Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 15 de abril de 2017

Holanda - Em Roterdão uma biblioteca ajuda a manter viva a língua portuguesa

Foi a necessidade comum de manter viva a língua materna e de a passar aos filhos, que levou três amigas portuguesas a abrirem uma biblioteca de livros infantis escritos em português, na cidade de Roterdão, Holanda

Andreia Costa, Constança Saraiva, e Patrícia Pinheiro de Sousa concretizaram este objetivo com a abertura da Biblioteca Roterdão em dezembro do ano passado, com o apoio do Arte Institute e de cinco editoras e a parceria com as Escolas Portuguesas de Roterdão, Haia e Amsterdão.

As artistas plásticas Constança Saraiva e Patrícia Pinheiro de Sousa e a designer Andreia Costa, três portuguesas que emigraram para a Holanda ao longo da última década, decidiram em 2016 fazer algo para ajudar a manter viva a sua língua materna em Roterdão, cidade onde residem. Em causa estava “a necessidade comum de manter viva a nossa língua materna e de a passar aos nossos filhos”, como referem na apresentação da página que criaram na rede social ‘Facebook’.

“O objetivo é disponibilizar livros às crianças de forma a apoiar a sua utilização da língua portuguesa e fortalecer os laços linguísticos e culturais destas crianças com as suas origens lusófonas”, explicam, defendendo que “ler histórias a crianças pequenas é essencial para o aumento de vocabulário, para o desenvolvimento da linguagem escrita e oral, e até para o desenvolvimento do conhecimento geral”, porque, acrescentam, “a leitura estimula a imaginação e curiosidade da criança, o seu desenvolvimento emocional, e o seu auto-conhecimento”.

À agência Lusa, Constança Saraiva contou que as três amigas emigraram para a Holanda por razões profissionais “e também por amor”. “Tivemos filhos, que são bilingues, e como portuguesas queríamos que continuassem a falar também em português. Roterdão tem uma biblioteca central muito boa, mas não tem quase nada em língua portuguesa, por isso avançámos com este projeto”, contou.

A Biblioteca Roterdão, que é ainda pequena, funciona temporariamente no atelier de Andreia Costa, no centro de Roterdão e contempla mais de 200 livros infanto-juvenis em língua portuguesa, fruto de doações de cidadãos e das editoras Máquina Voar, Pato Lógico, Tcharan, Planeta Tangerina e Porto Editora. Conta ainda com o apoio do Instituto Camões e do Arte Institute e tem parcerias com a Escola Portuguesa de Roterdão, a Escola Portuguesa de Haia e a Escola Portuguesa de Amsterdão, onde já organizaram sessões de leitura.

Voluntariado e boa vontade

O trabalho é feito com a boa vontade e o voluntariado das três portuguesas a pensar não só na comunidade de portugueses e descendentes de portugueses em Roterdão, mas também noutras comunidades que têm em comum a língua, como a brasileira e cabo-verdiana. “Aqui existe muito a cultura da requisição de livros em bibliotecas e os miúdos precisam sempre de histórias novas, por isso estamos abertos a doações de editoras ou de quem nos quiser enviar livros infantis em língua portuguesa”, afirmou Constança Saraiva.

Além do empréstimo de livros, a biblioteca tem organizado, com alguma regularidade, sessões de leitura de livros, envolvendo a comunidade lusófona, mas a ideia é no futuro encontrar um espaço definitivo e alargar o programa de atividades. “Estamos ainda a ver como as pessoas estão a aderir. Ter um espaço implica ter tempo, andamos a fazer pesquisas sobre bibliotecas, a falar com bibliotecários. Este é um espaço da comunidade e queremos que seja uma plataforma para fazer outras coisas. Queremos trazer autores, ilustradores, publicar o nosso próprio livro”, adiantou a artista plástica. Mas em pouco mais de três meses, Constança Saraiva está satisfeita com a adesão e com o interesse que tem suscitado esta Biblioteca Roterdão, criada “para todas as comunidades lusófonas residentes em Roterdão (e arredores), para todos que tenham de alguma forma afinidade com a língua portuguesa”. In “Mundo Português” - Portugal

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