Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Moçambique - A economia cresceu 2,9% no I Trimestre de 2017

No primeiro trimestre de 2017 a economia Moçambicana registou um crescimento de 2,9%, relativamente a igual período de 2016 (Gráfico 1.1). A série com ajuste sazonal mostra que a actividade económica do I trimestre cresceu 3,1% relativamente ao trimestre anterior.



Análise Sectorial


O desempenho da actividade económica no trimestre em análise, é atribuído em primeiro lugar ao sector terciário que cresceu 6,7% (Gráfico 1.2), com maior destaque para o ramo do Comércio e serviços de reparação com um crescimento de cerca de 8,1%. O sector primário teve um desempenho positivo de cerca de 4,5% justificado pela variação positiva de 41,6% apresentada pelo ramo da Indústria de extracção mineira. O sector secundário registou um decréscimo na ordem de 10,0%.



O ramo da Agricultura, pecuária, caça, silvicultura, actividades relacionadas e Pesca, teve maior participação na economia no primeiro trimestre de 2017 com um peso no PIB de 23,2% (Gráfico 1.3), seguido do ramo do Comércio e serviços de reparação com 12,5%. Ocupam o terceiro lugar os ramos dos Transportes armazenagem e actividades auxiliares dos transportes, e da Informação e comunicações com uma contribuição conjunta de 12,4 %%, seguido do ramo da Indústria transformadora, com um peso de 8,5%, Aluguer de imóveis e serviços prestados às empresas e Educação, com 7,0% e 8,0%, respectivamente. Os restantes ramos de actividade em conjunto tiveram um peso de 28,4%.

Informação mais desenvolvida aqui. In “Instituto Nacional de Estatística” - Moçambique

Brasil - Argentina: boas perspectivas

SÃO PAULO – Nunca as relações entre Brasil e Argentina estiveram tão bem como agora, ao menos na questão dos números. Afinal, ao que tudo indica, neste ano de 2017, a Argentina voltará a ocupar a liderança no ranking dos países que mais importam produtos manufaturados brasileiros, desbancando os EUA, que ocupavam o primeiro lugar desde 2014, quando desalojaram exatamente os argentinos. Pela primeira vez em três anos, no primeiro quadrimestre, a Argentina foi o país que mais importou produtos industrializados brasileiros com compras que chegaram a US$ 4,7 bilhões.

Mas não é só. O mais importante é que 91,7% de todas as exportações para a Argentina foram de bens industrializados, o maior percentual obtido pelo Brasil com qualquer outro de seus parceiros comerciais. Basta ver que em relação aos EUA os produtos manufaturados responderam por 55% dos embarques brasileiros totais no quadrimestre. Destaque-se ainda que, em 2016, a soma das exportações e importações entre os dois países atingiu US$ 22,5 bilhões, com superávit de US$ 4,3 bilhões para o Brasil.

Isso se dá num momento em que a Argentina ainda continua como um país fechado, com a pressão tributária mais elevada da região, inclusive superior à do Brasil, com um alto gasto público e um problema fiscal assustador, em que as empresas locais têm poucas possibilidades de exportar, o que impede que a relação comercial entre os dois países seja ainda mais intensa. A título de exemplo, é de se lembrar que as exportações argentinas representam apenas 15% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Foi provavelmente em função disso que o governo de Mauricio Macri, que não chega a ano e meio, assumiu uma agenda de maior internacionalização que o anterior, procurando aproximar-se da Aliança do Pacífico (México, Peru, Chile e Colômbia), por meio do Mercosul, além de tentar destravar o projetado acordo Mercosul-União Europeia. Já o governo de Michel Temer encontra-se mais focado no plano doméstico com as reformas trabalhista e da Previdência e, agora, diante de uma crise política sem precedentes que pode afetar a recuperação econômica registrada nos últimos meses.

Nos dados elaborados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) relativos ao período de janeiro a abril, percebe-se que as exportações de automóveis para a Argentina somaram US$ 1,4 bilhão, com uma alta de 34,5% em comparação com idêntico período de 2016. Com esse aumento, as vendas totais de manufaturados para o país vizinho registraram uma expansão de 24,6% no período.

Além dos automóveis, os argentinos aumentaram as importações de veículos de carga, que somaram US$ 586 milhões (alta de 121,4% e participação de 11% nas exportações totais), partes e peças para automóveis no total de US$ 300 milhões (elevação de 6,0% e uma participação de 5,8% nas vendas totais para a Argentina) e demais produtos manufaturados, que geraram receita no montante de US$ 187 milhões, com alta de 10,7% e participação de 3,5% nas exportações brasileiras para aquele país.

É de se destacar ainda que as exportações de manufaturados para a Argentina registraram um aumento de 24,6%, percentual bem superior aos aumentos nas vendas de produtos de maior valor agregado para outros destinos importantes, como o México (aumento de 15,5%) e a Colômbia (alta de 16,2%). Embora a situação de Brasil e Argentina seja hoje muito distinta, a perspectiva que se abre é de que as relações comerciais entre os dois países têm ainda muito a crescer, em função da proximidade e dos baixos custos logísticos em comparação com outros mercados. Milton Lourenço - Brasil


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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br

terça-feira, 30 de maio de 2017

Espanha – Portos do sul temem concorrência do porto de Sines

O reforço próximo do transporte ferroviário da Medway entre Sines e Madrid preocupa responsáveis ligados aos portos de Huelva e Algeciras, que não deixam de reclamar investimentos em infra-estruturas logísticas e ferroviárias necessárias para preservar os seus nichos de negócio e enfrentar a concorrência do porto atlântico português

A Associação para a Promoção Comercial do Porto de Huelva (HuelvaPort) e o presidente do porto da Baía de Algeciras, Manuel Móron, têm vindo a defender a melhoria das infra-estruturas logísticas e ferroviárias nas respectivas zonas de influência, como forma de reagir ao eventual impacto no transporte de mercadorias que o reforço da frota de locomotivas da Medway, detida pela MSC, terá na ligação ferroviária entre Sines e Madrid, refere o jornal espanhol «Transporte XXI» na sua edição de 1 de Maio.

Embora o jornal refira Maio como data na qual quatro novas locomotivas da Medway entrariam ao serviço, o nosso jornal apurou junto da empresa que as locomotivas “só deverão estar aptas/licenciadas a funcionar em finais de Junho”. Representam um investimento de 15 milhões de euros e serão “4 locomotivas EURO 4000 interoperáveis, que representam o reforço da nossa frota anunciado no ano passado”, esclareceu-nos a Medway. Quanto às linhas, a empresa esclareceu-nos que oportunamente divulgará “os eixos/serviços em que irão operar”.

Questionada pelo nosso jornal sobre o impacto dessas locomotivas nos portos de Huelva e Algeciras, pelo que potenciam em termos de transporte ferroviário de mercadorias de Sines até Madrid (constituindo uma alternativa atlântica aos tráfegos regulares de importação e exportação que a MSC vem gerindo desde portos como Barcelona e Valência e também Algeciras), a Medway esclareceu-nos que as quatro unidades “não se destinam aos tráfegos específicos de contentores da MSC” e que “a MSC é apenas um entre os vários clientes da MEDWAY”, a qual “pretende servir todos os portos, onde os clientes solicitarem e onde se justificar”.

De acordo com o jornal espanhol, “a conectividade ferroviária de Sines põe em risco os nichos de negócio dos portos andaluzes”, pelo que responsáveis relacionados com aquelas duas infra-estruturas têm vindo a reclamar com urgência a melhoria das ligações desses dois portos a Madrid, em prol da competitividade. Até porque ali se refere também que a Medway tem dado passos que favorecem a ligação portuguesa a Madrid. Segundo a empresa, as novas “locomotivas estão preparadas para trabalhar quer em Espanha, quer em Portugal; são interoperáveis, ou seja, possuem ambos os sistemas de rádio e de segurança em vigor nos dois países”.

No caso da HuelvaPort, segundo o jornal, está em causa “o aprofundamento do calado de acesso ao porto e a adequação da linha ferroviária Huelva-Zafra para poder competir com a oferta crescente a partir do porto de Sines”. Já Manuel Móron, em artigo publicado em Abril no mesmo jornal, defendia a importância prioritária da ferrovia na ligação a Madrid e o prejuízo que uma ligação competitiva entre Sines e Madrid implicava para a costa andaluz. O jornal recordava também que Sines e Algeciras estão a idêntica distância de Madrid (cerca de 660 quilómetros), o principal centro de sumo da Península Ibérica. In “Jornal Economia do Mar” - Portugal

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Galiza - A incrível história secreta da língua portuguesa

À partida, certos assuntos parecem nom render boa literatura. Com certeza, temas filológicos, gramaticais ou lingüísticos estariam entre eles



Porém, o português Marco Neves acaba de demonstrar o contrário com a publicaçom do original romance A incrível história secreta da língua portuguesa.

O autor é professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e diretor do escritório de traduçom Eurologos em Lisboa, e já tinha publicado um magnífico ensaio com o sugerente título Doze segredos da língua portuguesa.

A incrível história secreta da língua portuguesa, estruturado em 10 capítulos precididos por um prelúdio e divididos por um intervalo, segue a esteira doutros escritores que se atrevêrom a transformar a aridez de gramáticas ou situaçons sócio-lingüísticas em textos leves e divertidos. Foi o caso do galego Joám Manoel Pintos que escreveu A gaita galega no século XIX, no qual alterna prosa e verso para ensinar a ler e escrever a língua galega; ou o brasileiro Monteiro Lobato que ousou desafiar o aborrecimento das regras gramaticais e criou o extraordinário conto de literatura infantil Emília no país da gramática. Mais recentemente, outro brasileiro, Marcos Bagno, atreveu-se com um romance sócio-lingüístico, A língua de Eulália, um dos livros mais bonitos que já lim.

O romance de Marco Neves começa com umha professora de português que volta à sua casa familiar ao norte, a umha aldeia que fica “ali mesmo encostada à Galiza”. Lá fica “derretida” com o sotaque galego do português da sua infáncia e vive umha incrível descoberta no faiado da sua casa.

A seguir, a narraçom dá um pulo no tempo e é abordado o nascimento da língua galego-portuguesa através de umha história de amor entre um soldado romano e umha rapariga celta. Ouviremos frases em línguas célticas mas também um latim com sotaque da Gallaecia que irá sendo modulado polas línguas locais.

No segundo capítulo, o protagonista mergulha numha emocionante missom secreta no reino dos Visigodos. Lá percorrerá territórios do continuum dialetal ibérico até chegar a Toledo ouvindo diferentes “sotaques” e formas do que virám a ser os ibero-romances modernos.

Depois viajaremos por terras mouras, até Al-Uxbuna, e assistiremos à separaçom política do povo galego-português, ao nascimento de Portugal e à construçom do padrom lusitano que “nasceu desse galego eivado de arabismos que se falava nas ruas de Lisboa”. Afinal, como bem afirma o autor, “muito do que faz um país é, mais do que aquilo de que nos lembramos, aquilo que esquecemos... E Portugal, para ser Portugal, esqueceu-se da Galiza”.

Trovadores galego-portugueses como Martim Codax e o rei Dom Dinis, clássicos da literatura portuguesa como Gil Vicente, Camões, Eça ou Camilo, brasileiros bilíngües que alternam o seu galego tropical com a língua geral tupi-guarani ou um galego mudo que mora no Portugal do século XX, som algumas das personagens desta Incrível História da nossa língua. Incrível e nom só, pois Marco Neves torna essa entediada disciplina universitária do curso de letras num texto que, para além de engenhoso, tem umha grande qualidade literária. Doses de intriga, ciúme, violência e amor será o que encontrará o leitor nesta história sobre a língua que hoje falamos com paixom galegos, portugueses, africanos e brasileiros. Diego Bernal – Galiza in “Diário Liberdade”

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Marco António Franco Neves - Tem sete ofícios, todos virados para as línguas: tradutor, revisor, professor, leitor, conversador e autor. Não são sete? Falta este: há três anos que é também pai, com o ofício de contar histórias. Para lá das profissões, os amigos sempre lhe reconheceram a pancada das línguas. Nasceu em Peniche e vive em Lisboa. É director do escritório de Lisboa da empresa de tradução Eurologos e professor de várias disciplinas de Prática da Tradução na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Escreve no blogue Certas Palavras sobre línguas, livros e outras viagens. É autor dos livros Doze Segredos da Língua Portuguesa (Guerra e Paz, 2016) e A Incrível História Secreta da Língua Portuguesa (Guerra e Paz, 2017).


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Diego Bernal - Nasceu em Lugo em 1982. Licenciado em filologia galega pola Universidade da Corunha iniciou a sua carreira dando aulas de galego na EOI Jesus Maestro de Madrid, foi leitor da Junta da Galiza na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, professor de espanhol no ISEG da Universidade de Lisboa e professor de português nas EOI de Plasencia e de Montijo, na Estremadura. Atualmente mora no Brasil onde trabalha como professor na Universidade Federal de Viçosa.

Cabo Verde - Cidade da Praia pela pena dos escritores

Com o propósito de proporcionar uma viagem pela cidade da Praia através da literatura, bem como de fomentar o hábito de leitura, a Biblioteca Nacional (BN), em parceria com a Câmara Municipal da Praia e a Universidade Jean Piaget (UniPiaget) de Cabo Verde, promoveu, na passada sexta-feira, dia 26 de Maio, uma exposição iconográfica e bibliográfica, “Praia na Literatura”

Para o reitor da UniPiaget, esta exibição tem a pretensão de não só ser um incentivo à leitura, mas também fazer com que os praienses conheçam as obras literárias relacionadas com a cidade capital. “Curiosamente, a cidade da Praia inspirou vários escritores nacionais e estrangeiros, alguns famosos, outros já esquecidos. Contudo, a maioria dos praienses desconhece obras literárias relacionadas com a cidade onde vivem”, diz Wlodzimierz Szymaniak.

Igualmente, a exposição propõe aos habitantes da Praia um passeio pela cidade na companhia de escritores, entre eles o peruano Mário Vargas Llosa, Prémio Nobel da Literatura, que retratou a Praia do século XIX no seu o romance “O Paraíso na Outra Esquina”. A cidade capital de Cabo Verde também esteve na pena de Charles Darwin, relatando a sua passagem por esta urbe e a sua escalada ao Monte Vermelho, nas crónicas de José Luís Peixoto, nos levantamentos hidrográficos do antigo governador-geral António Pusich, etc.

Não obstante o seu encanto para escritores estrangeiros, a cidade da Praia tem sido um espaço de referência quase obrigatória para muitos escritores nacionais. Na literatura nacional, todos os caminhos vão dar à Praia. Não está inquinada de excesso tal afirmação. Poetas, romancistas, cronistas e historiadores do arquipélago fizeram e têm feito com que a capital do país deixasse pegadas nas obras literárias. Desde o Prémio Camões, Arménio Vieira, António Ludjero Correia, passando por Vera Duarte e Mário Lúcio Sousa, construíram o seu enredo tendo a Praia como palco de inspiração e ou de narração das suas histórias.

Inserida nas comemorações de mais um aniversário do município da Praia, a exposição, segundo a curadora da BN, é uma forma de homenagear os que escrevem e ou escreveram sobre a cidade da Praia. “A exposição iconográfica e bibliográfica visa igualmente valorizar a relação de intermediação entre a palavra e a imagem, convidando os munícipes desta cidade da Praia a conhecer mais as literaturas que falam dela ou despertar o interesse da literatura para a Praia”, afirma Fátima Fernandes.

A, sensivelmente quatro meses na direcção da BN, a nova curadora avalia positivamente a procura deste espaço de leitura e pesquisas académicas pelos praienses. “Sim, podemos dizer que a procura tem sido boa, embora desejássemos poder responder às várias solicitações das escolas e consideremos estar a faltar uma maior insistência dos mediadores de leitura no sentido de encaminharem os jovens e adultos para a biblioteca”, reconhece Fátima Fernandes.

Fomentar gosto pela leitura, uma tarefa de todos

Aumentar o gosto pela leitura tem sido um desejo de vários sectores da sociedade cabo-verdiana, nomeadamente o ensino, produtores de conhecimento, escritores, profissionais da comunicação social, entre outros. A exposição “Praia na Literatura” vem juntar-se à seara dos promotores da leitura com a certeza, entretanto, que toda a sociedade deveria trabalhar em prol desta causa.

Sem descurar a sua complexidade e transversalidade, Fátima Fernandes, sugere que o primeiro passo a ser dado para a promoção do hábito de leitura deveria ser em direcção à valorização da “leitura como espaço de conhecimento”.

A sociedade actual constitui-se maioritariamente por indivíduos da geração Y (geração da Internet) marcada pela virtualidade e comunicação em tempo real. Trata-se de uma geração caracterizada essencialmente por consumidores exigentes e ávidos de inovação. Ora, fazer crescer o poder de sedução da literatura e, consequentemente, aumentar o gosto pela leitura traduz-se num desafio que, no entender de Fátima Fernandes. apela a todos.

“Todos podemos fazer crescer essa sedução, começando pelos pais e familiares com crianças na tenra idade, passando pela escola, onde passamos grande parte das nossas vidas, pela comunicação social que pode divulgar mais a literatura e por instituições como a BN que tem, entre várias missões a de promover a leitura”, defende a curadora da BN.

A exposição “Praia na Literatura” será acompanhada de uma conferência com o mesmo nome, a ser proferida pela curadora da BN, Fátima Fernandes e pelo reitor da UniPiaget, Wlodzimierz Szymaniak. Adilson Pereira – Cabo Verde in “Expresso das Ilhas”

Guiné-Bissau - Situação da exploração dos recursos florestais

Bissau - A sede da ONG Tiniguena em Bissau acolhe amanhã, 30 de Maio de 2017, um encontro de restituição dos resultados do diagnóstico sobre a situação de exploração dos recursos florestais na Guiné-Bissau, refere um comunicado da União Europeia.

A iniciativa se realiza no quadro do projecto “Gestão Transparente-Recursos Sustentáveis: projecto de Reforço de Capacidades da Sociedade Civil para a Monitorização da Gestão dos Recursos Naturais, financiado pela União Europeia.

 “O projecto pretende contribuir para uma maior responsabilização das instituições públicas na gestão dos recursos naturais, através de mecanismos de seguimento da exploração desses recursos por parte das organizações da sociedade civil guineense”, refere o comunicado.

Trata-se de um estudo que analisa o estado em que se encontram as estruturas nacionais de gestão do sector florestal, a perda de controlo sobre os processos de concessão de licenças de exploração dos recursos florestais, com maior destaca para a madeira, os constrangimentos das legislações e os excessos de abates de árvores incentivados pela corrupção. In “Agência de Notícias da Guiné” – Guiné-Bissau

domingo, 28 de maio de 2017

Sozinho




















Vamos aprender português, cantando


Às vezes no silêncio da noite
eu fico imaginando nós dois
eu fico ali sonhando acordado
juntando o antes, o agora e o depois

Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho

Não sou nem quero ser o seu dono
é que um carinho às vezes cai bem
eu tenho os meus desejos e planos secretos
só abro pra você, mais ninguém

Por que você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela de repente me ganha?

Quando a gente gosta
é claro que a gente cuida
fala que me ama
só que é da boca pra fora

Ou você me engana
ou não está madura

Onde está você agora?

Quando a gente gosta
é claro que a gente cuida
fala que me ama
só que é da boca pra fora

Ou você me engana
ou não está madura

Onde está você agora?

Caetano Veloso - Brasil






Macau - Fórum Internacional sobre o Investimento e Construção de Infraestruturas

Oito países lusófonos no Fórum sobre Investimento



O “sucesso” do fórum internacional “marcou o início de uma nova fase para a iniciativa, no que se refere à sua plena implementação”, afirmou, em conferência de imprensa, o presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), entidade organizadora. Jackson Chang destacou que o Fórum Internacional sobre o Investimento e Construção de Infraestruturas (IIICF, sigla em inglês) “terá um significado mais prático”.

O fórum contará com 55 quadros de nível ministerial de 43 países e regiões, incluindo 12 de Estados abrangidos pela iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, e oito dos países lusófonos, indicou a organização.

No fórum, que visa “proporcionar uma plataforma diversificada e inovadora de cooperação”, Portugal vai fazer-se representar pelos secretários de Estado da Indústria e da Internacionalização, João Vasconcelos e Jorge Oliveira, respectivamente. Jorge Oliveira será um dos oradores de um seminário sobre a capacidade industrial e a cooperação financeira entre a China e os países de língua portuguesa, ao lado designadamente do ministro da Energia e Indústria da Guiné-Bissau, Florentino Mendes Pereira, e do chefe da divisão de investimentos do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Brasil, Carlos Ribeiro Santana.

Na parte da área financeira, participam ainda a secretária de Estado do Tesouro da Guiné-Bissau, Felicidade Abelha, o director do Património do Estado de São Tomé e Príncipe, António Aguiar, e o subdirector do Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais de Portugal, Luís Saramago.

O destaque vai a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” – versão simplificada de “Faixa Económica da Rota da Seda e da Rota Marítima da Seda para o Século XXI” – sobretudo devido ao recente impulso do projecto de investimento em infra-estruturas liderado pela China. Este mês, durante o fórum internacional sobre as novas rotas da seda – que juntou líderes de três dezenas de países, em Pequim -, o Presidente da China, Xi Jinping, anunciou milhares de milhões de dólares para projectos que integrem o projecto, que o líder chinês apresentou, em 2013, durante uma visita à Ásia Central.

A vice-presidente da Associação dos Construtores Civis Internacionais da China, que também organiza o evento, anunciou que um dos principais destaques desta edição do fórum vai ser o lançamento do “Índice de Desenvolvimento de Infraestruturas na Estratégia ‘Uma Faixa, Uma Rota” e de um relatório.

Esse relatório, baseado “principalmente em estudos aprofundados e avaliação sistemática” da “actual situação, tendências de desenvolvimento, oportunidades e riscos”, vai incluir “análises e interpretações” relativas ao “desenvolvimento de infra-estruturas nos oito países de língua portuguesa”, afirmou Yu Xiaohong, em conferência de imprensa.

O fórum espera a participação de “mais de 1400 quadros superiores de governos e elites do mundo empresarial e da área académica provenientes de mais de 60 países e regiões”. In “Jornal Tribuna de Macau” – Macau com “Lusa”

sábado, 27 de maio de 2017

Brasil – Preocupação com nova taxa sobre o açúcar na China

O Ministério do Comércio da China confirmou que elevou ontem de 50% para 95% a tarifa incidente sobre o volume de suas importações de açúcar que exceder a cota de 1,95 milhão de toneladas estabelecida pelo governo. A informação foi antecipada na sexta-feira pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.

Resultado de uma investigação de salvaguarda que teve como objetivo, segundo Pequim, proteger os produtores chineses, a elevação da tarifa prejudicará sobretudo a rentabilidade das exportações brasileiras ao país, que têm girado em torno de 2,5 milhões de toneladas ao ano.

Esse volume equivale a 10% dos embarques totais da commodity realizados pelo Brasil e a 50% das compras de açúcar da China no mercado internacional. Diante da confirmação da elevação da tarifa chinesa, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que representa as usinas sucroalcooleiras do Centro-Sul do Brasil, informou que continuará, em parceria com o governo, a buscar um acordo com Pequim para identificar “mecanismos que possam amenizar potenciais prejuízos aos produtores e exportadores brasileiros”.

Negociações

“As negociações começaram na sexta-feira passada, na sede da Organização Mundial do Comércio [OMC], em Genebra [Suíça]. A entidade espera que os governos avancem nesse diálogo para que não haja necessidade de abrir painel na OMC”, informa a Unica em comunicado enviado ao Valor.” A Unica tem sustentado desde o início do processo de investigação da China (setembro de 2016) a inexistência de requisitos da OMC que justifiquem a imposição de salvaguarda.

Com base na análise do volume e do valor exportado por todos os países envolvidos entre os anos de 2011 e 2016, não se configura ‘surto inesperado de importações’, nem se observa a relação de causalidade entre o nível de exportações e o desempenho da produção chinesa”, defende a entidade. Fernando Lopes e Fernanda Pressinott – Brasil in “Valor Econômico”

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Macau – Universidade da Cidade de Macau aposta no estudo dos países lusófonos

No próximo ano lectivo, a Universidade da Cidade de Macau (UCM) vai abrir duas turmas de Mestrado e uma de Doutoramento em Estudos dos Países de Língua Portuguesa. Para Ivo Carneiro de Sousa, coordenador dos cursos, Macau é o “melhor laboratório” para desenvolver “estudos de área” sobre os países lusófonos, pelo que já está a ser pensada a abertura de uma licenciatura neste campo em 2018/2019 e um pós Doutoramento em 2020


A Universidade da Cidade de Macau (UCM) vai abrir em Setembro um curso de Mestrado e Doutoramento em Estudos dos Países de Língua Portuguesa, iniciativa pioneira à escala mundial que visa desenvolver os países de língua portuguesa no domínio dos “estudos de área” por “partilharem a mesma língua oficial e por se relacionarem em termos internacionais usando essa unidade da língua”, explicou o coordenador dos cursos, Ivo Carneiro de Sousa, ao Jornal Tribuna de Macau.

“O argumento que temos utilizado é que, academicamente, trata-se de uma area studies e queremos desenvolver a investigação desta área utilizando o equipamento normal, isto é, o conjunto das ciências sociais para estudar, comparar, contrastar os países, os temas e problemas que existem nesses países com essa instrumentação”, explicou o docente.

“Acreditamos que Macau tem condições históricas e prosperidade financeira para poder permitir esses estudos e tem o lado importante de não haver ressabiamentos”, disse. Em termos práticos, Ivo Carneiro de Sousa aponta dois argumentos que validam o tratamento dos países de língua portuguesa enquanto matéria com interesse académico, sobretudo na RAEM. “Macau é o melhor laboratório para se investigar sobre isto porque tem uma história de relações com o mundo todo até meados do século XIX”, além de oferecer “condições privilegiadas históricas para desenvolver investigação académica sem ter problemas de ressabiamentos coloniais ou pós-coloniais” e ser plataforma entre as duas partes.

“O objectivo destes cursos consiste na publicação da investigação nos melhores jornais académicos em inglês” até porque, “se não se publicar nestas grandes revistas o que se está a investigar não existe como ciência”, vincou o docente.

Os cursos são veiculados em inglês e os alunos que “não são de língua portuguesa têm de completar dois anos de Português, para aprender os termos necessários para ler documentos técnicos” nessa língua, apontou. No caso do Doutoramento, a UCM vai “facultar uma ida de três meses a qualquer país de língua portuguesa que [o aluno] esteja a estudar para que haja realmente trabalho de campo”.

Esse trabalho de campo será apoiado através de bolsa, ao fim de dois anos e meio de estudos teóricos. “Têm de estar preparados para ir ao terreno para investigar. Isto está a ser feito através de acordos com universidade e institutos que possam receber os alunos”, acrescentou.

Devido à grande adesão, será necessário abrir duas turmas (20 alunos cada) de Mestrado e uma de Doutoramento no máximo com 20 estudantes até porque não há “condições de supervisão” para mais. “Até agora já entregámos a resposta a 14 alunos de doutoramento e a 27 para o Mestrado”, adiantou, revelando ainda que até Junho estão agendadas mais entrevistas em Zhuhai. “O número de candidatos é cinco vezes a oferta que temos”, sublinhou.

Na sua grande maioria, os candidatos são “assistentes em universidades chinesas”. “Percebemos pelas entrevistas que estes candidatos procuram fazer um doutoramento fora da China aproveitando o facto de ser mais barato estudar em Macau do que em Hong Kong (...) e, em segundo lugar, o acesso a todas as fontes e sites, o que em Ciências Sociais é muito importante”, disse.

Por outro lado, “também há candidatos locais, incluindo de diferentes países de língua portuguesa”, embora 60% dos seleccionados sejam chineses do Continente. “Temos entrevistado, por Skype, candidatos de Angola e Moçambique mas só vamos decidir quando terminarmoso processo de entrevistar os locais”.

O corpo docente será constituído por pessoal local e convidado. “Vamos ter um professor de Timor-Leste, que por acaso é actualmente o Ministro da Economia, dois de Moçambique, um de Brasília e do Rio de Janeiro, um de Angola e dois de Portugal”, disse.

Licenciatura é o próximo passo

Uma das razões pelas quais a UCM está a apostar nesta abordagem académica prende-se muito com o facto de “não haver investigação científica” neste campo em termos institucionais. “Macau é oficialmente uma plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Para nós, em termos científicos, existem ‘muitos menos’ nessa ideia de plataforma. Há coisas estranhas: Como é que as indústrias do jogo - que ‘pagam’ Macau - não são mobilizadas para a plataforma quando há mais de 200 portugueses que são directores de recursos humanos, engenharia, segurança, entre outros?”, questionou Ivo Carneiro de Sousa.

Nestes moldes, e também para criar uma “base” que suporte estes cursos de Mestrado e Doutoramento, a Universidade da Cidade de Macau vai abrir, no ano lectivo 2018/2019, uma licenciatura para garantir que há “alunos locais comprometidos” com esta área. “É preciso porque, caso contrário, os cursos serão dominados pelos alunos da China Continental que sabem o que querem e que vão fazer carreira nesta área. É preciso alimentar Macau, as empresas, o Governo, centros de investigação, entre outros”, revelou o docente.

Segundo explicou, a licenciatura será em Relações Internacionais mas com especialização nos Países de Língua Portuguesa e a sua relação com a China. “Os alunos têm de estudar a história desses países, a diplomacia, relações políticas e estratégicas desses países”, contou. Posteriormente, os melhores alunos serão canalizados para o Mestrado. Nesta estratégica, em 2020, deverá abrir um Pós-Doutoramento na mesma área, revelou Ivo Carneiro de Sousa.

Esta aposta, que começa com Mestrado e Doutoramento, tem como finalidade “convencer o sistema científico global - revistas, universidades e centros de investigação - que o estudo dos países de língua portuguesa é um domínio tão académico como o da lusofonia”, vincou.

Os dois cursos forsm apresentados ontem no campus da UM, na Taipa, num dia em que também se celebrou África. Catarina Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Parlamento Europeu - Projeto polaco vence Prémio Carlos Magno para a Juventude

O programa de rádio polaco “Erasmus Evening” venceu a última edição do Prémio Carlos Magno para a Juventude, a 23 de maio, na Alemanha



O Prémio Carlos Magno para a Juventude é uma iniciativa conjunta do Parlamento Europeu e da Fundação Internacional Prémio Carlos Magno, em Aachen (Alemanha). É atribuído anualmente a projetos levados a cabo por jovens entre os 16 e os 30 anos que promovam o entendimento, fomentem o desenvolvimento de um sentido partilhado da identidade europeia e ofereçam exemplos práticos de europeus que vivem juntos formando uma comunidade.

Os vencedores da edição de 2017 foram anunciados durante uma cerimónia, esta terça-feira, 23 de maio em Aachen, na Alemanha.


Os vencedores de 2017

O primeiro prémio foi atribuído ao projeto polaco “Erasmus evening” (Noite Erasmus). O programa de rádio da Universidade Adam Mickiewicz entrevista estudantes polacos a estudar no estrangeiro e estudantes estrangeiros a estudar na Polónia para dar resposta às questões mais frequentes sobre o programa e o dia-a-dia dos universitários.

O segundo prémio foi atribuído ao projeto dinamarquês “Re-discover Europe” (Redescobrir Europa), um evento organizado na cidade eurocética de Aalborg, na Dinamarca, para dar conhecer mais sobre a Europa aos cidadãos.

O terceiro prémio foi atribuido ao projeto neerlandês “Are we Europe” (Somos Europa), uma plataforma multimédia onde os jovens podem apresentar as suas histórias e experiências enquanto cidadãos europeus.

Os três projetos receberam ainda um prémio monetário no valor de €7 500, €5 000 e €2 500 respetivamente.

Portugal

Os representantes dos 28 projetos vencedores a nível nacional também marcaram presença na cerimónia. Portugal estava representado com o projeto Fórum Euro-Ibero-Americano da Juventude organizado em Braga em agosto de 2016. In “Parlamento Europeu”

Mais informações sobre o Prémio Europeu Carlos Magno para a Juventude aqui

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Uma nova agenda para o Mercosul

SÃO PAULO – Houve uma época em que as grandes economias ocidentais – Estados Unidos e União Europeia (UE) – queriam abrir seus mercados e, em contrapartida, esperavam encontrar mais espaço para colocar seus produtos nos demais países, inclusive nos sul-americanos. Essa época coincide com a abertura em 1999 das negociações entre a UE e o Mercosul. Antes disso, em 1990, houve a proposta norte-americana para a formação da Área de Livre-Comércio das Américas (Alca), ao tempo de George Bush, pai, que previa a sua entrada em funcionamento até 2005.

Como se sabe, não houve muita receptividade por parte das nações do Cone Sul para nenhuma das propostas. A Argentina sempre foi um país muito fechado – tanto que ainda hoje suas exportações representam 15% do seu Produto Interno Bruto (PIB), menos que o resto dos países da região –, com pouca inversão estrangeira, o nível mais baixo da região, e nunca se mostrou aberta ao diálogo. O Brasil, por sua vez, à época de Fernando Henrique Cardoso, mostrava-se mais aberto a entendimentos, até à chegada de Lula à presidência da República, em 2003, quando optou pela chamada cooperação Sul- Sul, que privilegiava a colaboração com os países do Terceiro Mundo.

O resultado disso foi que o Mercosul virou um fórum de debates político-ideológicos e tanto Brasil como Argentina trabalharam nos bastidores pelo fracasso da Alca. Já as negociações com a UE para a assinatura de um acordo de livre-comércio arrastam-se por quase duas décadas.

Como a vida se faz em ciclos, hoje, os papéis se mostram invertidos. O Brasil, com o presidente Temer, e a Argentina, com o presidente Mauricio Macri, defendem maior inserção de seus países no mundo, mas, desta vez, são Estados Unidos e UE que não estão muito dispostos a conversas. Com Trump, os Estados Unidos adotaram uma política isolacionista e ameaçam até implodir o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês), que reúne também Canadá e México. Já a UE vive momentos de indefinição, com eleições em vários países e uma onda de protecionismo, especialmente na França, onde as empresas agropecuárias temem a concorrência dos produtos sul-americanos.

Em função disso, o Mercosul perdeu velocidade nos últimos anos, passando por uma fase de esgotamento. Portanto, necessita urgentemente de uma nova agenda, que poderia incluir um acordo com a Aliança do Pacífico (México, Peru, Chile e Colômbia). No mais, só lhe resta apostar na próxima reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), prevista para dezembro em Buenos Aires, e aproveitar, quem sabe, a abertura que se vê na Ásia, especialmente nos países do Pacífico.

Seja como for, a OMC prevê que em 2017 o comércio internacional crescerá 2,5% em relação a 2016, período em que o crescimento foi de 1,6%. Como os preços estão estabilizados, o Mercosul precisa se remodelar e mostrar-se mais unido para aproveitar esse momento. Milton Lourenço - Brasil

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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br

terça-feira, 23 de maio de 2017

Macau - RAEM acolhe Fundo para Lusofonia a 1 de Junho

A mudança, de Pequim para Macau, da sede do fundo chinês de mil milhões de dólares destinado a investimentos de e para os países lusófonos vai realizar-se a 1 de Junho, anunciou o Governo da RAEM



O Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, adiantou que a cerimónia de inauguração na RAEM da sede do Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa vai realizar-se durante o VIII Fórum Internacional sobre Investimento e Construção de Infraestruturas, que decorre a 1 e 2 do próximo mês.

O presidente do Fundo, Chi Jianxin, avançou, em Outubro, à agência Lusa, que a sede do fundo ia ser transferida de Pequim para Macau com o objectivo de facilitar a divulgação e o contacto junto dos potenciais interessados.

De acordo com Lionel Leong, numa primeira fase, a sede do fundo vai ficar localizada no centro de apoio empresarial do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) e, posteriormente, vai mudar-se para o futuro “Complexo de Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”.

Aquando da V Conferência Ministerial do Fórum Macau, em Outubro último, o Primeiro-Ministro chinês, Li Keqiang, assistiu à cerimónia de descerramento da placa do referido complexo, ainda por construir. Segundo o Governo da RAEM, o descerramento da placa simbolizou “o novo patamar para Macau na criação da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os países de língua portuguesa”.

Lionel Leong sublinhou que a mudança da sede do fundo para Macau, que tinha descrito anteriormente como uma “prenda” de Pequim, constitui “um passo importante no reforço de Macau como ‘plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e os países de língua portuguesa’”. De acordo com uma nota oficial, o Secretário espera que as empresas do território e do Interior da China “aproveitem bem esta oportunidade e o Fundo para que as actividades de investimento e de comércio nos países de língua portuguesa corram bem”.

O complexo, além de ir ser o palco para o Fórum Macau, vai albergar o Centro de Exposição dos Produtos Alimentares dos Países de Língua Portuguesa, o Centro de Serviço Empresarial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, o Centro de Formação, o Centro de Informações, e um Pavilhão sobre Relações Económicas, Comerciais e Culturais entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Com uma área de 14200 metros quadrados, o complexo, que ainda não tem uma data de abertura prevista, terá também um Pavilhão de Exposição alusivo ao desenvolvimento urbanístico de Macau e irá disponibilizar “escritórios temporários e permanentes para os serviços públicos, organismos e as associações da China e dos países lusófonos envolvidos na construção da plataforma e organização do Fórum, segundo dados revelados anteriormente.

Em Fevereiro, após a primeira ronda do concurso público da empreitada de concepção e construção, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transporte indicou que, segundo as estimativas, a obra poderia ter início no segundo semestre e que o prazo máximo de execução era de 600 dias. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Galiza - Imagina

Ao escrever um artigo como este imagino a pessoa que o vai ler. Penso em alguém a falar galego a quem causa estranheza esta forma de ver escrita a sua língua. Para mim também foi um desafio, no seu dia, ler textos assim porque fum educado, como ela, em que esta ortografia e esta língua eram estrangeiras. No entanto, eu pediaria-lhe um pouco de paciência. Talvez descubra um relato novo para a sua língua e quem sabe se melhor que o que lhe foi transmitido.

Do que leva lido até agora é provável que lhe provoquem ruído palavras como escrever, alguém ou estranheza. Talvez, imagino, nas aulas de Língua Galega tenha deparado com estas palavras ao tratar a literatura medieval mas o certo é que já estamos no século XXI.

Agora as pessoas realizamos muitas tarefas com o idioma que não eram possíveis na Idade Média. Para começar, porque daquela a imensa maioria das pessoas não sabia ler. Como agora sabemos decifrar um texto escrito, podemos fazer um sem-fim de tarefas: procurar informação na Internet, usar as Apps do telemóvel ou ler as legendas dos filmes e saber de que tratam. Ora, nem tudo é ler. O idioma serve também para as nossas crianças desfrutarem com desenhos animados, os adultos chegarem a um lugar usando o GPS e todos, adultos e miúdos, sermos seduzidos por jogos em formato eletrónico.

Há quem diga, e é possível ser assim, que as línguas ausentes nesses formatos do séc. XXI vão ter dificuldades para garantir a sua presença nas gerações vindouras. E eu pergunto à pessoa que me lê, será capaz de nos sobreviver a língua da Galiza?

Imagino que te diriam que sim mas pensarás que não. Ora, repara num aspeto importante. Se foste capaz de chegar até aqui na tua leitura, com maior ou menor dificuldade, quer dizer que tens o potencial de fazer muitas cousas com o teu idioma que te ensinaram que só eram possíveis em castelhano. E aqui entra o relato da língua galega, aquilo de que é local e que não serve para muito. Ora, os relatos podem-se reescrever. Devem, de facto, ser reescritos.

Einstein, o físico, afirmava que fazer todos os dias o mesmo e esperar resultados diferentes é prova de pouca saúde. Teremos pouca saúde a respeito da língua?

Eu imagino que as políticas linguísticas do séc. XXI integrarão as outras variedades da nossa língua bem como as suas sociedades, Brasil, Portugal ou Angola. Isto vai aumentar o bem-estar da nossa sociedade e fortalecer o nosso idioma milenar. Imagino que, da mesma forma que sabemos o nome de personalidades que se expressam em espanhol em lugares que nunca visitaremos, saberemos quem é Pepetela, Luís Filipe Rocha ou Adriana Calcanhoto e desfrutaremos da sua obra. Imagino que se alguém quer viver em galego o poderá fazer, sobretudo as crianças. Imagino que tenhamos do galego a mesma visão alargada e otimista em que fomos educados a respeito do castelhano.

Ora, do que se trata é de que tu também o imagines porque quantos mais formos a imaginar, criaremos antes essa realidade. E, como sabes, temos pouco tempo.

Em se tratando de imaginar, imagino que se este artigo ganhar e sair publicado nos meios de comunicação colaboradores (1), ninguém pedirá para alterar a sua ortografia dado que já estamos no séc. XXI e não podemos fazer todos os dias as mesmas cousas… e esperar resultados diferentes. Valentim Fagim – Galiza in “Portal Galego da Língua”

   (1)   - Este artigo foi apresentado foi apresentado ao XIII Prémio a artigos jornalísticos normalizadores do Concelho de Carvalho.


Valentim Fagim, Nasceu em Vigo (1971). Professor de Escola Oficial de Idiomas, licenciado em Filologia Galego-portuguesa pola Universidade de Santiago de Compostela e diplomado em História. Trabalhou e trabalha em diversos âmbitos para a divulgaçom do ideário reintegracionista, nomeadamente através de artigos em diversas publicações, livros como O Galego (im)possível, Do Ñ para o NH (2009) ou O galego é uma oportunidade (2012). Realizou trabalho associativo na AR Bonaval, Assembleia da Língua de Compostela, no local social A Esmorga e na AGAL, onde foi presidente (2009-12) e vice-presidente (2012-15). Co-diretor da Através Editora e coordenador da área de formação. Académico da AGLP.