custa de fatores externos que provocaram uma evolução substancial das cotações e da demanda por commodities agrícolas e minerais. O resultado foi que o País voltou a atuar como fornecedor de matérias-primas, com sensível declínio da participação de produtos semimanufaturados e manufaturados nas exportações.

A título de exemplo, lembre-se que, em 2000, a participação de manufaturados nas exportações era de 59,07% e de commodities, de 38,21%. Em 2013, esses índices inverteram-se: 59,27% de commodities e 38,44% de manufaturados. E, mesmo assim, porque produtos como açúcar refinado, suco de laranja, etanol, óleos combustíveis e café solúvel foram classificados como manufaturados.

Esse mau desempenho do País no comércio exterior tem se refletido decisivamente na atuação da indústria, cuja produção recuou 3,2% em 2014, o pior resultado desde 2009, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para 2015, de acordo com previsão da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a produção industrial deve cair mais 1%, dando continuidade ao atual processo de desindustrialização.

Por isso, faz bem o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), agora sob nova direção, em lançar o chamado Plano Nacional de Exportação (PNE), que prevê medidas para a melhoria do ambiente de negócios e o desenvolvimento de 37 mercados prioritários. Na lista, estão classificados como mercados especiais Argentina, Turquia e Irã.

O plano pretende ampliar a promoção comercial, principalmente com a realização de mais missões, com o objetivo de aumentar o acesso aos mercados com acordos comerciais, de investimento, diminuir as barreiras às exportações e aumentar a utilização de ferramentas de apoio ao exportador, além de garantias de financiamento – em que propõe a entrada dos bancos privados no crédito ao exportador.

Do plano, não constam novas desonerações. Tampouco há a garantia de que as desonerações já estabelecidas serão mantidas, como o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra), provavelmente porque as desonerações adotadas até agora pouco ou nenhum resultado obtiveram. Com o real desvalorizado diante o dólar, supõe-se que teriam ainda menos efeito.

Seja como for, o que se espera é que o plano seja acompanhado por outras medidas que visem ao fortalecimento e ampliação do setor industrial. E, principalmente, por negociações que recoloquem os produtos manufaturados brasileiros em mercados importantes, como Estados Unidos e União Europeia. Milton Lourenço – Brasil


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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Portugal - O que a Vida me Ensinou

A nossa língua é espantosa. Acho que temos uma língua privilegiada. É uma língua que tem dois tempos. Um para o tempo que se gasta, que é o estar, e um tempo para a eternidade, que é o ser. É das poucas línguas no mundo que tem isso. Depois temos uma coisa espantosa, miraculosa, que é poder conjugar pessoalmente o verbo no infinito. O infinito é o verbo fora do espaço e do tempo. Penso que é a única língua do mundo que consegue meter o tu dentro do eu. Quando digo "eu amar-te-ei", mete o "tu" e depois é que fecha o verbo. Temos essa possibilidade espantosa. A nossa língua é mitológica.


Lamento sair desta vida bastante desiludida. Por exemplo, em relação à alegria com que festejei o fim da II Guerra, a pensar que nunca mais havia guerras, e que vinha aí a solidariedade, a democracia e a liberdade para todos. Mas não. Estamos num mundo criminoso em que 70 por cento da população mundial não tem acesso à água, à comida, à saúde, à educação. Sobretudo, incomoda-me partir com a certeza de que a parte mais esmagada deste mundo é a mulher. Isso dói-me. A pessoa sai daqui a pensar que certas coisas pelas quais lutou já nunca mais aconteceriam, e afinal pioram. Nunca pensei que as mulheres se fizessem a elas próprias bombas. É preciso um desespero terrível e já não acreditar em mais nada, para se fazer uma coisa dessas. Isto significa que criámos um mundo que é imoral. Há uns que julgam que já viram tudo, que já sabem tudo, que já têm tudo, e há outros que andam a esgravatar, a ver se encontram umas sementes na terra. É uma coisa atroz. Nunca fui optimista, mas tão pessimista como agora, também não.

Quando nasci, o mundo praticamente não existia fora do globo terrestre e dos mapas. Não havia rádio, nem telefone, nem televisão. Lembro-me de ouvir o rádio, mas só quando já teria uns seis anos. O meu pai comprou um, porque gostava muito de ouvir ópera. Por vezes isso misturava-se com as rezas da noite, porque a minha tia era muito dada a rezar. Eram rezas bonitas, algumas em verso. Uma ou outra seria pouco própria para crianças, como a oração da noite: "Nesta cama me deito, não sei se me torno a levantar". Era a ideia da morte, que também não se escondia às crianças. Quando, em 1992, fui internada de urgência no Instituto de Oncologia, os médicos não sabiam se eram capazes de me pôr direita. Durante muito tempo tive a ideia de que morreria aos 40 anos. Fui muito influenciada pelo retrato de uma morta que nunca conheci: a minha avó Ana. Eu era muito parecida com ela, segundo todas as pessoas diziam. Como criança, convenci-me que era uma ressurreição. A pretexto disso perguntavam-me se eu acreditava na reincarnação. Claro que não. Não tinha, sequer, a noção de reincarnação. Mas alimentava a ideia de que eu podia ser uma segunda oportunidade dada à minha avó, porque ela tinha tido uma vida infeliz e morrera tuberculosa aos 40 anos. Eu tive a minha tuberculose aos 20 e demorou a passar, porque ainda não havia remédios suficientes. Houve muitos primos meus que morreram, inclusive uma prima com 18 anos, que andava comigo no liceu. Morreu ela e o irmão. Como tive a tuberculose depois dos 20, pensei que talvez não passasse dos 40. Quando era pequena brincava muito, quase até a exaustão, a ver se me recordava da vida que tinha vivido. Isso foi tão forte em mim, que escrevi um livro que se chama O Planeta Desconhecido e Romance da que Fui Antes de Mim.

Agora começo a ter a noção de que possivelmente o tempo está a acabar. Preocupa-me, na medida em que às vezes me perguntam se quero cair para o lado, porque ainda continuo a ir dar umas aulas, como fui recentemente aos Açores, onde apanhei uma pneumonia. Eu respondo que é exactamente isso que quero: cair para o lado. Há só uma coisa que me apavora no fim: o tempo de desgaste que as pessoas às vezes têm numa cama. Ainda vivo sozinha, ainda faço as minhas compras, ainda faço a minha comida. Faço uma vida bastante normal. Não desejo a dependência. Custa-me mais aceitar a degradação do que a morte. A dependência é uma coisa terrível. A minha mãe era uma pessoa de grande vontade. Partiu as duas pernas, foi operada e nos últimos tempos ficou acamada. Lembro-me que quando eu a lavava, ela chorava. Devia ser uma coisa terrível. Para uma pessoa independente como eu, isso é uma humilhação que me aterra.

Sou um pouco irrequieta. Um dos desgostos grandes que tive foi deixar de subir às árvores. Subi às árvores até talvez aos 50 anos. Não era pessoa de estar muito sossegadinha. O facto de viver na província teve uma vantagem, porque, embora naquele tempo não se usasse, eu tive sempre uma educação mista. Na província há turmas tão pequenas que nem podia ser de outra maneira. No meu sétimo ano creio que éramos apenas sete em Letras.

Uma das coisas que me custou bastante foi não saber andar com o arco. Os meus primos faziam grandes corridas com os arcos. No meu tempo as meninas eram levadas a não fazer certas coisas. Havia uma recomendação da minha tia, que dizia que "quando uma menina assobia, estremecem céus e terra".

Do que me lembro bem dessa minha infância é das orações que a minha tia nos obrigava a rezar. Tenho uma grande admiração pela figura de Cristo, que acho uma figura extraordinária, muito interessante. Normalmente as religiões estão ligadas a aspectos políticos, mas a figura de Cristo não está. É uma figura independente do social e do político. É uma doutrina puramente espiritual. Há uma grande capacidade de dádiva e perdão, que é o que me interessa mais. A igreja não me interessa nada. A igreja, com Constantino, tornou-se uma religião de Estado, o que é um crime. Uma religião de Estado é uma coisa aberrante. Tive muito interesse por algumas personalidades religiosas, como o padre Joaquim Alves Ribeiro, que morreu no exílio e que não conheci, mas com o qual me escrevi até ele morrer. A Igreja fez-lhe o chamado exílio post mortem, que só se usava na Rússia. Não o trouxe sequer para Portugal. Foi exilado no tempo do Salazar e ficou na América. O estado do Vaticano é uma coisa impossível. Não tenho uma grande admiração pelo papa João Paulo II, que toda a gente admirou muito. Teve algumas posições que acho bastante retrógradas e, além do mais, foi um embaixador, que abriu embaixadas. Quando foi a Díli não beijou o chão de Timor, por causa das relações diplomáticas com a Indonésia. A religião só devia ter que ver com os aspectos espirituais. Se lermos o Alcorão, estão lá uma série de regras, sobre como é que se faz isto, como é que se faz aquilo. São regras das coisas civis. Faz-me lembrar as pessoas que não querem mudar, porque não querem perder direitos adquiridos. Mas a história é uma perda de direitos adquiridos. Os reis antes podiam matar. Um senhor podia ter escravos e hoje não pode. A vida evolui. Por isso acho que as religiões deviam estar separadas dos aspectos sociais e remetidas à componente espiritual.

Hoje há bastantes censuras

Sou uma escritora marginal e bastante marginalizada, porque fiz sempre aquilo que quis, e só aquilo que quis. Tinha uma independência. Já sabia que morreria de fome se vivesse só dos livros. Era professora, algo que me dá muito gosto. É uma forma privilegiada de relação humana. Ainda hoje gosto muito de estar com os alunos. Tive crianças que passaram por dificuldades extraordinárias, mas a determinada altura vi que era capaz de escrever para eles. Ajudaram-me a escrever. Incluí no meu vocabulário algumas palavras criadas pelos alunos. A nossa língua é espantosa. Acho que temos uma língua privilegiada. É uma língua que tem dois tempos. Um para o tempo que se gasta, que é o estar, e um tempo para a eternidade, que é o ser. É das poucas línguas no mundo que tem isso. Depois temos uma coisa espantosa, miraculosa, que é poder conjugar pessoalmente o verbo no infinito. O infinito é o verbo fora do espaço e do tempo. Penso que é a única língua do mundo que consegue meter o tu dentro do eu. Quando digo "eu amar-te-ei", mete o "tu" e depois é que fecha o verbo. Temos essa possibilidade espantosa. A nossa língua é mitológica.

Hoje, para qualquer pessoa, é muito difícil escrever. Há bastantes censuras. Antes, havia uma e tinha nome. Cortavam-nos um artigo no "Comércio do Porto", mas tínhamos a "Vértice" ou a "Seara Nova". Havia maneiras de furar um pouco. Não estou, de maneira nenhuma, a defender a outra censura. O problema é que hoje há censuras económicas, censuras políticas, censuras partidárias, "lobbys" de interesses. Pertenci ao Conselho de Imprensa. Fiz dois mandatos. Deixei lá escrito que tinha lutado muito contra a censura de Oliveira Salazar, mas era uma. Logo a seguir ao 25 de Abril houve também muitas censuras nos jornais. Nesse aspecto, estou de acordo com Voltaire. Entre a censura de muitos e a censura de um, prefiro a censura de um. Apesar de tudo é mais fácil de furar.

Precisamos do bafo humano

Não me vejo reformada. Fui dar uma aula à Faculdade de Psicologia, em Lisboa, e disseram-me para voltar no próximo ano. Eu respondi que, se estiver viva, lá estarei. Depois alguém me disse que eles sabiam o que é que iam lá buscar, mas e eu? O que é que ia lá buscar? Respondi que também sabia o que é que ia lá buscar. Vou buscar bafo humano, que é a única forma de sobrevivermos.

Tive dias terríveis na minha vida. Enterrei uma filha no dia de Natal. Não resistiu ao cancro a que eu resisti. As coisas mais gratificantes que tive na vida vieram dos afectos. Por exemplo, cartas que tive dos alunos. A afectividade toca-me bastante. A primeira aula que dei a seguir a ter estado internada foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida.
A vida ensinou-me que não podemos viver sozinhos. Ensinou-me que não podemos viver sem o bafo humano e que devemos fazer tudo para lutar por isso. Luísa Dacosta – Portugal in “Semanário Expresso”