Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Austrália - Boias submersas para obter energia das ondas





















Uma empresa australiana acaba de lançar o projeto de uma planta de energia maremotriz, que aproveita a força do oceano para gerar energia. Criada pela Carnegie Wave Energy, a estrutura é uma nova versão de um modelo já executado e patenteado pela empresa, e é anunciada como “a planta mais importante e avançada tecnologicamente para testes e desenvolvimento de energia renovável de oceanos do mundo”. As informações são do jornal britânico The Guardian.

O sistema utiliza as bóias CETO, estruturas que se assemelham a grandes tanques circulares. Essas carcaças são amarradas a uma âncora no fundo do mar e permanecem totalmente submersas, característica que é o diferencial do complexo. Em entrevista ao The Guardian, Michael Ottaviano, diretor-gerente da Carnegie, explica que a estrutura foi desenvolvida para priorizar a sobrevivência a longo prazo dos tanques no oceano mais do que a eficiência na conversão de energia.

“Você pode ter a tecnologia mais eficiente, mas se acabar estragando após a primeira grande tempestade, não vale nada”, diz Ottaviano. “[O CETO] Nunca atinge a superfície. Podemos simplesmente acompanhar uma onda grande enquanto ela passa pela boia, que segue o fluxo para cima e para baixo”.

O movimento de subida e descida é a base da tecnologia de energia de ondas da Carnegie. Em harmonia com as ondas oceânicas, o movimento conduz água a uma bomba. Agora, na última geração das boias, a CETO 6, um sistema acoplado dentro do tanque irá converter a água pressurizada em eletricidade limpa, que será transportada para fora do oceano por um cabo.

Investimentos

Formada em 2006, a empresa australiana acaba de lançar seu projeto de energia ondas de US$ 90 milhões em Cornwall, no Reino Unido, depois de receber US $ 15,5 milhões do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional para executar a primeira fase.

Maior do que os modelos anteriores, cada unidade da CETO 6 tem diâmetro de 20 metros, uma capacidade de geração de 1 megawatt, e foi concebida para durar 12 meses.

O diretor vislumbra um futuro para o método principalmente para fornecimento de energia para ilhas, por estarem cercadas pelo mar. Ilhas também costumam ter grande dependência de combustíveis fósseis importados, o que os deixa em altas taxas de emissões de CO2 e volatilidade de preços, conforme Ottaviano.

Até então, a principal dificuldade da energia das ondas é o fato de ser “um recurso de densidade de energia bastante baixa em muitos lugares, por isso pode exigir uma quantidade razoável de infra-estrutura”, esclarece Stephen Doig, diretor do Instituto Rocky Mountain, que auxilia na implantação de energias renováveis em ilhas. Ainda assim, trata-se de um método a ser explorado, principalmente por ser inesgotável, renovável e promover energia sem emissão de poluentes. Cecília Tumler – Brasil in “Gazeta do Povo”

Macau – Universidade de Macau vai abrir centros de formação de bilingues

A Universidade de Macau (UM) planeia abrir, na próxima Primavera, um Centro de Ensino e Formação de bilingues (Chinês-Português) para promover a “reforma dos programas de ensino de Português” e ainda “produzir mais profissionais bilingues”.

Segundo a UM, o Centro irá incluir métodos de ensino “inovadores” baseados nas características dos alunos de Macau e ainda desenvolver modelos pedagógicos e padrões de avaliação de “qualidade” para ir ao encontro dos alunos nativos de Língua Chinesa. “Com o apoio de uma forte equipa de docentes, o centro formulará planos de formação de médio e longo prazo com base na situação actual do território” e permitirá “melhorar o currículo da Língua Portuguesa para atrair mais estudantes”, referiu a instituição.

A equipa de docentes será disponibilizada pelo Departamento de Português que conta com “professores de renome universitário em países de língua portuguesa como Portugal e Brasil, educadores veteranos fluentes em Chinês e Português e académicos bem conhecidos, cujos interesses de investigação incluem a aprendizagem ou o ensino de Português como segunda língua”, relembrou a UM.

Por outro lado, serão lançadas acções de formação para professores de Língua Portuguesa das escolas primárias e secundárias da RAEM e das universidades da China Continental. Na componente de ensino propriamente dita, o Centro irá dispor de materiais didácticos “inovadores”, adaptados aos alunos locais, como complemento aos materiais já existentes.

“O Centro também pretende estabelecer um mecanismo de recompensa e monitorização para melhorar o actual programa que permite aos alunos estudar em países de Língua Portuguesa, para que os participantes no programa consigam resultados mais frutíferos”, salientou a UM. Serão ainda estabelecidas parcerias com organizações e empresas locais e estrangeiras, onde o Português é utilizado como ferramenta de trabalho, de modo a criar “mais oportunidades de estágio”.

A par disso, o Centro vai colaborar com o Fórum Macau através da oferta de cursos sobre a língua e cultura chinesas para alunos dos países de Língua Portuguesa, e ainda “providenciar suporte para cursos profissionais de ensino de Português” em áreas como o turismo, ciências médicas e gestão de negócios. Catarina Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

terça-feira, 29 de novembro de 2016

O antirromance de quem ainda vai nascer

                                                            I
Depois de publicar Goto – o reino encantado do barqueiro noturno do rio Itararé (Joinville-SC: Editora Clube de Autores, 2014), obra nitidamente do século XXI, em que toda a coerência formal da narrativa já foi desrespeitada, o poeta e ficcionista Silas Corrêa Leite ressurge agora com Gute Gute – Barriga Experimental de Repertório (Rio de Janeiro: Editora Autografia, 2015), outro romance pós-moderno, igualmente fragmentado, desintegrado e de linguagem rebelde, que se apresenta como não-romance ou antirromance, assumindo um rompimento definitivo com as fôrmas literárias do Romantismo e do Modernismo.

Conhecido como ciberpoeta, Silas Corrêa Leite, um dos mais originais escritores deste Brasil pós-moderno, surpreende, mais uma vez, com um relato fragmentário de um bebê de altíssimo quociente intelectual (QI) que, ainda no útero materno, mas em fase final de gestação, já demonstra sentimentos, reações e faz citações, algumas de raízes populares e outras de poetas e pensadores famosos. Abusando do recurso da intertextualidade, o romancista faz o seu personagem ainda sem nome questionar não só momentos íntimos da mãe como manifestar algumas reflexões e impressões a respeito do mundo que há de viver fora do útero.

Com tanta originalidade, por certo, Gute Gute – Barriga Experimental de Repertório começa a atrair os leitores desde as primeiras linhas, ao fazer questionamentos sobre termos, canções e sons que o protagonista ouve de dentro da barriga da mãe. Como diz o autor na introdução, o romance trata da relação da criança, ainda na forma fetal, com tudo o que a cerca: “o lar, as barulhanças nos derredores, as tristices e contentezas de formação, as formatações e configurações evolutivas de meio, os sentimentos de base e aprumo, a sensibilidade generalizada de compreender e ser inteirado da vida intrauterina a partir do que rola lá fora, no exterior, a partir do que sente no colmeial do adjacente barrigal”.

Leia-se, por exemplo, este excerto:
“(...) A gente vive aqui dentro pelo menos 9 meses. Parece uma eternidade. E na vida lá fora deve ser dez ou cem vezes isso. Sei não, não vou ser bom de aritmética, matemática. A barriga da natureza-mãe é melhor ou pior? Como o Pai diz, numa graceza lá dele (o velho é bom de bico): o buraco é mais embaixo. Não saquei direito essa frase detravessada dele. Quer dizer alguma coisa que faça sentido? (...)


                                               II
Sempre em busca da surpresa e do ineditismo, o ficcionista vai compondo o seu antirromance porque, se a vida ainda não existe fora do útero, tampouco não há como traçar um enredo com começo, meio e fim. Só restam reflexos produzidos por atos de quem gera – “percebo tudo aqui dentro da barriga” –, além de suposições sobre um futuro que há de vir: “Sobreviver lá fora deve ser um grande negócio. Ou é barra pesada? Ou tudo é rigorosamente regrado, regulado, normas e leis? Tudo lá fora é certinho, funciona direito e com precisão como um relógio?”, imagina.

Dividida em seu quatro livros e subdividida em muitas partes, esta obra reproduz também as angústias de uma futura mãe ainda adolescente, que se deixou engravidar por quem não pretende assumir o filho. Lê-se: “(...) – Eu não estava no programa... falhou o calendário, a cartelinha, alguma coisa que deveria estar vestido e não estava, alguma coisa que deveria ter usado, sei lá mais o quê... Eu fui um acidente de encontro... Acidente de percurso, sei lá... (...).

Como se percebe, o poeta Silas Corrêa Leite, com muita criatividade, atrai o leitor com uma linguagem do dia-a-dia brasileiro, ou melhor, do mundo caipira do interior de São Paulo e do Paraná, colocando novamente em evidência a cidadezinha de Itararé, com suas ruas de pedras, onde nasceu, na divisa entre estes dois Estados, e com a qual mantém vínculos familiares e sentimentais até hoje. Como dele já escreveu o romancista Moacir Scliar (1937-2011), percebe-se que o poeta sente prazer em narrar, “prazer este que se transmite ao leitor como um forte apelo – o apelo que se espera da verdadeira literatura”.

O leitor, portanto, só terá a ganhar ao conhecer e experimentar esta prosa experimentalista deste poeta cibernético, que, antenado com o seu tempo, não hesita em apertar a tecla SAP, mandar poemas-mensagens ou mensagens-poemas por torpedo, e-mail ou WahtsApp para construir um antirromance de uma vida que ainda vai nascer;


                                               III
Silas Corrêa Leite, educador, jornalista comunitário e conselheiro em Direitos Humanos, começou a escrever aos 16 anos no jornal O Guarani, de Itararé-SP. Migrou para São Paulo em 1970. Formado em Direito e Geografia, é especialista em Educação pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, com extensão universitária em Literatura na Comunicação na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP).

É autor também, entre outros, de Porta-lapsos, poemas (Editora All-Print-SP), Campo de trigo com corvos, contos (Editora Design-SC), obra finalista do prêmio Telecom, Portugal, 2007, O homem que virou cerveja: crônicas hilárias de um poeta boêmio (Giz Editorial-SP), Prêmio Valdeck Almeida de Jesus, Salvador-BA, 2009, e Pirilâmpadas (Editora Pragmatha-Porto Alegre), poesia infanto-juvenil.

Seu e-book O rinoceronte de Clarice, onze ficções, cada uma com três finais, um feliz, um de tragédia e um terceiro final politicamente incorreto, por ser pioneiro, foi destaque em jornais como O Estado de S. Paulo, Diário Popular, Revista Época, Revista Ao Mestre Com Carinho e Revista Kalunga e na rede televisiva. Por ser único no gênero e o primeiro livro interativo da Rede Mundial de Computadores, foi recomendado como leitura obrigatória na disciplina Linguagem Virtual no mestrado de Ciência da Linguagem da Universidade do Sul de Santa Catarina. Foi tema de tese de doutoramento na Universidade Federal de Alagoas (“Hipertextualidade, o livro depois do livro”).

Silas Corrêa Leite recebeu os prêmios Paulo Leminski de Contos, Ignácio Loyola Brandão de Contos; Lygia Fagundes Telles para Professor Escritor, Prêmio Biblioteca Mário de Andrade (Poesia Sobre São Paulo), Prêmio Literal (Fundação Petrobrás), Prêmio Instituto Piaget (Lisboa, Portugal/Cancioneiro Infanto-Juvenil); Prêmio Elos Clube/Comunidade Lusíada Internacional; Primeiro Salão Nacional de Causos de Pescadores (USP), Prêmio Simetria Ficções e Fantástico, Portugal (Microconto), entre outros. Tem trabalhos publicados em mais de 100 antologias e até no exterior (Antologia Multilingue de Letteratura Contemporânea, Trento, Itália; e Cristhmas Anthology, Ohio, EUA). Adelto Gonçalves - Brasil


____________________________________________

Gute Gute – Barriga Experimental de Repertório, de Silas Corrêa Leite. Rio de Janeiro: Editora Autografia, 225 págs., R$ 40,00,  2015. E-mail: poesilas@terra.com.br Site: www.autografia.com.br


______________________________________________ 

Adelto Gonçalves, jornalista, mestre em Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-americana e doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), é autor de Os vira-latas da madrugada (Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1981; Taubaté, Letra Selvagem, 2015), Gonzaga, um poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002), Bocage – o perfil perdido (Lisboa, Caminho, 2003), Tomás Antônio Gonzaga (Academia Brasileira de Letras/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2012), e Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo Colonial (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2015), entre outros. E-mail: marilizadelto@uol.com.br

UCCLA - Acolhe Congresso “Angola 40 Anos depois da Independência”

A UCCLA vai ser palco do Congresso “Angola 40 Anos depois da Independência - Formação, Desenvolvimento e Cooperação”, organizado pela Casa Cultura Angolana Welwitschia, no próximo dia 6 de dezembro, a partir das 9 horas.

Para encerrar as comemorações que assinalam os 40 Anos da Independência de Angola, a Casa Cultura Angolana Welwitschia organiza este congresso cujo objetivo é dar a conhecer à Diáspora o estado do país. Contará com a participação de diversas personalidades e onde serão abordados os desafios que se colocam a Angola numa ótica de desenvolvimento sustentado.

Morada:
Auditório da nova sede da UCCLA - Avenida da Índia, n.º 110 (entre a Cordoaria Nacional e o Museu Nacional dos Coches), em Lisboa
Autocarros e Elétrico (Rua da Junqueira): 15E, 18E, 714, 727, 728, 729 e 751
Comboio: Estação de Belém
Coordenadas GPS: 38°41’46.9″N 9°11’52.4″W

Aceda ao programa aqui. UCCLA

Brasil - Comércio exterior: perspectivas para 2017

SÃO PAULO – Dados da Organização Mundial do Comércio (OMC), com sede em Genebra, mostram que a maior parte das compras e vendas entre nações é realizada por meio de acordos comerciais bilaterais ou por blocos. Isso significa que, apesar da leniência com que o assunto foi tratado pelos últimos governos brasileiros, ampliar a rede de acordos é fundamental para o Brasil. Só assim o País deixará o atual isolamento em que se encontra para participar ativamente do comércio global.

De 1991, quando se tornou membro do Mercosul, até 2013, o Brasil só havia assinado acordos de livre-comércio com Israel, Egito e Palestina, além de tratados de preferência tarifária limitados com Índia e África do Sul. Naquele mesmo período, como mostram os dados da OMC, houve no mundo uma explosão de acordos regionais ou bilaterais, ou seja, 543, do quais 354 ainda estão em vigor. Na América do Sul, os chilenos abriram o mercado para 21 países, enquanto os mexicanos assinaram 13 acordos. Peru e Colômbia seguiram caminho idêntico e selaram, respectivamente, 12 e 11 acordos de livre-comércio, incluindo Estados Unidos e União Europeia.

Para o Brasil, de relevante, só houve a participação no Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Mas só agora, em outubro, em Nova Déli, o governo brasileiro assinou um conjunto de documentos que busca integrar o comércio e o desenvolvimento dos países do grupo. Os textos abrangem temas como desburocratização e facilitação de comércio, fomento do comércio de serviços, cooperação entre micro e pequenas empresas, promoção das exportações e maior coordenação das políticas comerciais dos cinco países. Nada mal, pois, afinal, os Brics representam um Produto Interno Bruto (PIB) de mais de US$ 16 trilhões.           

No âmbito da OMC, o Brasil assinou um Acordo de Facilitação de Comércio que permitirá uma redução de 40% nos prazos médios de exportação e importação, com impactos positivos sobre a competitividade das mercadorias e sobre o PIB. Com a implementação completa até o fim de 2017 do Portal Único de Comércio Exterior, que deverá desburocratizar os processos de importação, exportação e trânsito aduaneiro, o governo espera um crescimento significativo nos números do intercâmbio com os Brics.

Outra porta que se abre para a ampliação dos números do comércio exterior brasileiro são os Acordos de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFI), que já foram assinados com Moçambique, Angola, México, Maláui, Colômbia, Chile e Peru e que estão com negociações concluídas com Índia e Jordânia. Todas essas iniciativas deverão ampliar as vendas ao exterior de produtos e serviços brasileiros, além de incentivar o fluxo de investimentos.

A expectativa que fica é com relação a diretrizes a serem adotadas a partir de janeiro pelo novo governo dos Estados Unidos, que são hoje o principal destino de exportações de manufaturados brasileiros. Em 2015, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e o Departamento de Comércio dos EUA assinaram um Memorando de Intenções sobre Normas Técnicas e Avaliação da Conformidade, que procura eliminar obstáculos, reduzindo a burocracia e custos e prazos no cumprimento de exigências técnicas necessárias à atividade exportadora. O que se espera é que esse entendimento venha a prosperar. Milton Lourenço - Brasil


____________________________________________ 

Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Portugal – Vai avançar plataforma marítima de produção de electricidade

O Conselho de Ministro de Portugal aprovou no passado dia 24 de Novembro de 2016, uma resolução que conclui os procedimentos de instalação de plataforma marítima de produção de electricidade, ao largo de Viana do Castelo.

Segundo comunicado do Executivo, “pretende-se, assim, concretizar o projecto de produção de electricidade em fase pré-comercial, denominado Windfloat, através da criação de condições para assegurar a sua ligação à rede eléctrica pública e o licenciamento, até 18 de Dezembro de 2016, bem como promover a alteração da localização da zona piloto das ondas situada ao largo de São Pedro de Moel para Viana do Castelo, com vista à sua revitalização”.

Plataforma flutuante

O projecto WindFloat é conduzido pela EDP Inovação em parceria com a EDP Renováveis. Com este projecto, a EDP desenvolve uma tecnologia que vai permitir a exploração do potencial eólico no mar, em profundidades superiores a 40 metros. O foco de inovação do projecto baseia-se no desenvolvimento de uma plataforma flutuante, partindo das experiências da indústria de extracção de petróleo e de gás, onde irá assentar uma turbina eólica com vários MW de capacidade de produção.

A plataforma flutuante é semissubmersível e fica ancorada ao leito do mar. A sua estabilidade é conseguida através de um sistema de comportas que se enchem de água na base dos três pilares, associadas a um sistema de lastro estático e dinâmico. O sistema WindFloat adapta-se a qualquer tipo de turbina eólica offshore. Este sistema é totalmente construído em terra, incluindo a montagem das turbinas – evitando assim difíceis e dispendiosos trabalhos em alto mar.

O projeto WindFloat engloba a concepção e construção de um prototipo onde é montada uma turbina eólica de 2 MW. O protótipo foi instalado ao largo da costa portuguesa, perto de Aguçadoura, e ligado à rede eléctrica em finais de Dezembro de 2011. Trata-se do primeiro projecto de instalação de turbinas eólicas offshore em todo o mundo que não implicou a utilização de pesados sistemas de construção e montagem no mar. Carlos Caldeira – Portugal in  “Agricultura e Mar Actual”

Macau - Negócios na Lusofonia com apoio reforçado

Lionel Leong
O Secretário Lionel Leong avançou ontem que o Governo pretende estabelecer rapidamente um regime de seguro de crédito à exportação. Numa segunda fase, será ponderado o lançamento de um plano de apoio financeiro para empresas chinesas ou locais que mantenham negócios com países lusófonos

Mês e meio após a visita do Primeiro-Ministro Li Keqiang e do lançamento de medidas de incentivo à economia, o Secretário para Economia e Finanças afirmou ontem que o Governo Central apoia o estabelecimento de um regime de seguro de crédito à exportação. Este tipo de mecanismo tem sido reivindicado por empresários locais com negócios ligados aos países de Língua Portuguesa.

À saída de uma reunião da Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, que está a discutir o orçamento para 2017, Lionel Leong afiançou que a criação desse regime será concretizada “o mais brevemente possível”.

Após a implementação desses seguros à exportação, o Governo irá ainda “ponderar um plano de apoio financeiro, através do qual, se possa permitir, às empresas de Macau ou empresas da China Interior que participam em trocas comerciais com países de língua portuguesa, maximizar vantagens, à medida que integram as suas actividades em Macau”, disse o Secretário, citado numa nota oficial.

Salientando que considera importante a existência de uma seguradora no quadro deste regime de seguro de crédito à exportação, garantiu que já foram iniciados contactos com empresas e entidades. A expectativa do Governo é que o “feedback seja positivo” para que os trabalhos cheguem a bom porto em 2017.

Além deste projecto, Lionel Leong garantiu estar em curso uma revisão ao regime jurídico das sociedades de locação financeira. O governante espera que o quadro desta proposta da lei fique concluído no próximo ano.

Deste modo, têm sido encetados contactos a nível internacional com “grandes empresas, experientes em locação financeira, como forma de analisar o interesse em trazer investimento e de constituir em Macau uma indústria nesta área”. Por outro lado, foi criado um grupo de trabalho interdepartamental para debater com o sector o aperfeiçoamento do regime jurídico e promover a indústria.

Por outro lado, o sector já teve acesso a um guia de orientação para locação financeira para um melhor entendimento do processo de licenciamento, facilitando também posteriores ajustamentos com a revisão da lei. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau

domingo, 27 de novembro de 2016

Primeiro dia

Sérgio Godinho














Vamos aprender português, cantando


A principio é simples, anda-se sozinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no burburinho
bebe-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida


Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo e dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado, que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida


E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se e come-se e alguém nos diz: bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida


Depois vêm cansaços e o corpo fraqueja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso, por curto que seja
apagam-se dúvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida


Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar, sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida


E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vaza
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.

Sérgio Godinho - Portugal


sábado, 26 de novembro de 2016

Cuba - Fidel Castro


Macau - Planeia um sistema de seguro de crédito à exportação

O Governo de Macau planeia estabelecer um sistema de seguro de crédito à exportação, a fim de reforçar o papel do território na promoção da cooperação entre empresas de Macau e do Interior da China, e companhias dos Países de Língua Portuguesa, de acordo com um comunicado oficial.


Citado no comunicado, o Secretário para a Economia e Finanças, Leong Vai Tac, sublinhou que a estratégia é apoiada pelo Governo Central chinês.

Leong Vai Tac acrescentou que o Governo de Macau está neste momento a contactar empresas e instituições a fim de encontrar potenciais parceiros para o estabelecimento do referido sistema de seguro de crédito à exportação. O governante afirmou esperar mais progressos em 2017, tendo em conta que os contactos já realizados terão merecido reacções positivas por parte das organizações contactadas. In “Fórum Macau” - Macau 

Espanha - Construção da Plataforma Logística de Badajoz

O governo de Espanha deu luz verde à construção da Plataforma Logística do Sudoeste Europeu, em Badajoz. A obra pode arrancar já em Dezembro, depois do governo regional da Extremadura aprovar a modificação do Projecto de Interesse Regional (PIR)

A Administração regional espera receber “um importante apoio económico” para o projecto através do Orçamento Geral do Estado, de acordo com a conselheira de Meio Ambiente e Rural, Políticas Agrárias e Território da Junta da Extremadura, Begoña Garcia.

A mesma responsável indicou que embora a Extremadura vá disponibilizar os fundos necessários para colocar em marcha a Plataforma Logística do Sudoeste Europeu, irá solicitar que Madrid “seja solidário com a obra”, na medida em que se trata de um projecto que trará benefícios a Espanha e a Portugal.

Além disso, a União Europeia vai canalizar 7,5 milhões de euros para o projecto. Bruxelas considera a Plataforma Logística do Sudoeste Europeu prioritária dentro da rede transeuropeia de transportes (RTE-T), pois permitirá desenvolver o transporte ferroviário para melhorar o comércio internacional e o desenvolvimento económico, facilitando o envio de produtos da Península Ibérica para o resto da Europa em menos tempo e com menores custos. In “Transportes & Negócios” - Portugal

Portugal – Iswari uma marca portuguesa especializada em superalimentos

Para Gonçalo Sardinha, a Índia foi uma passagem em busca de uma nova vida, depois de deixar o seu emprego. De regresso a Portugal, arregaçou as mangas e criou a sua empresa. Seis anos depois, a Iswari tem clientes em 18 países e é líder de mercado na área dos “superalimentos”

A Iswari é uma marca portuguesa especializada em “superalimentos”, produtos alimentares de elevado teor em micronutrientes como vitaminas lipossolúveis e hidrossolúveis, sais minerais e outros elementos considerados benéficos para a saúde. A ideia para o negócio, surgiu de uma mudança radical de vida que levou Gonçalo Sardinha a percorrer o mundo em busca de “um recomeço”.

“Em 2005 resolvi mudar radicalmente de vida: deixei o emprego, a casa e viajei com a minha família para a Índia onde ficámos três anos. Durante esse período, vivemos em mosteiros, retribuindo o alojamento e a alimentação com pequenos trabalhos necessários para a comunidade” explica Gonçalo Sardinha, o diretor-geral da Iswari.

A Índia foi apenas uma passagem, no percurso de preparação para uma nova vida em Portugal “um recomeço” sublinha Gonçalo. “Em 2008, saímos da Índia rumo a um novo desafio e a uma nova viagem em família: um retiro detox nos Estados Unidos. Passados três meses, regressei a Portugal entusiasmado com uma missão que agora me era muito clara: ensinar aos portugueses uma nova forma de alimentação, novas receitas, novos ingredientes e novas tendências”.

Gonçalo Sardinha começou por dar workshops de culinária vegetariana e de culinária crua com um sucesso e adesão inesperados: em apenas um ano, alcançava mais de 800 pessoas com os seus cursos. “Foram exatamente estes ‘clientes’ os maiores responsáveis pelo impulso de criação da marca Iswari pois tinham vontade de adquirir os produtos utilizados nos workshops, mas estes ainda não estavam a ser comercializados em Portugal. Foi então que comecei a criar os primeiros pacotinhos Iswari com design feito no computador de casa e embalamento feito por mim e pelo meu filho”.

O conceito era inovador e o ano de 2010 marcou o arranque oficial da marca, em Portugal e na Irlanda, com um investimento inicial de 50.000 euros. A partir aí, a Iswari foi crescendo e internacionalizando-se, com um crescimento em faturação anual sempre superior a 50%. Em 2016 a marca está presente em 18 países e Gonçalo Sardinha espera terminar o ano com o volume da faturação a rondar os 5 milhões de euros.

O Conceito

Iswari significa "deusa" na língua antiga de sânscrito e é esta deusa que norteia a marca e os seus princípios: Saúde, Sabor e Sabedoria. “São estes os valores que orientam todas as atividades da nossa marca, em perfeita comunhão com a natureza que é a sua maior “fornecedora”. À natureza a Iswari vai buscar produtos orgânicos, naturais e deliciosos com excelentes propriedades nutricionais que depois são selecionados, combinados e embalados para oferecer uma gama de mais de 50 produtos prontos a consumir”, conta Gonçalo Sardinha. “Orgulhamo-nos do nosso crescimento, de sermos atualmente líderes de mercado na área dos “superalimentos”, e de sabermos que todos os dias, algures em 18 países deste planeta, alguém está a tomar um produto Iswari, para o seu próprio bem, afirma.

A concorrência nesta área de produtos alimentares não preocupa Gonçalo Sardinha. “A concorrência é paradoxalmente um importante parceiro de negócios, pois uma já significativa parte das nossas compras e vendas é feita com alguma da nossa concorrência, o que nos ajuda a cimentar o conhecimento do negócio e até o estudo de eventuais parcerias”.

A Equipa

A empresa cresceu exponencialmente no último ano, conta o diretor-geral da Iswari, porque “só agora conseguiu alguma autonomia financeira para dar o salto que merecia. Hoje temos uma equipa muito equilibrada e com os elementos-chave nos diferentes departamentos: diretor financeiro, diretor comercial e de marketing, diretor de desenvolvimento internacional e claro, um diretor de produção”.

A forma como a equipa se juntou também fugiu aos habituais processos de seleção, através de anúncios de emprego e entrevistas. “À medida que a empresa foi crescendo, as necessidades foram surgindo e a empresa foi contratando diretamente pessoas com as qualificações pretendidas e que já tinham de alguma forma uma relação com a marca, um contacto próximo com a empresa ou uma ligação pessoal com os seus colaboradores. Acredito que seja por este motivo que ainda hoje mantemos um ambiente familiar na Iswari e que para além de profissionais, temos colaboradores que têm um especial amor à camisola”.

Se na constituição da equipa a opção foi mais familiar, na procura de financiamento as dificuldades não fugiram à norma. “A falta de capital para investir foi a primeira grande dificuldade, uma dificuldade que acredito ser inerente a 99% das empresas. De resto, temos alguma dificuldade em encontrar bons fornecedores, uma questão determinante para uma empresa como a Iswari que depende e exige o máximo de qualidade nos produtos que comercializa. Felizmente com a notoriedade e a reputação que temos vindo a conquistar no mercado, hoje já são os fornecedores que vêm ter connosco. O segredo passa então por fazer uma seleção rigorosa e criteriosa dos nossos fornecedores” revela Gonçalo Sardinha.

“Uma dificuldade talvez mais abstrata é a superação do medo. A Iswari tem-nos ensinado a acreditar e a pensar mais longe, por vezes para fora da nossa linha do horizonte. Quem diria que vendemos produtos no Qatar? Quem diria estarmos a pensar no mercado dos EUA? Para mim lidar com o medo foi sempre uns dos maiores desafios na história da Iswari. Felizmente, atualmente somos essencialmente cinco pessoas no Board da empresa e hoje estamos muito unidos nas tomadas de decisão, sublinha o Gonçalo, frisando que “a grande dificuldade foi assim superada e este apoio com que agora conto é uma mais-valia sem preço!” José Mendes – Portugal in “Empreendedor”


José Mendes - Jornalista titular de carteira profissional e formador. Mestre em Sociologia, sou um entusiasta das relações humanas e interesso-me particularmente por questões de liderança e problemáticas organizacionais.




sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Macau - Genealogista Jorge Forjaz apresenta a segunda edição de “Famílias Macaenses”

Jorge Forjaz
A segunda edição de “Famílias Macaenses” será apresentada na próxima terça-feira, 29 de Novembro de 2016, no âmbito do Encontro das Comunidades Macaenses. Segundo o Albergue, o novo trabalho de Jorge Forjaz superou todas as expectativas

A sessão de lançamento da colecção “Famílias Macaenses – II Edição”, da autoria do historiador e genealogista Jorge Forjaz (Academia Portuguesa de História) vai ter lugar na próxima terça-feira, pelas 16:00, no Auditório da Universidade de Macau no campus da Ilha da Montanha, num evento integrado no Encontro das Comunidades Macaenses.

Patrocinada pela Fundação Macau, a obra conta com a edição do Albergue SCM, que está “consciente da importância” deste trabalho para a “preservação da memória macaense”. Nesse sentido, em 2011, por ocasião do 15º aniversário da publicação das “Famílias Macaenses”, o Albergue convidou Jorge Forjaz para vir a Macau partilhar uma reflexão sobre o seu trabalho e o impacto que teve na comunidade.

Depois da conferência, Carlos Marreiros, director do Albergue SCM, “desafiou Jorge Forjaz para uma nova etapa, ou seja, a revisão e actualização da 1ª edição das Famílias Macaenses”, projecto que agora se concretiza com uma nota muito positiva. “Após cinco árduos anos de trabalho, o resultado monumental está à vista, e ultrapassou largamente o que esperávamos do autor”, sublinha o Albergue, adiantando que se trata de “uma revisão geral da obra, actualizada em quase todos os capítulos e sub-capítulos, acrescentada com 80 novos capítulos, e ilustrada com mais de 3000 fotografias, numa edição em 5 volumes, mais um volume de índices, que incluirá todos os nomes citados”.

O Albergue recorda ainda que a primeira edição foi apresentada em 1996, durante o II Encontro das Comunidades Macaenses, numa cerimónia que decorreu no Centro de Actividades Turísticas de Macau e cujo lançamento contou com mais de mil participantes. O autor apresentou o resultado de cinco anos de trabalho, em que, pela primeira vez se reunia toda a família macaense dispersa inicialmente pela China, Japão, Tailândia, Singapura ou, mais tarde, Brasil, Canadá, EUA, Austrália e Portugal.

Frisando que a obra foi recebida de forma “extremamente positiva” pelas comunidades macaenses, o Albergue recupera um elucidativo comentário do professor Henry “Quito” Assumpção: “Por este trabalho, Forjaz ganhou elogios dos seus pares e a gratidão dos macaenses em todo o mundo. As gerações vindouras irão valorizar estes livros”. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau

Índia - Quer apostar no gás natural liquefeito

A importadora indiana de gás Petronet LNG quer apostar nos navios a gás natural liquefeito (GNL), contribuindo para aumentar a procura desse produto no país e assim acompanhar o esforço do Governo em aumentar o consumo de GNL para 15% do total de energia consumida, face aos 6,5%actuais, e em reduzir as emissões e a dependência indiana do petróleo importado.

De acordo com declarações de Prabhat Singh, Director da Petronet LNG, à imprensa, ele espera que uma alteração do paradigma para navios a GNL crie “uma procura razoável” por este tipo de combustível num país em que muitas indústrias ainda não estão ligadas à rede de oleodutos.

Segundo órgãos de imprensa internacional, a empresa está a negociar a introdução de camiões e autocarros a GNL no mercado com a Tata Motors e a Ashok Leyland e em Janeiro vai revelar um plano para vender GNL em todo o país, destinado a navios, comboios e outros veículos.

A Petronet está igualmente a negociar com retalhistas públicas do sector, como a Indian Oil Corp, a Bharat Petroleum Corp e a Hindustan Petroleum Corp, a instalação de sistemas de distribuição nos seus postos de abastecimento, e planeia instalar a sua própria rede de distribuição a retalho. A Indian Oil Corp e a Bharat Petroleum Corp detêm, cada uma, 12,5% da Petronet.

O projecto contribuirá para que o terminal de GNL da empresa no sul da Índia, que actualmente funciona a 7 por cento da sua capacidade por causa do envolvimento dos oleodutos ligados a grandes clientes em disputas legais sobre uso do solo, passe a funcionar em pleno.

Entretanto, o Governo indiano pode autorizar em breve o uso de GNL como combustível de transporte. Para cumprir as metas de reduzir emissões e a dependência do petróleo num país que é tido como o terceiro maior poluidor mundial, está a expandir a rede de distribuição de gás em cidades ligadas à rede e planeia vir a gerir barcaças e comboios a GNL. Este mês, aliás, a Índia testou o seu primeiro autocarro a GNL.

Além disso, a Índia pode pretender acompanhar o ritmo da rival China, onde milhares de autocarros e camiões já são alimentados a GNL. Prabhat Singh considera que o processo pode ser uma boa oportunidade, notando que muitos dos 200 mil camiões que anualmente se juntam à frota indiana também podem vir a ser alimentados a GNL.

De acordo com dados recentemente divulgados, entre Abril e Setembro, a primeira metade do ano fiscal, a produção local indiana de gás caiu 4,4%,enquanto as importações aumentaram 26,3%. A capacidade de importação de GNL da Índia está a aumentar, visando passar das actuais 21,3 milhões de toneladas/ano para as 50 milhões de toneladas/ano em 2022. In “Jornal da Economia do Mar” - Portugal

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Um mergulho na cultura árabe

                                                             I

Se para conhecer a São Petersburgo do século XIX, é preciso ler Fiódor Dostoiévski (1821-1881), tal como para descobrir detalhes do Rio de Janeiro do final daquele século é fundamental percorrer os romances de Machado de Assis (1839-1908), daqui a cem anos, certamente, para saber como era (ou é) a cidade de Brasília (e o Brasil) deste começo de século XXI, será necessário ler Enigmas da Primavera (Rio de Janeiro: Editora Record, 2015), o novo (e sexto) romance do diplomata João Almino (1950). Trata-se da primeira obra de peso na literatura brasileira que não só traz para as páginas da ficção os movimentos políticos dos últimos anos, conforme observou o crítico Manuel da Costa Pinto (Folha de S. Paulo, 16/10/2015), como incorpora na prosa as novas tecnologias e formas de comunicação, como o e-mail, o iPhone, o iPad, o Facebook, o WhatsApp e outras redes sociais.

A partir das chamadas Jornadas de Junho, que agitaram as grandes cidades brasileiras em 2013, o autor cria um jovem personagem, Majnun, neto de um antigo esquerdista, simpatizante da luta armada contra a ditadura civil-militar (1964-1985), que, a exemplo daqueles que foram às ruas, não sabe bem o que quer nem para onde ir. “Se não fosse a companhia de seu laptop, de seu iPhone e de seu iPad, seu mundo não seria mais do que uns poucos centímetros de chão de cimento rachado”, diz o narrador. Com o pai morto por overdose de droga e a mãe, viciada e psicótica, sem condições para assumir sua criação, os avós de Majnun seriam os seus verdadeiros progenitores,

Apaixonado pela cultura muçulmana, Majnun sonha abandonar a casa do avô e ganhar o mundo, indo de Brasília para Madri e, em seguida, para Granada, à época do 15-M (15 de maio de 2011), movimento de protesto que ganhou as ruas da capital espanhola, e da Primavera Árabe, que marcou a queda de vários regimes ditatoriais no Oriente Médio.

Como um protagonista de romance picaresco, Majnun está em vários lugares, vê o mundo de fora, mas acaba por não se integrar à sociedade. “Aos 20 anos, ele era uma tela em branco”, diz o narrador. Não tinha vocação para se tornar militante político, como fora seu avô. “Não havia mais ditadura contra a qual lutar, e não era suficiente juntar-se à mediocridade, agregar uma pequena peça na engrenagem, corrigir uma injustiça aqui e outra ali, fazer um trabalho de formiguinha, tapar um buraco, consertar um defeito. Sua avó Elvira fazia projetos para prefeituras. Mas ele nunca conseguiria ser prático (...)”.


                                               II
Encantado pelas fábulas e histórias do mundo árabe e em busca de suas raízes, o protagonista do romance depara-se com o paradoxo multissecular do fundamentalismo islâmico, que, em seus primórdios, assumia a tolerância como comportamento ético, mas que, hoje, dividido por facções radicais, faz da intolerância o seu lema.  Por isso, romântico, contraditório e imprevisível, Majnun encarnaria as idiossincrasias da juventude dos dias de hoje. “Majnun é um jovem enfadado com seu cotidiano, que busca preencher seu vazio nas redes sociais. Tem todo um futuro pela frente, que, em vez de alimentar sua utopia, o faz mergulhar inicialmente num pensamento antiutópico, já que flerta com a volta a um passado que nunca vivenciou”, diz o narrador.

Dividido pela atração por três mulheres – especialmente, Laila, casada, mais velha que ele quinze anos –, Majnun, “o homem que amava demais”, envolve-se numa trama densa e sedutora, que atrai do começo ao fim. E que ao mesmo tempo, não só consagra como mostra o perfeito domínio que o ficcionista João Almino tem de seu ofício, ao passar ao leitor uma reflexão sobre o atual estágio político do Brasil deste século em que os jovens não vêem a saída nem o futuro e protestam sem saber o que colocar no lugar daqueles que lhes causam repulsa porque não encontram líderes confiáveis.


                                               III
Não bastasse a erudição do autor, que, de fato, preparou-se para escrever este romance, mergulhando no estudo da história árabe e de sua influência na Espanha de ontem e de hoje, o livro traz ainda um percuciente e esclarecedor prefácio de João Cezar de Castro Rocha, que ajuda o leitor a conhecer os caminhos que o romancista percorreu para construir a sua ficção neste livro labiríntico, ao mostrar que a trama de Enigmas da Primavera “atualiza, ou seja, transforma, a mais divulgada história de amor da literatura árabe, transmitida oralmente e codificada, no século XII, pelo poeta persa Nizami – e, desde então, reescrita um sem-fim de vezes”. De fato, como observa o prefaciador, o protagonista do romance carrega o nome do personagem do poema de Nizâmî ou Nizman ou Nezami Ganjavi (1141-1209), “Layla y Majnún”, que tem um pequeno trecho reproduzido como epígrafe em tradução de Jordi Quingles.

Como se sabe, “Laila e Majnun”, uma espécie de “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare (1564-1616), da literatura persa, é um conto folclórico em versos e seu protagonista está associado a um homem que, de fato, teria existido, Qays Ibn al-Mulawwah, que viveu, provavelmente, na segunda metade do século VII d.C., no deserto de Najd, na Península Árabe. Esse poema épico, dedicado ao rei Shirvanshah, com cerca de 8 mil versos, em 1188, tornou-se tema de populares canções, sonetos e odes de amor entre os beduínos ao longo dos séculos.


                                               IV
João Almino
João Almino, nascido em Mossoró, Rio Grande do Norte, diplomata, é autor de seis romances. Fez doutoramento em Paris, orientado pelo filósofo Claude Lefort (1924-2010), ex-professor da Sorbonne, da École des Hautes Études en Sciences Sociales e da Universidade de São Paulo (USP), que teve como tutor o fenomenologista Maurice Merleau-Ponty (1908-1961), cujas publicações póstumas editou. 

Almino ministrou aulas na Universidade Nacional Autónoma do México (Unam), na Universidade de Stanford e na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. Parte de sua obra está traduzida para o inglês, o francês, o espanhol e o italiano, entre outras línguas. Tem também escritos de história e filosofia política, que são referência para os estudiosos do autoritarismo e da democracia.

Vencedor de prêmios como o Casa de las Américas de 2003 e o Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura de 2011, área de ficção, entre outros, João Almino é autor ainda de Ideias para Onde Passar o Fim do Mundo (1987), Samba-Enredo, (1994), As Cinco Estações do Amor (2001), O Livro das Emoções (2008) e Cidade Livre (2010).

Na área de não-ficção, incluem-se Os Democratas Autoritários (1980), A Idade do Presente (1985), Era uma Vez uma Constituinte (1985), O Segredo e a Informação (1986), Brasil-EUA: Balanço Poético (1996), Literatura Brasileira e Portuguesa Ano 2000, organizado com Arnaldo Saraiva (2000), Rio Branco, a América do Sul e a Modernização do Brasil, organizado com Carlos Henrique Cardim (2002), Naturezas Mortas – A Filosofia Política do Ecologismo (2004), Escrita em Contraponto – Ensaios Literários (2008) e O Diabrete Angélico e o Pavão: enredo e amor possíveis em Brás Cubas (2009). Adelto Gonçalves - Brasil


_____________________________________

Enigmas da Primavera, de João Almino. Rio de Janeiro: Editora Record, 287 págs., 42 reais, 2015. E-mail: mdireto@record.com.br

___________________________________________ 

Adelto Gonçalves, jornalista, mestre em Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-americana e doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), é autor de Os vira-latas da madrugada (Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1981; Taubaté, Letra Selvagem, 2015), Gonzaga, um poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002), Bocage – o perfil perdido (Lisboa, Caminho, 2003), Tomás Antônio Gonzaga (Academia Brasileira de Letras/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2012), e Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo Colonial (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2015), entre outros. E-mail: marilizadelto@uol.com.br