Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 31 de maio de 2015

Lusofonia – Cabo Verde em Alfama

Pintura de António Firmino e Gastronomia tradicional no espaço Roda Viva.

Mais uma atividade junta Cabo Verde e Portugal. A exibição 'Cabo Verde em Alfama' traz pinturas de António Firmino à capital portuguesa.

A exibição do Espaço Roda Viva, no conhecido bairro lisboeta que dá nome ao evento - em frente ao Museu do Fado, abriu as suas portas nesta quinta-feira e poderá ser visitado ao longo de todo o mês de junho entre as 11:00 e as 22:30 h, a qualquer dia da semana exceto às segundas.

Mas nem só a pintura vai levar as cores e cultura caboverdianas a Lisboa, dado que às toda quinta durante o tempo em que a exibição permanecer no Roda Viva poder-se-á desfrutar da variada gastronomia do país africano, que inclui desde a tradicional cachupa ao peixe e mariscos ou as legumes. A visita 'estomacal' precisa de reserva prévia.

Na organização da exposição participa, para além do Roda Viva, o Centro InterculturaCidade, uma Associação sem fins lucrativos que tem como fim a acção cultural e o desenvolvimento local, a educação popular e a cooperação para o desenvolvimento enquanto factores de melhoria das condições de vida das populações e de requalificação dos seus habitats urbanos ou rurais. In “Diário Liberdade” - Galiza

Portugal - III Encontro de Poetas Lusófonos e Chineses


Na sequência de dois primeiros Encontros em Macau, nos anos de 2006 e 2013, numa organização conjunta do Centro Nacional de Cultura, Fundação Jorge Álvares e Instituto Internacional de Macau, vai realizar-se em Lisboa, entre os dias 1 e 4 de Junho de 2015, o III Encontro de Poetas Lusófonos e Chineses.

Da delegação portuguesa contam-se nomes ilustres da poesia nacional e lusófona contemporânea: Fernando Pinto do Amaral (coordenador), Fernando Echevarria, Nuno Júdice, Inês Fonseca Santos, Filipa Leal, Ana Paula Tavares (Angola), Olinda Beja (S. Tomé e Príncipe) e José Luís Tavares (Cabo Verde).

A delegação chinesa, coordenada por Yao Feng (Yao Jinming), é composta pelos poetas Hun kuong U, Un Sio San, Yan Li, Wang Jiaxin, Huang Lihai e Lin Jiangquan.

As sessões de trabalho terão lugar no Centro Nacional de Cultura onde, na Galeria Fernando Pessoa, será inaugurada uma exposição de desenhos de Lam Kong-chuen: Paraquedista do Sonho - Arquitectura e Poesia.

No programa estão igualmente previstas visitas a Évora e a Mafra. Em Évora os participantes visitarão a cidade e a Universidade, onde terá lugar uma conversa informal alargada subordinada ao tema "Poesia – um Valor de Sempre!", tendo por moderadores/animadores os chefes das duas delegações, Fernando Pinto do Amaral e Yao Feng. Em Mafra as delegações visitarão o Palácio Nacional e a respectiva Biblioteca, seguindo-se um almoço de encerramento do Encontro, nas instalações da Fundação Jorge Álvares do Casal de S. Bernardo, em Alcainça. Fundação Jorge Álvares - Portugal

Portugal – Entrega do Prémio Glória de Sant’Anna 2015

«Pela luta de muitos invisíveis é que hoje estou aqui», reivindicou o autor corunhês

Domingo, 24 de maio de 2015, o escritor Mário Herrero deslocou-se até a capela de São Gonçalo, na freguesia portuguesa Válega — na cidade de Ovar—. Ali decorreu o ato de entrega do prémio literário Glória de Sant’Anna, cuja terceira edição — primeira na sua dimensão internacional — ganhou o autor corunhês.

O ato durou aproximadamente duas horas e meia; nele tomaram a palavra quatro dos filhos de Glória de Sant’Anna, Rui, Inez, Andrea e Afonso (família Andrade Paes); Xosé Lois García, escritor galego e membro do júri; Jaime Almeida, presidente da Junta de Freguesia de Válega; Domingos Silva, vice-presidente da Câmara Municipal de Ovar e Américo Matos, do Grupo de Ação Cultural de Válega, promotor do Prémio. Além da entrega do galardão ao galego, o poeta moçambicano Mbate Pedro, finalista do certame, recebeu a menção de honra por parte da organização.

No ato, que decorreu entre intervenções e atuações musicais de Lígia Martins (soprano e piano) e Tiago Oliveira (flauta), houve umas cinquenta pessoas e o autor premiado assinou por volta de vinte e cinco livros. A presença galega foi também notável, pois ademais dos mencionados Herrero e García, encontravam-se entre o público o dramaturgo João Guisán Seixas, a poetisa Verónica Martínez Delgado e o editor e escritor Alberte Momán (O Figurante Edicións). Depois da entrega houve um breve convívio na casa familiar dos Andrade Paes.

«Eu sou apenas galego»

Herrero, que recolheu o prémio de mãos de Andrea Andrade Paes, explicou na sua intervenção que não tinha dúvidas de que a sua fala habitual galega «faz parte do português», mesmo apesar de ser «uma variedade do português muito influenciada pelo espanhol, após séculos de contacto, de subordinação estrutural, de submissão cultural». No entanto, assinalou que tampouco queria «parecer português. Porque não sou português. E eu não quero parecer espanhol. Porque esse rótulo não faz parte da minha identidade. Eu sou apenas galego. Ainda que nem sei muito bem o que isso significa, aqui e agora».

Como já explicara há poucos dias em declarações ao PGL, Mário Herrero reivindicou a unidade linguística e elogiou o papel de todas as pessoas que ainda resistem na defesa desta ideia, mesmo quando isso provoca a marginação. «Pela luta de muitos invisíveis é que hoje estou aqui», insistiu. In “Portal Galego da Língua” - Galiza

sábado, 30 de maio de 2015

CPLP – Falar claro

Há dias, num debate público, veio à baila a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). De imediato, convergiram sobre a organização os tradicionais discursos congratulatórios sobre o trabalho desenvolvido, com a "juventude" do modelo a ser arguida como justificação complacente para as suas insuficiências. Não foi por espírito de contradição que não me juntei ao coro.

A CPLP tem quase duas décadas, pelo que tem já as responsabilidades da maioridade. Se hoje é o que é, isto é, se não atingiu uma velocidade de cruzeiro mais entusiasmante, não foi por falta de tempo: foi por ausência de vontade política dos Estados integrantes para ter ido mais longe.

Não vale a pena esconder o facto de que a organização sofre da anómala circunstância de que, ao contrário das suas congéneres britânica ou francesa, não está centrada no seu país membro mais relevante à escala global. Como a questão do acesso da Guiné-Equatorial bem demonstrou, Portugal não tem hoje qualquer tutela substantiva sobre a CPLP – e isso torna-a, em grande medida uma organização mais igualitária e equilibrada. Mas, nem por isso, mais dinâmica.

Desenhada nos seus estatutos sob valores ético-jurídicos tributários de uma cultura política “eurocentrada”, no processo interno da CPLP projeta-se uma ordem de valores onde prevalece a leitura mais flexível e relativizada com que, tradicionalmente, o Sul sempre olha as dimensões democráticas ou do Estado de direito. Isto é um juízo de facto, não de valor.

Mas este é apenas um dos aspetos em que a atipicidade da CPLP se objetiva. Com “sócios” nos cinco continentes, sem fronteiras entre si e com graus de desenvolvimento muito díspares, os Estados CPLP têm a caraterística de operarem em espaços de afirmação geopolítica sem potenciais contradições entre si. O crescimento de cada um dos Estados acarretará assim vantagens sinérgicas para o conjunto. E isto é muito valioso.

Duas décadas depois da sua criação, o que leva a esta evidente “anemia” da organização? O principal fator é o facto do Brasil não se ter decidido utilizar a CPLP como um instrumento matricial da sua política externa. É no empenhamento do Brasil que reside a chave do futuro da organização. Mas isso não chega.

A CPLP tem de ser olhada em perspetiva e repensada, de forma aberta e descomplexada, nisso envolvendo a multiplicidade dos agentes que hoje se expressam em português. Uma língua falada por muitos milhões de pessoas mas da qual praticamente ninguém fala fora desse espaço. E isto é preocupante. Seixas da Costa – Portugal in duas-ou-tres.blogspot”

(Artigo que hoje publico no "Jornal de Notícias") – Francisco Seixas da Costa  

Brasil - Acordo entre a China e o Brasil e as vantagens


O valor das reservas internacionais da China, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional) e excluindo ouro monetário, em dezembro de 2014 era de aproximadamente US$ 4,2 trilhões, resultado de superávits recorrentes em conta corrente. Como remunerar esses recursos no mercado interno chinês, uma vez que se verifica redução na taxa de crescimento econômico? Como remunerar esses recursos no mercado internacional que apresenta taxas de juros reais negativas? Segundo o economista Paulo Dutra Constantin, uma forma de remunerar este capital é emprestar para países que possuem problemas econômicos e que desejam se afastar da dependência dos Estados Unidos. Na América Latina, alguns países são: Venezuela, Equador, Argentina e Brasil. Estes países realizam acordos bilaterais com a China o que permite que os empréstimos sejam, teoricamente, mais flexíveis do que se acessassem os mercados financeiros internacionais. No entanto, essa flexibilidade pode ser apenas aparente, pois, além de, por exemplo, o Banco de Desenvolvimento da China apresentar exigências maiores do que as do Banco Mundial, o governo chinês pode impor a contratação de empresas chinesas para realização dos projetos financiados.

Para o especialista, os acordos bilaterais assinados em 19 de maio de 2015 entre China e Brasil indicam que o objetivo chinês é o de garantir o fornecimento de produtos primários a custo baixo: para os alimentos foram assinados acordos redução das restrições à exportação de carne bovina brasileira e acordos com governos estaduais do Mato Grosso do Sul e do Maranhão; para os minerais foram realizados acordos e programas de financiamento destinados a Petrobras e a Vale; e para garantir a competitividade destes produtos, a China deverá realizar investimento em infraestrutura, participando da construção da ferrovia transcontinental, ligando a cidade de Campos dos Goytacazes ao porto de Ilo no Peru, reduzindo o custo de logística dos produtos brasileiros.

Ele afirma que a conclusão é que estamos preterindo os Estados Unidos, país com o qual temos a pauta de exportação mais diversificada, com produtos de alto valor agregado e que está retomando o crescimento a favor de aumentarmos nossa dependência com a China para a qual exportamos, fundamentalmente, soja e minério de ferro e que está em processo de redução da taxa de crescimento. “Estes fatos poderão produzir, num futuro próximo aumento da instabilidade da economia brasileira”, conclui. Andrezza Queiroga – Brasil in “Guia Marítimo”

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Portugal - Festival Literário de Bragança



18 escritores (de aquém e além mar), quase duas dezenas de leituras, apresentação de livros, visitas às escolas, mesas de debate, exposição de ilustração, feira do livro e muito, muito mais.

Eis o Festival Literário de Bragança, o primeiro evento literário português a colocar o texto em primeiro lugar, através de leituras, e que, de 4 a 6 de junho de 2015, promete trazer literatura e muita cultura a Bragança.

Nas escolas de todo o concelho ou na Biblioteca Municipal, o texto e a leitura ganham nova vida através da voz de escritores e outros intervenientes, que se transformarão em contadores de histórias por um dia.

Mas nem só de leituras vive a literatura e a cultura. No Festival Literário de Bragança haverá, também, lugar para o Encontro Luso-Amazónico, debates e troca de ideias entre escritores e público em geral, numa partilha informal, de igual para igual.

Apesar de decorrer em Bragança, o Festival Literário de Bragança é um evento de projeção internacional, ao contar com a presença de membros da Academia Paraense de Letras e da Academia de Letras de Bragança do Pará (Brasil), além da Academia de Letras de Trás-os-Montes, que colaboração com o Município de Bragança na organização desta iniciativa.

Em paralelo, realiza-se a Feira do Livro e uma Exposição de Ilustração, com trabalhos de autores portugueses. Pode aceder ao programa aqui. Município de Bragança

Brasil – Assentamento 8 de Abril, um segredo revelado

“Só o conhecimento liberta”

Prêmio da Olimpíada da Língua Portuguesa recebido por estudante do Assentamento 8 de Abril, em Jardim Alegre, no interior do Paraná, mostra a importância da formação e integração da comunidade


Não é fácil chegar ao Assentamento 8 de Abril, em Jardim Alegre, na região norte do Paraná. Ao sair da estrada, o visitante encara quilômetros de um caminho de terra esburacado e sinuoso, que nos dias de chuva, segundo contam, se torna uma passagem quase intransponível – os moradores reivindicam melhorias na estrada e restabelecimento de três linhas de ônibus cortadas pela prefeitura. Imagine para quem pega o ônibus todos os dias para dar aulas. Ou para assistir aulas. Mas a vista do vale ajuda. E, com toda a dificuldade de acesso, a escola é um centro de referência para aquela comunidade, formada por 555 famílias, cada qual no seu lote, com 622 estudantes no total. É também exemplo do desenvolvimento que o local obteve nos dez últimos anos.

Em dezembro, o assentamento ganhou notoriedade porque uma estudante de 15 anos, Valdirene Prestes dos Santos, foi premiada na Olimpíada da Língua Portuguesa, no gênero “memórias literárias”, por um texto sobre a história do assentamento, resultado de um movimento iniciado em abril de 1997 (na data que dá nome à área), com uma longa ocupação na então Fazenda Corumbataí, à beira da BR-466, entre Jardim Alegre e Ivaiporã. Uma briga que chegou a bater às portas do Supremo Tribunal Federal, com uma reclamação do antigo proprietário, e que acabou em 2004, depois da compra da área pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Paranaense da cidade de Ponta Grossa e segunda de quatro irmãos – os demais são meninos –, Valdirene colheu depoimento de sua avó Elena Vieira e relatos de pessoas que participaram das ações para narrar a trajetória da ocupação e do assentamento. Os sustos, os tiros, as alegrias da conquista. Com uma preocupação de dar forma mais literária ao texto, descrevendo sensações. A olimpíada teve várias fases, regionais e estadual, até chegar à última, reunindo estudantes de todo o país.

“A história é muito presente na vida dos alunos”, diz a professora Flávia Figueiredo de Paula Casa Grande, que orientou Valdirene em sua redação e a acompanhou na entrega do prêmio, em Brasília. “Qualquer criança sabe, alguns mais, outros menos.” Há uma preocupação geral no sentido de não se esquecer como aquela terra foi obtida. “Tem aluno que nasceu em barraco de lona. Eles acabam vivenciando o que é ser sem-terra.”

O assentamento 8 de Abril, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ocupa uma área extensa, de 14 mil hectares. Corresponde a quase 40% do total de Jardim Alegre, município com 12 mil habitantes, a 380 quilômetros de Curitiba. Depois da compra pelo Incra, em 2004, pondo fim a um longo período de conflitos, começou a ser feita a distribuição de lotes e a ser formatada a organização dos assentados. Uma trajetória que traz muitas lembranças – algumas engraçadas, como a de um avô de uma aluna que, assustado ao ouvir tiros, saiu do banho do jeito que estava. Outras tristes, como a da morte da mãe de um estudante. Tudo remete à terra e ao movimento.

Segredo

“Eu esperava algo melhor, não pensava que seria complicado começar a fazer parte de um momento social”, conta Valdirene, no início de seu texto, cujo título é Um Segredo Revelado. Uma história que também é dela e não aparece nos noticiários, mas que agora seria contada. “Não havia energia elétrica, usávamos vela. Não havia água encanada, buscávamos em um riozinho”, descreve.


Ela também fala sobre a comemoração com a notícia da conquista definitiva da terra: “Pássaros voando sem cessar entre uma quina e outra dos barracos pareciam estar fazendo parte da festa”. No salão de reuniões, os músicos. “Lá fora, os grilos tritinavam e as cigarras cantavam cada vez mais alto, acompanhando nossa alegria!”

No final de 2013, a reinauguração da escola estadual do assentamento, que leva o nome de José Martí, foi motivo de festa e orgulho para a comunidade. Logo na entrada, se destaca um mosaico com frase atribuída ao político e revolucionário cubano: “Só o conhecimento liberta”. A antiga sede ficava em uma casa simples, a quilômetros dali. Em breve, deve começar a funcionar o prédio da Escola Municipal do Campo José Clarismundo Filho (primeiro prefeito de Jardim Alegre), bem ao lado – por enquanto, ela fica nas mesmas instalações da estadual. Do outro lado da rua de terra, há uma Unidade Básica de Saúde (UBS).

“A escola era um barracão”, lembra a professora Clara Orzekovski, coordenadora do setor de mulheres no assentamento e no MST do Paraná, lembrando dos tempos iniciais – quando, conta, as pessoas cavavam buracos no chão para escapar dos tiros. “Era uma borracharia que tinha na fazenda”, relata, feliz com a “formosura” da Escola Estadual do Campo José Martí, toda nova, com suas 17 salas e um entra-e-sai de jovens. “Professor é formador de consciência”, diz Clara, catarinense de Cantagalo que fez Magistério com apoio do MST e preserva a história do 8 de Abril, área antes ocupada extensivamente por gado. “A gente não queria boi, queria terra”, resume

Futuro

Em uma dessas salas estuda Valdirene, que passa uma hora dentro do ônibus no percurso do lote até a escola. Alguns alunos levam duas horas, conta a menina, que tem três irmãos: Gustavo, 17 anos, Mateus, 13, e Marcos, 10. Gosta de ler, especialmente crônicas – e cita uma biografia da escritora Patrícia Galvão, a Pagu, entre um dos livros que mais gostou. Também escreve poesias, gosta de compor e tocar violão. À tarde, de volta das aulas, ajuda a família a cuidar da casa e do lote, onde mora com irmãos, pais (Gustavo e Irene) e avós maternos (Elena e Vanil).

Ela é daquelas alunas atentas na sala de aula – e também se cobra muito em relação ao seu aprendizado. Vai bem em Português e gosta “bastante” de Artes. Segundo ela, em Ciências “este ano está meio complicado”.

Há cinco anos na região, a professora Flávia vê na presença dos moradores do assentamento um diferencial importante em relação a escolas em áreas urbanas, onde também deu aula. “Os pais participam. Tudo o que envolve a comunidade a escola está no meio. Sempre que tem alguma coisa, as pessoas se envolvem”, diz.

Na cidade, ela diz ter pegado “turmas bem complicadas”, com problemas de disciplina, uso de drogas e falta de participação das famílias. “Chamava a família, ninguém vinha para conversar sobre o comportamento do aluno. Você podia chamar o ano inteiro, o pai e a mãe não apareciam. Passava mais tempo lidando com questões de disciplina.” Ali no assentamento, naturalmente, também existem problemas. Mas Flávia diz que o comportamento dos alunos é mais tranquilo. “Eles são muito críticos, desde pequenos.”

Os vencedores da Olimpíada ganharam medalhas e notebooks – um livro reuniu os textos. As escolas receberam computadores, que no caso do Assentamento 8 de Abril começaram a ser instalados no mês passado, na biblioteca da escola, pertinho da futura agrofloresta e da quadra.

“Preocupada com o estudo e com o futuro”, como diz sua professora, Valdirene pensa em cursar Direito. “Para entender melhor o mundo”, explica. “Por que tá terrível, né?”, completa, sorrindo. Mas antes pretende cursar Psicologia, para tentar entender as pessoas. “Quero saber lidar com elas.” A ideia também é se preparar para quando tiver filhos. E o que a deixa brava? “Quando quero fazer alguma coisa e não consigo”, diz a menina.

Produção com organização

“A gente acorda no clarear do dia e vai atrás do leite”, diz Cleide Teixeira Lopes ao descrever o início de sua rotina diária no lote onde mora com Nereu. Ali, eles cuidam de 34 cabeças de gado, produzem milho, abóbora, moranga, alface, almeirão, chuchu, mandioca, “todo tipo de fruta”. Uma parte da produção vai para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do governo federal, para distribuição em escolas, hospitais e creches, entre outros locais. O que sobra é vendido no comércio da região. Eles mesmos fazem a ração das vacas, usando mandioca, cana e milho.


Cleide e Nereu são catarinenses – ela de Concórdia, ele de Itá. O filho, Carlos Alberto, de 14 anos, vai para a escola, onde também treina vôlei, e ajuda no serviço. São mais de seis quilômetros do lote até a José Martí. “Eu posso dizer que aqui sou feliz”, afirma Cleide. “O que a gente planta, dá.”

O leite é o forte da economia do 8 de Abril, conta Valdemar Batista da Silva, o Nego, da coordenação do assentamento, há 15 anos no local e ele mesmo um filho de assentado. “É o que dá a renda mensal. Dá para dizer que 90% do assentamento estão envolvidos na atividade do leite.” Apenas a Cooperativa de Comercialização Camponesa Vale do Ivaí (Cocavi) pega em torno de 10 mil litros por dia. Dos 27 sócios iniciais, a cooperativa tem agora 250, diz o seu presidente, Digerson Santos da Silva.

Outra cooperativa, em Arapongas, também no norte do estado, processa o produto, em forma de bebida láctea, iogurte e queijo. É a Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária União Camponesa (Copran), criada em 1997 e que há pouco mais de dois anos inaugurou a sua agroindústria, com a presença da presidenta Dilma Rousseff (PT) e do governador Beto Richa (PSDB). A Copran fica no Assentamento Dorcelina Folador, homenagem a uma ex-prefeita de Mundo Novo (MS) e líder sem-terra, assassinada a tiros em 1999.

Só a produção mensal de leite no Assentamento 8 de Abril supera 1 milhão de litros por mês. Na recente safra de soja, plantada entre outubro e novembro e colhida agora, foram 112 mil sacas (de 60 quilos cada). O milho já começou a ser colhido, e a previsão é atingir 190 mil sacas. Também se estima a venda de 2.500 cabeças de gado para frigoríficos e compradores autônomos.

Contando tudo, entre compras e vendas, Nego calcula que o assentamento movimente R$ 1,5 milhão por mês. “Sem contar quanto emprego cria”, acrescenta. Ele acredita que a produção irá se concentrar mais no leite. “O pequeno agricultor está olhando que a atividade (agrícola) é um plantio de risco. Tem veneno, custo de frete. A tendência é ir cada vez aumentando mais o leite.”

O Assentamento 8 de Abril é dividido em 11 brigadas, com 50 famílias cada. Periodicamente, todas se reúnem para discutir questões como produção e escola. A professora Clara Orzekovski ressalta a importância da organização para o funcionamento do local no dia a dia. “Se não fosse organizada da forma que foi e é, jamais seria assim.” Vitor Nuzzi – Brasil in “Rede Brasil Atual”

Moçambique – Fórum de Negócios Moçambique – República Checa

O Ministro da Indústria e Comércio, Ernesto Max Tonela, considera que, apesar de a economia nacional estar a crescer a um ritmo assinalável, "Moçambique ainda necessita de grandes investimentos, principalmente do sector privado, para sustentar o actual nível de desenvolvimento a longo prazo".

Ernesto Max Tonela, que falava na passada quarta-feira, 27 de Maio de 2015, no Fórum de Negócios Moçambique – República Checa, realizado no âmbito da visita do Ministro dos Negócios Estrangeiros daquele País, Lubomir Zaorálek, explicou ainda que o "actual fluxo de investimentos é bom, porém, insuficiente para o nível de desenvolvimento e ritmo de criação de postos de trabalho que almejamos".

"A captação de investimentos é um factor-chave para o desenvolvimento de um País pois tem um efeito positivo na base económica", explicou o Ministro da Indústria e Comércio moçambicano, que diz ser necessário reforçar o fluxo de investimentos entre os dois países e criar possibilidades de exportação de produtos nacionais para a República Checa.



Por seu turno, Lubomir Zaorálek, Ministro dos Negócios Estrangeiros da República Checa, reconheceu a necessidade de reforço das relações comerciais entre os dois países e identificou a defesa e segurança, energias renováveis, infraestruturas, fornecimento de água, bebidas, tecnologias de informação e comunicação, engenharia mecânica e eléctrica, agricultura e turismo como potenciais áreas de cooperação.

"A delegação é composta por 15 representantes de empresas que actuam em diversos sectores e a nossa expectativa é que dos encontros com o empresariado moçambicano resultem projectos, parcerias e que sejam identificadas oportunidades de investimento para ambas as partes", disse Lubomir Zaorálek.

Entretanto, para a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), representada pelo Director Executivo, Luís Sitoe, a visita do Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação da República Checa a Moçambique representa a revitalização das relações de cooperação entre os dois Países.

Por isso, Luís Sitoe garantiu que o sector privado vai "criar condições para o incremento das trocas comerciais entre ambos os países e apresentar oportunidades de negócio e áreas de investimento que sejam do interesse do empresariado da República Checa". In “Olá Moçambique” - Moçambique

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Portugal – Prémios ACEPI Navegantes XXI

As candidaturas aos Prémios ACEPI Navegantes XXI 15 já arrancaram e decorrem até ao próximo dia 20 de Julho. A edição de 2015 conta com três novos galardões - Melhor Site.pt, Melhor Startup e Sustentabilidade – que elevam para 21 as categorias a concurso.

Patrocinada pelo DNS.PT, a categoria Melhor Site.pt destina-se aos sites ou plataformas registados em .pt e cujos conteúdos estejam em português, ainda que adicionalmente possam oferecer os seus conteúdos noutras línguas. Serão distinguidos os que mais se tenham destacado ao observar as boas práticas, os requisitos legais e regras de segurança na internet, contribuindo de forma inequívoca para promover o .pt , a língua portuguesa e impulsionar a Economia Digital.

Com a categoria Startup a intenção é premiar projetos inovadores, com uma forte componente digital e que tenham como objetivo dinamizar e fomentar a Economia Digital. A categoria Sustentabilidade destina-se a reconhecer projetos que se apoiem nas tecnologias de informação, nas ferramentas e nas plataformas digitais para promover a inclusão social, a empregabilidade e o empreendedorismo no contexto da Economia Digital.

Além das três novas categorias mencionadas, os Prémios ACEPI Navegantes XXI têm este ano a concurso as categorias: Melhor Site eCommerce B2C, Melhor Site eCommerce C2C, Melhor Site eCommerce B2B, Melhor Empresa de Serviços de eCommerce, Melhor Site/App Mobile para eCommerce, Prémio Inovação em eCommerce, Melhor Site de Media Generalista, Melhor Site de Media Especializada, Melhor Site/App Mobile, Melhor Widget/App TV, Melhor Empresa de Serviços de Marketing Digital, Melhor Agência de Marketing Digital, Melhor Prestador de Serviços na Cloud, Prémio Inovação em Marketing Digital, Prémio Marketing em Redes Sociais, Prémio PME Digital, Prémio Melhor Município Digital e Prémio Administração Pública Digital.

Os Prémios Navegantes XXI passam assim a incluir um total de 22 prémios, com 21 categorias a concurso que irão premiar o que de melhor se faz na Economia Digital em Portugal, e um Prémio Carreira, que, como habitualmente, distinguirá uma personalidade que se tenha destacado ao longo do seu percurso profissional na promoção e desenvolvimento da Sociedade do Conhecimento e da Economia Digital em Portugal.

Podem submeter as suas candidaturas todas as entidades/empresas registadas em Portugal, com projectos ativos entre Junho de 2014 e Junho de 2015, independentemente do seu sector de atividade e dimensão e quer sejam ou não associadas da ACEPI.

As inscrições já estão abertas e todas as candidaturas devem ser efetuadas até ao próximo dia 20 de Julho de 2015, no sítio premios.acepi.pt, secção Inscrição> Candidatura. Os sócios ACEPI beneficiam de condições especiais de inscrição. ACEPI – Portugal

Contacto:

ACEPI – Associação da Economia Digital
Morada: LEAP CENTER Espaço Amoreiras - Centro Empresarial - Rua D. João V, nº 24, E.02
1250-091 Lisboa - Telefone: 224 108 420 - Email: geral@acepi.pt - www.acepi.pt

Brasil - Guerra fiscal: prós e contras

SÃO PAULO - A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) pede uma solução para a chamada guerra fiscal entre os Estados, sob a alegação de que a cobrança do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em outros Estados vem prejudicando a competitividade dos produtos fabricados pela indústria paulista.

Em Cubatão, por exemplo, o Centro das Indústrias (Ciesp) local considera o ICMS um obstáculo à competitividade dos fertilizantes e dos cimentos fabricados no município, que estão sendo preteridos por produtos importados pelos produtores rurais. Esses importados custam menos porque não pagam nenhum tipo de tributação. Outros produtos fabricados em Cubatão, como aço e cloro, também sofrem incidência de ICMS quando vendidos a outros Estados, que têm autoridade para impor alíquotas diferenciadas.

De fato, a reivindicação é justa, mas o Congresso e o governo federal precisam ter muita cautela e sabedoria ao tratar dessa questão porque a chamada guerra fiscal não tem só um lado negativo. A capacidade de cada Estado de criar ou estabelecer incentivos fiscais para atrair indústrias e, assim, gerar empregos e desenvolvimento não constitui um mal em si. Pelo contrário, Estados como Pernambuco, Bahia e Goiás, além do Distrito Federal, devem boa parte de seu desenvolvimento à política de incentivos fiscais. São Estados que estão entre os dez mais desenvolvidos da Federação.

Por isso, não se pode discutir o fim da política de incentivos, mas, sim, o seu aperfeiçoamento. Até porque, se fosse uma política que só gerasse malefícios, não seria utilizada até hoje pelos estados que formam a república norte-americana. A princípio, o governo quer buscar um consenso para a redução e unificação das alíquotas do ICMS, além da convalidação dos benefícios fiscais já concedidos e a criação de um fundo compensatório para amortizar as possíveis perdas de alguns Estados cujas economias seriam mais frágeis. Seja como for, não se pode eliminar a autoridade de cada Estado para estabelecer incentivos e outros meios que possam atrair indústrias e investidores.

É claro que essa prática sempre vai favorecer mais uns que outros, mas não se pode eliminá-la sem oferecer outras soluções, sob o risco de se parar o desenvolvimento do País. Para tanto, é preciso que o Congresso encontre uma solução também para o chamado pacto federativo, matéria que se arrasta há décadas em discussões inúteis na Casa e que deveria abarcar a fixação de regras para a concessão de incentivos fiscais. Milton Lourenço – Brasil

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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Noruega - País com maior qualidade de vida do planeta




A cidade de Oslo é tudo o que se pode esperar da capital do país com maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo. O frio nórdico é acompanhado por um transporte com eficiência cronometrada, escolas que abrigam alunos de diferentes classes sociais e hospitais de qualidade gratuitos. Tudo público, gerido pelo Estado norueguês.

A prosperidade da Noruega, porém, não é fruto da exploração de colônias ou de desenvolvimento industrial pioneiro. Independente da Suécia apenas em 1905, a Noruega era o “primo pobre” entre os países nórdicos, tendo a situação agravada ainda mais com a Segunda Guerra Mundial, quando o território foi ocupado por forças da Alemanha nazista. A recuperação do país foi iniciada com o Plano Marshall, mas o atual estágio de desenvolvimento passou a ser uma realidade alcançável a partir da década de 1970.

O momento da virada norueguesa é 1969, quando foi encontrado petróleo pela primeira vez no mar do Norte. “O óleo é claramente fundamental para o desenvolvimento da sociedade norueguesa. Não dá para entender a situação da Noruega sem pensar na questão do óleo. Podemos pensar que a descoberta desse recurso natural foi uma sorte, mas, por outro lado, ele foi muito bem manejado pelo Estado”, afirma Axel West Pedersen, pesquisador do Instituto de Pesquisa Social, que já desenvolveu trabalhos para a União Europeia.

Como uma das características principais desse sucesso norueguês ao administrar o dinheiro oriundo do petróleo, pode-se citar a criação de um fundo, considerado o maior do mundo. Anualmente, o governo tem o direito de gastar em seu orçamento apenas 4% desse montante, de pouco menos de US$ 1 trilhão, com o objetivo de garantir que as novas gerações também se beneficiem do recurso mineral.

Para se ter uma ideia do valor recebido pela Noruega, dez anos depois do início da exploração de petróleo e gás, a atividade já representava um terço do lucro do país com exportações. Além disso, até o final de 2012, a exploração de petróleo já tinha rendido à Noruega cerca de R$ 1,14 trilhão, pouco mais que o dobro do PIB (Produto Interno Bruto) local.

Resistência à privatização

Nas últimas cinco décadas, durante o processo de melhoria da infraestrutura nacional, a Noruega teve que resistir a forte pressão pela privatização do setor. “Quando havia empresas estrangeiras explorando a nossa reserva, asseguramos que elas fossem obrigadas a treinar noruegueses, de forma que pudéssemos um dia consolidar uma indústria própria de extração de petróleo. Também obrigamos as companhias estrangeiras a pagar até 78% de impostos”, conta Heikki Holmås, parlamentar do Partido Socialista.

O alto valor dos impostos, por sinal, não é uma exclusividade desse setor da economia. Para financiar a qualidade de vida mais elevada do mundo, o Estado norueguês cobra 42% de Imposto de Renda.

“Nosso modelo de desenvolvimento é semelhante aos dos outros países nórdicos. Por meio do Estado do bem-estar social, garantimos uma série de direitos iguais para toda a população e esse modelo é acompanhado de altos impostos. A população aceita altas taxas tributárias porque recebe de volta do Estado um serviço de saúde gratuito, boas escolas, licença maternidade de até um ano, entre outros benefícios sociais”, explica a parlamentar do Partido Trabalhista Marit Nybakk.

























De acordo com Marit, esse modelo é bem-sucedido quando, antes do Estado do bem-estar social, são criados valores comuns na sociedade local. No caso da Noruega, entre esses valores está a busca pela igualdade de gênero, um dos motivos que garante o país no topo do IDH há cinco anos, quando comparamos os dados dos países que lideram a lista. 

A igualdade de gênero é parte de uma consciência ideológica própria dos noruegueses, é um ideal muito estimado aqui. Mesmo assim ainda temos algumas diferenças importantes entre os gêneros, temos que reconhecer isso. Se por um lado vemos alta participação de mulheres nas universidades, chegando a representar 70% dos formados na Universidade de Oslo em 2013, elas costumam optar por trabalhos de meio período e no setor público, enquanto os homens predominam na iniciativa privada”, analisa Pedersen.

Taxa de natalidade e educação

Além de salários e oportunidades semelhantes para homens e mulheres, o Estado ainda incentiva o aumento da taxa de natalidade, pagando os salários das mães por um ano, dando bolsas para os jovens até a maioridade e oferecendo educação gratuita de qualidade.

“Nunca me senti discriminada e acredito que sempre tive as mesmas oportunidades dadas aos homens. Agora tive o meu primeiro filho e pretendo ter outros. É muito bom poder ficar cuidando dele por um ano, com a certeza de que voltarei ao meu emprego depois”, diz a fisioterapeuta Christina Tanem, 33 anos.

A busca por aumentar o número de nascimentos no país se deve ao envelhecimento da população, fenômeno que afeta com gravidade diversos países da Europa. Especificamente na Noruega, a percentagem de pessoas com mais de 67 anos era de 8% em 1950. Em 2014, esse índice chegou a 13%.

Nas últimas décadas, como parte desse processo, o país alterou o perfil das mulheres que têm filhos. Na Noruega, as mulheres têm seus primeiros filhos, em média, com 28,6 anos, e mais da metade delas (54,9%) o faz sem estarem casadas.

Outro dado interessante é que, em 1970, 11% dos nascimentos vinham de mães adolescentes. Hoje, esse número caiu para menos de 2%. A mudança foi possível com a legalização do aborto, que faz parte das políticas de igualdade de gênero do país e, anualmente, é a escolha de 2% das mulheres entre 20 e 24 anos.

Além das licenças maternidade e paternidade, a educação pública e gratuita de qualidade é outro elemento central para incentivar os noruegueses a terem filhos.

“Os alunos vão para uma ou outra escola devido à proximidade de suas casas e o Estado faz testes anuais para acompanhar a qualidade de cada instituição. Os diretores têm bastante autonomia, pois há apenas um currículo básico e os métodos podem ser alterados, não existe uma regra sobre número de alunos por sala, por exemplo. Aqui também temos projetos em comum entre alunos de séries diferentes, pois fazemos com que os mais velhos desenvolvam habilidades como ensinar os mais novos”, conta Elin Brandsæter, diretora de uma escola que reúne 538 jovens de 38 nacionalidades diferentes, que cursam ensino primário e secundário.

O cientista social Pedersen concorda com a centralidade da educação no modelo nórdico de sociedade. “Um aspecto realmente importante da sociedade na Noruega é o modelo de educação pública, muito inclusivo. Ele propõe a interação entre crianças de diferentes classes sociais, o que gera inúmeras consequências positivas. Um dos nossos desafios é manter essa característica, mesmo quando os imigrantes passam a viver em locais mais segregados, por exemplo. De qualquer maneira, se o ensino fosse privado aqui esse desafio seria ainda maior. O modelo deu mais certo aqui porque os guetos são maiores na Suécia e na Dinamarca. Na Suécia, houve inclusive um movimento de privatização das escolas, mas acabou sendo muito mal sucedido.”

Monarquia

A aparência de modernização na Noruega é acompanhada de um traço curioso: o país ainda é uma monarquia. O rei Harald V tem poderes limitados, mas realiza reuniões semanais com o gabinete do primeiro-ministro.

Além das formalidades, Harald V também desfruta de alta popularidade. Segundo pesquisa divulgada em 2014, ele tinha 90% de aprovação da população, o que lhe dava o título de monarquia mais popular do mundo. As famílias reais de Dinamarca e Holanda apareciam na sequência do estudo, com 80% de aceitação. Vitor Sion – Noruega in “Opera Mundi”

Moçambique – Anadarko pretende garantias

A petrolífera norte-americana Anadarko manifestou-se determinada a tomar uma decisão final de investimento em Moçambique, no final de um encontro em Maputo do vice-presidente da empresa com o primeiro-ministro moçambicano.

«Existem acordos que temos de concluir para garantir que possamos operar e explorar o gás. Queremos uma garantia de que podemos implementar um projeto desta magnitude de uma maneira eficiente e eficaz», disse o vice-presidente da Anadarko, Don MacLiver, falando à imprensa em Maputo, na sexta-feira, após uma audiência com Carlos Agostinho do Rosário.

De acordo com Don MacLiver, entre o Governo moçambicano e a companhia norte-americana, estão em curso discussões para garantir o desenvolvimento efetivo do projeto, cujas obras vão durar quatro anos, mas que ainda não começaram, apesar de já ter sido identificada uma área de cerca de 7.000 hectares no distrito de Palma, na província de Cabo Delgado.

A empresa norte-americana anunciou na segunda-feira passada a contratação de um consórcio para o arranque das obras do projeto, compostos pela japonesa Chiyoda Corporation e as italianas Eni e Saipem.

A Anadarko lidera o consórcio que opera na Área 1 da bacia do Rovuma, na costa de Cabo Delgado, onde estudos apontam para a existência de mais 75 biliões de pés cúbicos de gás natural.

Tanto a Anadarko como a Eni, que lidera o bloco 4 na bacia do Rovuma, onde está também presenta a portuguesa Galp, ainda não divulgaram as suas decisões finais de investimento para uma das maiores reservas de gás natural do mundo e a data inicial de 2018 para o início da exploração deverá ser adiada. In “Dinheiro Digital” - Portugal

Brasil - Portos: um bom momento

Apesar do cenário econômico carregado e das medidas drásticas que o governo Dilma Rousseff foi obrigado a tomar para gerir a “herança maldita” que recebeu de si mesmo, os portos registraram aumento na movimentação de cargas no primeiro quadrimestre do ano. Só o porto de Santos, por onde passam 27% do comércio exterior brasileiro, movimentou no período 35,8 milhões de toneladas, resultado 3,5% superior à melhor marca até então (34,5 milhões), obtida em 2013.

É de se ressaltar que o resultado poderia ter sido maior, não fosse o incêndio que ocorreu em seis tanques da Ultracargo, de 2 a 10 abril, período em que os embarques e desembarques de granéis líquidos no Píer da Alemoa foram interrompidos e o tráfego na área de acesso à Margem Direita ficou restrito, reduzindo em 50% a movimentação de veículos.

Segundo relatório divulgado pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), as operações de contêineres também registraram evolução: foram 1,19 milhão de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), com um crescimento de 9% em relação ao mesmo período de 2014. Em unidades, foram movimentados 767,9 mil contêineres, com um aumento de 10,5%. A principal carga embarcada foi soja em grãos e farelo, seguida por açúcar. Já as importações responderam por menos de um terço da tonelagem de cargas movimentadas no quadrimestre: foram 10,8 milhões de toneladas, com um crescimento de 3,8% no período.

Esse crescimento foi registrado também em outros complexos marítimos. Em Paranaguá-PR, por exemplo, houve um recorde histórico de movimentação em abril, quando os terminais escoaram 1,4 milhão de toneladas de soja. Em Natal-RN, o aumento foi de 15%, especialmente nas operações de frutas, trigo e equipamentos eólicos. Nos complexos do Espírito Santo (Vitória, Vila Velha, Barra do Riacho e Praia Mole), houve alta de 17%, atingindo-se a marca de 9,5 milhões de toneladas. Em Ilhéus-BA, o crescimento foi de 50%, impulsionado pela exportação de minério de ferro e minério de magnesita.

Como se vê, os portos nacionais hoje vivem, praticamente, um boom nas exportações de commodities, enquanto os produtos manufaturados perdem competitividade, o que tem resultado em redução de empregos na indústria. Para piorar, o governo, a pretexto de resolver o problema das contas públicas, só pensa em aumentar impostos. Hoje, segundo estimativa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), paga-se 37% do Produto Interno Bruto (PIB) em impostos. E não se vê a contrapartida em benefícios para a economia e para a população.

Seja como for, o governo decidiu deixar de lado muitos cortes previstos para obras de infraestrutura no setor portuário, contentando-se em cortar R$ 177 milhões, ou seja, 17,7%, indo o orçamento de R$ 995 milhões para R$ 818 milhões. Em compensação, o Ministério dos Transportes perdeu 36% dos recursos previstos, indo o seu orçamento de R$ 15,8 milhões para R$ 10,1 milhões. Como a pasta, tradicionalmente, não consegue gastar 50% das verbas orçamentárias, isso significa que menos obras de infraestrutura viária serão executadas, o que fazer prever uma piora no sistema logístico do País. Milton Lourenço - Brasil


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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Reino Unido - Ganha centro portuário sustentável

A gigante de logística de alimentos e bebidas Culina Group foi anunciada como a primeira inquilina do novo Centro Nacional de Importações do Reino Unido, que está sendo desenvolvido pelo Peel Group como parte de seu investimento multimilionário no porto de Salford, localizado cerca de 10km a oeste de Manchester City´.

A Culina Group ocupará a primeira unidade de armazenagem para distribuição a ser construída no local do Porto de Salford – o primeiro centro portuário e parque de distribuição trimodal do Reino Unido, acessível por via ferroviária, rodoviária e marítima. A propriedade dispõe de um espaço de 26000m2, incluindo escritórios, pátio de serviço e estacionamento. Serão criados 280 empregos no centro de logística, cuja construção está prevista para ser concluída até abril de 2016, com pleno funcionamento até o fim de 2016. Em construção às margens do aqueduto navegável Manchester Ship Canal, o porto de Salford é parte do projeto de “Atlantic Gateway” liderado pela Peel Ports, que envolve a reconstrução da rede de portos, dos canais e do terreno circundante entre Manchester e Liverpool.

Localizado ao lado do Manchester Ship Canal, o Centro Nacional de Importações do porto de Salford irá permitir o manuseio e a redistribuição de mercadoria. Sua localização privilegiada permitirá o acesso direto do navio a partir do novo terminal Liverpool2, no porto de Liverpool, atualmente em construção pela Peel Ports, com término previsto para o fim de 2015.

Prevê-se que a maioria da carga de contêineres chegará ao terminal portuário de Salford vindo de Liverpool via Manchester Ship Canal, melhorando drasticamente as rotas da cadeia logística em todo o norte e noroeste da Inglaterra, até a Escócia, e resultando na redução da emissão de carbono e em outras significativas melhoras ambientais.

Vale ressaltar que, quando estiver concluído, o Porto de Salford compreenderá mais de 148000 m2 de armazenamento, em um espaço de 50 hectares. Outros planos estão em andamento para uma segunda fase, que elevará a área total a 101 hectares, com 370000 m2 de oportunidades de desenvolvimento, criando um dos mais importantes polos de armazenamento e logística do Reino Unido. Andrezza Queiroga – Brasil in “Guia Marítimo”

Portugal - O carro eléctrico português low cost

De capota transparente e aspecto futurista, o UOU é um veículo 100% eléctrico e português, com capacidade para duas pessoas e que pode ser uma solução para quem faz, sobretudo, percursos urbanos. Lançado no final de Março, no Porto, o UOU tem três rodas e preços a partir dos €3.500 – um valor até 75% inferior ao dos veículos eléctricos.

“O UOU é um veículo 100% eléctrico, económico, prático e versátil, na vanguarda de uma mobilidade contemporânea com um sistema de microgeraçao de energia e projectado para [as] smart cities do futuro”, explicaram ao Green Savers Isa Silva e Hugo Teixeira, responsáveis pelo veículo.

O carregamento do UOU pode ser feito em qualquer tomada doméstica convencional, ou seja, não é preciso uma infra-estrutura própria de carregamento. O veículo tem uma autonomia para andar entre 40 a 60 quilómetros, dependendo do tipo de percurso e da produção de energia do próprio condutor. É que o UOU possui um sistema de micro-geração de energia inspirado num processo semelhante usado no campismo mas adaptado à mobilidade.

Assim, foi criado um sistema de steps – parecido com os usados no ginásio – que o condutor pode pisar e recarregar as baterias em andamento.

Por outro lado, ao ser considerado um velocípede, o seu condutor não precisa de carta de condução e até pode andar nas ciclovias. O UOU tem dois lugares – condutor e passageiro -, uma bagageira e um sistema de controlo remoto de abertura e fecho da capota.

“[O UOU] tem uma maior eficiência do motor face aos veículos a combustão. Os veículos eléctricos utilizam entre 0,1 a 0,23 kW/h por quilómetro. A média do consumo equivalente para um veículo a combustão é de 0,98 kW/h por quilómetro, sendo assim bastante menos eficiente que um eléctrico”, continuam os responsáveis pelo UOU.

O único senão do UOU é a falta de veículos disponíveis. Existe apenas um carro construído, que está disponível para test drive no Europarque, Santa Maria da Feira. Há mais dez UOU a serem produzidos em Ovar, com componentes portuguesas e importadas, para empresas. No final deste mês, os carros serão finalmente comercializados para o público geral. In “”Green Savers - Sapo” – Portugal

Para mais informações: //www.facebook.com/ELECTRICUOU

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Grécia - Porto do Pireu ruma para a privatização

Quando em 2008 a empresa Piraeus Container Terminal, subsidiária da chinesa Cosco Group, assumiu a concessão dos terminais II e III do Porto do Pireu, uma fase de crescimento sustentado alterou a importância do principal porto grego que se encontrava num estado de estagnação, passando rapidamente a ser, depois de Algeciras e Valência, o 3º porto de contentores do Mediterrâneo, sendo hoje a porta do movimento de mercadorias entre o Oriente e a Europa através do canal do Suez.

Dados de 2013, colocam o porto de contentores do Pireu no 43º lugar a nível mundial e o sétimo europeu com 3163755 TEUs, (unidade equivalente a um contentor de 20 pés) enquanto, como comparação, o porto de Sines, o principal porto português, está classificado no 115º posto com 931036 TEUs.

A relevância dos números gregos deve-se ao trabalho desenvolvido pela Piraeus Container Terminal após um crescimento de 70% em 2012 e de 20% em 2013, cabendo a esta entidade 79,6% do total do movimento portuário de contentores e os restantes 20,4% à Autoridade Portuária grega. No ano de 2014 a Piraeus Container Terminal teve um aumento de 18,5% face ao ano de 2013.

Nos últimos cinco anos, altos signatários chineses têm visitado esta infraestrutura e no passado mês de Setembro de 2014 a Cosco anunciou um investimento de 230 milhões de euros, a aplicar num prazo de sete anos na ampliação do Terminal III, quando já estava em negociações com o governo grego da altura para a privatização de 67% da Autoridade do Porto do Pireu (APP).

O novo governo grego anunciou no início deste ano a suspensão da privatização do porto do Pireu e de outras infraestruturas como 14 aeroportos regionais, mas agora, perante a pressão dos seus parceiros europeus, veio anunciar a privatização de 51% da Autoridade do Porto do Pireu, com uma opção para chegar aos 67% num prazo de cinco anos.

Quatro empresas que já tinham manifestado interesse na privatização da APP foram convidadas pelo governo grego a apresentarem propostas pela compra. São elas a chinesa Cosco Group, que já opera nos terminais II e III, a dinamarquesa APM Terminals pertencente à A.P.Moller Maersk, a filipina International Container Services e a americana Ports America que entretanto desistiu da privatização.

A Cosco Group parte como favorita e a China não vai perder a oportunidade de alicerçar a sua posição a oriente da Europa, depois de já ter salvaguardado as posições estratégicas na rota para o mar Vermelho, protegendo-se dos possíveis actos de pirataria que assolam o trajecto da China para o Mediterrâneo. Baía da Lusofonia