Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Brasil - O que há por trás da crise no Mercosul

SÃO PAULO – Um balanço sobre os prejuízos causados à Nação pelo ciclo de 13 anos, três meses e 24 dias de lulopetismo ainda está para ser feito e só será completado, provavelmente, quando as suas principais figuras já estiverem apenas nos livros de História, mas, desde já, não custa assinalar algumas das decisões erráticas que marcaram seus três governos e meio. Uma delas foi o apoio à entrada da Venezuela no Mercosul em 2012, decisão eminentemente política, pois o Brasil à época já havia assinado um acordo com os venezuelanos que garantia  as mesmas tarifas do bloco, o que pouco afetaria a relação comercial entre os dois países.

Em outras palavras: por trás de todo o atual imbroglio sobre o direito ou não de a Venuezela assumir a presidência do Mercosul, está a decisão tomada em 2012 de tornar o bloco um fórum político e ideológico, a pretexto de funcionar como uma barreira “ao imperialismo norte-americano”. Os estrategistas do governo de Washington, obviamente, não perderam o sono com essa bravata, até porque aquele país não teve nenhum prejuízo com essa mudança de orientação no Mercosul. O prejuízo, isso sim, caiu agora nas mãos de Brasil e Argentina.

Se o Mercosul tivesse continuado a funcionar apenas como bloco comercial, exatamente como havia sido idealizado à época de sua criação em 1991, hoje, não haveria tanta celeuma. E o relacionamento econômico entre Brasil e Venezuela não teria sido tão violentamente afetado: de janeiro a julho, as exportações brasileiras para aquele país já caíram 63% e, até o final do ano, deverão cair mais ainda, já que, hoje, em razão da crise econômica e política por que passa a Venezuela, os empresários brasileiros não querem arriscar vender seus produtos para lá porque não sabem se vão receber.

Tudo isso é de se lamentar, pois até 2015, na América do Sul, a Venezuela constituía o segundo principal destino das exportações brasileiras, ficando atrás apenas da Argentina. Neste ano, em função de sua crise interna, a Venezuela, dentro do Mercosul, já está atrás do Paraguai e do Uruguai como destino das exportações brasileiras. E como mercado importador de produtos do agronegócio brasileiro perdeu o posto principal para o Chile. Também como mercado importador de produtos manufaturados a Venezuela perdeu importância, depois de ter sido em 2012 o segundo principal destino das exportações brasileiras nesse segmento.

Como se sabe, por trás das questiúnculas políticas e formais, está a necessidade que Brasil e Argentina têm de negociar sozinhos acordos com outros blocos e tratados internacionais. De fato, em função do Mercosul, mas não só por isso, o Brasil hoje tem apenas três acordos negociados e, mesmo assim, com nações de economia pouco expressiva. Há, portanto, uma necessidade premente de que opte por uma estratégia que contemple maior número de acordos comerciais, mediante a redução de tarifas aduaneiras, concessão de facilidades tarifárias e abertura de mercados, visando a sua inserção competitiva no planeta, por meio da ampliação das exportações, notadamente de produtos manufaturados. Milton Lourenço - Brasil

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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:www.fiorde.com.br

terça-feira, 30 de agosto de 2016

FME-CPLP – Formalmente apresentada

A Federação das Mulheres Empresárias e Empreendedoras da CPLP (FME-CPLP) nasce da necessidade de valorizar o contributo das mulheres para o desenvolvimento socioeconómico e empresarial dos seus países. Objectivo principal: gerar negócio, valorizar e afirmar a capacidade das mulheres nos vários setores da economia e dos negócios

A Federação das Mulheres Empresárias e Empreendedoras da CPLP foi na passada quinta-feira formalmente apresentada, depois da Reunião de Assembleia Geral Constituinte que decorreu no passado dia 29 de Junho, em Lisboa. Maria Assunção Abdula (Empresária Moçambicana e administradora executiva da Intelec Holdings) foi eleita presidente da FME-CPLP para o mandato 2016/2020.

Da direcção e como vice-presidentes fazem parte mulheres representantes de cada país da CPLP: Angola (a indigitar), Brasil (Monica Monteiro), Cabo Verde (Eunice Mascarenhas), Guiné-Bissau (Munira Jauad Ribeiro), Guiné Equatorial (Maria Consuelo Nguema Oyana), Moçambique (Ema O. J. Mossa), Portugal (Felipa Fernandes Thomaz), São Tomé e Príncipe (a indigitar) e Timor-Leste (a indigitar). De salientar ainda que esta Federação tem a particularidade de incluir na direção os Representantes dos Países Observadores da CPLP.

Esta Federação pretende ser um agregador de mulheres dos nove Países de Língua Oficial Portuguesa e tem como foco principal gerar negócio, valorizar e afirmar a capacidade das mulheres nos vários setores da economia. A FME-CPLP estará, também, muito focada em criar e divulgar programas empresariais de financiamento que ajudem estas mulheres a expandir o seu negócio ou a criar um de raiz.

«Vamos trabalhar para valorizar o papel político, económico e financeiro da mulher nas diversas áreas de negócio, incrementar e melhorar as parcerias, o ambiente de negócios, o investimento e os modelos de cooperação entre as mulheres empresárias e empreendedoras», defende a presidente da FME-CPLP, Maria Assunção Abdula.

E reforça: «Queremos, com trabalho e empenho, dinamizar e gerar negócio em todos os setores, valorizar e afirmar a capacidade das mulheres em áreas ainda dominadas por homens como é a da energia e a do petróleo». De referir que a actividade do sector da energia é uma dimensão integrante da identidade dos Países da CPLP. Todos os nove países são possuidores de recursos fósseis e/ou renováveis, em potência e/ou em exploração. Em 2009, entre 2,4% e 2,8% da produção mundial de energia primária (fóssil e renovável) veio da CPLP.

Unidas pela língua, mas acima de tudo pela unidade na diversidade de valores, as mulheres da FME-CPLP querem também fazer despertar consciência social, criando projectos que alertem para outras questões como a igualdade de género. Recorde-se que, na IV Reunião de Ministras da Igualdade de Género e Empoderamento das Mulheres da CPLP, realizada em Maio, em Díli, Timor-Leste, ficou reconhecido que o empoderamento económico das mulheres e a sua autonomia económica, designadamente, através do empreendedorismo feminino, é um fator essencial para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e as metas da Agenda 2030.

«Estamos a falar de países com diferentes valores culturais, sociais e económicos mas também, com muito em comum, desde a língua, aos valores que partilhamos e que nos fazem grandes na igualdade e na diferença. Pessoal e profissionalmente somos capazes, porque somos mulheres de iniciativa e capacidade de fazer mais e melhor no mundo dos negócios», conclui Maria Assunção Abdula. In “Txopela” - Moçambique

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Macau - Mais de 77 mil alunos no novo ano lectivo

O novo ano lectivo vai arrancar contando com mais de 77 mil alunos, o que revela um aumento de 2,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Este ano vão ser lançados os manuais de “Educação Moral e Cívica” para o ensino primário, sendo que será reforçado o “ensino sobre assuntos nacionais, história e cultura tradicional chinesas”

O ano lectivo 2016/2017 inicia-se com um total de 77 escolas e 77029 estudantes, o que equivale a um aumento de 2,9% em relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com um comunicado da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) o número de professores tem seguido a mesma tendência, prevendo-se que haja 7340 no início do semestre, mais 3%, em comparação com o ano lectivo anterior.

Os subsídios da escolaridade gratuita por turma nos ensinos infantil, primário, secundário geral e secundário complementar vão aumentar para 913600, 1 milhão, 1,2 milhões e 1,3 milhões de patacas. Além disso, o subsídio de propinas atribuído a cada aluno de escolas particulares nos ensinos infantil, primário e secundário vai passar para 18400, 20500 e 22800 patacas.

Os valores das bolsas de mérito foram uniformizados, passando para 3800 patacas em Hong Kong e 5800 patacas noutros países e regiões. As “bolsas de estudo para o ensino superior” vão apoiar, principalmente, alunos que prossigam estudos nos cursos de enfermagem, terapia da fala, terapia ocupacional, fisioterapia e outras especializações da mesma área, além de estudos portugueses, língua portuguesa, tradução chinês-português e vice-versa. Também vão ser atribuídas bolsas especiais a especializações como as indústrias culturais e criativas, acção social, aconselhamento psicológico, ensinos infantil, primário e especial.

Entre as novidades deste ano destaca-se ainda o lançamento de manuais revistos do ensino primário sobre “Educação Moral e Cívica”, para uso nas escolas. De acordo com a DSEJ, ao mesmo tempo, vão ser desenvolvidas actividades “que cultivam e promovem nos alunos o amor pela Pátria e por Macau, as boas qualidades morais e o sentido de observância da disciplina e cumprimento da lei” além de uma série de acções de formação temáticas para os grupos de trabalho da educação moral.

Ao mesmo tempo, “será reforçado o ensino sobre assuntos nacionais, história e cultura tradicional chinesas, encorajando os alunos a cumprirem as suas obrigações cívicas”.

O português vai ser outra das áreas de investimento, garante a DSEJ, salientando que vai continuar a apoiar a organização de cursos de português nas escolas particulares através do envio de professores aptos a ensinar a língua e dos apoios do Fundo de Desenvolvimento Educativo. Outra medida implica “determinar o limite mínimo do número de horas do ensino de português nas escolas particulares e exigir, gradualmente, às escolas que cumpram esta exigência, para garantir que os alunos têm tempo suficiente para a aprendizagem da língua”.

O ensino especial também não fica fora da lista de preocupações já que serão aumentados os investimentos em “softwares e hardwares de ensino especial, apoiando as escolas na construção de um ambiente sem barreiras e o no recrutamento de mais pessoas de apoio pedagógico e melhorando os serviços do Centro de Avaliação Conjunta Pediátrica”.

Aumenta-se ainda o envio de pessoal de apoio itinerante, bem como as suas horas de trabalho nas escolas para ajudar os professores da educação inclusiva, fornecendo apoio profissional técnico e profissional às escolas que ministram este tipo de educação. In “Jornal Tribuna de Macau”

domingo, 28 de agosto de 2016

Dança nua











Vamos aprender português, cantando


Tão perto daquela antiga avenida
passeiam as moças da noite
que hão-de chamar ao meio das pernas
os olhares que passam

Uma quer levar-me, mas eu não vou ficar
Apenas vou sorrir, passar

Desço ao cais onde o brilho da ponte
ilumina um bar tão vazio
Mas sei que tão cheio vai ficar
por mil tragos, avancem

Uns para o meu lado, outros para a frente
Vamos lá rapazes por mil tragos cantar

Eram já três, venham mais duas
As damas ao meio p'ra dança nua
E uma volta a entornar, e outra voz a cantar
Trocam-se os passos no ar, esperem ainda que...

Eram já três, venham mais duas
As damas ao meio p'ra dança nua
E uma volta a entornar, e outra voz a cantar
Trocam-se os passos no ar, esperem ainda que...

Olhos inchados, descanso no cais
à beira de um barco esquecido
que tal como eu já foi tão forte
mas feliz só esta noite

Leva-me contigo, dentro de ti
para depois voltar ao bar
e por mil tragos cantar


Essa Entente - Portugal

sábado, 27 de agosto de 2016

Angola - Partidos políticos portugueses no VII Congresso do MPLA: ideologias ou interesses?

Muito se falou e ainda se fala sobre este facto. No meu ponto de vista as questões ideológicas da equação, nas relações Angola Portugal, no plano partidário, há muito se perderam, especialmente, com a queda do Muro de Berlim. Aliás, em África – podemos visualizá-lo agora melhor – essas questões só serviam para encobrir a defesa de interesses geo-estratégicos.

Neste âmbito, achei completamente sem sentido e mesmo lamentáveis as declarações que se atribuem ao representante do Partido Comunista Português (PCP), que o expuseram como imaturo ou ignorante, já que o oportunismo, numa vertente tão descarada, não costuma caracterizar tanto o PCP. Entendo que o PCP possa invocar razões de soberania, como o tem feito, no caso da rejeição de projectos parlamentares do Bloco de Esquerda (BE), de condenação à repressão contra as liberdades em Angola, mesmo quando inclua vítimas luso-angolanas. Na mesma medida não posso entender que o PCP destrate, com invocações passadistas, um partido político angolano – a UNITA – agora apenas adversário político do MPLA, depois de se ter estabelecido um pacto que constitui a trave mestra daquilo por que o povo angolano – e por contaminação, o povo português, tendo em conta os laços – aspirou durante tantos anos – o silêncio das armas. Ideologias não salvam vidas nem estabilizam estados, particularmente, em África.

De resto, equivocam-se os que falam da aproximação ideológica do MPLA de hoje, mesmo com os partidos comunistas de Cuba, China ou Coreia do Norte, muito menos com partidos comunistas, socialistas e social-democratas europeus. A vida ensina-nos, hoje por hoje, que vale o que se faz e não o que se escreve ou se diz. O MPLA, hoje, não tem outra ideologia que não a de submeter-se a José Eduardo dos Santos, apoiá-lo a troco de alguns favores, para deixá-lo apossar-se, à vontade, de enormes recursos do país e manter o poder definitivamente, com o apoio do exterior, que se defende com a falácia do respeito à soberania, onde o interesse de indivíduos é confundido com os interesses públicos.

Neste âmbito, na sequência de um certo descaramento que Paulo Portas (PP) vem imprimindo às práticas do CDS, em relação a Angola, as declarações do deputado luso-angolano Hélder Amaral não ultrapassaram quaisquer limites. Na verdade o que houve foi certa franqueza na declaração da ideia da necessidade de participação na espoliação do povo angolano, que não tem nem tribunal nem parlamento que se debruce sobre abusos contra si, porque foi proibida a “judiciarizção” da lavagem do dinheiro angolano em Portugal (segundo PP), enquanto em Angola a Assembleia Nacional não pode criar comissões de inquérito contra práticas irregulares do executivo e de parentes do Presidente.
Difícil corrigir os erros da colonização/descolonização a favor dos dois povos, porque gerações sucessivas de líderes oportunistas ou apenas sem visão vão puxando a brasa para a sua estreita sardinha, em Angola e em Portugal.

Não há mal nenhum que partidos de um e de outro lado se convidem mutuamente para determinados eventos. Mas é fácil intuir o motivo do destaque que se deu aos partidos portugueses no VII Congresso do MPLA: salvar a imagem afundada do líder incontestável, impressionando os angolanos que deverão continuar a pensar que eternizar-se no poder para enriquecer, de tal monta, a família e amigos, dentro e fora do país, traz um enorme prestígio, pelo menos, na nossa antiga metrópole. Marcolino Moco - Angola

Moçambique – Iniciativa Clube dos Amigos da Educação

Através da iniciativa denominada Clube dos Amigos da Educação, do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, lançada no ano passado, mais de 400 carteiras foram distribuídas pela Odebrecht Moçambique nos distritos de Mocuba e Lugela, na província da Zambézia, no início do mês de Agosto.

Segundo o director Provincial da Educação e Desenvolvimento Humano, Tito José, estas carteiras fazem parte de um lote de 1105 programadas, sendo que agora foram priorizadas algumas escolas dos distritos de Mocuba e Lugela, tais como: a EPC (Escola Primária Completa) de Namahie, no posto administrativo de Namaquiwa, a Escola de Macuvine, a EPC Tomba de Água, a EPC Matede, a EPC 25 de Setembro e a EPC Nantuto. ”No caso de Namahie, é uma escola que desde a sua construção nunca teve carteiras, então esta é uma mais-valia para os alunos que se sentarão pela primeira vez nas carteiras para aprender o ABC.”

“É complicado o aluno sentado no soalho. Naturalmente o seu rendimento não é muito bom. Os impactos que advêm disso são vários e chega a interferir na formação física do próprio aluno. Outro impacto negativo é a própria caligrafia que tem a ver com a posição que o menino tem ao se sentar”, comentou o director pedagógico da Escola Completa 25 de Setembro, Paulino Francisco Fósforo, com 31 anos de experiência em docência.

Os alunos, por sua vez, disseram que a iniciativa, além de facilitar a aprendizagem, contribui igualmente para a higiene pessoal de cada um. “Nós saíamos de casa limpos e quando sentávamos no chão ficávamos logo sujos”, referiu Artur Ricardo que frequenta a 5ª classe.

Miguel Paiva, director de Relações Institucionais da Odebrecht Moçambique, referiu que ”este apoio insere-se nas políticas internas da nossa organização, visando contribuir para a melhoria das condições de ensino e aprendizagem, de modo a garantir que cada criança e cada adolescente permaneçam na escola e aprendam com mais qualidade, promovendo o seu bem-estar e as chances de um futuro mais promissor para as mesmas e para o País.”

Refira-se que a Odebrecht já fez a entrega de outras 500 carteiras na província de Gaza, totalizando mais de 1600 carteiras a serem entregues às escolas do País. In “Olá Moçambique” - Moçambique

Angola – Queda de 44% no movimento de contentores no Porto de Luanda

O porto de Luanda processou no primeiro semestre deste ano 3,1 milhões de toneladas de carga contentorizada, menos 35%, ou 1,7 milhões de toneladas, que no período homólogo de 2015.

Rosas Silvério, chefe do departamento de controlo estatístico e logística do Porto de Luanda, disse à “Angop” que a quebra ficou a dever-se à redução acentuada das importações, tanto na carga contentorizada como na carga a granel.

O número de contentores processados nos primeiros seis meses do ano foi de pouco mais de 128 mil, número que representa uma queda de 44% relativamente ao contabilizado no período homólogo de 2015 (em que foram processados mais de 290 mil contentores).

A actual crise económica que se regista em Angola, com reflexos na capacidade de obtenção de divisas, tem-se traduzido igualmente na redução do número de navios que demandam o país, algo a que o porto de Luanda não está imune.

No primeiro semestre atracaram em Luanda 2 437 navios (346 de longo curso e 2 091 de cabotagem), número que representa uma redução de 1 217 navios face ao período de Janeiro a Junho de 2015.

Porto de Lobito paralisado

No Lobito, o segundo maior porto de Angola, mais de dois mil trabalhadores paralisaram na passada terça-feira, em protesto contra o atraso no pagamento de salários, em falta há quatro meses.

Também ali é a crise da economia do país, e a consequente falta de divisas, a principal explicação para a redução da actividade do porto e, logo, para as dificuldades em fazer os pagamentos dos salários. In “Transportes & Negócios” - Portugal

Moçambique – Recupera a ferrovia

A ligação ferroviária entre as cidades de Cuamba, província de Nampula, e Lichinga, capital provincial do Niassa, em Moçambique, será retomada em Novembro próximo após uma interrupção de seis anos devido à degradação da via

O anúncio foi feito pelo gestor do projecto de recuperação daquele troço do Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN), Carlos Mucave, no decurso de uma visita efectuada na passada semana pelo primeiro-ministro Carlos Agostinho do Rosário.

Carlos Mucave disse, citado pelo “Notícias” de Maputo, terem sido despendidos 100 milhões de dólares nesta obra, que contemplou a reconstrução de cerca de 240 quilómetros de linha de caminho-de-ferro, dado que a anterior já não oferecia segurança para a circulação das composições.

As obras, a cargo da Mota-Engil e parcialmente pagas pela Vale Moçambique (48 milhões de dólares), ficarão concluídas em Outubro, de acordo com o gestor do projecto, posto o que a linha disporá de capacidade para transportar um milhão de toneladas de carga por ano.

A empreitada incluiu trabalhos de construção de novas pontes, remoção de minas terrestres, mitigação dos efeitos da erosão e remoção de matos, dado que nos cerca de seis anos em que a linha esteve fora de uso foi tomada pela vegetação. In “Transportes & Negócios” - Portugal

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Internacional - Desemprego juvenil global cresce novamente

Genebra – A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que a taxa de desemprego juvenil global deve atingir 13,1% em 2016 e permanecer nesse nível em 2017 (um aumento em relação à taxa de 12,9% de 2015).

O relatório da OIT World Employment and Social Outlook 2016 - Trends for Youth mostra que, como resultado, o número global de jovens desempregados deverá aumentar em meio milhão neste ano, para chegar a um total de 71 milhões – o primeiro aumento em três anos.

A maior preocupação é a parcela e o número de jovens que vivem em situação de pobreza extrema ou moderada apesar de estarem empregados, frequentemente em países emergentes e em desenvolvimento. Na verdade, 156 milhões ou 37,7% dos jovens trabalhadores vivem em situação de pobreza extrema ou moderada (comparado a 26% dos adultos que trabalham).

"O aumento alarmante do desemprego entre os jovens e os altos níveis perturbadores de jovens que trabalham mas ainda vivem na pobreza mostram o quão difícil será alcançar a meta global de acabar com a pobreza até 2030, a menos que nós redobremos nossos esforços para conquistar crescimento econômico sustentável e trabalho decente. Esta pesquisa também destaca grandes disparidades entre mulheres e homens jovens no mercado de trabalho, que precisam ser abordadas com urgência pelos Estados membros da OIT e seus parceiros sociais", disse a Diretora Geral Adjunta para Políticas da OIT, Deborah Greenfield.

Oportunidade desiguais

Na maioria dos indicadores de mercado de trabalho, existem grandes disparidades entre mulheres e homens jovens, que sustentam e dão origem a diferenças ainda mais amplas durante a transição para a vida adulta. Em 2016, por exemplo, a taxa de participação na força de trabalho para jovens homens é de 53,9%, em comparação com 37,3% para jovens mulheres – o que representa uma diferença de 16,6 pontos percentuais.

O desafio é particularmente grave no sul da Ásia, nos Estados Árabes e no Norte da África, onde as taxas de participação de jovens mulheres são, respectivamente, 32,9, 32,3 e 30,2 pontos percentuais menores do que as taxas dos jovens homens em 2016.

Aumento do desemprego é impulsionado por desaceleração nas economias emergentes

Estima-se que o crescimento econômico global em 2016 será de 3,2%, 0,4 pontos percentuais abaixo do valor previsto no final de 2015.

"Isso é impulsionado por uma recessão mais profunda do que o esperado em alguns países emergentes chave que exportam commodities e por um crescimento estagnado em alguns países desenvolvidos", disse o Economista Sênior da OIT e principal autor do relatório, Steven Tobin. "O aumento das taxas de desemprego juvenil é particularmente acentuado em países emergentes".

Nos países emergentes, a previsão é de que a taxa de desemprego juvenil aumente de 13,3% em 2015 para 13,7% em 2017 (um valor que corresponde a 53,5 milhões de jovens desempregados em 2017, comparado com 52,9 milhões em 2015). Na América Latina e no Caribe, por exemplo, espera-se que a taxa de desemprego juvenil aumente de 15,7% em 2015 para 17,1% em 2017; na Ásia Central e Ocidental, de 16,6% para 17,5%; e no Sudeste Asiático e no Pacífico, de 12,4% para 13,6%.

Trabalhadores pobres

A baixa qualidade do emprego continua a afetar desproporcionalmente os jovens, embora com consideráveis diferenças regionais. Por exemplo, a África Subsaariana continua a sofrer com as maiores taxas de pobreza entre jovens que trabalham em todo o mundo, chegando a quase 70%. As taxas de pobreza entre jovens trabalhadores também são elevadas nos Estados Árabes (39%) e no Sul da Ásia (49%).

Nas economias desenvolvidas, há cada vez mais evidências de uma mudança na distribuição da pobreza por idade, com os jovens tomando o lugar dos idosos como o grupo de maior risco para a pobreza (nas economias desenvolvidas, a pobreza se define quando a pessoa ganha menos de 60% do rendimento médio). Por exemplo, em 2014, a percentagem de jovens trabalhadores na União Europeia classificados em alto risco de pobreza era de 12,9%, em comparação com 9,6% dos trabalhadores em idade ativa (entre 25 e 54 anos). O desafio é particularmente agudo em alguns países onde a parcela de jovens trabalhadores em risco de pobreza é superior a 20%.

Vontade de migrar

Entre as muitas razões para a migração (por exemplo, conflitos armados, desastres naturais, etc), uma taxa de desemprego elevada, o aumento da susceptibilidade à pobreza entre trabalhadores e a falta de oportunidades de emprego de boa qualidade são fatores fundamentais que definem a decisão de jovens de migrar permanentemente para o exterior.

Globalmente, a percentagem de jovens entre 15 e 29 anos de idade que estão dispostos a se mudar definitivamente para outro país era de 20% em 2015. A maior inclinação para mudar para o exterior, de 38%, era encontrada na África Subsaariana e na América Latina e no Caribe, seguidas de perto pelo Leste Europeu com 37%. In “Organização Internacional do Trabalho”

Filipinas – Pescador guardava pérola com 34 quilogramas

Um pescador filipino escondeu debaixo da cama, durante uma dezena de anos, uma pérola com 34 quilogramas, que poderá ser a maior do mundo.

O homem descobriu a pérola no interior de uma ostra-gigante, na qual a âncora do barco tinha ficado presa, contou Cynthia Amurao, responsável do turismo de Palawan, a maior ilha a oeste do país.

Desconhecendo que a sua descoberta - com 30 centímetros de espessura e 60 de comprimento - poderia valer milhões de euros, o pescador guardou a pérola como um talismã, sob a cama de madeira, na pequena cabana de teto de colmo.

Em julho, o sobrinho deu a pérola a uma tia e pediu que a guardasse.

"Fiquei espantada quando vi a pérola em cima da mesa da cozinha. Propus ao pescador expor a pérola", contou Amurao.

A pérola encontra-se, desde segunda-feira, numa vitrina da câmara de Puerto Princesa, capital de Palawan. Os responsáveis da ilha esperam a avaliação de gemólogos.

A "pérola de Alá" ou "pérola de Lao Tzu" era considerada até agora, com 14 quilogramas, a maior do mundo. Foi encontrada também ao largo de Palawan, na década de 1930, e avaliada em dezenas de milhões de dólares.

"O pescador não assinou qualquer documento de doação à cidade", sublinhou um responsável de Puerto Princesa, Ricard Ligad. "A pérola continua a pertencer-lhe", acrescentou. In “Jornal Correio da Manhã” - Portugal

Portugal – Empresa francesa Eurocast constrói fábrica em Estarreja

O investimento, de 50 milhões de euros, irá criar 170 postos de trabalho na região e é já o terceiro que o grupo realiza em Portugal. A construção está a cargo da Garcia, Garcia

A multinacional francesa Eurocast está já a construir a sua segunda unidade em Portugal, em Estarreja, que será a maior fábrica do grupo, num investimento de 50 milhões de euros, a cargo da construtora Garcia, Garcia. 

Em comunicado, a empresa portuguesa revelou que a "área de produção terá mais de 21 mil metros quadrados, tornando-se esta na maior fábrica do grupo, que marca presença em nove países, de três continentes".

A nova fábrica criará 170 postos de trabalho em Estarreja, que se juntam aos 70 de Arcos de Valdevez, numa unidade que custou 15 milhões de euros e foi também construída pela Garcia, Garcia.

"Tal como na fábrica de Arcos de Valdevez, que arrancou com a produção em Setembro do ano passado, e que representou um investimento superior a 15 milhões de euros e a criação de mais de 70 empregos, a unidade de Estarreja será uma fundição injectada de alumínio para componentes automóveis, cuja produção terá igualmente como destino a indústria automóvel nacional e internacional", explicou em comunicado a Garcia, Garcia.

O grupo GMD tem um volume de negócios de 650 milhões de euros e 3.700 trabalhadores em 30 localizações e actua "no processamento de metal plano de corte e estampagem, na produção de peças de injecção de plástico e termoformagem, na fundição de alumínio e na fabricação de vedações estáticas e dinâmicas", referiu a Garcia, Garcia.

A construtora nacional trabalhou em projectos recentemente para a brasileira WEG e a nipónica Uchiyama, entre outros. In “Jornal de Negócios” - Portugal

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Angola – Os factos da quinzena IX

Os Factos da Quinzena

1º Facto: Amnistia entre um gordo pacote legislativo, à entrada de um período pré-eleitoral

Neste múltiplo facto da quinzena, em que assistimos a uma inusitada azáfama legislativa, aparentemente normal e à margem do colapso governativo que grassa no país, só não levado a situações reivindicativas mais acutilantes da comunidade nacional, pelo sucesso da “domesticação” popular pelo medo, releva a questão da aprovação da Lei da Amnistia. Entretanto, não se me afigura recomendável avançar muito sobre este aspecto, uma vez que o enquadramento da questão da injustiça que se abateu (se abate!) sobre os cidadãos submetidos ao “processo dos 17”, que se me apresenta central para essa amnistia, não me é técnico-juridicamente claro. O que posso agora adiantar, de acordo, aliás, com o meu pensamento jurídico humanista, é que interessa-me que, no plano material, a esses inocentes, sejam restituídas as suas liberdades.

Já muito do resto do conjunto legislativo, alegadamente enquadrado no esforço de dar continuidade à adaptação do nosso ordenamento jurídico à ordem constitucional vigente, suscita-me algumas preocupações e ideias, baseadas nas práticas a que temos assistido, desde o limiar da aprovação da Constituição de 2010. Rememoremos brevemente esta situação confrangedora que nos envergonha a todos, especialmente os que têm ou já tiveram responsabilidades institucionais: um chefe de Estado a exercer o comando de todos os poderes há 37 anos (como só acontece em mais um país africano que em nada merece ser imitado) sem que o fim da guerra pareça alterar alguma coisa, pelo contrário; um descomando quase total das estruturas éticas e morais, sob o incentivo da própria família presidencial, desde logo, pelo desprezo que dedica aos mais basilares princípios da probidade política e administrativa, visando apenas a manutenção e o fortalecimento do poder e do seu enriquecimento sem limites; como metodologia essencial o cerceamento do papel do Parlamento e da comunicação social massiva, o que resulta na obliteração da divulgação das mensagens das oposições e a consequente irresponsabilidade das estruturas centrais e provinciais da administração do Estado e o incentivo ao esquecimento do papel real e construtivo das estruturas do poder local autárquico; como consequência, uma anemia estadual completa que se destapou com a crise petrolífera (e não nos espantemos, se um dia, por ventura, se descobre que esta crise que não é salva com tanto dinheiro que se arrecadou em anos sucessivos anteriores, não é mais forma oportuna para por de joelhos tudo o que tente contrariar, mínima e legitimamente o rumo das coisas) com, só a título de exemplo, a vulgarização da extrema carestia de produtos básicos, nas nossas aldeias e bairros urbanos e da morte por toda a parte.

Para quem está atento como o estará, por exemplo o versado na matéria, jornalista Reginaldo Silva, que acompanhei nos seus comentários em relação à central questão que é a da comunicação social e da informação, vê-se que passados alguns anos sobre a primeira tentativa de “impor” um ordenamento inconstitucional para consagrar práticas abusivas e ilegais nesse domínio, volta-se à carga. Pois, poderão, agora, determinadas consciências estar mais amolecidas e os mecanismos de imposição mais afinados. Julgo que a seguir ao esforço, tanto quanto saiba, conseguido, da “executivização” das competências da CNE, o regime de dos Santos reforça o monopólio do controlo das eleições de 2017.

2º Facto: Terrorismo jihadista: uma conspiração de políticos ocidentais contra os seus próprios povos?

Desconfio que alguém que se terá apercebido da inconsistência da “teoria da conspiração contra Angola”, no caso dos chamados “revus”, por isso, e até pelo teor de alguns comentários manipuladores de gente conhecida, ocorreu-me interrogar-me se não se trata aqui de justificar o que alguns regimes fazem com os seus povos, em vez de se dedicarem em promove-los. Não digamos que os líderes ocidentais sejam santos. Aliás, temos aqui criticado muitos dos equívocos e até mesmo crimes de líderes ocidentais, na defesa de seus interesses meramente materiais. Mas daí a afirmar-se que os actos terroristas são incentivados por eles para se manterem no poder, condicionando as liberdades dos seus concidadãos?! Se isso pudesse, ao menos, lembrar o diabo! Aliás, mesmo que que isso fosse uma verdade tão evidente, é preciso recusar essa ideia propalada por certos comentadores e lobistas angolanos, dentro e no exterior do país, de que tudo o que houver de ruim lá fora, deve ser tolerado, em Angola ou em África, em geral.

3º Facto: Moçambique: a metade do nosso coração batendo no outro lado da costa

Devia estar relativamente descansado sobre a matéria do estabelecimento/consolidação da paz em Moçambique e deixar este espaço para outros factos. Com efeito, no acto de entrega, a si, do prémio Norte-Sul do Conselho da Europa, tive uma breve confabulação com o antigo presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, que me pode transmitir a sua convicção pessoal sobre as possibilidades reais da superação do actual problema do país irmão.

Infelizmente, durante a quinzena que cessa, continuamos a ouvir notícias de acontecimentos semelhantes àqueles que vivemos em Angola, até muito depois de pensar-se ultrapassado, em Moçambique, o problema da guerra civil. Ante a, aparentemente, não fácil de entender, reivindicação de uma parte, que chega a invocar a legitimidade de governar algumas províncias, por acaso contíguas, no centro do país, alegando ter aí ganho as últimas eleições legislativas (não locais!), contrapõe-se a outra que, ancorada na sua clara legitimidade formal, reconhece a necessidade de diálogo, mas não cede em determinados princípios do foro constitucional, deixando, no entanto, entrever que algo de substantivo subjaz no plano dos interesses. Não estará aqui, na verdade, um caso concreto do que teorizo no meu último livro, Angola: estado-nação ou estado-etnia política? (aliás, ali mesmo respigado) do problema quase generalizado, do estado africano subsaariano, não talhado na base da sua realidade antropológica, sociológica e étnico-regional? Do último dos lados, da banda dos mais afoitos formalistas, já se vai falando de uma “solução angolana”, quer dizer da necessidade de eliminação física do “líder rebelde”, esquecendo-se, no calor da defesa de interesses, que a liquidação de um homem não resolve problemas fundamentais. Em Angola, francamente, a morte de Jonas Savimbi, se para alguma coisa vai servindo, é para reabilitá-lo e recordar aos vivos que ninguém é perfeito e, por isso, tudo deve ser feito para nos entendermos. Mas isso leva sempre muito tempo. Urgente é que se calem as armas em Moçambique. Com a disponibilidade de homens de fé serena mas inquebrantável como Chissano, acredito que isso seja possível. Marcolino Moco – Angola in “Moco Produções”
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Marcolino José Carlos Moco – Nasceu em Chitue, Município de Ekunha, Huambo a 19 de Julho de 1953Licenciado em Direito e mestre em Ciências Jurídico-Políticas pela Universidade Agostinho Neto, e doutorando em Ciências Jurídico-Políticas na Universidade Clássica de Lisboa. Advogado, Consultor, Docente Universitário, Conferencista. Primeiro-ministro de Angola, de 2 de Dezembro de 1992 a 3 de Junho de 1996 e Secretário-Executivo da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – de 1996 a 2000. Governador de duas províncias: Bié e Huambo, no centro do país, entre 1986 e 1989, Ministro da Juventude e Desportos, 1989/91.  



Marcolino Moco & Advogados - Ao serviço da Justiça e do Direito

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Luanda - Angola

Brasil - Mais acordos, a saída

SÃO PAULO – Pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostrou que a ampla maioria dos empresários brasileiros que trabalham com exportações quer que o País assine acordos comerciais com Estados Unidos e União Europeia. A mesma pesquisa identificou que, para esses empresários, os principais obstáculos a uma inserção maior do produto nacional no mercado internacional estão no custo do transporte, nas tarifas cobradas por portos e aeroportos e na baixa eficiência governamental no apoio à superação de barreiras.

Dessas propostas, a mais viável hoje seria a assinatura de um acordo comercial mais amplo com os Estados Unidos, que, ainda que não estabelecesse o livre-comércio, permitisse ao produto manufaturado brasileiro recuperar o espaço perdido no mercado norte-americano, principalmente em função da política equivocada desenvolvida pelo Itamaraty desde 2003 que priorizou o relacionamento Sul-Sul, entre países subdesenvolvidos, a pretexto de minimizar possível dependência do País em relação a Washington.

Já o acordo com a União Europeia depende basicamente do Mercosul, que atravessa uma etapa extremamente conturbada, também em função da atuação atrabiliária dos últimos três governos, que preferiram transformar o bloco  num fórum de debates políticos e ideológicos, em vez de um organismo voltado apenas para o aspecto comercial. Em razão disso, o Brasil, hoje, depende basicamente do Mercosul para desovar seus produtos manufaturados, especialmente de Argentina e Venezuela. Praticamente, 80% dos produtos nacionais enviados para esses países vizinhos são manufaturados.

Portanto, se o Mercosul colocar por terra a cláusula que obriga os parceiros a assinar conjuntamente acordos com outras nações e blocos, tanto Argentina como Venezuela podem, por exemplo, firmar tratados com a China que possibilitarão a entrada de manufaturados com os quais os produtos brasileiros não poderão competir. Sem contar que o Mercosul está, praticamente, sem comando, desde que o Uruguai deixou em julho a presidência pro tempore.

Se a relação com a Venezuela passa por contratempos diplomáticos, com a Argentina voltou aos bons tempos, depois da ascensão de Mauricio Macri à presidência daquele país, como prova a recente assinatura de acordos para facilitar o comércio bilateral e reduzir a burocracia. Na América do Sul, o Brasil tem acordo de preferências tarifárias com o Peru, ou seja, não se trata de acordo de livre-comércio nem de união aduaneira. Por isso, o Peru se sentiu livre para assinar acordos mais amplos com Estados Unidos, Japão e Austrália, que acabaram por tornar irrelevantes as vantagens tarifárias que os produtos brasileiros poderiam desfrutar.

Com a União Europeia, as negociações, que se arrastam desde 1998, encontram-se à espera de análise das listas de produtos passíveis de desoneração que cada bloco apresentou em maio de 2016. Mas, a princípio, não se espera muito, a não ser novas rodadas de negociação.  Mais avançadas estão as relações entre o Mercosul e a European Free Trade Association (Efta), área de livre-comércio formada por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, que, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), encontram-se em fase de conclusão. Milton Lourenço - Brasil

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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:www.fiorde.com.br

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Namíbia - Uma tendência global a ser seguida

Posição estratégica no Oceano Atlântico e um dos países mais jovens do continente africano, a República da Namíbia possui o maior potencial logístico, econômico e político da região. Segundo aponta Marcos Piacitelli, especialista em Acordos Internacionais da Thomson Reuters Brasil. “Impulsionada por seus recursos naturais, a economia da Namíbia tem-se mostrado estável e atrativa aos investimentos e negociações”, aponta, destacando que seu crescimento econômico tem-se mantido consistente ao longo dos anos. “Com exceção apenas de 2009, devido à crise econômica mundial. E seu PIB tem mantido desde 2009, com uma taxa de crescimento perto dos 5%”.

Dados do World Bank e FMI (Fundo Monetário Internacional) apontam que mesmo que a economia do país seja impulsionada pelos recursos naturais, o setor de serviços tem sido responsável por 60% do total do PIB desde 1990. “Minas, pecuária, pesca, metalurgia e processamento de alimentos são os pilares de sua economia, fazendo com que a indústria seja o segundo responsável com mais de 30% do total do PIB e a agricultura com pouco mais de 6% do total do PIB”, aponta o executivo.

Somando ainda, o fato de sua economia ser muito similar e interconectada com a economia da África do Sul, tanto pelo comércio, investimento e políticas monetárias comuns, o especialista aponta que o Dólar Namibiano também está indexado com o Rand Sul-Africano, “o que proporciona benefícios ao país, pois muitas tendências econômicas, incluindo a inflação, são similares às do seu vizinho”.

Garantindo relações comerciais preferenciais com outros principais países do continente, o país possui ainda, como ressalta Piacitelli, tratados de livre comércio, sendo ainda membro da Área Monetária Comum, União Aduaneira da África Austral (SACU) e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).





















Na evolução do Comércio Exterior, Piacitelli comenta que o valor de exportações bem como de importações tem crescido nos últimos anos. “Em 2005 o intercâmbio comercial era de US$ 5,25 bilhões, já em 2013, este fluxo foi para US$ 13,91 bilhões. Com uma balança comercial negativa desde 2009, o que comprova o alto volume de importação”, destaca.

Como principal origem a África do Sul, Botsuana, China e Estados Unidos completam a lista dos principais parceiros representando 60% dessas importações. O Brasil aparece na 18ª posição representando 0,4% do total do ano de 2014. “As exportações brasileiras para a Namíbia cresceram 45% no período de 2010 a 2014, com forte volume de máquinas mecânicas, vestuário, carnes, móveis, entre outros”.

Segundo dados fornecidos pelo especialista, na composição de pauta de produtos importados pelo país, os automóveis estão no topo da lista com 13,1%, seguidos por Máquinas mecânicas com 11,9%, Combustíveis com 7,8%, Ouro e pedras preciosas com 7,6%, Máquinas elétricas com 6,4%, entre outros.


Polo Industrial

De acordo com o especialista da Thomson Reuters, o potencial e o crescimento contínuo do país também tem chamado a atenção de empresas do mundo todo, com destaque para as companhias nacionais que buscam na Namíbia estabelecimento de polo industrial. O motivo ele explica: fator localização geográfica e infraestrutura do país.

De acordo com ele, a BRF já é uma das gigantes que já estuda investir no país, transformando-a em um polo de industrialização e distribuição para os demais países da África. “Isso se deu em uma recente comitiva ao país que ocorreu no mesmo dia em que a União Europeia assinou um acordo comercial com a Namíbia e outros cinco países africanos”, destacou.

O executivo destaca ainda o Corredor Walvis Bay (WBCG - Walvis Bay Corridor Group), um atrativo polo logístico com escoamento para os principais países da África Austral, desde o Porto de Walvis Bay na Namíbia. “Usualmente, as exportações Brasileiras para a África são destinadas à portos como o da África do Sul, devido à diversos fatores, principalmente pelo desconhecimento da potencialidade e da infraestrutura da Namíbia na recepção de cargas internacionais e por questões de custos logísticos. Entretanto, o porto de Walvis Bay está localizado apenas a 10 dias aproximadamente do porto de Santos e conta com toda uma infraestrutura”.

Para ele, a potencialidade do hub logístico da Namíbia, deve ser melhor avaliada pelos exportadores brasileiros, aproveitando as oportunidades proporcionadas pelo país. “O exportador brasileiro necessita escolher o melhor caminho para atingir o atual mercado prioritário entre os países e empresas, a África”, mas destaca que é preciso seguir esta tendência global de investimento no continente “aproveitando as facilidades disponíveis que são provenientes dos acordos de livre comércio com a Namíbia, bem como sua localização geográfica estratégica de poucos dias de rota transatlântica, e toda infraestrutura de escoamento logístico que o país proporciona, pois, dependendo do fluxo de comércio, pode reduzir os custos logísticos consideravelmente para as empresas nacionais”. Kamila Donato – Brasil in “Guia Marítimo”

Macau - Instituto Politécnico de Macau tem mais alunos em cursos em língua portuguesa

O número de estudantes inscritos em cursos em língua portuguesa no Instituto Politécnico de Macau (IPM) no novo ano académico de 2016/2017 aumentou 14,5 por cento em termos anuais, de acordo com o jornal local Macao Daily News.

Lei Heong Iok
Em declarações na passada sexta-feira, na cerimónia de inauguração do novo ano académico, o Presidente do IPIM, Lei Heong Iok, notou ainda que cerca de 100 alunos de um total aproximado de 800 novos alunos inscritos para este novo ano académico são estudantes internacionais. Entre estes, 28 alunos oriundos de Cabo Verde e 6 provenientes do Brasil optaram pelo instituto para estudarem chinês e gestão na área do sector do jogo, acrescentou o Presidente.

Lei Heong Iok defendeu que este cenário revela que o IPM está a contribuir para transformar Macau numa plataforma de intercâmbio entre a China e os Países de Língua Portuguesa. In “Fórum Macau” - Macau

A religião como fato cultural

I
Algumas teorias políticas, como as do comunismo e do anarquismo, atraíram multidões não só porque pregavam a igualdade entre os homens como prometiam aos descrentes em mudanças graduais a revolução dos costumes e o fim dos privilégios e das classes sociais, ou seja, o paraíso na Terra. O anarquismo esgotou-se logo porque defendia que não existia ditadura do proletariado, mas apenas ditadura de um partido ou de meia-dúzia de espertalhões. Mas o comunismo durou décadas e levou muitos jovens idealistas que não acreditavam mais nas religiões a sacrificar a própria vida em favor de um futuro que não existiria.

Apesar do fracasso dessas teorias, volta e meia, ainda existem demagogos que se aproveitam da chamada democracia burguesa para empolgar as massas com promessas mirabolantes. Como mostra a experiência, essas aventuras invariavelmente acabam em desastres, pois, quando chegam ao poder, os demagogos precisam não só cuidar dos negócios particulares e dos de sua família como favorecer apaniguados, pois o que mais desejam é se locupletar com os recursos públicos ou com as mamatas que os negócios feitos à sombra frondosa do Estado sempre propiciam.

Tudo isso resulta em decepção para as massas, que continuam famélicas e errantes, ao menos nos países do Terceiro Mundo. Diante dessa situação de caos, as religiões ressurgem periodicamente porque, de certa maneira, respondem às ameaças que são feitas cotidianamente, colocando em risco a sobrevivência da humanidade. E trazem solidariedade às vítimas, o que nunca se viu nos regimes que defendiam que a vida dos homens se esgotava no âmbito da animalidade.

É o que mostra o professor e sacerdote Silvio Firmo do Nascimento em O homem diante do Sagrado: Alguns elementos da antropologia das religiões (Londrina: Humanidades, 2008), livro que não discute uma religião específica, mas que trata da religião como obra humana edificada em torno do sublime, como diz o filósofo José Maurício de Carvalho, que foi professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e, atualmente, do Instituto de Ensino Superior Presidente Tancredo de Almeida Neves (Iptan), no percuciente prefácio que escreveu para este trabalho. Segundo Maurício de Carvalho, neste livro, a religião é examinada como fato cultural, “produto da nossa ação transformadora do mundo, ainda que esse fato não invalide o reconhecimento da inspiração divina” (NASCIMENTO, 2008, p. 9).

                                                                   II
De fato, num tempo como o de hoje em que a precariedade humana é tão presente no dia-a-dia da população, depois do fracasso das experiências totalitárias, as religiões, sejam as tradicionais ou as chamadas pentecostais, ainda cumprem o seu papel fundamental, que é o de infundir esperança e alimentar os sonhos de amor e paz, ou seja, manter o homem vivo, para se repetir aqui uma expressão do poeta e dramaturgo alemão Bertold Brecht (1898-1956).

Depois de discutir a conceituação de antropologia, de religião e de antropologia da religião, Firmo do Nascimento avalia as teorias psicológicas e sociológicas que falam da origem da religião, analisando as hipóteses do sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917), do neurologista austríaco Sigmund Freud (1856-1939), criador da Psicanálise, e do filósofo inglês Herbert Spencer (1820-1903), sem deixar de penetrar na obra do poeta e filósofo latino Tito Lucrécio Caro (Ca.99aC-143).

“Estarrecidos pelos males provocados na humanidade em nome da religião – guerras, divisões, imposições, sacrifícios humanos, explorações, conquistas, matanças –, alguns pensadores antigos e modernos desconfiaram da seriedade da religião e quiseram ver a sua origem na maldade do coração ou na perversão da mente”, diz o professor, adicionando entre os pensadores modernos adeptos dessas teorias o filósofo britânico Bertrand Russel (1872-1970) e o escritor e dramaturgo argelino Albert Camus (1913-1960).

Em suas considerações finais, Firmo do Nascimento (2008, p. 124) defende não podemos ficar restritos à expressão “só Jesus salva”, mas acreditar e agir como seres verdadeiramente humanos comprometidos com a verdade através do homem bom: zeloso, sigiloso, honesto e objetivo. “A fé precisa descer das altas esferas transcendentes para ocupar-se com o homem como habitação divina. Noutras palavras: não se pode separar a experiência religiosa das outras experiências humanas”, diz (idem), acrescentando que “a religião possui essência libertadora e deve questionar o imperialismo cultural europeu e norte-americano” (idem).

Enfim, o leitor que adentrar este livro, com certeza, sairá dele diferente, mais fortalecido espiritualmente, pois, como diz o autor, em suas derradeiras palavras, o homem precisa da harmonia consigo mesmo, com os outros, com a natureza e com Deus, para viver humanamente o sentido da vida. Ou seja: “a experiência da solidão leva-nos à solidariedade, da fraternidade à comunhão, da finitude ao infinito e da consciência do limite dos bens naturais à revalorização da natureza” (NASCIMENTO, 2008, p. 128).

                                                         III
Sílvio Firmo do Nascimento (1956), sacerdote diocesano em São João del-Rei, Minas Gerais, é doutor em Filosofia pela Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro (2001), mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais (1992), bacharel em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC), do Rio de Janeiro (1987), e fez Licenciatura Plena em Estudos Sociais e Filosofia pela Fundação Educacional de Brusque, Santa Catarina, hoje Faculdade Dehoniana (1983).

É autor dos livros Teses morais do tradicionalismo do século XIX (Londrina: Edições Humanidades, 2004), A religião no Brasil após o Vaticano II: uma concepção democrática da religião (Barbacena: Unipac, 2005), A Igreja em Minas Gerais na República Velha (Curitiba: Juruá, 2008), A pessoa humana segundo Erich Fromm (Curitiba: Juruá, 2010), A centralidade da eucaristia na vida da humanidade (Garapuava: Pão e Vinho, 2011), Gotas de sabedoria (Curitiba: Instituto Memória, 2012), A educação em um mundo globalizado, em coautoria com o professor Kennedy Alemar da Silva (Belo Horizonte: O Lutador, 2014) Pressupostos epistemológicos e antropológicos da ética do tradicionalismo (Curitiba: CRV, 2ª ed., 2016), além de artigos sobre filosofia, ética, educação e religião.

Atuou como docente na Universidade Presidente Antônio Carlos (Unipac), de Barbacena, Minas Gerais, de 1992 até 2008. Atualmente, é membro do Comitê de Ética em Pesquisa da Unipac, membro efetivo da Academia de Letras de São João del-Rei e docente do Iptan, de São João del-Rei. Atua como editor da Revista Saberes Interdisciplinares, periódico semestral multidisciplinar do Iptan. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Filosofia da Educação, atuando principalmente com os seguintes temas: liberdade- propriedade-educação, tradicionalismo, educação, catolicismo e ética. Adelto Gonçalves - Brasil

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O homem diante do Sagrado: Alguns elementos da antropologia das religiões, de Sílvio Firmo do Nascimento, com prefácio de José Maurício de Carvalho. Londrina: Edições Humanidades, 126 págs., R$ 40,00, 2008. E-mail: silviofirmodonascimento@gmail.com Site: www.iptan.edu.br


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Adelto Gonçalves é doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de Os vira-latas da madrugada (Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1981; Taubaté, Letra Selvagem, 2015), Gonzaga, um poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002), Bocage – o perfil perdido (Lisboa, Caminho, 2003), Tomás Antônio Gonzaga (Academia Brasileira de Letras/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2012), e Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo Colonial (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2015), entre outros. E-mail: marilizadelto@uol.com.br