Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Timor-Leste - Governo quer CPLP a aproveitar oportunidades

Governos e sector privado da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) devem fazer “esforços conjuntos” para capitalizar as oportunidades que a dinâmica região da Ásia oferece, defendeu ontem o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros timorense. Por sua vez, o ex-ministro português Luís Amado destacou que continua a haver “alguns preconceitos”, incluindo em Portugal, sobre o papel da CPLP nesta dimensão mais económica, o que considera “uma falta de percepção em relação ao papel importante que a CPLP tem a desempenhar no futuro”

A Ásia oferece muitas oportunidades, mas estas têm também desafios. E para colocar a bandeira da CPLP na Ásia é preciso adoptar um esforço conjunto e unido com o sector privado”, disse Roberto Sarmento Soares.

“É preciso uma acção coerente e coordenada, com uma visão do Governo e do sector privado, porque só assim se podem extrair os benefícios do dinamismo regional e global”, sublinhou.

Roberto Soares falava em Díli numa conferência no âmbito da segunda reunião dos ministros do Comércio da CPLP, que antecede o 1.º Fórum Económico Global lusófono que reunirá na capital timorense centenas de empresários e delegados de mais de 20 países.

O vice-ministro afirmou que a Ásia está a tornar-se um novo “centro global” da economia mundial, com grandes oportunidades mas também desafios. Entre os desafios mais prementes está a distribuição desigual de riqueza, uma população envelhecida, conflitos étnicos e religiosos que afectam o desenvolvimento e o crescente problema da poluição ambiental.

Para Roberto Soares, os Governos têm estado a esforçar-se para melhorar as condições para os empresários actuarem, mas cabe agora ao sector privado “continuar os esforços do Governo”, procurando tornar-se “mais produtivo e inovador”.

A conferência ouviu várias apresentações sobre oportunidades de investimento em Timor-Leste, com destaque para projectos como a Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM) de Oecusse e Ataúro, ou a cooperação trilateral Timor-Leste-Austrália-Indonésia.

Mari Alkatiri, responsável da ZEESM, destacou os estudos preliminares que apontam importantes retornos no investimento na região de Oecusse.

“Uma infraestrutura ecológica única, que permite o desenvolvimento de actividades de nicho, como o turismo sustentável [ou] agricultura orgânica”, disse, considerando que agora é importante avançar com estudos mais pormenorizados que permitam detalhar a viabilidade de todas as opções, no âmbito do programa de ordenamento do território já aprovado.

Em termos gerais, Mari Alkatiri disse que em Timor-Leste a maior aposta deve ser nas áreas da agroindústria, turismo e sector financeiro, que “devem ser desenvolvidos de forma integrada”.

É a economia

Já o ex-ministro português Luís Amado salientou que a CPLP não pode ser um espaço fechado nas questões da língua e da cultura, aspectos que só se aprofundam e desenvolvem se sustentados pelas relações económicas e comerciais.

O ex-ministro sublinhou que não se pode analisar a integração económica regional na CPLP da mesma forma que se pensa na integração de cada Estado membro nas suas regiões respetivas.

“Mas há processos de facilitação do comércio e do investimento, de incentivo às relações económicas entre os estados membros desta comunidade que politicamente podem ser favorecidos em termos mais favoráveis, mesmo sem pôr em risco os processos de integração de cada país nas suas comunidades económicas regionais, como a UE, o Mercosul, a ASEAN ou outras”, acrescentou.

Luís Amado destacou que continua a haver “alguns preconceitos”, incluindo em Portugal, sobre o papel da CPLP nesta dimensão mais económica, o que considera “uma falta de percepção em relação ao papel importante que a CPLP tem a desempenhar no futuro”, que passa também pela “mudança do conceito do que é a CPLP”. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau

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