Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Síria – A reconstrução da cidade de Aleppo avança

A MAPNA Group, uma empresa iraniana envolvida no desenvolvimento e execução de centrais termoelétricas e renováveis, petróleo e gás, transporte ferroviário e outros projetos industriais, vai construir cinco novas centrais de energia de 25 MW para abastecer a cidade de Aleppo com eletricidade.

O Grupo MAPNA começou a trabalhar na Síria há 12 anos. Apesar da crise síria, não parou de operar no país.

Agora, quando a situação está a regressar ao normal, o MAPNA Group retomou o desenvolvimento da central Jandol. A sua secção de vapor foi encomendada e entregue e agora o MAPNA Group está numa fase final do desenvolvimento desta central.

Actualmente, a empresa está a trabalhar em novos projectos. Por exemplo, está desenvolvendo cinco unidades de 25 MW para a cidade de Aleppo. Esta cidade, a mais populosa do país e recentemente libertada tem uma população de mais de 2,5 milhões de habitantes, mas a eletricidade ainda é fornecida por meio de geradores de motores.

O MAPNA Group também está a negociar outro projecto com o Ministério Sírio da Eletricidade. O projecto inclui uma central de energia de 25 MW para a cidade de Banyas e outra de 450 MW para a província litoral de Latakia.

O Diretor do MAPNA Group para a Síria acrescentou: ao executar as centrais de energia de Banyas e Latakia, uma parte da falta de energia da costa síria será resolvida.

O governo sírio tem sentido dificuldades com o financiamento destes projectos. Assim, o MAPNA Group fornece os fundos para a implementação dos projetos. Alguns fundos são fornecidos sob a forma de investimentos. Alguns projectos são financiados pela própria empresa, outros estão em desenvolvimento graças a uma linha de crédito fornecida pelo Grupo MAPNA ao governo sírio. In “Islamic World News”

Cabo Verde - Turismo lança sítio oficial em chinês

O Governo de Cabo Verde lançou na semana passada uma versão em língua chinesa da sua página electrónica oficial de promoção do turismo, além de ter aberto contas em diversas redes sociais chinesas.

Cabo Verde espera assim promover os seus recursos turísticos a mais viajantes, refere um comunicado do Governo, publicado na página electrónica em língua chinesa.

O país insular africano apresenta-se no sítio como “Um País, 10 Destinos”, numa referência às suas várias ilhas, como Santiago, Fogo e Brava, entre outras. In “Fórum Macau” - Macau

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Portugal – Extensão da plataforma continental

Instituto Hidrográfico da Marinha faz levantamentos equivalentes a 28 vezes o território terrestre de Portugal

Desde 2004, a Marinha Portuguesa tem vindo a apoiar a Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC), através do Instituto Hidrográfico, com o empenhamento dos navios NRP “D. Carlos I” e NRP “Almirante Gago Coutinho”, na aquisição de informação hidro-oceanográfica e geofísica, para sustentação da proposta de extensão dos limites da plataforma continental de Portugal.

Os dados estatísticos dos levantamentos são assinaláveis, sendo de realçar que, até ao ano passado, foram realizados cerca de 1200 dias de missão, com o máximo anual de 171 dias em 2005. Em termos de área sondada, foram contabilizados 2,6 milhões de km2, o que corresponde a perto de 28 vezes a área emersa do território nacional.

De referir ainda que, desde 2008, foram também efetuadas 9 missões a bordo do NRP “Almirante Gago Coutinho”, para observação de campos hidrotermais e recolha de amostras, com recurso ao Remote Operated Vehicle (ROV) Luso da EMEPC. In “Marinha Portuguesa”


Brasil - Por que os pavimentos das rodovias não duram

Buracos, ondulações, fissuras, trincas. Esses são alguns dos defeitos encontrados em mais da metade das rodovias pavimentadas do Brasil. O pavimento executado com asfalto, mais comum no país, tem vida útil estimada entre 8 e 12 anos. Mas, na prática, os problemas estruturais começam a aparecer bem antes: em alguns casos, apenas sete meses após a conclusão da rodovia

Por que os pavimentos das rodovias do Brasil não duram? Em busca de respostas para essa questão, a equipe técnica da Confederação Nacional do Transporte (CNT) analisou o estado de conservação dos pavimentos das rodovias nos últimos 13 anos; pesquisou métodos e normas que regem as obras rodoviárias no Brasil e em outros países; levantou resultados de auditorias realizadas por órgãos de controle; e ouviu a opinião de especialistas dos setores público, privado e da academia.

A conclusão é que, quando se trata de pavimentação de rodovias, o Brasil utiliza metodologias ultrapassadas para o planejamento de obras, apresenta deficiências técnicas na execução, investe pouco e falha no gerenciamento de obras, na fiscalização e na manutenção das pistas.

Os principais problemas

O estudo divulgado, no dia 24 último, pela CNT mostra que a metodologia utilizada no Brasil para projetar rodovias tem uma defasagem de quase 40 anos em relação a países como Estados Unidos, Japão e Portugal. Para citar apenas um exemplo: enquanto Portugal, país do tamanho do Estado de Pernambuco, utiliza três zonas para calcular o impacto das variações climáticas sobre as técnicas e os materiais utilizados na construção de rodovias, o método empregado no Brasil não faz essa diferenciação importante para dar mais precisão ao projeto.

A falta de fiscalização é outro problema. Muitas obras são entregues fora dos padrões mínimos de qualidade, exigindo novos gastos para correção de defeitos que podem corresponder a até 24% do valor total da obra. Com poucas balanças em operação e sem fiscalização adequada, também cresce o problema do sobrepeso no transporte de cargas, cujo impacto reduz a vida útil do pavimento.

De acordo com o estudo, a má qualidade dos pavimentos se agrava com a falta de investimentos em manutenção preventiva. Para se ter uma ideia, estima-se que quase 30% das rodovias federais sequer têm contrato de manutenção.

Grande parte das rodovias brasileiras foi construída na década de 1960. Os especialistas ouvidos pela CNT avaliam que a maioria já ultrapassou a vida útil prevista no projeto, porém, sem receber manutenção adequada nesse período. Para a recuperação, pode haver necessidade de reconstrução parcial ou total em casos particulares, com uso sugerido do próprio pavimento reciclado.

O Brasil precisa investir muito mais

Esses e outros fatores citados no estudo da CNT explicam por que os pavimentos das rodovias brasileiras não duram. Os dados também indicam soluções que podem contribuir para minimizar dificuldades no transporte de cargas e de passageiros e reduzir o alto custo operacional dos caminhoneiros autônomos e das empresas transportadoras, que aumenta, em média, 24,9% devido às más condições das rodovias. Somente em razão da má qualidade do pavimento, em 2016, o setor de cargas registrou um gasto excedente de 775 milhões de litros de diesel, que provocou um aumento de custos da ordem de R$ 2,34 bilhões.

Para o presidente da CNT, Clésio Andrade, a precariedade dos pavimentos reflete a situação geral do transporte rodoviário no Brasil. Pelas rodovias trafegam cerca de 90% dos passageiros e 60% das cargas brasileiras. “Mesmo sendo essencial para a nossa economia, mais uma vez, constatamos que o setor não vem recebendo a devida atenção por parte do poder público”, afirma Andrade.

“Sem uma malha rodoviária de qualidade e proporcional à demanda do país, a economia brasileira terá dificuldades de crescer de forma dinâmica e na rapidez de que o país necessita”, alerta Andrade. Segundo ele, além de melhorar a qualidade das rodovias, o Brasil precisa fazer fortes investimentos em transporte e logística para ampliar e diversificar a matriz de transporte do Brasil.

“Precisamos de uma política de transporte multimodal e integrada, com garantia de investimentos consistentes, a longo prazo, para superar o atraso em infraestrutura. Essa é uma condição incontornável para que o Brasil possa voltar a crescer e se desenvolver de forma sustentável”, completou o presidente da CNT. In “Portogente” - Brasil

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Dodó a ave extinta que crescia a duas velocidades

A vida dos dodós está a deixar de ser uma grande incógnita para a ciência. Parece que esta ave não só mudava mesmo de penas, como crescia a duas velocidades – primeiro mais depressa, depois mais lentamente. Ossos do dodó revelam como crescia esta ave extinta há mais de três séculos



Já não podemos dizer que os ossos são “o pouco” que resta dos dodós porque, graças a eles, passámos a conhecer o seu ciclo de vida. Da ovulação à mudança das penas, a primeira análise histológica dos ossos dos dodós traz novidades sobre esta ave endémica da ilha Maurícia, extinta há mais de 350 anos.

Os ossos são oriundos de vários pontos daquela ilha do oceano Índico (a Leste de Madagáscar) e maioritariamente de aves juvenis, tendo os resultados deste estudo sido publicados na última edição da revista Scientific Reports (do grupo da Nature). A época de reprodução dos dodós começava em Agosto, com a ovulação das fêmeas e, depois de os ovos serem chocados, as crias cresciam rapidamente – a tempo de terem um porte suficiente para sobreviverem às chuvas e ventos fortes de Novembro a Março. A partir de finais de Março, começavam a crescer penas novas para que, no fim de Julho, a ave estivesse pronta para a época de reprodução seguinte.

Mas, antes de mais, por que se extinguiu esta ave? O dodó foi caçado, o seu habitat destruído e os ovos devorados por mamíferos invasores como ratos, macacos, porcos, cabras ou veados levados por colonizadores (portugueses, holandeses, franceses e ingleses) para a ilha Maurícia. Resultado: em cem anos, o Raphus cucullatus desapareceu. Porém, não foi esquecido e agora pode mesmo ser lembrado por mais motivos.

Apesar de não ter sido a única ave da ilha Maurícia a desaparecer, Alan Cooper (biólogo neozelandês da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e que não fez parte deste estudo) salientou que o fascínio pelo dodó se deve à mensagem ecológica que difunde: foi dos primeiros casos conhecidos de uma extinção que presenciámos e até para qual contribuímos. “Foi a primeira vez que os europeus viram alguma coisa a extinguir-se em tempo real”, dizia Alan Cooper em tempos ao jornal The New York Times.

Mas o que sabemos hoje desta ave não voadora que, como diz a bióloga e historiadora de ciência portuguesa Clara Pinto Correia, parecia um peru estranho com cara de pombo-guerreiro? Ainda que haja muitos mistérios, vai-se sabendo cada vez mais.

Os ossos de 22 dodós que tinham sido descobertos na ilha Maurícia encontravam-se no pântano Mare aux Songes e em grutas. Cinco fémures, 14 tíbio-tarsos, dois tarso-metatarsos e um úmero foram agora facilmente identificados graças às descrições anatómicas rigorosas de Hugh Edwin Strickland e Alexander Melville (1848) – um dos trabalhos seminais da Universidade de Oxford acerca do comportamento desta ave e cujo objectivo era distinguir o mítico do real. Mas, desta vez, foram investigadores do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade da Cidade do Cabo (África do Sul) e do Museu de História Natural de Londres que arregaçaram as mangas.

A equipa de Julian Hume – do Museu de História Natural londrino e um grande especialista em dodós que tem procurado cruzar as diferentes peças deste puzzle (desde as ciências naturais e sociais até às artes) – analisou 22 pedacinhos de ossos removidos dos 22 animais. As amostras foram banhadas em etanol e acetona para lhes remover todo e qualquer vestígio orgânico antes da observação microscópica.

A observação das amostras pela lente de um microscópio petrográfico permitiu identificar assim diferentes fases de crescimento e de maturidade dos exemplares em causa – desde o juvenil até ao adulto maduro. Por exemplo, um tarso-metatarso bastante desenvolvido pode denunciar as adaptações que foram necessárias para garantir a locomoção desta ave que não voava e arrastava a sua barriga pelo chão quando andava. Machos e fêmeas não eram muito diferentes, de maneira que instrumentos ópticos como o microscópio tornam-se excelentes aliados para determinar o sexo dos dodós.

Um animal a duas velocidades

Estudar dodós implica sempre revisitar memórias de quem o viu ao vivo. Ora no século XVII, como diz Clara Pinto Correia, os bons escritores eram os marinheiros. Em Dodologia – Um Voo Planado sobre a Modernidade (editado em 2001 pela Relógio d’Água), a bióloga portuguesa diz que “as narrativas de viagem eram os grandes best-sellers deste período”.

Naquela altura, as referências de testemunhas oculares eram muitas e variadas – “três ou quatro penas pretas” (no lugar das asas) e uma cauda com “quatro ou cinco plumas onduladas e de cor cinzenta” são apenas alguns exemplos referidos no artigo científico na Scientific Reports.

Mas ainda que os testemunhos dos marinheiros sejam uma fonte explícita do artigo, não eram poucas as vezes em que a fantasia e realidade se confundiam, por isso um estudo bem fundamentado teria de ir mais além. Aqui, o caminho trilhado foi o estudo dos tecidos ósseos. Nas amostras analisadas detectaram-se grandes cavidades no seu revestimento exterior e acredita-se que isso poderá estar relacionado com a absorção do cálcio pelas novas penas. Isto porque o mesmo já se verificou em aves como o pombo-doméstico ou os pinguins.



Assim, provada a mudança de penas (de Março a Julho) que antecedia a época da reprodução, torna-se compreensível a diversidade de cores da ave que surge nos relatos dos marinheiros. Se a cor das penas ia mudando ao longo do ano, era normal que os dodós fossem descritos e pintados de maneiras diferentes.

Acredita-se que os ossos mais jovens eram de animais que, ainda assim, já tinham atingido a maturidade sexual. Tinha um tipo de tecido incorporado no tecido ósseo compacto (tem esta designação porque a parte exterior parece não ter poros ou canais) que sugere um desenvolvimento inicial acelerado. Esta característica não é inédita, uma vez que se encontra em outras aves modernas não voadoras, como a avestruz e a ema.

Por isso, ao contrário das grandes aves residentes em ilhas, os dodós eram “crianças” por pouco tempo. Os autores do trabalho pensam que, uma vez que só com um bom porte físico, as aves conseguiriam resistir à rigorosa época dos ciclones que se avizinhava. E o que não deixa de ser curioso é que, a partir daqui, era como se a sua formação óssea entrasse em câmara lenta.

E porquê essa lentidão? Pensa-se que esse ritmo estava relacionado com “a falta de predadores” e as dimensões reduzidas da ilha Maurícia – “onde até à chegada dos humanos, aves adultas não tinham quaisquer predadores naturais”.

Embora reconstituir na perfeição a ecologia dos dodós não seja possível, pode traçar-se um cenário do clima da ilha. E foi o que os autores deste novo estudo procuraram fazer para perceber melhor como o ecossistema condicionava o comportamento desta ave.

Com um bico espesso que terminava em forma de gancho, comia frutos, sementes, raízes, folhas, marisco e... pedras. Tal como fazem as galinhas, que ingerem areia e pequenas pedras para facilitar a digestão dos alimentos, os dodós também o faziam. Estas pedras (gastrólitos) ficam alojadas na cavidade gástrica. Mas o alimento poderia não estar assegurado todo o ano. Com a possibilidade de ciclones no Verão, era provável que a chuva e os ventos fortes condicionassem a disponibilidade de recursos na ilha entre Novembro e Março.

A descoberta da extinção

Clara Pinto Correia recorda que os portugueses chamavam ao dodó “pássaro doudo”. “O dodó não tinha qualquer noção de medo, comportando-se como se fosse ‘parvo’ ou ‘fraco da ideia’, conforme vários marinheiros o descreveram”, escreveu a bióloga. “O dodó que existe agora nas nossas vidas é uma invenção do século XX. (…) O que fizemos com o que recuperámos do esquecimento e projectámos nas lógicas da vida presente foi transformar uma ave morta numa vedeta mediática e numa metáfora universal.”

Apesar de hoje não haver dúvidas de que houve uma extinção e que a responsabilidade foi nossa, nem sempre foi assim. No século XVII, o cristianismo não admitia que se falasse em “extinção de espécies”. Deus era o criador de todos os animais e plantas e não era concebível que os humanos fossem capazes de destruir o que Ele tinha criado. No livro Lost Land of the Dodo (2008), Anthony Cheke e Julian Hume explicam como é que a extinção do dodó atingiu a visão que se tinha do mundo naquela época: “Do ponto de vista teológico, que era o dos líderes sociais ou mesmo de todos os exploradores e naturalistas, a extinção não podia acontecer nem aconteceu.”



O certo é que, desde cedo, as ilhas despertaram o interesse dos naturalistas e a Maurícia não foi excepção. “A Maurícia tornou-se a ilha não só onde a extinção ocorreu, mas onde ela foi, por assim dizer, descoberta”, afirmavam ainda os dois cientistas autores do livro.

O último dodó foi sido visto em 1662, mas vamos depois “encontrá-lo” em 1865 em As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll. Já o poeta inglês Hilaire Belloc dedicou-lhe um poema em 1896: “Calou-se a voz esganiçada/Por toda a eternidade/Mas, no museu, bico e ossos/Estão pra posteridade.”

Apesar ter sido um endemismo da ilha Maurícia, há vestígios do dodó por todo o mundo, em mais de duas dezenas de museus. O Museu de História Natural de Londres, o Museu de Zoologia da Universidade de Cambridge ou o Museu Americano de História Natural (Nova Iorque) são alguns dos que têm esqueletos quase completos. Margarida Marques – Portugal in "Público"

Por que o Brasil não deslancha

SÃO PAULO – Com investimentos em infraestrutura da ordem de 2,18% do Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos 20 anos, segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), está claro que o Brasil vai continuar por muito tempo a ser considerado um país atrasado. Sem uma infraestrutura de transporte integrada e adequada, o País, dificilmente, chegará ao grupo de nações desenvolvidas na primeira metade deste século. Afinal, segundo o estudo da CNI, só para se aproximar dos demais países emergentes, o investimento deveria ficar entre 4% e 5%.

Em razão de dessa infraestrutura precária, em que todos os modais apresentam claras deficiências, o custo do frete interno para a exportação de soja, por exemplo, equivale a 25% do valor do produto. No caso do milho, chega a 50%, o que, muitas vezes, torna inviável economicamente sua exportação. A sorte é que, por enquanto, as cotações internacionais dessas commodities continuam elevadas, o que ainda justifica a manutenção do negócio. Se as cotações – que não dependem do Brasil – sofrerem alguma queda brusca, o País deixará de ser competitivo também nesses segmentos e em outras commodities.

Por tudo isso, seria recomendável que houvesse um esforço concentrado por parte do governo e dos produtores para que essas commodities passassem a ser exportadas com agregação de valor, ou seja, a partir de um processo de industrialização. Acontece que, hoje, essa saída é praticamente inviável diante do atual sistema tributário, que onera e adiciona custos com impostos ao produto durante o processamento industrial.

Como a defasagem da infraestrutura é a mesma, os custos com a logística também são acrescidos à exportação de produtos manufaturados. Afinal, a matriz de transportes remonta aos tempos do governo Juscelino Kubitschek (1956-1961) que, pressionado pelos interesses da indústria automobilística norte-americano, optou por um modal único de transportes, o rodoviário.

Desde então, houve o sucateamento de linhas férreas, de portos e aeroportos e, por fim, do próprio modal rodoviário que, para escapar do caos, teve de ser privatizado, criando maiores ônus para a sociedade, com a excessiva cobrança de pedágios.

Tudo isso tem contribuído sobremaneira para que os manufaturados percam competitividade, pois, embora não estejam sujeitos a grandes oscilações de preços internacionais, sofrem concorrência acirrada. Com isso, ficam limitados a mercados importadores próximos, como Argentina e Venezuela, por exemplo, pois já não têm fôlego para vôos mais altos. E ainda permanecem na dependência de instabilidades políticas nessas nações, como é o caso da Venezuela de nossos dias. Milton Lourenço - Brasil


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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

China – Aprendizagem de língua portuguesa de "olho" no Brasil e África

A presença chinesa em países como Angola e Moçambique é notável. Nas duas últimas décadas, o volume de investimentos chineses na África cresceu mais de 20 vezes, passando de US$ 10 bilhões em 2000 para US$ 220 bilhões em 2014. Em setembro de 2016, Angola se tornou o maior fornecedor de petróleo para a China, enquanto Moçambique está entre os 5 países com maior concentração de investimentos chineses.

O Brasil segue no mesmo passo. Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do país, substituindo o primado histórico das relações com os Estados Unidos, e não é sem motivo que o Presidente Temer, na véspera da Cúpula do BRICS, terá encontros em Pequim com o líder chinês e com empresários daquele país.

Especialista em países BRICS – o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –, Diego Pautasso, professor de Relações Internacionais do Colégio Militar de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, analisou em entrevista exclusiva para a Sputnik Brasil o que representariam para o Brasil os investimentos que a China tem aplicado na África. Esses valores conseguiriam provocar no Brasil um avanço rumo ao desenvolvimento:

“Infelizmente, [os valores] não são suficientes. O comércio exterior e os investimentos estrangeiros, embora sejam variáveis importantes para o crescimento e desenvolvimento de um país, não são suficientes [para estes fins]. Quando se analisa a história política e econômica de qualquer país, a gente vê que o capital se fortalece", disse.

Segundo ele, a política de capitais e a formação bruta de capitais têm de ser predominantemente domésticas. "[Na China], o dinheiro estrangeiro nunca passou de 10% do total da formação de capital bruto. Então eu creio que as parcerias internacionais, apesar de muito importantes, precisam estar enquadradas num projeto nacional de desenvolvimento mais abrangente, que permita internacionalizar a tecnologia, criar cadeias de valor e assim por diante”, disse o especialista citando o caso da China.

Diego Pautasso acredita que a China vai ocupar o espaço a ser deixado vazio na África pela saída das empresas brasileiras, após o impacto dos escândalos de corrupção envolvendo empreiteiras como Odebrecht, OAS e Andrade Gutierrez, todas com grandes volumes de investimentos em países como Angola e Moçambique.

“Todo aquele esforço que o Brasil vem fazendo desde os anos 70 para começar a exportar serviços e entrar para um grupo muito seleto de países capazes de exportar serviços de engenharia, de internacionalizar empresas de grandes proporções – o que teve uma aceleração muito significativa durante os Governos Lula e Dilma –, hoje está sendo colocado por terra. Como a gente vê, não é um projeto que se refaz em 1, 2, 3, 4 anos, mas sim em décadas. São projetos intergeracionais que, literalmente, estão indo para o ralo a partir da [Operação] Lava Jato e da falta de compromisso com empresas que fazem parte de uma histórica industrialização do Brasil”, comenta.  

O Professor Pautasso se mostrou convicto de que as empresas chinesas de engenharia ocuparão os espaços vagos e que a cooperação entre China e países da África tende a um implemento cada vez maior e mais sólido.

"A China, desde meados dos anos 90, percebeu que a África era uma grande fronteira de expansão mundial do capitalismo e dos negócios. Era um continente que estava à margem do processo de globalização, e [a China] intensificou suas relações, fez a multiplicação do comércio de investimentos e, de lá para cá, as relações [entre África e China] têm sido muito sinérgicas", observou.

Em relação à expansão do ensino do idioma português na China, Diego Pautasso vê o fato como perfeitamente natural, já que é consequência dos planos de inversões que o Governo chinês tem não só para o Brasil como também para os países de língua portuguesa. Por isso, o especialista considera perfeitamente compreensível que a China queira ter entre seus quadros de especialistas profissionais habilitados a compreender e falar o português, de modo a facilitar a comunicação entre chineses e habitantes de países de língua portuguesa.

Por sinal, o ensino do idioma português na China deverá ser enfocado na próxima Reunião de Cúpula do BRICS, marcada para os dias 3, 4 e 5 de setembro em Xiamen, cidade da Província de Fujian, no Leste do país. O tema do encontro será “BRICS: Parceria Mais Forte para um Futuro Mais Brilhante”. In “Sputnik Brasil” - Brasil    

Internacional – SADC vai organizar Conferência de Solidariedade com o Sahara Ocidental

A XXXVII Cimeira Ordinária de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) aprovou uma moção em que pede a convocação de uma Conferência de Solidariedade da SADC com o Sahara Ocidental.

A cimeira que encerrou os seus trabalhos no passado dia 20 de Agosto em Pretoria, República da África do Sul, expressou a sua preocupação pelo facto do colonialismo no continente não ter ainda sido erradicado.

Segundo o comunicado final publicado após o termo da cimeira, os resultados serão comunicados à Comissão da União Africana.

A XXXVII Cimeira Ordinária da SADC advogou a promoção da industrialização e de construção de infraestruturas na África Austral.

A SADC, fundada em 1980, é um grupo regional integrado por 15 Países: Angola, Botsuana, Lesoto, Madagáscar, Maláui, Maurício, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia, Zimbabué, África do Sul, República Democrática do Congo e Ilhas Seychelles. In “Sahara Ocidental Informação”

Lançamento do livro “Uma Biblioteca contra o Inferno”

Em 1941, a Europa e Portugal viviam um dos períodos mais negros da sua história, a primeira envolvida numa guerra que matará milhões de pessoas e deixará um rasto de destruição sem paralelo e o segundo mergulhado na longa noite do fascismo de onde só emergirá a 25 de Abril de 1974.

Nesse mesmo ano, Bento de Jesus Caraça, então professor de matemática e conhecido intelectual com ligações ao PCP, fundava a Biblioteca Cosmos, uma colecção de divulgação cultural e científica sem paralelo no país. Com um milhão de exemplares vendidos entre 1941 e 1948, num país em que a taxa de analfabetismo rondava os 70%, a Biblioteca Cosmos será uma resposta possível ao inferno que então se vivia.

O lançamento do livro “Uma Biblioteca contra o Inferno” da autoria de João Oliveira Duarte será no dia 04 de Setembro, pelas 19H, no Espaço Cultural Cinema Europa, em Campo de Ourique, Lisboa. A apresentação contará com a presença do Dr. Carvalho da Silva, antigo dirigente da CGTP. “Ego Editora”

"Há quem acredite (...) que ainda existem intelectuais e que os livros ainda podem mudar o que quer que seja (...). Acho que quem acredita nisso se encontra verdadeiramente equivocado."

João Oliveira Duarte vai lançar no próximo dia 04 de Setembro em Campo de Ourique o livro "Uma Biblioteca contra o Inferno", no qual descreve o extraordinário legado de Bento de Jesus Caraça, intelectual pouco conhecido da maioria dos portugueses, mas cujo trabalho foi bastante relevante nos tempos obscuros do Estado Novo.

Estivemos à conversa com o autor para percebermos melhor quem é e o que o move no mundo da literatura.

1 - Para quem não o conhece, quem é o João Oliveira Duarte?

Nasci em Lisboa, estudei Direito durante alguns anos mas acabei por fazer o curso de filosofia na Universidade de Lisboa. De momento, estou a fazer o doutoramento em História de Arte na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.

2 - Sempre teve a ambição de publicar um livro, neste caso, um ensaio?

Nunca tive ambição de publicar o que quer que seja. O pouco que fui publicando aqui e ali deveu-se a obrigações académicas – hoje só sobrevive na academia quem obedecer a critérios nada inteligentes de produtividade – ou então a pequenos gostos de origem inconfessável.

3 – O que o levou a escrever sobre o Bento de Jesus Caraça?

É uma história algo comprida, que começa com uns textos para uma revista literária da qual não tenho especial orgulho – fui director-adjunto enquanto durou e felizmente durou pouco. Depois de acabar a revista, perguntaram-me se não queria aprofundar aqueles pequenos textos que nunca chegaram a ser publicados.

4 – Qual o impacto que acha que este livro poderá ter na sociedade portuguesa?

Há uma pequena conversa entre Michel Foucault e Gilles Deleuze em que o eclipse da figura do intelectual é desenhada e as suas consequências retiradas. Esta figura, que começa com Zola e o caso Dreyfus, no século XIX, e que acaba com Jean-Paul Sartre em 1980, faz parte de uma “atmosfera”, chamemos-lhe assim, em que os livros ainda tinham alguma forma de impacto, mesmo que fosse, muitas vezes, de forma equivocada. Parece-me que com o fim da figura do intelectual, a possibilidade desse impacto desapareceu. Há quem acredite no contrário, que ainda existem intelectuais e que os livros ainda podem mudar o que quer que seja – jornalistas, acima de tudo, cheios de boa vontade. Acho que quem acredita nisso se encontra verdadeiramente equivocado.

5 – Qual a sua ambição literária, até onde se imagina ir?

Não tenho nem nunca tive qualquer tipo de ambição literária. Mas acho interessante a sobrevivência de umas certas características da “função autor”.

6 – Que autores o inspiram?

Num trabalho como este a inspiração não tem lugar. A filosofia, a crítica e o ensaio, contrariamente à literatura e à arte, não têm nem nunca tiveram musas. Chegam sempre depois, após estas terem abandonado o local do crime. Mas há “diálogos”, apesar de não gostar muito desta palavra. Neste texto em concreto, é inegável a presença de Michel Foucault e de Jorge Luis Borges, num primeiro momento, um conjunto de autores (Schiller e Marx, por exemplo) em que a questão da antiguidade é colocada e, por último, uma peça atribuída a Ésquilo. Acima de tudo, e descontando a óbvia presença dos escritos de Bento de Jesus Caraça, tentei que diversos textos interviessem de forma local ao longo do livro, convocados por questões precisas.

7 – Tem planos para próximos títulos?

Havia o plano de publicar uma versão modificada da tese de mestrado. Mas como é um texto já antigo onde, apesar de concordar ainda com as teses gerais, há um certo tom e estilo no qual já não me revejo, terei de decidir se está publicável ou não. Isto, acrescido do facto de se publicar demasiado em Portugal, deixa-me, no mínimo, relutante. "Ego Editora"

domingo, 27 de agosto de 2017

A vida toda















Vamos aprender português, cantando


Quando o nosso filho crescer
eu vou-lhe dizer
que te conheci num dia de sol
que o teu olhar me prendeu
e eu vi o céu
e tudo o que estava ao meu redor
que pegaste na minha mão
naquele fim de verão
e me levaste a jantar
ficaste com o meu coração
e como numa canção
fizeste-me corar

Ali
eu soube que era amor para a vida toda
que era contigo a minha vida toda
que era um amor para a vida toda.

Ali
eu soube que era amor para a vida toda
que era contigo a minha vida toda
que era um amor para a vida toda.

Quando ele ficar maior
e quiser saber melhor
como é que veio ao mundo
eu vou lhe dizer com amor
que sonhei ao pormenor
e que era o meu desejo profundo
que tinhas os olhos em água
quando cheguei a casa
e te dei a boa nova
e que já era bom ganhou asas
e eu soube de caras
que era pra vida toda

Ali
dissemos que era amor para a vida toda
que era contigo a minha vida toda
que era um amor para a vida toda.

Ali
dissemos que era amor para a vida toda
que era contigo a minha vida toda
que era um amor para a vida toda.

Quando ele sair e tiver
a sua mulher
e quiser dividir um tecto
vamos poder vê-lo crescer
ser o que quiser
e tomar conta dos nossos netos
um dia já velhinhos cansados
sempre lado a lado
ele vai poder contar
que os pais tiveram sempre casados
eternos namorados
e vieram provar

Que ali
vivemos um amor para a vida toda
que foi contigo a minha vida toda
que foi contigo a minha vida toda

Que ali
vivemos um amor para a vida toda
que foi contigo a minha vida toda
foi um amor para a vida toda

Foi um amor para a vida toda


Carolina Deslandes - Portugal


sábado, 26 de agosto de 2017

UCCLA - 3.ª edição do Prémio Literário UCCLA - Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa



Estão a decorrer, até ao dia 31 de janeiro de 2018, as candidaturas à 3.ª edição do Prémio Literário UCCLA - Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa.

O Prémio Literário UCCLA - Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa tem como objetivo estimular a produção de obras literárias, nos domínios da prosa de ficção (romance, novela e conto) e da poesia, em língua portuguesa, por novos talentos escritores.

Trata-se de uma iniciativa conjunta da UCCLA, Editora A Bela e o Monstro e Movimento 2014, que conta com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa.

A participação na presente edição deverá ser feita até às 24:00h do dia 31/01/2018, por correio eletrónico, para o endereço premioucclaterceiraedicao@gmail.com

São admitidas candidaturas de concorrentes que sejam pessoas singulares, de qualquer nacionalidade, fluentes na língua portuguesa, com idade não inferior a 16 anos. No caso dos menores de 18 anos, a atribuição de prémios ficará sujeita à entrega de declaração de aceitação pelos respetivos titulares do poder paternal. UCCLA


Constituição do Júri:

António Carlos Secchin, Brasil
Germano de Almeida, Cabo Verde
Inocência Mata, São Tomé e Príncipe
Isabel Pires de Lima, Portugal
José Luís Mendonça, Angola
José Pires Laranjeira, Portugal
Biblioteca Nacional do Brasil
Rui Lourido, representante da UCCLA
João Pinto de Sousa, representante da Editora A Bela e o Monstro

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Internacional – Porta-contentores de quase 400 metros cruza novo canal do Panamá

CMA CGM Theodore Roosevelt tornou-se o maior navio a cruzar o Canal do Panamá ampliado

O porta-contentores com capacidade para 14855 TEU poupou mais de 21 mil toneladas de emissões de CO2 face a uma travessia pelo Cabo da Boa Esperança, diz a Autoridade do Canal do Panamá.

No passado dia 22 de Agosto, o porta-contentores Neopanamax CMA CGM Theodore Roosevelt, com capacidade para 14855 TEU, tornou-se o maior navio a cruzar o Canal do Panamá depois da sua expansão.

O navio mede 365,9 metros de comprimento, o equivalente a duas Grandes Pirâmides, quatro Big Bens ou oito Estátuas da Liberdade, medidas de ponta a ponta. Começou a viagem em Xangai, na China, e o seu percurso inclui escalas na Costa Leste dos Estados Unidos (Norfolk, Savannah e Charleston), além do porto de Nova Iorque e Nova Jersey.

Segundo a Autoridade do Canal do Panamá (ACP), com esta travessia, o navio poupou 21561 toneladas de emissões de CO2 face à travessia pelo Cabo da Boa Esperança. Em comunicado, a ACP sublinhou ainda que o primeiro ano da utilização do Canal do Panamá ampliado significou uma redução de 17 milhões de toneladas em emissões de CO2, graças à diminuição da distância a percorrer pelos navios e ao aumento da capacidade de transporte que a infra-estrutura veio permitir. In “Jornal da Economia do Mar” - Portugal

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Macau - Celebrar Pessanha, a poesia e a criatividade

O edifício do Antigo Tribunal vai ser palco, no início de Setembro, de um evento que reúne conferências, exposições e lançamentos de livros em celebração dos 150 anos do nascimento de Camilo Pessanha. Carlos Morais José, o organizador, pretende que o evento se paute por uma componente “literária e artística”, não apenas para celebrar o “mais ilustre português que passou por Macau” mas também para fomentar novos talentos



O Edifício do Antigo Tribunal será palco do evento “Camilo Pessanha – 150 anos”, uma comemoração do escritor português que viveu e morreu em Macau. “A opção aqui foi fazer uma celebração com uma componente mais literária e artística, portanto, menos académica, até porque vai haver um congresso sobre Camilo Pessanha organizado pelo Instituto Politécnico de Macau que vai focar-se nessa componente”, explicou Carlos Morais José, director do jornal Hoje Macau, organizador do evento, ao Jornal Tribuna de Macau.

Para tal, foram convidados escritores e artistas plásticos. “Vêm escritores como Amélia Vieira, António Cabrita, Paulo José Miranda, Valério Romão, António de Castro Caeiro, António Falcão e Pedro Barreiros”, indicou o mesmo responsável, frisando que todos abordarão questões diferentes relacionadas com o autor em destaque.

Além disso, serão lançadas várias obras. “Vamos começar no dia 31, no Consulado-geral de Portugal, com o lançamento de uma nova edição da “Clepsidra” de Camilo Pessanha, em português e, no dia seguinte, dia 1, vamos ter o lançamento da “Clepsidra”, em chinês, já no Antigo Tribunal”, explicou Carlos Morais José. “Depois vamos lançar mais livros que são “O Exorcismo”, de José Drummond, “Abril”, de Amélia Vieira e “Karadeniz - Entrevista com um Assassino”, de Paulo José Miranda”.

“Estas pessoas vêm cá e entendo que ao celebrarmos Camilo Pessanha devemos também celebrar a poesia e a criatividade e não estarmos só a falar do passado porque também interessa que as celebrações sejam um pretexto para a erupção de novos talentos e novos livros”. “Interessa-me não só falar de Camilo Pessanha mas que ele seja uma inspiração para hoje em vez de ser remetido para o passado”, defendeu o organizador indicando que será ainda lançada uma nova obra de Rui Cascais intitulada “Returning Home Dirty With Light” e o livro “Morri”, de António Falcão.

Apesar de se afastar do campo académico, a iniciativa inclui conferências que “são sobretudo sobre poesia e literatura”. “As pessoas não se vão cingir a Camilo Pessanha, vão ultrapassar isso e vamos falar da questão da literatura hoje”, sublinhou Carlos Morais José.

Por outro lado, o evento inclui várias exposições. “Existe uma exposição colectiva de artes plásticas” subordinada ao tema “Pessanha – A última fronteira” e haverá uma mostra de fotografia de António Falcão que se chama “Cleptocronos”, além de uma mostra no Instituto Português do Oriente também subordinada ao escritor, que vem do Camões – Instituto de Cooperação e Língua, em Portugal.

O evento inclui ainda uma visita à campa do autor. “No dia 7 [de Setembro], exactamente data do aniversário de Camilo Pessanha, vamos fazer uma romagem ao Cemitério pela manhã, seguida de um almoço com a família sobrevivente de Camilo Pessanha, com o apoio da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC) porque eles são sócios”.

No mesmo dia decorre a sessão de encerramento, às 18:30, no Antigo Tribunal, e um jantar de gala na Residência Consular.

No campo artístico, está ainda a ser preparada uma exposição chamada “Macau no tempo de Camilo Pessanha:1894 – 1926”, com o apoio e patrocínio da Associação de Promoção da Instrução dos Macaenses. Por outro lado, o Largo do Senado, o Jardim Triangular e o Albergue da Santa Casa da Misericórdia vão ser a “casa” de três esculturas assinadas por Carlos Marreiros.

A integração de outros tipos de arte além da literatura no evento dedicado a Camilo Pessanha faz sentido, entende Carlos Morais José, quanto mais não seja porque “a literatura e a pintura sempre estiveram juntas”. “Existe um manancial de obras de Pessanha que têm inspirado bastantes artistas. A literatura e a pintura são muito próximas”, frisou o organizador.

Além disso, a vinda de mais artistas dá “uma dimensão maior às próprias celebrações porque Camilo Pessanha merece que se faça isto”. “Enquanto cidadãos de Macau temos algum dever de lembrar estas figuras que nos antecederam e Camilo Pessanha é talvez o mais ilustre português que alguma vez passou por Macau”, defendeu Carlos Morais José. Inês Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

Sobre o evento “Camilo Pessanha – 150 anos” poderá aceder a mais informação no jornal Hoje Macau


Moçambique – PIB apresentou no segundo trimestre de 2017 uma variação positiva de 3,0% face ao homólogo do ano anterior

A economia cresceu 3,0% no II Trimestre de 2017, comparativamente ao II trimestre de 2016

O produto Interno Bruto resgistou no segundo trimestre de 2017 um crescimento de 3,0%, relativamente a igual período de 2016 (Gráfico 1.1).

A série com ajuste sazonal mostra que a actividade económica no segundo trimestre cresceu 1,0% em comparação com o trimestre anterior.




Análise sectorial

O desempenho da actividade económica no trimestre em análise, é atribuído em primeiro lugar ao sector primário que cresceu 9,5% (Gráfico 1.2), justificado pela variação positiva em cerca de 59,4% apresentada pelo ramo da Indústria de extracção mineira. O sector terciário, ocupando a segunda posição, teve também um desempenho positivo de cerca de 3,1% destacando-se os ramos dos transportes, armazenagem e actividades auxiliares dos transportes e Informação e comunicações com uma variação conjunta de cerca de 5,9%. O sector secundário registou um decréscimo na ordem de 9,9%.


Para mais informações aceda aqui. Instituto Nacional de Estatística - Moçambique

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Angola - “Cair como um patinho”, num pântano ainda por secar

Numa dessas manhãs, concentrado sobre as teclas do meu lap top, para escrever alguma coisa, o telemóvel vibra e do outro lado me chamam de Domingos Florentino, meu heterónimo como autor de alguma poesia e ficção. Anunciam-me um convite para levantar na União dos Escritores Angolanos, associação de que sou membro, desde os anos 90 do outro século. Era para me juntar, no dia seguinte, a outros homens de cultura e artes, sem cores partidárias, para ouvir uma palestra do candidato João Lourenço, sobre o programa do MPLA para esse sector.

Entro em alguma perplexidade (vou ou não vou?) porque desde 2009, que através de uma carta aberta, dirigida ao então Secretário-Geral do MPLA, suspendi a minha actividade política dentro do partido, para me dedicar a um discurso de apelo nacional à moderação. Algo que eu via cada vez mais a afastar-se das práticas do Estado, cada vez mais entregue aos desígnios pessoais do Presidente José Eduardo, com o MPLA cada vez mais transformado num mecanismo de aplausos a tudo, desde o mais ou menos aceitável ao mais absurdo possível. Com todas as vias do diálogo interno cortadas, a não ser por via de mensagens cínicas e algumas a tocar as raias do sinistro.

Durante todo esse período contornei a pressão de convites à mudança de clube partidário ou à criação de uma organização político-partidária pessoal. Porque achei estar a ocupar o espaço que mais se ajustava a mim próprio, em relação a um serviço que os mestres da Igreja Cristã chamam de “bem comum”. Que outros continuassem a ocupar os outros espaços. A perplexidade vinha, pois, do facto de que não está ainda claro se estamos, efectivamente, a sair do quadro que determinara a minha decisão. E, havendo na anunciada actividade, um lado de natureza cívica, havia também a vertente estritamente partidária e apelativa ao voto para um candidato e respectiva lista, nestas eleições que serão ainda “atípicas”, infelizmente. Porém, tendo já passado, há muito, a idade do “to be or not to be”, mais adequado a certos naturais radicalismos juvenis – não fosse eu considerado um inveterado obstinado de causas estéreis – consulta aqui a um confrade em situação similar, consulta acolá a um familiar ou amigo, foi desfeita a perplexidade e lá fui.

Tudo começou da melhor maneira. Sentar-se ao lado do gigante Pepetela, do velho confrade Jacques dos Santos e do mais jovem Luís Fernando, mas tudo de forma espontânea; matar “idosas” saudades, reencontrando antigas beldades do Cremlim, na sua persistente beleza e simpatia; aqui um abraço do grande Lamartine, acolá do Carlos Baptista e sentir arrepios recordando a canção-poema “Enquanto Espero”; chocar, num corredor, com um cronista de 7 costados como o Ismael Mateus; ouvir pedaços da obra inolvidável do Santocas, mas rezar para que não venham incendiar novas pradarias, 4 décadas depois da sua relativa utilidade, etc., etc. Ouvir o discurso político do candidato, bem colocado e adequado à circunstância; depois, desagradar-se um pouco com aquela sectarização partidária de homens de arte e cultura que deviam pertencer a todos, mas pensar que são coisas de se esperar e que, dificilmente, se poderiam excluir do risco assumido, pois, poderia ser pior. Não dizem alguns (antiguidades!) que em campanha eleitoral (ou, pior, em política) vale tudo?

Mas esperem, leitores, que é isso mesmo que vai acontecer comigo, no fim de tudo, quando terminar a tesourada sobre o trabalho de jornalistas dos meios públicos e meios privados de comunicação cujos donos são os mesmos que mandam (e muito mal!) nos meios públicos, que por essa arte mágica vão conseguir transformar o ontem crítico construtivo de um regime, que se pensa estar no fim, num vulgar bajulador do presidente cessante. A quem ainda ontem, sem lhe retirar os méritos devidos, nunca se coibiu de apontar a gravidade dos mais do que públicos e notários factos e consequências, especialmente, dos últimos 15 anos.

Durante as entrevistas, adivinhei, levemente, o que poderia acontecer, mesmo depois de me jurarem por todos os santos, na terra e nos céus, que desta vez não aconteceria, nem pouco mais ou menos aquilo de que “os outros se têm, injustamente, queixado”, quando me apercebi da raivosa vontade de me sacarem elogios, completamente fora do contexto em que nos encontrávamos, ao Presidente dos Santos. Porém, na dimensão em que a cirurgia foi feita, especialmente na TPA, era de parar o coração, se o não tivesse ainda suficientemente forte, graças a Deus. Caíra “como patinho”, num pântano que julgava já estar seco.

Mas a pesar disso, houve ainda uma coisa extremamente positiva. Um encontro breve de saudação muito cordial, da iniciativa do candidato João Lourenço, que só não tenho encontrado, de algum tempo a esta parte, pelas responsabilidades enormes que tem assumido e por vivermos nesta floresta densa que se chama Luanda. Como não encontrar-me com um companheiro de longas jornadas de trabalho de partido, que nos tornaram amigos como irmãos? Se eu me encontro, com toda a naturalidade, com líderes e amigos de outros partidos? Deus me livre deste tipo de sectarismo, se sempre continuei com o meu coração aberto, mesmo ao Presidente dos Santos de que ainda espero o apoio a quem ganhar, seja de que partido for, para a consolidação da harmonia nacional, na sequência da obra positiva que se lhe atribui com toda a justeza, neste domínio!

Assim como “nem só do pão vive o homem”, como diz a Bíblia Sagrada, espero que cheguemos, rapidamente, ao dia em que possamos dizer: nem só de ganhar eleições depende a nossa felicidade que também depende da felicidade daquelas que as percam. O mesmo que dizer: não faças aos outros o que não gostarias que fizessem a ti. Marcolino Moco – Angola

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Marcolino José Carlos Moco – 
Nasceu em Chitue, Município de Ekunha, Huambo a 19 de Julho de 1953Licenciado em Direito, mestre em Ciências Jurídico-Políticas pela Universidade Agostinho Neto e doutor em Ciências Jurídico-Políticas na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Advogado, Consultor, Docente Universitário, Conferencista. Primeiro-ministro de Angola, de 2 de Dezembro de 1992 a 3 de Junho de 1996 e Secretário-Executivo da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – de 1996 a 2000. Governador de duas províncias: Bié e Huambo, no centro do país, entre 1986 e 1989, Ministro da Juventude e Desportos, 1989/91.