Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 31 de outubro de 2015

Moçambique – Porto de águas profundas de Macuse

A construção do porto de águas profundas de Macuse, na costa da Zambézia, Moçambique, deverão iniciar-se em 2016, afirmou o presidente do Corredor de Desenvolvimento Integrado do Zambeze (CODIZA).

O concurso para a realização dos trabalhos poderá ser lançado ainda este ano, acrescentou Abdul Carimo, citado pelo boletim do município da cidade de Quelimane.

O futuro porto de águas profundas terá capacidade para receber navios de 80 mil toneladas. No início, servirá para receber os materiais necessários à construção da linha de caminho-de-ferro que ligará Macuse a Moatize, em Tete, e depois garantirá a exportação do carvão extraído nas minas daquela província moçambicana.

Projectado para movimentar 100 milhões de toneladas por ano quando concluído, numa primeira fase o porto terá uma capacidade de 25 milhões de toneladas/ano.

Em Abril passado, Abdul Carimo disse serem necessários quatro mil milhões de dólares para arrancar com o projecto do Corredor de Desenvolvimento Integrado do Zambeze (CODIZA). Na altura, Carimo sugeriu o envolvimento do consórcio indiano ICVL (International Coal Ventures Limited), que possui interesses na área da exploração do carvão em Tete.

A futura linha de caminho-de-ferro prevista para o Corredor terá uma extensão de 525 quilómetros, ligará as províncias de Tete e Zambézia, e permitirá escoar 100 milhões de toneladas de carvão por ano. In “Transportes & Negócios” - Portugal

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Timor-Leste - Fórum da Juventude da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

A capital timorense acolhe, entre 9 e 12 de Novembro de 2015, o Fórum da Juventude da CPLP. A iniciativa vai discutir os desafios que a globalização coloca aos jovens dos países que têm o português como língua oficial.

Um dos países mais jovens do continente asiático – Timor-Leste – vai servir de palco a uma iniciativa que vai debater o papel dos jovens como “novo paradigma para a transformação global”. O enunciado dá o mote ao Fórum da Juventude da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), agendado para a capital timorense, Díli.

O encontro, que reúne representantes de associações juvenis e estudantis dos nove países membros decorre entre 9 e 12 de Novembro, terminando no dia em que se assinala o 24.o aniversário do massacre de Santa Cruz.

A iniciativa pauta a estreia de Timor-Leste na organização de uma reunião da juventude da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. A organização do certame está a cargo do Conselho Nacional da Juventude de Timor-Leste, que tem previsto várias actividades durante os quatro dias pelos quais se prolonga o encontro.

Trata-se, explica a presidente do Conselho Nacional da Juventude timorense, Maria Soares Magno de ajudar a “manter e aprofundar os laços de amizade, cooperação, solidariedade e diálogo intercultural entre os jovens lusófonos”.

Ao mesmo tempo, a iniciativa procura responder “ao desafio da defesa e promoção dos direitos humanos, do desenvolvimento e da interdependência no espaço da CPLP”.

O Fórum da Juventude da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa arranca na segunda-feira, dia 8, com o primeiro-ministro timorense, Rui Maria de Araújo, e o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Leovigildo da Costa Hornai, a darem as boas vindas às delegações oriundas dos nove estados membros da CPLP.

Para 8 de Novembro está previsto um seminário em que será discutida os desafios inerentes à globalização, em termos de educação, de identidade cultural e do papel da mulher. No dia 10, decorre a Assembleia Geral do Fórum da Juventude e a Assembleia Geral Ordinária, onde se deverá discutir a chamada Declaração de Díli. O dia 11 está reservado para várias visitas à Presidência, ao Palácio do Governo, ao Parlamento, à Escola Portuguesa Ruy Cinatti e ao Arquivo e Museu da Resistência Timorense.

A 12, aniversário do massacre de Santa Cruz, está prevista uma marcha entre a Igreja de Motael e o cemitério onde as forças indonésias dispararam sobre dezenas de jovens timorenses. Para o mesmo dia está ainda agendada a leitura e assinatura da Declaração de Díli e as comemorações culturais do Dia Nacional da Juventude. In “Ponto Final” - Macau

Brasil – Cooperação na área de defesa com Timor-Leste

Fortalecer a cooperação na área de Defesa entre o Brasil e o Timor-Leste. Este foi o objetivo da reunião entre os ministros da Defesa do Brasil, Aldo Rebelo, e do Timor-Leste, Cirilo Cristovão, realizada na passada quarta-feira, 28 de Outubro de 2015, em Brasília (DF). O ministro timorense foi recebido na sede do Ministério da Defesa com honras militares e passou a tropa em revista.

Cirilo ressaltou a intenção de incrementar as atividades de cooperação bilateral entre as Forças Armadas dos países sob o Acordo na área de Defesa assinado em 2010, de contar com o apoio da Escola Superior de Guerra (ESG) para o quadro docente e para a elaboração de currículos de cursos do Instituto de Defesa Nacional (IDN), e, sobretudo, de obter a cooperação específica para a implementação de programa de ensino da língua portuguesa.

“É uma grande honra poder receber no Brasil o ministro da Defesa do Timor-Leste, com quem já temos uma grande cooperação em várias áreas, e aprofundar a cooperação nos domínios e nos assuntos de defesa. Nós vamos atuar no assessoramento de alto nível, na formação de recursos humanos na área de defesa, na cooperação entre o Instituto de Defesa Nacional do Timor-Leste e a nossa Escola Superior de Guerra, na melhoria do ensino da língua portuguesa, e onde mais for necessário a nossa cooperação será intensificada e ampliada”, destacou o ministro brasileiro Aldo Rebelo.

O ministro do Timor-Leste disse que o encontro com o ministro Aldo foi muito positivo e que a visita também serviu para fortalecer os laços de amizade entre dois países irmãos, que estão na Comunidade de Países da Língua Portuguesa (CPLP).

“Essa visita é muito importante em termos bilaterais. O governo do Brasil e o povo brasileiro estão sempre nos apoiando, em tempos difíceis, durante a nossa luta pela independência e até agora, e também em termos de cooperação técnico-militar, o Brasil está sempre nos apoiando”, declarou Cirilo.

Brasil e Timor-Leste integram a CPLP, que conta com mais sete integrantes: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe.

“Já temos muitos acordos com o Brasil em termos de cooperação militar e agora vamos fortalecer nas áreas de formação da polícia militar e também nas áreas do ensino do Instituto de Defesa Nacional e da Escola Superior de Guerra, e também a possibilidade de assessoria do Ministério da Defesa”, lembrou o ministro Cirilo.

Também participaram da reunião, o comandante da Força Área Brasileira, brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato; o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos De Nardi; o chefe do Estado Maior da Armada, almirante Wilson Barbosa Guerra; o secretário-geral do Ministério da Defesa (MD), general Joaquim Silva e Luna; e o chefe de Assuntos Internacionais do MD, general Décio Luís Schons. In “Defesanet” - Brasil

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Guiné-Bissau - Flora Gomes prepara documentário sobre Amílcar Cabral

Flora Gomes
Bissau - O cineasta guineense Flora Gomes pretende produzir um documentário de ficção para retratar a vida e obra de Amílcar Cabral, pai das nacionalidades guineense e cabo-verdiana.

É o próprio que o revela numa recente entrevista a RFI, em Paris à margem de um colóquio da delegação parisiense da Fundação Calouste Gulbenkian sobre as artes da língua portuguesa.

Flora Gomes disse que realizar um trabalho sobre Amílcar Cabral continua a ser um dos seus projectos, salientando que já tem alguns apoios para avançar.

“Já estou a ouvir os testemunhos dos combatentes que viveram com Cabral e pessoas que tiveram aquele privilégio e sorte de ouvi-lo ou de o ter cumprimentado. Já tenho mais de dez horas de entrevistas filmadas, salientando que só depois disso que vou atacar a parte da ficção” disse o cineasta.

Flora Gomes esclareceu que fazer o filme não é difícil, mas disse que vai ser muito caro, porque, segundo as suas palavras, o referido filme de Cabral é muito caro e disse esperar que a obra seja da dimensão de Amílcar Cabral.

O cineasta guineense adiantou que o acto é de grande responsabilidade, salientando no entanto que o homenageado merece.

Flora Gomes conta ter apoios dos actuais dirigentes do partido de Cabral, o PAIGC e o actual Primeiro-ministro e acha que vão compreender que o que está a preparar visa imortalizar tudo o que fizeram de bem e do mal até aqui, no quadro do pensamento de Amílcar Cabral.

Para Flora Gomes, a grande dor da cabeça do projecto, será a parte de ficção, ou seja encontrar a pessoa ou personagem ideal para interpretar Amílcar Cabral e os meios que são precisos para avançar.

“Falar da morte de Amílcar Cabral é importante. O mais importante é todo aquele aspecto dum país que ergueu praticamente de nada e se não fosse a luta de libertação, eu não estaria aqui a ser entrevistado e muita gente não teria essa possibilidade hoje de ver a Guiné-Bissau nesse processo tão delicado de construção de uma nação e de ter essa identidade que não tem nada de igual” afirma Flora Gomes.

Segundo ele, para Cabral a luta de libertação era um acto cultural ele não só conseguiu distinguir com quem é que estávamos a lutar, que era contra o sistema de colonialismo português não contra nem nunca contra o povo de Portugal, mas também começou a criar o que ele chamou de homem novo. 

“Esse homem novo é um homem sem complexo, que não pode sentir inveja dos outros. O homem que quer andar para frente, que tem o domínio da técnica e de tudo que a ciência coloca nas suas mãos", explicou.

Flora Gomes disse que Cabral não formou somente os homens de cinema porque são poucos nessa área, salientando que, o líder igualmente formou muitos engenheiros agrónomos, médicos em suma quadros para fazer da Guiné um paraíso e que, infelizmente, não é o caso ainda, mas disse acreditar que a situação vai mudar.

Flora Gomes lamentou a crise política vivida no país provocada pela demissão do governo de Domingos Simões Pereira e do impacto que teve em relação aos projectos culturais na Guiné-Bissau dizendo que é nesta fase que se deve repensar nos actos e decisões para que esse erro não volte a acontecer no futuro.

O cineasta guineense com mais obras feitas e mais conhecido no pais e além fronteira salientou que os militares são um exemplo a seguir e que durante a crise deram lições a todos principalmente aos políticos. In “Agência de Notícias da Guiné” - Guiné-Bissau

Sahara Ocidental – Delegação negociadora encontra-se com representante da ONU

O Enviado Pessoal do Secretário-Geral das Nações Unidas, Christopher Ross, manteve encontros com os membros da delegação negociadora saharaui no âmbito da visita oficial que realiza para relançar as negociações e encontrar uma solução para o conflito saharaui.

O Presidente daa delegação negociadora saharaui, Jatri Aduh, afirmou em declarações à imprensa "que a Frente Polisario continuará cooperando com os esforços da ONU, mas num contexto limitado” sublinhando “que a comunidade internacional deverá assumir a responsabilidade de qualquer reação que possa resultar do prolongamento deste conflito". Ross deverá apresentar um relatório às Nações Unidas no termo da sua visita à região.

O Emissário do SG da ONU concluiu a sua visita aos acampamentos de refugiados saharauis na segunda-feira passada, tendo seguido para a capital argelina, depois de já ter visitado Marrocos e Mauritânia no âmbito deste mesmo périplo pela região. In “Sahara Ocidental Informação”

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

São Tomé e Príncipe – Inaugurada nova pista do aeroporto da ilha do Príncipe

São Tomé - O presidente de São Tomé e Príncipe, Manuel Pinto da Costa inaugurou na passada segunda-feira, 26 de Outubro de 2015, a nova pista do aeroporto da ilha do Príncipe, empreendimento habilitado para aterragem e descolagem de aviões de médio porte.

Na sua intervenção o Chefe de Estado são-tomense considera que a nova infra-estrutura abre excelentes perspectivas para incrementação de um turismo ambiental e responsável na ilha da biosfera da Unesco, e que custou ao investidor financeiro sul-africano Mark Shuttworth mais de 16 milhões de Euros.

As obras que tiveram início há sensivelmente dois anos ao cargo da portuguesa Mota Engil, comportam ainda a iluminação da pista de aterragem, a modernização de aerogare bem como a melhoria da torre de controlo e serviços de meteorologia aeronáutica da ilha localizada a 150 quilómetros de São Tomé.


A nova infra-estrutura tem cerca de 1800 metros de comprimento, tamanho compatível para voos de principais aviões que têm escalado o aeroporto da ilha de São Tomé, dos quais se destacam voos da TAAG, TAP e STP/Airwais com aviões air-bus 310 e 320.

O presidente do governo regional sublinhou que, em conexão com o projecto da nova pista aeroportuária, o grupo HBD do milionário sul-africano Mark Shuttwordth iniciou há duas semanas, a construção de um hotel turístico-ecológico de cinco estrelas na Praia de Sundy, na ilha do Príncipe num investimento de cerca de 12 milhões de dólares.

 Além de investimento no único aeroporto da ilha do Príncipe construído pelo então governo colonial português em 1968, o grupo sul-africano de Shuttwordth tem financiado vários projectos agrícolas bem como formação de quadros. In “Agência Noticiosa de São Tomé e Príncipe – São Tomé e Príncipe

terça-feira, 27 de outubro de 2015

UCCLA - Exposição “Casa dos Estudantes do Império. Farol de Liberdade” em Maputo










No âmbito da homenagem que a UCCLA tem vindo a promover, desde outubro de 2014, aos associados da Casa dos Estudantes do Império (CEI), terá lugar no dia 28 de outubro, às 18 horas, a inauguração da exposição “Casa dos Estudantes do Império. Farol da Liberdade”, no Centro Cultural Português em Maputo (Embaixada de Portugal - Av. Julius Nyerere, n.º 720 – 1.º), Moçambique.

No ano em que se assinalam os 50 anos da extinção da CEI, os 40 anos do reconhecimento das independências dos países africanos de língua oficial portuguesa, a UCCLA – que assinala, também, os 30 anos de existência - organiza esta exposição, em parceria com o Camões-Instituto da Cooperação e da Língua, de homenagem aos milhares de estudantes que, entre 1944 e 1965, estiveram neste local, vivendo, convivendo e dando alma ao seu espaço de liberdade, através da exposição “Casa dos Estudantes do Império. Farol da Liberdade”.

















Trata-se de uma exposição itinerante, nos centros culturais de diversos países, que pretende dar a conhecer um pouco melhor da história e da realidade vivida por estes jovens. Está já prevista a deslocação da exposição, ainda sem datas, para a India, Roménia, Bucareste, Canadá e São Tomé e Príncipe.

A exposição, em Maputo, poderá ser visitada até ao dia 11 de novembro, de segunda a sexta-feira, das 10 às 18 horas.

De salientar que esta exposição esteve patente na Galeria de Exposições dos Paços do Concelho de Lisboa, de 21 de maio a 25 de junho de 2015. UCCLA

Vidas (e obras) de poetas

                                                           I
Desde que Caio Suetônio Tranquilo (70d.C.-122d.C.), no começo do século II, escreveu De grammaticis, coleção de resumos biográficos de gramáticos,  retóricos e poetas  romanos (Terêncio, Virgílio, Horácio e Lucano), que faz parte de uma obra mais ampla, De uiris illustribus, ficou claro que o tema sempre renderia textos excepcionais. Proclamações (Brasília, Editora Thesaurus, 2013), de Anderson Braga Horta (1936), livro que reúne dez ensaios e conferências sobre onze poetas brasileiros, segue essas pegadas e não foge à regra.

Até porque o seu autor não só é um fino e consagrado poeta como um crítico e ensaísta de alto quilate, que sabe que o seu ofício não se resume à inspiração – ainda que sem ela não exista poesia, como diria Lêdo Ivo (1924-2012) –, mas que é preciso também conhecer a técnica e saber como aplicá-la ou deter conhecimento para reconhecê-la e, ao mesmo tempo, detectar os defeitos que cometem os seus utilizadores.

Por isso, só mesmo quem domina à exaustão a técnica do fazer-poético poderia escrever o ensaio “Os erros de Castro Alves”, texto que deveria ser lido não só por candidatos ao ofício como por todos aqueles que se interessam por poesia e mesmo por alguns bardos com obra já conhecida. Munido de vasto conhecimento, o ensaísta rebate várias acusações que se apresentam infundadas e que pretendiam mostrar que o bardo baiano teria cometido deslizes de linguagem e tropeços métricos.

Para o ensaísta, não há em Castro Alves (1847-1871) nenhuma insuficiência de linguagem e muito menos erros métricos que possam tirá-lo do panteão da poesia brasileira. Muitas vezes, como diz, os pretensos erros não passam de licença poética ou palavras que seriam acentuadas de outra forma ao tempo do poeta. São os casos de blásfemo por blasfemo,  Niagara por Niágara ou nenufares por nenúfares, entre outros.

                                                           II
De Menotti del Picchia (1892-1988), o autor inclui neste livro uma palestra que deu na Associação Nacional de Escritores (ANE) em 2009 em que aborda especificamente o poema “Juca Mulato” (1917), mostrando que a sua linguagem e versificação conservadoras em nada antecipam a ruptura modernista, embora para o crítico Wilson Martins (1921-2010) tenha sido ele “e não Mário ou Oswald de Andrade o chefe do primeiro Modernismo”. Segundo Braga Horta, porém, nada disso invalida o valor da composição, “uma das mais fascinantes realizações da lírica nacional” e igualmente das mais conhecidas da Literatura Brasileira.

De Lêdo Ivo, em ensaio escrito poucos meses depois da morte do poeta, Braga Horta faz uma leitura/releitura dos poemas que mais o impressionaram, entre os quais “A inspiração” em que se lê:
Não creio na inspiração
essa bruxa radiosa
que sopra a canção
e te faz alegre ou triste.
Mas que ela existe, existe!

Para o ensaísta, Ledo Ivo é “um enamorado da linguagem”, pois, “senhor de grande vocabulário, aprecia a combinação de palavras díspares, nisso incluída a adjetivação improvável”, além de dominar as técnicas e o idioma.

                                               III
Poeta pouco conhecido ao seu tempo, Cassiano Nunes (1921-2007) também merece percuciente esboço biográfico-literário de Braga Horta no ensaio “Cassiano Nunes: vida e poesia em simbiose”. Tendo convivido com Cassiano Nunes em Brasília por largos anos, o autor reconstitui os primeiros anos do poeta em sua cidade de Santos natal, até os seus últimos anos como frequentador do badalado restaurante Beirute.

Se é permitida uma incursão pessoal deste resenhista, igualmente santista como o poeta, mas de geração mais recente, é para dizer que, filho de imigrantes portugueses de modesta condição e escassas letras, o jovem Cassiano sempre escutara do pai que “livros não davam dinheiro”. E que, por isso, fora obrigado a fazer o curso de Contabilidade para mais bem se preparar para a vida.

O resenhista ouviu essa informação à época em que, no começo dos anos 1980, costumava deixar a redação do jornal A Tribuna, de Santos, para se encontrar lorquianamente, a las cinco en punto, no café Paulista, na Praça Rui Barbosa, com os poetas Roldão Mendes Rosa (1924-1989) e Narciso de Andrade (1925-2007), que haviam participado na década de 1940 com Cassiano Nunes do movimento literário denominado pesquisista, que reunira, entre outros nomes, Miroel Silveira (1914-1988), Cid Silveira (1910-?), Nair Lacerda (1903-1996) e Leonardo Arroyo (1918-1985).

Roldão e Narciso sempre lembravam com admiração do colega que partira em 1947 para os Estados Unidos bolsa de estudos, atuara como orientador literário da Editora Saraiva, em São Paulo, e, graças a outras bolsas, estudara também em Heildelberg, na Alemanha, e Nova York e que, ao retornar, em 1966, fora para Brasília, por indicação do poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), lecionar na Universidade de Brasília (UnB).

Costumavam trocar cartas, telefonemas e poemas com ele. E igualmente lembravam do poema “Os bombons da Leoneza”, reproduzido por Braga Horta, em que Cassiano Nunes rememora os doces que o pai lhe trazia daquela confeitaria à noite e os deixava sobre a sua cama de menino. Um detalhe: o café Leoneza, hoje desaparecido, à época da infância de Cassiano ficava ao Largo do Rosário, exatamente a atual Praça Rui Barbosa em que está até hoje o tradicional café Paulista. Eis um trecho do poema:
Após o duro dia de trabalho
na oficina mecânica,
lavado e depois da janta,
meu pai saía à noite.
Ia conversar
com os sócios, colegas e fregueses
no café A Leoneza
do largo do Rosário,
onde toda a gente se encontrava em Santos. (....)

Braga Horta diz que a poética de Cassiano Nunes não é chegada a requintes, rebuscamentos ou pesquisas formais. Curiosamente, assim também são as poéticas de Roldão Mendes Rosa e Narciso de Andrade, seus companheiros de geração. São semelhantes não só na forma como forjaram seus versos, mas em seus temas em que são recorrentes imagens do cais de Santos, seus guindastes, seus navios que chegam e partem. Aliás, este seria um bom tema para uma dissertação de mestrado ou doutoramento em Letras: estabelecer as similitudes entre as obras dos três poetas.

A exemplo de Cassiano Nunes, há outros autores de qualidade, que ainda não entraram no panteão em que, com certeza, estão Castro Alves, Menotti del Picchia e Ledo Ivo, mas que igualmente passam pelo crivo de Braga Horta neste livro, como Olegário Mariano (1889-1958),  Guilherme de Almeida (1890-1969), Waldemar Lopes (1911-2006), Fernando Mendes Vianna (1933-2006),  Joanyr de Oliveira (1933-2009) e Anderson de Araújo Horta (1906-1985) e Maria Braga Horta (1913-1980), pais do ensaísta.  

Dessas obras, o ensaísta/conferencista, com perspicácia, tira interpretações quase sempre criativas e insólitas. Por isso, como observa José Jeronymo Rivera na apresentação que escreveu para este livro, esta nova coletânea de Braga Horta constitui “mais uma valiosíssima contribuição ao campo da nossa melhor análise literária”.

                                               IV
Anderson Braga Horta, mineiro de Carangola, formou-se em 1959 pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil-RJ. Foi diretor legislativo da Câmara dos Deputados e co-fundador da ANE. É membro da Academia Brasiliense de Letras e da Academia de Letras do Brasil. Predominam em sua obra títulos de poesia, como Altiplano e outros poemas, de 1971, seguido de Marvário, Incomunicação, Exercícios de homem, O pássaro no aquário, reunidos, com inéditos, em Fragmentos da paixão (São Paulo: Massao Ono, 2000), que obteve o Prêmio Jabuti de 2001, mais Pulso (São Paulo: Barcarola, 2000), Quarteto arcaico (Guararapes, 2000), 50 poemas escolhidos pelo autor (Rio de Janeiro: Galo Branco, 2003), Soneto antigo (Thesaurus, 2009) e De uma janela em Minas Gerais – 200 sonetos (miniedição em 4 vols., 2011).

Na linha da crítica e da ensaística, publicou pela Thesaurus o opúsculo Erotismo e poesia (1994), Aventura espiritual de Álvares de Azevedo: estudo e antologia (2002), Sob o signo da poesia: literatura em Brasília (2003), Traduzir poesia (2004), Testemunho & participação: ensaio e crítica literária (2007) e Criadores de mantra: ensaios e conferências (2007). Já conquistou 15 prêmios literários. Adelto Gonçalves - Brasil

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Proclamações, de Anderson Braga Horta. Brasília: Editora Thesaurus, 192 págs., R$ 35,00, 2013. E-mail: editor@thesaurus.com.br
Site: www.thesaurus.com.br


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Adelto Gonçalves é doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de Os vira-latas da madrugada (Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1981; Taubaté, Letra Selvagem, 2015), Gonzaga, um poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002), Bocage – o perfil perdido (Lisboa, Caminho, 2003), Tomás Antônio Gonzaga (Academia Brasileira de Letras/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2012), e Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo Colonial (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2015), entre outros. E-mail: marilizadelto@uol.com.br

Portugal - Novo navio de Investigação

Chegou a Lisboa, no passado dia 22 de Outubro de 2015, o novo Navio de Investigação do Estado Português designado “ MAR PORTUGAL”. Este navio foi adquirido pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA, I.P), após um concurso público internacional, pelo valor de 7,9 M€ no âmbito do Mecanismo de Financiamento do Espaço Europeu, programa EEA Grants operado, neste particular, pela Direção Geral de Política do Mar. O Navio anteriormente designado “Kommandor Calum”, tinha bandeira do Reino Unido e era pertença da companhia Escocesa Hays Ships.

O navio encontra-se atracado em Alcântara na Doca do Espanhol e foi neste lugar que se deu à passagem da Bandeira do Reino Unido para a Bandeira Portuguesa e a pintura do novo nome: “MAR PORTUGAL” no casco.









O Navio inicialmente construído como navio de defesa e salvamento submarino foi convertido em 2013, pela Hays Ships, como navio de investigação e “survey” para águas profundas seguindo os padrões mais exigentes da indústria, apresentando um certificado de classe emitido pela Loyds. Na conversão foram modificadas e construídas acomodações segundo as normas da Maritime Labour Convention e adicionados, um sistema de posicionamento dinâmico (DP), aparelhos de força, gruas e pórticos, bem como compressores para sistemas de sísmica de reflexão, tornando-o um navio particularmente orientado para operações de geofísica e operações com veículos remotos. Desde a conversão tem operado a uma escala global. Em 2014 navegou no ártico russo, no mar do norte, no Atlântico e no Mediterrâneo.  

O Navio tem 75 m de comprimento por 15 m de largura, apresenta um calado de 4,5 m. Tem lugar para 30 investigadores e equipas técnicas e 16 tripulantes e tem uma autonomia de 40 dias. Na configuração atual está capacitado para a realização de operações geotecnia marinha, oceanografia, operação com ROV’s (“remotely operated vehicles”) e levantamentos geofísicos.

Inicia-se agora a segunda fase do projeto que envolve a transformação do navio para permitir operações de pesca de arrasto, construção de um laboratório seco e um túnel de congelação e envolverá o lançamento de um novo concurso internacional. O projeto no valor total de aproximadamente 13 M€ estará concluído no decurso de 2016.  Instituto Português do Mar e da Atmosfera - Portugal

Brasil - Começar de novo

SÃO PAULO – A declaração do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, durante a abertura da 26ª Assembleia Plenária do Conselho Empresarial da América Latina (CEAL), no Rio de Janeiro, soou como um renovo de esperanças, ao reconhecer que a Parceria Transpacífico (TPP), um acordo de livre comércio entre os Estados Unidos e 11 países do Pacífico, além de Chile, Peru e México, pode não só acelerar a integração entre Mercosul e União Europeia como até incluir o Brasil no tratado. Até porque, segundo o ministro, o setor industrial brasileiro estaria hoje mais disposto a apoiar esses acordos do que há dez anos.

É de se reconhecer que, depois de 13 anos de uma política de terra arrasada na área de comércio exterior, o novo ministro teve de começar tudo de novo, a partir de uma reaproximação com os Estados Unidos, o maior mercado do planeta, que havia sido preterido pelos três governos anteriores. Como se sabe, o governo brasileiro da época trabalhou deliberadamente nos bastidores, ao lado do governo argentino, para levar ao fracasso as negociações para a formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), sem oferecer uma proposta alternativa.

E ainda apostou na Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), que previa a redução de barreiras em todo o mundo, mas que, depois de muitas negociações, resultou em rotundo fracasso. O resultado dessa política irrealista – porque, há anos, estava claro que a tendência mundial seria a formação de mega-blocos comerciais – foi que o Brasil despencou 18 pontos no ranking do Fórum Econômico Mundial, passando a ocupar o 76º lugar.

Com a nova orientação do atual governo a partir de janeiro, segundo dados do MDIC, em 2015, os Estados Unidos já se tornaram o principal destino das exportações brasileiras, comprando mais de US$ 20 bilhões até setembro.  Além disso, os dois países vêm removendo barreiras não-tarifárias. Mas é preciso aprofundar os entendimentos porque, com a entrada em vigor da TPP, o Brasil pode perder mercado para produtos agrícolas nos Estados Unidos e Austrália.

Aliás, se sair o mega-acordo EUA-UE e as negociações com esses parceiros não evoluírem mais, o Brasil corre o risco de ficar de fora de um bloco que abrangerá 70% das trocas comerciais no planeta. Hoje, a TPP já abrange 40% da produção mundial. Portanto, ainda bem que o governo brasileiro despertou para a necessidade de uma revisão na política comercial que vinha sendo empreendida. E que poderia levar o País a um beco sem saída. Antes tarde do que nunca. Milton Lourenço - Brasil

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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Casamansa – Casamanseses, nós resistiremos!

A prisão forçada do chefe da aldeia Bouguitigho soa como um grito de raiva que as pessoas nesta vila tranquila vibram em face das autoridades senegalesas e do seu exército.

Os casamanseses estão fartos de serem reduzidos a assuntos de bater e derrubar agradecendo ao estado do Senegal que acaba de lhe ser concedido um assento no Conselho de Segurança da ONU como membro “felizmente” não permanente.

Por 33 anos, este é o mesmo calvário que atinge a maioria dos civis obrigando-os a refugiarem-se em países vizinhos, ou simplesmente partirem para o exílio.

O Governo do Senegal iniciou e criou este conflito para fazer andar as suas exportações, o conjunto da sua economia, e vendendo aos casamanseses placebos com as suas ações de caridade com o objectivo "não" lucrativo apelidado pomposamente de desenvolvimento.

Isto lembra, proporcionalmente, embora não estejamos longe deste episódio triste na história recente da humanidade, a revolta de escravos que terminou bem, um dia, quebrando os troncos de madeira, as gargalheiras de cobre ao pescoço, libertando-se dos seus donos ignóbeis e gananciosos. 

Será que vamos testemunhar uma explosão de orgulho de milhões de casamanseses que carregam todos os dias, a cada hora e a cada minuto uma humilhação que nos desejaria acreditar na justiça das acções bárbaras da autoridade estrangeira senegalesa?

A Casamansa acabará ela finalmente por libertar-se destes magnatas da mitomania?

Ousaremos admitir nós casamanseses, finalmente, que eles não nos dizem a verdade, mas eles repetem as frases como se nós nascêssemos para sermos punidos?

Não está na hora para os casamanseses quebrarem estas correntes que os privam da sua dignidade e sacrificar o seu conforto relativo para uma liberdade sem preço?

Casamanseses nós somos, nós resistiremos! Bintou Diallo - Casamansa


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O colonialismo, uma mancha que perdura

Nações Unidas - Transcorridos 55 anos desde a aprovação na Assembleia Geral da ONU da Resolução 1514 para pôr fim ao colonialismo, muitos povos e territórios continuam sob o jugo da dominação estrangeira, uma denúncia que ecoou esta semana aqui.

No Saara Ocidental, nas Ilhas Malvinas, Palestina, Porto Rico e outros lugares, a ocupação estrangeira continua obstaculizando a aspiração de um planeta caracterizado pelo pleno acesso à independência e a autodeterminação.

A Quarta Comissão, encarregada dos assuntos de descolonização, se reuniu esta semana, durante a qual foram aprovados 11 novos projetos de resolução sobre o tema, que deverão ser considerados na Assembleia Geral.

Além das iniciativas a respeito da situação específica de vários territórios, o fórum adotou rascunhos dirigidos à proteção dos interesses econômicos dos povos não autônomos e o apoio aos mesmos pelas agências especializadas da ONU, votações em que Estados Unidos e Israel ficaram isolados por sua rejeição.

Também destacou o envio à plenária dos 193 estados membros da organização de um projeto respaldado por 154 países; com a abstenção dos Estados Unidos, França, Reino Unido e Israel; que exige às potências administradoras a informar de maneira regular ao Secretário-Geral sobre questões econômicas, sociais e educacionais dos territórios sob seu controle.

Segundo as Nações Unidas, 17 povos ou territórios apresentam o status de não autogovernados, eles são: Saara Ocidental (ocupada por Marrocos), Anguila, Bermuda, Ilhas Caimán, Ilhas Malvinas, Monserrat, Santa Elena, Ilhas Virgens Britânicas, Ilhas Turcas e Caicós, Gibraltar e Pitcairn, todos eles sob o domínio do Reino Unido.

Completam a relação Samoa Americana, Ilhas Virgens estadunidenses e Guam (Estados Unidos); Nova Caledônia e Polinésia (França) e Tokelau (Nova Zelândia).

No entanto, muitos países reclamam nos foros da descolonização o cessar da ocupação da Palestina por Israel e o direito de seu povo à independência, bem como o direito à livre determinação de Porto Rico, ilha caribenha dominada por Estados Unidos.

Ao todo, estima-se que uns dois milhões de seres humanos vivem baixo o colonialismo, em comparação com os 750 milhões submetidos quando em 1945 foi fundada a ONU.

PERDURA A VERGONHA

Qualificações de vergonha, situação inaceitável e flagelo foram ouvidas aqui por estes dias nas intervenções de diplomatas ante a Quarta Comissão.

"As Nações Unidas celebra neste ano seu 70' aniversário com avanços para mostrar, mas com tarefas pendentes como a tragédia do colonialismo", afirmou o embaixador suplente de Cuba, Oscar León.

De acordo com o diplomata, a ilha considera que enquanto existir o flagelo, o trabalho da ONU estará incompleto.

Por sua vez, o representante permanente de Uganda, Richard Nduhuura, advertiu que decepciona a falta de acesso de muitos povos à livre determinação.

Em sete décadas de existência, as Nações Unidas não está à altura das expectativas por essa situação, sublinhou.

A embaixadora nicaraguense, María Rubiales, também chamou no Terceiro Decênio Internacional para a eliminação do colonialismo (2011-2020) a materializar essa aspiração.

Trabalhemos para que todos os povos e territórios não autônomos alcancem sua autodeterminação e independência, para ser parte integral, com todos seus deveres e direitos, de nossa comunidade de nações e contribuam para criar um mundo justo e em harmonia com a mãe terra", assinalou. Waldo Mendiluza – Prensa Latina

domingo, 25 de outubro de 2015

Macau - Empresas lusófonas procuram parceiros na MIF

Novos parceiros de negócios chineses para relações sustentáveis e a longo prazo é o que as empresas lusófonas procuram na MIF. Apesar de estarem presentes no evento através de organismos oficiais ou associações, ainda desconhecem as vantagens do Fórum Macau para os seus negócios



O espírito da lusofonia está este ano em peso na 20ª edição da Feira Internacional de Macau (MIF), com mais de 150 expositores dos países de língua portuguesa à procura de novos parceiros.

Para Hernâni Campos, representante da empresa chocolateira Avianense, o objectivo é apresentar produtos e procurar uma maior quota de mercado na China e em Macau. “Achamos a introdução do produto mais fácil a partir de Macau, mas queremos encontrar um parceiro para trabalhar de forma sustentável e a longo prazo”, afirmou ao Jornal Tribuna de Macau.

Apesar de considerar a RAEM um mercado pequeno, Hernâni Campos acredita no sucesso de produtos como os bombons “Imperador”, pois podem ser personalizados para os hotéis locais à semelhança do que é feito em Portugal.

Por seu lado, Fernando Pais, director da empresa de lacticínios, “Rural Futuro”, conseguiu um parceiro de negócio logo na primeira manhã da MIF, que lhe comprou os 30 ou 40 quilos de queijo que trouxe.

“As expectativas são altas e temos sido muito procurados”, afirmou, acrescentando que, apesar do mercado chinês interessar muito, ainda existem alguns entraves, devido à reticência dos chineses em relação aos produtos lácteos. “São novos hábitos que têm de ser criados, mas quando isso acontecer abre-se uma nova porta para o comércio”.

Tanto Fernando Pais como a “Avianense” participam na MIF porque são sócios da Associação de Jovens Empresários Portugal-China (AJEPC), desconhecendo por completo o papel do Fórum Macau. O mesmo se aplica a Gabriel Celli e Marianne Novais, brasileiros que vivem em Cantão e vieram à MIF, depois de convidados pela agência de investimento brasileira.

De acordo com Gabriel Celli, pretendem entrar em contacto com o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) para saber as condições para a importação de produtos brasileiros para a China, através da RAEM, mas desconhecem as vantagens do Fórum Macau e do Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre o Interior da China e Macau (CEPA). “É especialmente caro colocar o vinho na China, por isso estamos a pensar fazê-lo por Macau, é mais fácil e barato e o cliente depois vem cá buscá-lo”, contou.

Na sua perspectiva, produtos naturais e orgânicos com boa promoção poderão ter saída no mercado chinês actual. Na MIF pretendem ver a reacção do público perante os produtos.

Por seu lado, os empresários de Macau conhecem o Fórum, mas têm opiniões díspares. João Li, associado da empresa local de tradução “Perfeição”, considera que a plataforma não funciona muito bem, porque todos os negócios que obteve devem-se a trabalho próprio da empresa, apesar de estarem inscritos no portal online de serviços, produtos lusófonos e profissionais bilingues do IPIM.

Já Edmund Wong, vice-presidente da Associação dos Exportadores e Importadores de Macau, considera que o interesse dos empresários locais e da China Continental tem vindo a crescer. “Os empresários da nossa associação estão muito satisfeitos e a nosso ver a plataforma tem funcionado na realidade”, afirmou. Liane Ferreira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

Brasil - Pré-sal, agora caro demais

Se, abaixo dos US$ 55 por barril, a produção do pré-sal ficou inviável, então é preciso agir em consequência disso

O reconhecimento de um problema já é parte da solução. E ele veio com a declaração do engenheiro Oswaldo Pedrosa, presidente da Petróleo Pré-Sal S.A. (PPSA), estatal criada para comercializar a parcela de óleo e gás que caberá ao Tesouro quando houver produção nas áreas concedidas pelo regime de partilha.

O que Pedrosa está dizendo é mais do que uma advertência: abaixo dos US$ 55 por barril, a produção do pré-sal ficou inviável, porque não remunera o investimento mais os custos operacionais.

Os dirigentes da Petrobrás vêm apontando para números diferentes. Garantem que o ponto a partir do qual os preços de venda começam a compensar os custos é algo entre US$ 40 e US$ 45 por barril.


No momento, os preços internacionais do petróleo tipo Brent, referência da Petrobrás, estão abaixo desse nível. Nesta última quarta-feira, por exemplo, fecharam a US$ 47,85. (Veja o gráfico ao acima.)

Se, a esse preço, o pré-sal está inviabilizado, então é preciso agir em consequência disso. Um jeito de reagir é esperar pela recuperação das cotações e, só a partir daí, leiloar novas áreas e retomar a exploração. Seria uma decisão que enfrentaria graves riscos.

O primeiro deles é ter de esperar demais. Os especialistas são céticos nas previsões. Nenhum deles ousa apostar firmemente numa reação dos preços a curto prazo, ou seja, dentro de um ou dois anos. Pedrosa, por exemplo, espera pela virada apenas “no fim desta década”. As razões são muitas.

Os poços do Irã voltaram a bombear óleo e a produção, hoje de 2 milhões de barris diários, deve rapidamente saltar para mais de 5 milhões. O PIB da China, grande consumidor, está em desaceleração. Toda a malha de produção de óleo de xisto dos Estados Unidos, que eventualmente opere a baixa velocidade, pode ser reacelerada a qualquer momento.

E, como já vem sendo repetido nesta coluna, os governos vêm incentivando a produção de energia renovável para substituir a de fonte fóssil. Ou seja, os níveis atuais de preços podem permanecer aí por muitos anos e, nesse caso, toda a produção do pré-sal permaneceria estancada. O segundo risco da decisão de retomar a produção só quando os preços voltarem a saltar é o de enfrentar recaída alguns anos depois, fato que provocaria prejuízos.

A outra atitude é aceitar a hipótese de que os preços tendem a permanecer achatados por muito tempo e, a partir daí, tratar de derrubar os custos. Isso implicaria rever as exigências de conteúdo nacional para a produção de petróleo e gás no Brasil, fator que aumenta os custos. Implicaria, também, tratar de reduzir os demais custos.

E, em terceiro, derrubar definitivamente a exigência, fixada quando a realidade era outra, de que a Petrobrás seja a única operadora do pré-sal, numa situação em que ela mal se sustenta.

Em outras palavras, o reconhecimento da PPSA é, sim, bom ponto de partida, mas precisa ter consequência. Toda a política de petróleo tem de ser urgentemente revista, sob pena de deixar enterrada enorme riqueza no subsolo brasileiro. In “Defesanet” - Brasil

sábado, 24 de outubro de 2015

Moçambique – Produção nacional agrícola chega a Maputo

O Mercado Grossista do Zimpeto, na cidade de Maputo, regista, nos últimos dias, a entrada acentuada de produtos frescos produzidos localmente. O cenário contraria a anterior tendência em que o abastecimento era assegurado apenas por produtos importados.

A produção nacional está a melhorar a disponibilidade e o maior ganho, segundo os gestores daquele mercado, é a redução dos preços, a maior dos últimos três anos.

O “Notícias” constatou no local que o preço do tomate nacional varia de 50 a 250 meticais a caixa de 20 quilogramas, contra os anteriores 300 a 600 meticais do produto importado.

A batata é comercializada a preços que variam de 140 a 200 meticais e a cebola a um preço que varia de 120 a 180 meticais o saco de dez quilogramas.

Produtos frescos como tomate, cebola e batata reno, que actualmente estão a ser comercializados naquele mercado, provêm das farmas nacionais nas regiões de Chókwè e Chibuto, na província de Gaza, da Moamba e Catuane, em Maputo, onde decorre a fase de colheita.

Moisés Covane, administrador do Mercado Grossista do Zimpeto, referiu que neste momento a importação de tomate, cebola e batata-reno, da vizinha África do Sul, está praticamente interrompida porque os produtores nacionais estarão em maior expressão nos campos de colheita e abastecem plenamente o mercado.

“Os produtores estão a produzir e neste momento já começaram a fornecer em grande escala o nosso mercado. Informaram-nos que nos próximos tempos receberemos mais camiões provenientes dos principais centros de produção de tomate”, disse Covane.

Segundo Covane há igualmente promessas de, nos próximos dias, incluindo o período das festas do Natal e do fim-de-ano virem a ser de alta, desde que não se registem altas precipitações, pois há sinais de muita produção.

O nosso interlocutor acrescentou que nos últimos tempos aquela feira comercial tem recebido em média 100 camiões de tomate, cebola e batata, por dia, número que considera mais que suficiente para abastecer um mercado grossista.

Moisés Covane acrescentou que outros produtos dos mais procurados naquele mercado como repolho, cenoura, feijão-verde, alho e beterraba provêm da cintura verde das cidades de Maputo e Matola. In “Jornal de Notícias” - Moçambique