Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 31 de dezembro de 2016

Macau – China e São Tomé e Príncipe restabelecem relações diplomáticas

Pequim restabeleceu na passada segunda-feira, 26 de Dezembro de 2016, relações diplomáticas com São Tomé e Príncipe, após este país ter cortado os laços com Taiwan, reconhecendo o princípio de “Uma Só China”. Num comunicado de oito parágrafos, o Governo de São Tomé e Príncipe referiu a “conjuntura internacional e a sua perspectiva de evolução, tendo em conta a agenda de transformação do país e os objectivos de desenvolvimento do milénio” como motivos para a ruptura com Taiwan.

O Executivo do Primeiro-ministro Patrice Trovoada sublinhou, por outro lado, que a evolução da conjuntura interna e a política do seu Governo “impõem a defesa dos interesses genuínos de São Tomé e Príncipe e do seu povo”, apesar de “não abdicar dos valores cardinais da sua política externa e o reforço da sua adesão ao princípio da não-ingerência nos assuntos internos de outros Estados”.

“As tensões prevalecentes no plano internacional, a multipolarização dos centros de decisão, bem como a defesa cada vez mais aguerrida dos interesses nacionalistas por parte dos principais actores da cena internacional em detrimento do multilateralismo, opção de longe mais favorável à expressão dos pequenos Estados” foram também sublinhadas pelo Governo são-tomense.

O Governo chinês considerou “natural” a decisão de São Tomé e Príncipe de cortar relações diplomáticas com Taiwan e reconhecer a República Popular da China. “É natural. Quando se reconhece e decide finalmente que é a altura de fazer a escolha certa, esse é o momento” disse a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying. “A China agradece e dá as boas vindas ao regresso de São Tomé e Príncipe ao lado certo do princípio ‘Uma só China’”, disse a mesma responsável.

Já o ministro dos Negócios Estrangeiros de São Tomé e Príncipe, Urbino Botelho, afirmou que o seu país quer “redimir-se de erros do passado”. Além disso, disse esperar mais investimentos chineses e que mais turistas da China invistam no seu país.

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, defendeu que o restabelecimento das relações “trará benefícios para os dois países” e que ambos “realizarão intercâmbios nos sectores do turismo, media e outros”.  

Aos olhos de alguns analistas de Macau, esta mudança é natural. “Esta reaproximação era previsível, uma vez que o objectivo das autoridades de São Tomé e Príncipe é, obviamente, conseguir os apoios necessários para desenvolver o país”, frisou José Luís Sales Marques em declarações ao Jornal Tribuna de Macau. “Sabemos das dificuldades que São Tomé e Príncipe tem. É um país que precisa de ajuda externa, de investimento estrangeiro e, embora a China não tivesse relações diplomáticas com o país, tem lá investimentos”.

Nesse sentido, reforça Sales Marques, a reaproximação surge na sequência de “circunstâncias que apontam para uma presença relativamente importante da China, do ponto de vista comercial em São Tomé e Príncipe”. “As relações entre os Estados não são as relações entre pessoas, o que quer dizer que são baseadas sobretudo em interesses comuns e compatíveis”, acrescentou o presidente do Instituto de Estudos Europeus, ressalvando que a União Europeia tende a ter um entendimento diferente.  

“Há um conjunto de circunstâncias económicas, não só comerciais” a ter em conta, refere Sales Marques, apontando que São Tomé e Príncipe “está muito na cauda do que se podem chamar os índices de desenvolvimento, por isso, precisa de crescer e que a sua economia se diversifique, se calhar, já que recentemente vi num documentário que 90% das receitas das exportações provêm do caju”.   

Por seu turno, Arnaldo Gonçalves defende que a reaproximação resulta de “uma reavaliação que os países fazem em relação ao seu alinhamento internacional”. Tendo em conta que era o último país africano de língua portuguesa que não reconhecia a China, São Tomé e Príncipe “perdia alguma interface em termos das políticas da organização”, salientou o professor de Ciência Política e Relações Internacionais.

Assim, considera, esta é apenas uma “avaliação de oportunidades diferentes e que resultou noutro tipo de alinhamento”. São Tomé e Príncipe depende de “investimento externo” e “se calhar há oportunidades para investimento chinês”. “Desde que politicamente não vá condenar Taiwan em termos das suas opções internacionais, acho que não há nenhuma razão para ser criticável”, sublinhou Arnaldo Gonçalves.

Já Rita Santos vê com bons olhos a decisão de São Tomé e Príncipe de respeitar o princípio “uma única China” já que “é bom haver um respeito mútuo entre os países que poderá contribuir para outros desenvolvimentos no âmbito da amizade, da cultura e da economia”. A antiga secretária-geral adjunta do Fórum Macau destaca também como ponto positivo o facto de haver “novas oportunidades de desenvolvimento”, o que é benéfico para os empresários da RAEM.

“Família completa” no Fórum Macau

Perante esta reaproximação do Estado africano à China, Rita Santos considera que “não seria correcto” se o país não passasse a integrar o Fórum Macau. “Para completar o conjunto dos nossos irmãos dos países de língua portuguesa faltava só São Tomé e Príncipe. Agora temos uma família completa”, frisou em declarações ao Jornal Tribuna de Macau

“Tenho a certeza que rapidamente São Tomé e Príncipe vai fazer parte do Secretariado Permanente do Fórum Macau, o que é bom, porque temos na RAEM um grupo de pessoas que ajuda a estreitar ainda mais as relações económicas, comerciais e, principalmente, culturais entre São Tomé e Príncipe, Macau, e a China”, defendeu Rita Santos.

Actualmente é preciso ver como a RAEM pode funcionar enquanto plataforma, com o objectivo de “mostrar na China a cultura” do país africano. “Também temos jovens de São Tomé e Príncipe a estudar em Macau que podem contribuir para estreitar cada vez mais os laços de amizade e de cooperação económica e cultural”, indicou a antiga secretária-geral adjunta do Fórum Macau.

José Luís Sales Marques também acredita que a relação diplomática entre a China e o Estado africano “é uma boa notícia” para o Fórum Macau que, por outro lado, “proporciona um excelente enquadramento a São Tomé e Príncipe”. “É uma grande oportunidade”, defendeu, acrescentando que o Fórum “fornece oportunidades de investimento, de formação, de relações entre pessoas, de que São Tomé e Príncipe pode beneficiar se puder participar”.

Apesar disso, o presidente do Instituto de Estudos Europeus ressalva que, mesmo sem a integração no Fórum Macau, tem havido “alguma abertura”, uma vez que São Tomé e Príncipe já foi convidado “para assistir à cimeira do Fórum em algumas ocasiões”.

Por sua vez, Arnaldo Gonçalves desvaloriza o impacto desta decisão no eventual ingresso do país no Fórum Macau. “São Tomé e Príncipe estava numa posição de quase entrada, mas não me parece que haja um reforço do Fórum pelo facto de entrar. O Fórum é uma plataforma de contacto e diálogo da China com vários países, mais nada. Ele [Fórum] não faz negócios, só facilita contactos”. Inês Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau” com Lusa

Macau – Fórum Macau disponível para integrar São Tomé e Príncipe

Após São Tomé e Príncipe e Pequim terem reatado laços diplomáticos na sequência de uma ruptura das ligações entre o país africano e Taiwan, o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa mostrou-se disponível para integrar este Estado.

“São Tomé e Príncipe é um dos membros familiares da lusofonia, pelo que o Secretariado Permanente tem uma atitude aberta quanto à sua participação no Fórum Macau”, garantiu o Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente do Fórum numa resposta ao Jornal Tribuna de Macau. “Caso a parte santomense apresente o pedido, o Secretariado Permanente está disposto a submetê-lo aos países participantes do Fórum para efeitos de discussão”.

Recorde-se que São Tomé e Príncipe e a China restabeleceram, na segunda-feira, relações diplomáticas após o Estado africano ter cortado laços com Taiwan, reconhecendo o princípio de “Uma Só China”. Num comunicado, o Executivo de São Tomé e Príncipe referiu a “conjuntura internacional e a sua perspectiva de evolução tendo em conta a agenda de transformação do país e os objectivos de desenvolvimento do milénio” como razões para o afastamento em relação a Taiwan.

Por outro lado, o Governo de Patrice Trovoada referiu que “a evolução da conjuntura interna e a política” do seu Executivo “impõem a defesa dos interesses genuínos de São Tomé e Príncipe e do seu povo”, ainda que não abdique “dos valores cardinais da sua política externa e o reforço da sua adesão ao princípio da não ingerência nos assuntos internos de outros Estados”.

Por outro lado, Pequim considerou “natural” a decisão do Estado africano. “É natural. Quando se reconhece e decide finalmente que é altura de fazer a escolha certa, esse é o momento”, indicou a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros. “A China agradece e dá as boas-vindas ao regresso de São Tomé e Príncipe ao lado certo do princípio ‘Uma só China”, disse Hua Chunying. Inês Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Ilha do Príncipe - É uma pequena rã e só existe nesta ilha

É uma pequena rã e só existe na ilha do Príncipe. O arquipélago de São Tomé e Príncipe continua a ser uma caixinha de surpresas. Uma expedição pelas duas ilhas principais permitiu descobrir uma espécie de rã nova para a ciência


As aparências iludem e podem passar 100 anos até que alguém diga que estão erradas. As rãs que o digam. Uma equipa da Academia das Ciências da Califórnia, nos Estados Unidos, em expedição por São Tomé e Príncipe descobriu que algumas rãs identificadas como Hyperolius molleri pertenciam, afinal, a uma nova espécie: a Hyperolius drewesi. A sua descrição científica foi agora publicada na revista Herpetologica.

Situadas no Golfo da Guiné, as ilhas de São Tomé e Príncipe têm uma vasta vegetação acumulada no solo, que é arrastada pelos rios e pelas grandes chuvadas. Por isso, tornam-se o habitat ideal para os anfíbios. Até há bem pouco tempo, estavam registadas sete espécies endémicas de anfíbios nas duas ilhas. Dentro destas espécies que só existem ali, havia duas rãs que vivem nos juncos (do género Hyperolius). Uma é a espécie Hyperolius molleri, que se encontra nas duas ilhas, a outra é a Hyperolius thomensis vive apenas em São Tomé.

Investigadores da Academia das Ciências da Califórnia – liderada pelo herpetólogo norte-americano Robert Drewes e que é membro do comité científico da Reserva Mundial da Biosfera da Ilha do Príncipe, da UNESCO –  começaram a fazer expedições a São Tomé e Príncipe para estudar a enorme biodiversidade destas ilhas.

Ao longo de 15 anos de expedições, já foram descobertas cerca de 20 novas espécies: duas rãs, uma osga, dois peixes, um escaravelho, mais de seis cogumelos, dois crustáceos, uma formiga e duas cobras.

Para a nova espécie de rã agora encontrada foi fundamental a recolha de vários exemplares ao longo das expedições, entre 2001 e 2013. Assim pôde-se comparar as diferenças entre as espécies de rãs presentes nas duas ilhas.

A entrada da investigadora norte-americana Rayna Bell para a equipa, em 2012, fez a diferença nesta história. Foi ela que reparou em algo estranho nos exemplares da ilha do Príncipe até então classificados como Hyperolius molleri: “As rãs dos juncos do Príncipe eram diferentes das de São Tomé. As rãs raramente atravessam o mar – não conseguem sobreviver muito tempo em água salgada – e parecia-me estranho que a migração entre as ilhas tivesse sido frequente”, conta ao Público a investigadora. É que cerca de 150 quilómetros separam São Tomé e Príncipe.

Mas não bastam desconfianças para se definir uma nova espécie. O que foi então feito? Através da sequenciação do ADN de amostras das rãs, a investigadora conseguiu perceber melhor a sua anatomia em laboratório e, por fim, detectou as diferenças. Sequenciou dois genes das mitocôndrias da nova espécie, bem como da Hyperolius molleri da Hyperolius thomensis. Tinham linhagens distintas.

Rayna Bell conta-nos que estas diferenças se devem ao tempo em que as ilhas já estiveram isoladas. O arquipélago São Tomé e Príncipe só começou a ser habitado há 500 anos: “A partir daí, as espécies começaram a mudar genética e anatomicamente e a nível do comportamento. Por vezes, ‘descobrir’ uma nova espécie envolve observar as espécies de perto e revelar o que afinal já é conhecido.”

Eis que surgiu então uma nova espécie. E até foi fácil para Rayna Bell atribuir-lhe um nome vulgar. No artigo científico em inglês, propôs “Drewes’ reed frog”, algo como rã-dos-juncos-de-drewes. E o seu nome científico é Hyperolius drewesi. “Teve de ficar com o nome do meu mentor Robert Drewes, em honra ao seu contributo para o estudo dos anfíbios em África e, em particular, da biodiversidade de São Tomé e Príncipe.”

A nova espécie está espalhada por sete locais com altitudes variadas na ilha de Príncipe. Podemos encontrá-la perto de riachos que correm lentamente, em lagos temporários em florestas ou até em habitats onde há muitas pessoas.

Mesmo que as diferenças entre a Hyperolius drewesi e outras espécies não se tenham notado durante 100 anos, elas estão lá. Tanto o macho como a fêmea da “Hyperolius drewesi” são monocromáticos, ou seja, ambos verdes. Já a “Hyperolius cinnamomeoventris”, umas das espécies endémicas comparadas, tem diferenças entre os sexos, a fêmea é verde e o macho cor de bronze com riscas amarelas.

A rã-dos-juncos-de-drewes também difere da Hyperolius thomensis no tamanho: pode ter entre 24,8 a 30,9 milímetros de comprimento, enquanto a “Hyperolius thomensis” tem entre 36,1 a 41,2 milímetros. Assim como há diferenças na coloração do ventre, em que a Hyperolius drewesi é branca ou translúcida e a “Hyperolius thomensis” é preta ou laranja.

Levar o laboratório às escolas

A acompanhar de perto esta descoberta esteve a investigadora portuguesa Maria Jerónimo. Actualmente está a terminar o doutoramento em evolução e desenvolvimento, no Instituto Gulbenkian de Ciência, em Oeiras, e decidiu embarcar na expedição a São Tomé e Príncipe. “Realmente, as duas espécies eram muito parecidas morfologicamente e devido a esta equipa descobriu-se a diferença”, diz-nos.

Mas Maria Jerónimo não esteve na expedição por causa das rãs. A cientista portuguesa integrou a equipa para divulgar ciência nas escolas de São Tomé e Príncipe. “Só” faz ciência em laboratório e sentiu que tinha de levar tudo isso para fora. “Toda a ciência que se faz deve-se levar à sociedade. Afinal, é da sociedade que vem o financiamento e gosto de dar o retorno.”

Cada expedição dura cerca de um mês. Este ano, Maria Jerónimo esteve nas duas ilhas entre 12 de Novembro e 11 de Dezembro e, no ano passado, entre Setembro e Outubro. Em cada expedição visitou cerca de 50 turmas de 27 escolas do ensino básico em São Tomé e Príncipe e conheceu 2200 alunos com quem falou sobre a biodiversidade das ilhas.

Este ano, Maria Jerónimo foi às escolas acompanhada pela equipa de Robert Drewes. Levaram binóculos, lupas e o livro “As Nossas Águas Costeiras”, escrito pela investigadora brasileira Roberta Ayres (da equipa de Robert Drewes) e que Maria Jerónimo fez a revisão.

Com o grupo também vai sempre uma mensagem. Maria Jerónimo gosta de a contar assim aos mais novos: “As vossas ilhas são especiais. Têm animais especiais e vocês são os donos. Tentem saber mais sobre elas e depois falem delas com familiares e amigos.”

Parece que as crianças que Maria Jerónimo tem encontrado em São Tomé e Príncipe são boas alunas: “Quando vamos para a expedição ao final do dia, vemos os miúdos com as lupas a procurar os animais especiais de que lhes falámos.” Talvez ainda venham a encontrar novas espécies de rãs em São Tomé e Príncipe. Teresa Serafim – Portugal in "Jornal Público"

Brasil - Investimento em infraestrutura e as bases para a retomada

A precariedade da infraestrutura é um grave obstáculo à competitividade da economia nacional. O cenário de deterioração econômica desarticula a produção, eleva os custos e prejudica o desempenho dos produtos brasileiros, tanto aqui como no exterior. Em diversos rankings internacionais, o Brasil figura, tristemente, entre os últimos países na avaliação da qualidade da infraestrutura. No estudo mais recente do Fórum Econômico Mundial, estamos na 120ª posição, entre 144 países avaliados.

A indústria brasileira reforça a importância de discutir soluções para o aumento da competitividade da nossa economia. Nesse sentido, realizou, em parceria com o Valor o seminário “Infraestrutura e Desenvolvimento do Brasil”. No evento, ficou claro que ainda temos um longo caminho pela frente. Em alguns poucos segmentos da infraestrutura existem cadeias logísticas de padrão internacional. Como exemplo, pode-­se citar as Ferrovias Vitória­Minas e de Carajás, e a hidrovia do Rio Madeira, que liga o terminal graneleiro de Porto Velho ao porto de Itacoatiara no Rio Amazonas.

Esses trechos logísticos praticam preços e apresentam nível de serviço de classe mundial. Mas essa não é a regra, é a exceção. Na grande maioria dos corredores de transporte do país, a situação é inversa. O tempo de espera para atracar um navio em nossos portos públicos é muito superior ao do mercado internacional. A burocracia portuária demanda, em média, 146 horas com a gestão de documentação de contêineres no comércio exterior, ante apenas 18 horas no México, por exemplo.

O Brasil possui um total de 1.024 quilômetros de estradas pavimentadas por milhão de habitantes, contra 6.438 na Rússia. Nossas ferrovias movimentam cargas a uma velocidade média de 28 km/h, enquanto a média nos Estados Unidos é de 64 km/h. Em outros setores, como o de saneamento básico, a situação é ainda dramaticamente pior.

Para tentar solucionar os problemas é necessário investir mais, mobilizando recursos públicos e principalmente privados, e executar projetos de modo mais eficiente. O baixo investimento em infraestrutura é resultado direto da limitada capacidade de execução do Estado brasileiro, que tem grande dificuldade de planejar, elaborar e escolher os projetos com maior relação benefício/­custo, contratar sua execução e fiscalizar e assegurar sua integridade.

No atual contexto de restrição fiscal, a privatização se impõe como um importante instrumento de modernização da infraestrutura, com a transferência de empresas e ativos do Estado, para serem operadas sob uma nova governança e gestão.

A parceria entre o poder público e o setor privado é decisiva para elevar o nível de investimentos e para que os recursos disponíveis sejam alocados onde há maior carência, maximizando ganhos para a economia.

Duas palavras foram reforçadas no seminário: confiança e previsibilidade. Para garantir a atração de agentes privados, além de um retorno que cubra o custo de capital do investidor, é necessário minimizar riscos legais, contratuais, regulatórios e relativos ao ambiente de negócios. É imprescindível contar com um quadro legal que proporcione segurança jurídica, com regulação bem definida e com um ambiente de negócios que gere confiança na estabilidade das regras do jogo. De acordo com pesquisa realizada pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), 76% dos empresários afirmam que é arriscado investir em infraestrutura no país.

A mobilização de recursos privados (de bancos comerciais, mercado de capitais, seguradoras e fundos de pensão) é um desafio que já está sendo enfrentado com reformas que vão melhorar o nosso ambiente de negócios. A aprovação da PEC dos gastos no Senado Federal e a modernização da legislação sobre a exploração dos blocos de petróleo e gás, paralelas a um robusto programa de privatizações e concessões de rodovias, aeroportos, portos, ferrovias e energia, fazem parte de uma agenda positiva para que o país consiga atravessar a atual crise econômica com o menor impacto social possível.

O risco regulatório pode ser reduzido, assegurando­se às agências autonomia decisória e financeira. Em hipótese nenhuma elas podem ser usadas, a exemplo do que ocorreu no passado, como objeto de escambo político. As agências reguladoras são órgãos do Estado, logo, por definição, não pertencem a nenhum governo, partido ou grupo político. Regras transparentes e condutas previsíveis são absolutamente essenciais nessas instituições. A CNI apoia as propostas do PL 52/2013, que dão maior autonomia financeira e administrativa às agências e priorizam o caráter técnico de seus dirigentes.

Os problemas que atrasam a conclusão das obras e elevam o seu custo são há muito tempo conhecidos e podem ser enfrentados. Seja em projetos de saneamento, energia ou transportes, os atrasos nas obras de infraestrutura têm origens recorrentes: a má qualidade dos projetos básicos, e a demora na obtenção de licenças ambientais e na realização de desapropriações. O país precisa conferir maior agilidade e racionalidade às obras de infraestrutura. Também é necessário garantir um planejamento eficiente e projetos que remunerem adequadamente os investidores.

O Programa de Parceria em Investimentos (PPI) veio para resolver algumas dessas questões, acelerando as concessões e aumentando a participação do setor privado na infraestrutura. Ele apresenta importantes avanços, como a definição dos projetos como prioridade nacional, a exigência de licença ambiental prévia para a licitação, a criação do Fundo de Apoio à Estruturação de Parcerias para dar suporte técnico para estruturação de projetos e, especialmente, a menor intervenção na definição dos retornos financeiros dos empreendimentos.

O Brasil está tomando as medidas certas para superar o grave momento que enfrenta. Após a mais longa e profunda recessão da nossa história recente, podemos sair mais fortalecidos e em melhores condições para crescer. Mas tudo depende do que fizermos agora. O caminho passa, necessariamente, pela maior participação da iniciativa privada nos investimentos e na gestão da infraestrutura. Braga de Andrade – Brasil in “Valor Econômico”

Robson Braga de Andrade é empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Estados Unidos da América - Canções em português para praticarmos a pronúncia












Se fôssemos qualquer dia aos bares de Nashville, poderíamos ouvir um monte de bandas a tocar versões de Johnny Cash, Hank Williams ou Buddy Holly, entre muitos outros. O que de certeza não esperaríamos seria ouvir uma versão do cantor galego Andrés do Barro acompanhada por banjos e uqueleles. Porém, isto foi justamente o que aconteceu quando os estudantes da aula de PORT1103 na universidade de Vanderbilt decidiram formar a banda The Flat Tyres (Os Pneus Murchos) e tocar na festa de fim de curso do departamento de Português. The Flat Tyres conheceram-se há um semestre quando decidiram ter aulas de português e escolheram o nome da banda quando o carro em que voltavam de um ensaio teve que parar no meio da estrada por causa de um pneu murcho. A banda é formada por Elvira Aballí (flauta e voz), Caroline Beard (voz e arranjos), Brianne Berry (percussão), Marisa Welsh (uquelele e voz), Rasul Dent (baixo), Braden Goveia (voz e letrista), Julia Grabowsky (banjo e harmónica), Marisa Welsh (uquelele e voz) e So Eun Ahn (manager e diretora artística).

Quando Benjamin Legg — um dos coordenadores do departamento de Português na universidade de Vanderbilt — me propôs organizar alguma atividade para festejarmos o final das aulas, decidi falar com estes estudantes e perguntar-lhes se gostariam de tocar alguma canção de qualquer artista lusófono que eles escolhessem. “Para nós foi um bocado esquisito dado que nunca tínhamos cantado em português” diz o Rasul, baixista da banda e apaixonado pelas línguas e culturas lusófonas. Apesar disso, e graças ao curso de português que tiraram na universidade de Vanderbilt, logo perderam a vergonha já que, tal como disse a Marisa Welsh, “uma das caraterísticas mais interessantes da aula PORT1103 foi o uso de canções em português para praticarmos a pronúncia cantando”. Foi de entre essas canções que escolheram a que tocaram na festa de fim de curso. A decisão foi unânime: “Tenho saudade” do cantor galego Andrés do Barro.

Depois de terem escolhido a canção, o seguinte passo foi escolher como queriam arranjá-la. Para fazerem isso, a Caroline ouviu diferentes versões da canção que há no youtube — a do próprio Andrés, a de Ugia Pedreira, a de Maria do Céu, e outras. Contudo, a genialidade de Caroline fez com que, finalmente, não tocassem nenhuma destas e que escolhessem uma forma completamente diferente de fazê-lo. No primeiro ensaio, Caroline propôs ao resto dos membros da banda que fizessem uma versão usando os instrumentos tradicionais que eles tocavam e que fosse um bocado mais country. Esta ideia ficou maravilhosamente representada com o banjo da Julia. Junto a isto, a Elvira disse que queria dar-lhe também um ar cubano e propôs fazer uma introdução com a flauta, enquanto a Marisa propôs misturá-lo com ritmos típicos havaianos fazendo o acompanhamento principal com o uquelele. Nesse ponto, só restava decidirem que tipo de percussão iam adicionar. Para isto, a Brianne propôs fazer uns ritmos de samba em uma pandeireta galega. Finalmente, o Rasul propôs fazer também um solo de baixo na metade da canção e o Braden ajudou a fazer umas harmonias vocais maravilhosas.

O resultado foi espetacular e logo deu os seus frutos para a jovem banda de Nashville: graças ao grande sucesso que tiveram na festa de fim de curso, The Flat Tyres foram contratados por uma agência artística do Brasil para fazerem uma tournée por todo o país, e a So Eun está agora mesmo a discutir as condições do contrato com eles. Um dos concertos mais interessantes que vão fazer como parte desta tournée será o que tocarão no Rio de Janeiro no dia 15 de junho, onde também cantarão o popular êxito do galego Andrés do Barro. O que começou simplesmente como uma atividade na faculdade virou numa oportunidade sem precedentes nas vidas destes rapazes.

Para terminar, queria dizer que tudo o que contei até agora seria mesmo incrível se não fosse porque é mentira — ou parcialmente mentira. Nem existe a banda como tal, nem vão fazer uma tournée, nem vão tocar no Rio de Janeiro. Contudo, é verdade que tocaram na festa de fim de curso do departamento de Português da universidade de Vanderbilt — tendo ensaiado apenas meia hora o dia anterior — e que a canção que decidiram tocar foi “Tenho saudade” de Andrés do Barro. Mesmo assim, espero ter-vos feito sonhar com as possibilidades da cultura galega no infinito mundo lusófono. Se calhar, ainda não enche estádios pelo mundo adiante, mas decerto que as possibilidades são infinitas. Se não o consegui, peço imensa desculpa, não me odeiem muito e desfrutem do vídeo que gravamos desta versão country de "Tenho saudade" na universidade de Vanderbilt em Nashville, Tennessee. David Vila – Galiza in “Portal Galego da Língua”




David Vila Die(é)guez(s) nasceu no seio de uma familia galega Euskal Herriko txiki batetan. É estudante de doutoramento na Universidade de Vanderbilt (EUA), onde está a estudar a influência da cultura punk na construção de identidades políticas modernas nos Estados espanhol e português. Reivindica a diáspora e o não-lugar como espaços de liberdade identitária. É músico e gosta de tocar a guitarra polos bares de Nashville os fins-de-semana.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Portugal – Terminal Multipurpose de Sines equipado com nova grua

O Terminal Multipurpose de Sines, concessionado à Portsines, reforçou as suas condições operacionais com a instalação de uma nova grua móvel. Este novo equipamento vem aumentar a capacidade do terminal, permitindo a movimentação de carga com maior produtividade.


A nova grua “Liebherr LHM420”, com capacidade para elevar 124 toneladas e movimentar 1500 toneladas por hora na sua configuração standard, permite a movimentação de mercadorias até 44 metros acima do cais e 14 metros abaixo do cais, oferecendo ainda uma amplitude em termos de alcance entre os 10,5 e os 48 metros. A grua chegou a Sines pela via marítima, no navio “Rolldock Sun”, e a operação de descarga foi realizada utilizando os meios próprios da grua, com recurso à rampa ro-ro existente no terminal.

Recorde-se que o Terminal Multipurpose é uma infraestrutura polivalente do Porto de Sines, vocacionada para a movimentação de granéis sólidos e carga geral, e este novo equipamento vem permitir a carga e descarga dos navios de forma mais eficiente, contribuindo para aumento da produtividade portuária. In “Associação dos Portos de Portugal”

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Portugal - Navalria na lista europeia para desmantelamento de navios

A Navalria é o único representante português na primeira edição da lista de estaleiros para desmantelamento e reciclagem de navios, divulgada pela Comissão Europeia.



Da referida lista constam 18 estaleiros navais, de dez estados-membros da UE: além de Portugal, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Holanda, Letónia, Lituânia, Polónia e Reino Unido.

Estes estaleiros, aprovados por Bruxelas, terão acesso exclusivo ao desmantelamento e reciclagem de navios com bandeira dos países comunitários.

De acordo com o Regulamento sobre Reciclagem de Navios, a partir do segundo semestre do próximo ano, os navios oceânicos com bandeira dos estados-membros da UE só poderão ser reciclados em estaleiros que constem da lista europeia.

Candidataram-se à inclusão na lista estaleiros navais de países terceiros, mas a decisão da Comissão a esse propósito só será conhecida aquando da divulgação da próxima lista, em 2017.

O comissário europeu para o Ambiente, Assuntos Marítimos e Pescas comentou que a lista demonstra que é possível fazer negócio e criar empregos numa indústria de reciclagem de navios segura e amiga do ambiente.

Karmenu Vella salientou ainda que com esta iniciativa fecha-se o ciclo da indústria naval europeia, que agora pode também assegurar o fim dos navios, para além de projectá-los e construí-los.

No caso da Navalria, empresa do grupo Martifer, instalada no porto de Aveiro, a inclusão na lista europeia é válida até 26 de Janeiro de 2020. In “Transportes & Negócios”



segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Brasil – Embaixador junto da CPLP ciente do crescimento da língua portuguesa no cenário internacional

O embaixador Gonçalo Mello Mourão, representante permanente do Brasil junto à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), ressaltou em entrevista concedida esta semana à Agência Brasil, em Lisboa, a importância da língua portuguesa no atual cenário internacional. Para Mourão, a eleição do português António Guterres como novo secretário-geral das Nações Unidas é um fato extraordinário para o mundo lusófono.

“Quanto mais 'mundo' falando a nossa língua, mais o mundo fica próximo de nós e mais nós ficamos próximos do mundo. Durante o mandato [de Guterres] – que nós esperamos que seja renovado, como tem sido a prática da ONU -, nós vamos ter em evidência um falante da língua portuguesa. O português hoje já é língua de trabalho em alguns organismos das Nações Unidas, inclusive alguns de relevo”, afirmou o embaixador.

No entanto, Mourão lembrou que a escolha de uma língua como idioma oficial das Nações Unidas traz impactos financeiros. “Uma língua na qual todos os documentos são produzidos tem uma implicação de custos imensa, que não necessariamente pode ser atendida pelo desejo político. De qualquer maneira, o Brasil continuará sempre a trabalhar no sentido de que a língua portuguesa seja cada vez mais aceita como uma língua internacional”, disse.

Para Mourão, a CPLP é, além de um espaço de cooperação entre os países-membros, um lugar de pertencimento. “É um espaço que se funda na percepção que os diversos países tiveram num certo momento de que há um passado comum, um presente comum e um desejo de futuro comum, não só na cooperação para o desenvolvimento, mas também na promoção da cultura de cada um de nós dentro do âmbito da expressão linguística do português”.

O embaixador diz que a CPLP não pretende ser o principal instrumento de cooperação para o desenvolvimento e solução dos problemas internos dos diversos países que a compõem. Os acordos de cooperação seriam apenas uma das diversas áreas de atuação da comunidade, que funciona, em todas as suas esferas, com base no princípio do consenso em todas as decisões tomadas.

Apesar de reconhecer o peso (econômico, social, cultural e populacional) que o Brasil exerce dentro da comunidade, Mourão ressalta que o interesse do país não é o de direcionar a CPLP. “Claro que o Brasil é um país que tem um peso e é óbvio que se olha [para ele] com alguma expectativa. Mas o Brasil não pretende conduzir a CPLP para nenhum lado. O Brasil pretende que a CPLP vá junto para onde ela quiser ir. E onde ela quer ir é onde todos os membros queiram ir”.

Livre Circulação

Em relação a um possível acordo de livre circulação entre os cidadãos dos países-membros da CPLP (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste), Mourão afirma que, apesar de o assunto vir sendo discutido dentro da comunidade, as complicações são muitas e o processo deve ocorrer de forma lenta.

“Há, claro, um desejo de que um dia essa livre circulação se verifique. Eu acho que isso não é só um desejo dos países de língua portuguesa, mas de todos os cidadãos do mundo. Dentro da CPLP é um problema que tem que se resolver em conjunto, mas também individualmente. Há certos problemas que implicam pertencer a outros agrupamentos regionais que têm acordos específicos sobre a matéria {como Portugal com a União Europeia]. E é uma decisão política também sobre o desejo de realmente abrir as fronteiras para essa livre circulação dos cidadãos da CPLP”.

Mourão ressaltou a importância atual de o Brasil ter assumido em outubro a presidência bianual da CPLP durante a 11ª Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade, em Brasília.

“O Brasil propôs, como meta de trabalho da organização, atingir certos objetivos da agenda 2030 das Nações Unidas para o desenvolvimento sustentável. Nós vamos começar a discutir, a partir de 2017, quais seriam os temas dessa agenda que nós poderíamos apostar como possíveis de serem conjuntamente desenvolvidos de modo que, ao final da presidência brasileira, daqui a dois anos, nós possamos apresentar um resultado concreto. Nesse aspecto, foi uma feliz coincidência a eleição de Guterres, porque nós vamos ter a CPLP trabalhando em cima de uma meta da ONU”, frisou. Beto Barata – Brasil in “Isto É”

domingo, 25 de dezembro de 2016

Chegaste













Vamos aprender português, cantando


Tanto tempo já vai caminhando
e ainda me pego recordando
lágrimas rolaram dos meus olhos
enxuguei mais de uma vez
tenho algumas marcas
que ficaram em meu sorriso nesses anos
e também lembranças tão bonitas que o tempo não desfez

Quem diria que você viria sem dizer que vinha
porque nunca é tarde
para apaixonar-se

Chegaste
senti na minha boca um: te quero
como um doce com caramelo
necessitava um amor sincero

Chegaste
e ouvi da tua boca um: te quero
pra se apaixonar sempre é tempo
necessitava um amor sincero

E agora que eu conheço os caminhos
que me levam pros seus braços
agora que o silêncio
é uma carícia que a felicidade traz
você e o seu sorriso iluminam minha vida e meus espaços
e chega-me dizendo num sorriso
não me deixe nunca mais

Quem diria que você viria sem dizer que vinha
porque nunca é tarde
para apaixonar-se

Chegaste
senti na minha boca um: te quero
como um doce com caramelo
necessitava um amor sincero

Chegaste
e ouvi da tua boca um: te quero
pra se apaixonar sempre é tempo
necessitava um amor sincero

Quem diria que você viria sem dizer que vinha
porque nunca é tarde
para apaixonar-se

Chegaste
senti na minha boca um: te quero
como um doce com caramelo
necessitava um amor sincero

Chegaste
e ouvi da tua boca um: te quero
pra se apaixonar sempre é tempo
necessitava um amor um amor

Chegaste
senti na minha boca um: te quero
como um doce com caramelo
necessitava um amor sincero

Roberto Carlos – Brasil

Jennifer Lopez – Estados Unidos da América

sábado, 24 de dezembro de 2016

Angola - Holandeses promovem agricultura urbana no Cazenga

Projecto denominado “Urban Farming: Conceitos Inovadores sobre Agricultura” foi realizado nas instalações da Fábrica de Sabão

A embaixada da Holanda em Angola em parceria com a Fundação Africana para Inovação realizou entre os dias 10 e 12 deste mês uma formação agrícola com mais de 40 moradores do Cazenga.

A iniciativa serviu para transmitir às populações daquele distrito novas técnicas e padrões de cultivo, assinalando os potenciais benefícios da agricultura urbana.

O projecto, denominado “Urban Farming: Conceitos Inovadores sobre Agricultura” foi realizado nas instalações da Fábrica de Sabão, no Cazenga.

“A Embaixada da Holanda foca-se na agricultura, combinando a experiência holandesa com o potencial angolano. Tentamos colocar as duas partes juntas. Apesar do actual contexto económico, é importante que às populações comecem a pensar fora da caixa. Ter novas ideias, como agricultura sustentável e urbana. Trouxemos ideias para as famílias e pretendemos que elas aprendam, façam em casa”, disse a primeira-secretária da embaixada da Holanda em Angola, Lydia Brons.

A  Holanda é o segundo maior exportador de produtos agrícolas do mundo dando particular importância à inovação e a tecnologia, “podendo ser um importante parceiro na diversificação em Angola nos sectores da agricultura, água e energia”. In “Rede Angola” - Angola

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

China – Um português na corte do imperador chinês no séc. XVII

Nascido em São Martinho do Vale (Famalicão, perto do Porto), em 1646, Tomás Pereira integrou durante 35 anos a corte do imperador chinês Kangxi (1654 - 1722), cuja governação marca o início de uma era áurea da civilização chinesa.

Na época em que a repressão do catolicismo no Japão vitimou o jesuíta Cristóvão Ferreira, um outro missionário português conseguiu firmar com o imperador da China uma aproximação inédita, servindo-se da ciência e da cultura. Oriundo de São Martinho do Vale (Famalicão, perto do Porto), Tomás Pereira foi professor de matemática do imperador chinês Kangxi, introduziu a música ocidental na China e desempenhou um papel importante nas negociações do primeiro acordo fronteiriço entre a China e a Rússia, em 1689.

O seu trajeto ilustra a fórmula utilizada pelos antigos jesuítas para interagirem com o poder chinês e cumprirem a sua missão, num país adverso à influência externa. A transmissão de conhecimentos era usada para "fazer amigos e influenciar pessoas entre a elite dos mandarins", com o intuito de os "converter", refere Liam Matthew Brockey, professor catedrático no State University of Michigan.

Tomás Pereira terá, contudo, ido mais além, ao conseguir uma aproximação inédita a Kangxi.

"Da antiga missão, ele foi provavelmente o jesuíta mais próximo ao imperador chinês", avalia num ensaio Paul Rule, sinólogo australiano especializado em estudos religiosos. Rule considera que o português foi mais do que um "perito estrangeiro", tendo servido como "conselheiro próximo" e até "quase amigo íntimo" do imperador.

"Terá promovido mais efetivamente o cristianismo na China do que qualquer outro missionário durante o seu período", escreve o académico.

Tomás Pereira jaz hoje nos jardins da embaixada portuguesa em Pequim, numa reconstituição da sua pedra tumular. Trata-se de uma pedra de formato retangular, com quase quatro metros de altura, e esculpida com a ajuda do investigador chinês Yu Sanle, cujo trabalho é focado na presença dos primeiros jesuítas europeus na China. Na fachada está gravado o Édito da Tolerância, escrito originalmente por Kangxi, numa invulgar demonstração de abertura à prática do cristianismo na China Antiga, e que terá resultado da proximidade do imperador ao missionário português.

A lápide original, colocada no cemitério jesuíta de Zhalan, no norte de Pequim, perdeu-se por completo, provavelmente destruída durante a revolta dos Boxers, o movimento nacionalista contra a presença estrangeira na China, no final do século XIX.

A reconstituição do jazido foi inicialmente proposta em 2005 por Mariano Gago, então ministro português da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e concluída este ano com o financiamento do Instituto Camões e da Fundação Gulbenkian.

A sua primeira exibição em público foi em 1 de novembro passado, dia do aniversário de Tomás Pereira, e contou com a presença dos embaixadores dos países fundadores da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), com exceção para São Tomé e Príncipe, que não tem relações diplomáticas com Pequim.

Educado na Universidade de Coimbra, Tomás Pereira rumou a Goa em 1666. Seis anos mais tarde, estabeleceu-se em Macau, então sob administração portuguesa. Ao saber da existência no território de um jovem jesuíta com conhecimentos de música e astronomia, Kangxi chamou-o a Pequim. Em 1675, Tomás Pereira foi submetido a uma audiência na corte e nomeado para dirigir o Observatório Astronómico de Pequim.

Na capital da China, adquiriu o nome chinês 'Xu Risheng', cuja tradução é "Sol que nasce aos poucos". In “Sapo24” - Portugal

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Angola - TAAG aposta em Luanda como “hub” subsaariano

A chegada de dois B777-300 ER, este ano, permitiu à angolana TAAG reforçar o seu network internacional e afirmar Luanda como hub para a África subsaariana.

Para o efeito, os horários foram “radicalmente” alterados, assegurando assim que os voos regionais conectem com os voos internacionais para a Europa, América do Sul e Cuba, o que produziu um volume significativo de passageiros em trânsito e carga via Luanda, “impulsionando a receita quando o mercado local está deprimido”, refere a companhia num comunicado em que faz o balanço do ano.

“Com o benefício desses passageiros em trânsito, foi possível à TAAG abrir a nova rota para Maputo (Moçambique) e aumentar frequências para Portugal, para dois voos diários, para a África do Sul para dez voos por semana e para o Brasil para quatro voos por semana”, lê-se no documento.

A TAAG opera desde Setembro passado com oito B777 da construtora norte-americana, perspectivando a estreia de novas rotas de Luanda para Paris e Londres, que se juntarão nos destinos europeus a Lisboa e Porto.

No comunicado difundido, a companhia aérea angolana congratula-se com o aumento de vendas de bilhetes em resultado da modernização da sua página na Internet, tendo a comercialização passado dos dois milhões de dólares (1,9 milhões de euros), em 2015, para mais de 20 milhões de dólares (19,1 milhões de euros), este ano.

Para 2017, a TAAG compromete-se a continuar a aposta na formação dos seus quadros e colaboradores nacionais. Um centro de formação para o treino de salvamento e evacuações, combate a fogos e sobrevivência em água, no aeroporto internacional 4 de Fevereiro, foi hoje inaugurado pelo ministro dos Transportes, Augusto Tomás. In “Transportes & Negócios” - Portugal

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Macau – Aprendizagem da língua portuguesa reforçada

A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) está a incentivar as escolas interessadas em ensinar Língua Portuguesa a fazê-lo de forma contínua e regular sendo que o ensino primário deve contar com 60 aulas de Português por ano e o ensino secundário com 70. Por outro lado, a DSEJ está a finalizar o projecto de lei referente ao ensino especial, esperando que ao longo do próximo ano possa ficar concluído todo o processo legislativo



O Fundo de Desenvolvimento Educativo “tem subsidiado escolas particulares que estejam interessadas em começar a oferecer aulas de Português”, salientou a chefe do departamento de ensino na Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), ressalvando, porém, que a DSEJ espera que o investimento nesta área seja “contínuo” e não algo que acontece “ano sim, ano não”.

Por isso, de acordo com o organismo, as escolas interessadas deverão ter 60 aulas de Português por ano lectivo, no caso do ensino primário, e 70 no ensino secundário geral e complementar. A DSEJ exige ainda que este volume de aulas corresponda a um determinado número de horas, que não foi revelado. “Também incentivamos que as escolas tenham cursos regulares”, sublinhou.

Assim, reforçou Leong Vai Kei, a divulgação da Língua Portuguesa será feita a dois níveis. “Se as escolas tiverem intenção de formar talentos na área linguística podem disponibilizar uma disciplina integrada no currículo regular ou criar cursos complementares, no caso de os alunos demonstrarem esse interesse”.

“Pedimos ajuda à Escola Portuguesa de Macau (EPM) para organizar estes cursos”, destacou. Além disso, foram celebrados acordos de cooperação com escolas de Portugal prevendo um intercâmbio entre estudantes que “não precisa ser pessoal”. “Mesmo através da comunicação via correio electrónico é possível melhorar a capacidade oral e escrita”, destacou.

Em declarações ao Jornal Tribuna de Macau, o presidente da direcção da EPM garantiu que se mantém a “vontade de colaboração” com a DSEJ mas ainda não é possível saber em que moldes. Manuel Machado recordou que já estão a decorrer os cursos nocturnos para estudantes de escolas chinesas leccionados por professores da EPM, mas que em relação a uma eventual cooperação a outros níveis ainda não é possível dar mais detalhes.

Esta questão foi debatida numa reunião plenária do Conselho de Educação para o Ensino Não-superior durante a qual também foi mencionado o processo de actualização do currículo do ensino especial que “vai demorar algum tempo”, admitiu a chefe do departamento de ensino da DSEJ. A responsável justificou os atrasos com a criação de “vários tipos de formação” para fazer face às necessidades dos alunos de diferentes idades.

“Estamos já quase a finalizar o projecto de lei do ensino especial. Esperamos que em 2017 possa ser apreciado [na Assembleia Legislativa]”, apontou Leong Vai Kei. A DSEJ pretende também que “este diploma defina as competências dos professores” que exerçam nesta área, sublinhou a responsável, recordando que em Setembro do próximo ano o Instituto Politécnico irá ter uma licenciatura em terapia da fala.

“Situações excepcionais”

no projecto “Céu Azul”

O projecto “Céu Azul” foi outro dos temas debatidos na reunião, sendo que a DSEJ garante que há um plano a curto, médio e longo prazo. “As escolas precisam de algum tempo para mudar”, frisou o chefe do departamento de estudos e recursos educativos da DSEJ.

Além disso, alertou Wong Kin Mou, “há escolas que têm várias secções a funcionar em zonas diferentes”. É também preciso ter em atenção que há instituições de ensino que têm de mudar de localização e há terrenos ocupados ilegalmente que só podem ser usados no âmbito deste projecto no fim de processos judiciais, tornando-se em acções “a longo prazo”.

O responsável apontou que recentemente foi assinado um memorando com a escola “Hoi Fai”, mas ainda “vai demorar algum tempo” até que seja possível efectuar a mudança. “Há outras duas escolas com secções em zonas separadas. Só depois da apresentação da planta no Conselho do Planeamento Urbanístico vamos saber como será o projecto e quais os custos”, sublinhou.

No que respeita aos gastos com as obras, a DSEJ garante já ter “montantes definidos” para as intervenções dependendo se são de “grande envergadura” ou não, por isso, à partida, “a escola deverá ter logo noção do subsídio que vai receber”.

Ainda assim, ressalvou Wong Kin Mou, há situações em que “[as escolas] começam as obras e depois acumulam novos pedidos ou decidem fazer trabalhos suplementares”. Por outro lado, pode acontecer também que após o início das empreitadas se verifiquem problemas com os materiais de construção.

Nesse sentido, admitiu que “há casos em que só foram atribuídos os subsídios depois de as obras ficarem concluídas, mas foram situações excepcionais”.

O chefe do departamento de estudos e recursos educativos explicou também que se o orçamento das empreitadas ascender a mais de dois milhões de patacas está sujeito a concurso público. E, mesmo que seja inferior a este valor terá de ser submetida “uma acta a explicar” os motivos da escolha de determinada empresa para o trabalho de construção. Quanto aos prazos, Wong Kin Mou explicou, a título de exemplo, que se uma primeira proposta for apresentada em Março, e houver uma versão final em Agosto, as obras podem ter início em Setembro. Inês Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”