Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 11 de abril de 2017

Galiza – Balanço do III Encontro Minho-Galiza

No passado sábado, dia 1 de abril, em Goián-Tomiño, na Galiza, Pedro Abrunhosa (Porto) e Ses (Corunha), ambos cantores e compositores, partilharam o palco no III Encontro Minho-Galiza, organizado pela Universidade do Minho (UMinho), participando de uma animada conversa sobre a cultura e identidade que caracterizam a singularidade da referida região. O papel da língua na afirmação de uma identidade cultural transfronteiriça, na sua relação com a criação musical, foi uma das principais questões levantadas.

O debate, Pedro Abrunhosa e Ses 2017 moderado por Joaquim Fidalgo (UMinho) e Fernando Pena (Braga), foi intercalado pela atuação musical de Pedro Abrunhosa. Ses, não tendo previsto atuar, foi surpreendida pelo músico, que a desafiou a acompanhá-lo em algumas frases melódicas de temas do cantor, assim como a cantar, ela mesma, um dos seus próprios temas. Foram momentos mágicos que empolgaram o público, constituído por galegos e minhotos, estes, em boa parte, alunos e docentes da UMinho. Ainda durante o debate, os artistas confessaram desconhecer a produção musical um do outro, assim como a do outro lado da fronteira. Por isso, manifestaram a sua preocupação em que se discutam as razões políticas, sociais e culturais que poderão explicar uma tal realidade, pautada pela insuficiência de dinâmicas de promoção do intercâmbio musical entre a Galiza e o Minho. “Sou uma resistente social” foi uma das expressões que Ses utilizou no decorrer do debate, ao afirmar a relevância do galego na sua música. Abrunhosa concordou e enfatizou a importância de o artista fazer uso da sua própria língua, única forma de expressar a sua visão do mundo e o seu sistema de pensamento próprio.

Destaca-se Encontro Minho Galiza 2017ainda a realização da mesa redonda que teve lugar durante a manhã, na qual participaram Henrique Barreto Nunes (Conselho Cultural da UMinho) e Albertino Gonçalves (UMinho), que moderaram o debate com Ricardo Almeida (UTAD), José Font (Rádio Municipal de Tui) e José Vicente Simeó (Maestro da Banda de Monção). O estado atual e a importância da música popular e da música tradicional para o intercâmbio cultural entre as duas regiões foi o tema discutido entre os convidados, com a participação ativa do público, na tentativa de se encontrarem as razões da falta de interação cultural entre ambas as regiões no âmbito musical. A música, propriamente dita, também marcou presença, ora através da gaita-de-foles, que abriu e fechou esta mesa redonda, tocada pelo gaiteiro Ricardo Almeida, ora antecedida, no ato inaugural, pela atuação da Banda de Música de Goián, anfitriã do III Encontro, dirigida pelo maestro Pedro Villarroel, ora, ainda, no ato de encerramento, com o acordéon de Joaquim Fidalgo que brindou a plateia com o seu acordéon, desafiando galegos e minhotos a distinguir as diferenças entre as músicas, de uma rapsódia de modinhas do Minho e da Galiza, que tocou.

Terminado o III Encontro Minho-Galiza, que alguns apelidaram de «inesquecível, com momentos únicos e irrepetíveis», aos seus mentores e coorganizadores, os alunos de Mestrado Francisco Abrunhosa e Adriana Silvério, foi dado de imediato o incentivo à realização da seguinte edição, no próximo ano, por parte dos dois Institutos apoiantes da UMinho, ali representados por Pedro Dono e Fernando Groba, responsáveis pelo Centro de Estudos Galegos (CEG), e por Helena Pires e Albertino Gonçalves, responsáveis pelo Mestrado em Comunicação Arte e Cultura/Centro de Estudos em Comunicação e Sociedade (MCAC-CECS), numa feliz conjugação de vontades entre o Instituto de Letras e Ciências Humanas (CEG-ILCH) e o Instituto de Ciências Sociais (MCAC/CECS-ICS) da UMinho. Francisco Abrunhosa – Portugal in “Palavra Comum”

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