Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 6 de maio de 2016

UCCLA - Resultados do "Prémio Literário UCCLA Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa"



A obra vencedora do “Prémio Literário UCCLA - Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa” foi atribuída a “Era uma vez um Homem” de João Nuno Rodrigues Pacheco Guimarães Azambuja, de Portugal. O anúncio foi feito dia 5 de maio - Dia da Língua e da Cultura Portuguesa - pelo Secretário-geral da UCCLA, Vitor Ramalho.

Face à qualidade das obras apresentadas, o júri decidiu atribuir duas Menções Honrosas, uma em prosa e outra em poesia, a:

- “Ausência” de Ana Beatriz Leal Saraiva, do Brasil;
- “Memórias Fósseis” de Wesley d’ Almeida, do Brasil.

Na ocasião, Vitor Ramalho afirmou que perante a grande adesão de candidaturas “tivemos a noção exata de que a língua portuguesa é aquela que maior produção vai ter no mundo, entre as cinco línguas mais faladas, e que tem a singularidade de ser uma língua materna” pois “estávamos longe de prever que este concurso acabaria por ser o maior que, até hoje, teve em termos de candidaturas”.

O Secretário-geral saudou as personalidades de reconhecido mérito que assumiram a responsabilidade de selecionar e escolher as obras apresentadas.

A Editora A Bela e o Monstro, o Movimento 2014 e a Câmara Municipal de Lisboa associaram-se à UCCLA neste concurso literário.

É considerado o prémio com maior número de participantes de língua portuguesa, num total de 722 autores, e o maior número de obras apresentadas, com 865 obras.

Quanto à diversidade e abrangência dos autores, conseguiu-se o pleno dos países lusófonos, com grande representatividade do Brasil, e ampliou-se a outras nacionalidades - candidataram-se autores de Espanha, Itália e Canadá, que escrevem em Português.

Quanto ao género, 281 são mulheres e 441 homens. Foi um sucesso no seu objetivo de promover jovens escritores, uma vez que 44 dos candidatos têm entre os 16 e os 20 anos, e 362 candidatos têm entre os 20 e os 40 anos. Por outro lado conseguiu-se um diálogo de gerações, atraindo ao concurso literário 72 escritores seniores, com idades entre os 60 e os 90 anos.

O júri foi constituído pelos escritores António Carlos Secchin, Inocência Mata, José Luís Mendonça, José Pires Laranjeira, José Augusto Bernardes, Fernando Pinto do Amaral; João Pinto Sousa, da Editora A Bela e o Monstro, e Rui Lourido, da UCCLA. O Júri agradece a António Carlos Cortez, seu consultor, pelo trabalho de triagem das candidaturas apresentadas a concurso. UCCLA

O premiado João Nuno Rodrigues Pacheco Guimarães Azambuja poderá ser contactado pelo email sid.jabal@hotmail.com

Decisão do júri do “Prémio Literário UCCLA – Novos Talentos, Novas Obras
em Língua Portuguesa”

O júri do “Prémio Literário UCCLA – Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa” [como escritores: António Carlos Secchin, Inocência Mata, José Luís Mendonça, José Pires Laranjeira, José Augusto Bernardes, Fernando Pinto do Amaral, e João Pinto Sousa (pelo Mov. 2014 e pela editora A Bela e o Monstro), Rui Lourido (pela UCCLA)], vem informar os resultados do concurso publicamente lançado a 7 de Julho de 2015 e encerrado a 31 de Março de 2016.

O Júri decidiu, por votação maioritária:

1. que a obra vencedora é - “Era uma vez um Homem”, de João Nuno Rodrigues Pacheco Guimarães Azambuja, Portugal;

2. Pela qualidade das obras apresentadas decidiu igualmente atribuir duas Menções Honrosas, uma em Prosa e outra em Poesia:

a. À obra - Ausência, da autoria de Ana Beatriz Leal Saraiva
b. À obra - Memórias Fósseis, da autoria de Wesley d’Almeida

Breves notas sobre as obras premiadas

Obra vencedora em 2016: Era Uma Vez Um Homem
Autor: João Nuno Azambuja

O início deste livro surpreende-nos pela extrema acutilância com que João Nuno Azambuja nos faz entrar no universo convulso e violento de um eu que, ao longo de uma semana, irá revelar, pôr em papel, toda a dor e desencanto, toda a ironia e vontade de viver que a própria existência arrasta consigo. A intersecção de planos vários (interioridade, exterioridade, passado, presente e sonho projetado para um porvir equívoco, que se sabe irrealizável), o léxico brutal em diversos momentos, assim como a capacidade de escrever estados de consciência que ocorrem como fluxos ininterruptos de sentimentos díspares, desejo e suicídio, repulsa e compaixão, amor e desencanto, tudo parece ser convocado para páginas onde encontramos uma prosa perfeitamente em consonância com a nossa época. O monodiálogo, a capacidade para o registo polifónico, a agudeza com que se desmontam problemas vários do nosso quotidiano (economia, política, religião, cultura, filosofia...), tudo se mostra num discurso visceral, excessivo no tom de furiosa sinceridade com que João Nuno Azambuja ataca um dia-a-dia que só pode ser dito dessa forma. Esta obra é das mais originais que entraram em concurso.

Atribuição das menções Honrosas:

MENÇÃO HONROSA PROSA
Autora: Ana Beatriz Leal Saraiva
Obra: Ausência

Como a própria epígrafe revela: a vida «é uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, que significa nada». Shakespeare não está aqui como simples nota culturalista de alguém que se lança na aventura de escrever contos. Ausência é um livro que, da frase às imagens, tem momentos de grande virtuosismo verbal. O discurso em primeira pessoa – um sujeito a braços com a maior derrocada interior – onde as personagens, nomes de mulheres, falam do corpo e do amor, do sexo e da sua impossível e ao mesmo tempo inescapável presença na definição do próprio feminino. Mas este livro é, sobretudo, se o lermos como romance e não como contos encaixados entre si, a história de desencontro da narradora consigo mesma, perdendo-se numa vida entre corpos e dolorosas expectativas por não conseguir encontrar a metade correspondente à sua «anima» ausente.

MENÇÃO HONROSA POESIA
Obra: Memórias Fósseis
Autor: Wesley d’Almeida

«Enxerga a flor / com toda a tua retina / Apalpe-a / com toda pálpebra tua. / Assiste – nas pupilas - / todo o seu desabrochar. / Pois não se sabe quando / a cegueira da candura anoitece. / Nem / se o fruto a / manhã será». É este um dos poemas de Memórias Fósseis, conjunto de poemas onde o tom narrativo e a dicção intimista se misturam equilibradamente para inquirir das «memórias fósseis» de um eu que se encontra dividido entre passado, presente e futuro e quer agarrar o dia como pretendia Caeiro, uma das vozes presentes na dicção de Wesley d’Almeida. Com aparente simplicidade de processos (léxico concreto, frase simples, imagens pouco rebuscadas), este é um livro que tem a virtude de fazer da poesia um modo simples de dizer o mundo: «Pego num livro de Pessoa // Junto comigo / formigas / leem versos desequilibrados / bêbadas / de vinho e lirismo / há pouco derramados. // Cato / a esmo / e sobretudo / as lembranças embaçadas do porvir // fluxos de consciência / de mim mesmo.» O neologismo é aqui o processo retórico mais evidente, nomeadamente nos títulos dados a algumas secções (a VIII) onde os textos pretendem resgatar as crianças (os adultos) para um modo mais franco de estar na vida: «sem porquê / com poesia».

Breve nota sobre o conjunto das candidaturas

Este prémio literário UCCLA tem por parceiros a editora a Bela e o Monstro e o Movimento 2014 (criado para homenagear os 800 anos da Língua Portuguesa) e conta com o apoio da CML.

Este Prémio teve uma grande afluência de candidaturas, sendo 722 autores concorrentes, que candidataram 865 obras (das maiores afluências em concursos literários no mundo da CPLP).

Quanto à diversidade e abrangência, conseguimos fazer o pleno dos países lusófonos (com grande representação do Brasil) e ampliámos a outras nacionalidades (candidataram-se autores de Espanha, Itália e Canadá, que escrevem em Português).

Quanto ao género, cerca de um terço (281) são mulheres e 441 homens. Foi um sucesso no seu objetivo de promover jovens escritores (pois 44 candidatos têm dos 16 aos 20 anos, sendo que entre os 20 e os 40 anos temos 362 candidatos).

Por outro lado conseguimos um diálogo de gerações, atraindo ao nosso concurso Literário 72 escritores seniores, com idades entre os 60 e os 90 anos.

O Júri agradece ao Professor Dr. António Carlos Cortez, seu consultor, pelo bom trabalho de triagem das candidaturas apresentadas a concurso. 


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