Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 31 de dezembro de 2017

Dez anos
















Vamos aprender português, cantando


Corre Nina
a casa da praia
foi tempo de uma flor sem tempo
de uma geração

Dia a dia a marcha da vida
foi um amor sem palavras
chuvas de verão
diz-me onde é que tu moras
diz-me o que fazes depois do adeus

Um encontro
um cantar de amigos
aplausos ou desprezo para o cantor
a cantiga é quando um homem quiser
e eu já sei que deve ser cantiga de amor

hoje canto com quadras à solta
deito a semente na terra lavrada

Dez anos é muito tempo
muitos dias, muitas horas a cantar
dez anos é muito tempo
deste tempo inteiro que eu vos quero dar

Em Lisboa, menina e moça
do meu canto de esperança nasceu a Nini
e agora, que eu canto e sei porquê
é por isso que gostava de vos ver aqui.

Dez anos é muito tempo
muitos dias, muitas horas a cantar
dez anos é muito tempo
deste tempo inteiro que eu vos quero dar

Dez anos é muito tempo
muitos dias, muitas horas a cantar
dez anos é muito tempo
deste tempo inteiro que eu vos quero dar

Dez anos é muito tempo
Dez anos é muito tempo
Dez anos é muito tempo
Dez anos é muito tempo


Paulo de Carvalho - Portugal



sábado, 30 de dezembro de 2017

Moçambique – Infraestruturas na província da Zambézia vão avançar

Para permitir a construção da linha férrea Moatize-Macuse e o porto de águas profundas de Macuse, na província da Zambézia, os accionistas da Cornelder Quelimane, S.A. e o Governo rescindiram, por mútuo acordo, o contrato de concessão do Porto de Quelimane, celebrado a 24 de Julho de 2004.

Com efeito, a Cornelder Quelimane, S.A. vai proceder à devolução de todos os bens da autoridade concedente, nomeadamente infraestruturas, edifícios e equipamentos móveis entregues no início da concessão.

Na sequência desta devolução, proceder-se-á à liquidação e dissolução da Sociedade Cornelder Quelimane.

A rescisão, antecipada e por mútuo acordo do contrato de concessão do Porto de Quelimane, foi aprovada pelo Conselho de Ministros, reunido em sessão ordinária, no dia 19 de Dezembro de 2017.

Entretanto, o Porto de Quelimane continuará a realizar, normalmente, as suas operações ao longo do processo de devolução, estando as equipas técnicas da empresa CFM e da Cornelder de Moçambique a trabalhar no sentido de assegurar que a transição seja absolutamente rigorosa e no interesse das partes, incluindo a salvaguarda dos direitos e interesses da força de trabalho.

Importa realçar que o projecto do Porto de Macuse, aprovado pelo Governo em 2014, localiza-se no distrito de Namacurra, a cerca de 40 quilómetros do Porto de Quelimane e foi projectado para manusear as mesmas cargas que o Porto de Quelimane actualmente manuseia. Devido à sua proximidade geográfica, os dois portos terão necessariamente de partilhar o mesmo limitado mercado.

O porto de águas profundas, com capacidade para receber navios até 80 mil toneladas, permitirá transportar materiais para a construção da linha de caminho-de-ferro que futuramente ligará Macuse a Moatize. In “Fim de Semana” - Moçambique

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Portugal – Gaios ajudam a reflorestar

Ambientalistas acreditam que o gaio-comum poderá ser um dos aliados na reflorestação dos 440000 hectares que este ano foram arrasados pelos incêndios em Portugal

Com o nome científico de “Garralus glandarius”, o gaio-comum é uma ave habitual nas florestas da Península Ibérica que se destaca pelos seus tons azuis e acinzentados e tem a particularidade de comer determinados frutos, como bolotas ou castanhas, que guarda sob a terra para ter alimentos ao longo de todo o ano. É precisamente esta característica que a associação ambientalista portuguesa “Montis” quer aproveitar, desenvolvendo uma campanha de “crowdfunding” para obter fundos.

No final de Novembro, a associação lançou a campanha para arrecadar dinheiro que será usado para comprar as bolotas necessárias para os gaios-comuns procederem ao reflorestamento indirecto de carvalhos nos montes arrasados pelas chamas, explicou à agência EFE uma das suas responsáveis, Isabel dos Santos.

Os gaios armazenam bolotas num raio mínimo de cinco quilómetros para posterior consumo. Em apenas um Inverno, um gaio pode esconder no solo entre 3000 e 5000 bolotas que, depois, podem ser potenciais carvalhos, sobreiros ou azinheiras. De acordo com Isabel dos Santos, muitas dessas bolotas que escondem são esquecidas pelos próprios pássaros e acabam por germinar.

Estes pássaros costumam utilizar inclusive as cotilédones de ditos rebentos – sem prejudicar o crescimento da planta – para alimentar as suas crias durante a Primavera.

Desta forma “utilizaremos processos naturais para o processo de expansão dos carvalhos, mediante o comportamento de uma espécie de ave que possibilita uma sementeira muito barata”, defendeu a especialista da “Montis”.

Para isso, a associação vai colocar bolotas em diferentes tabuleiros de madeira em zonas altas (inacessíveis para os roedores que também comem bolotas). Antes disso, os ambientalistas vão assegurar que os gaios-comuns habitam nas zonas próximas aos locais incendiados.

A associação vai iniciar esta iniciativa em várias zonas da região Centro de Portugal muito prejudicadas pelos fogos, como a Serra de Arada, Serra de Freita e na comarca de Caramulo.

No início do Outono chegaram a colocar um primeiro tabuleiro com bolotas para que fossem recolhidas pelos gaios-comuns, mas foi engolido pelas chamas durante a onda de incêndios que queimou milhares de hectares no país. Tendo em conta que o gaio-comum é capaz de transportar frutos como as bolotas por distâncias superiores a 100 quilómetros, esta é uma das melhores opções para a propagação natural deste tipo de sementes, considera a “Montis”.

Nos últimos meses, uma das prioridades de Portugal tem sido o reflorestamento das florestas ardidas mediante árvores autóctones que, ao contrário dos pinheiros e eucaliptos (mais rentáveis), não favorecem a propagação dos incêndios. Para os especialistas, o reflorestamento das florestas lusas com carvalhos e sobreiros é a melhor opção, comparativamente ao pinheiro preto e o eucalipto, espécies que não favorecem a biodiversidade e são aliados dos incêndios.

Voluntários e entidades ambientalistas também iniciaram a iniciativa “Semear Portugal por Via Aérea”, que consiste em lançar sementes desde aeronaves para reflorestar os montes queimados de zonas como a Serra da Estrela. In “Jornal Tribuna de Macau”

Macau - Feira do Carmo oferece gastronomia em ambiente português

Até ao final de Janeiro, os visitantes da zona da Rua do Cunha têm ao seu dispor uma maior oferta gastronómica, no âmbito da Feira do Carmo. Além de fazer sentir água na boca, o evento também enche o olho, pois os petiscos são vendidos em barraquinhas inspiradas em pequenas casas portuguesas. Apesar dos participantes estarem confiantes na qualidade dos produtos, apelam a uma maior divulgação da feira para atrair mais clientes



Para além do bolo de amêndoa, bifanas e gelados de durian, quem passar pela zona da Rua do Cunha até ao final de Janeiro terá acesso a uma concentração de gastronomia local, vendida em casinhas coloridas de estilo português, montadas na Feira do Carmo.

Desde o primeiro dia de Dezembro, aderiram à feira 16 barracas de iguarias locais, organizadas pela Associação Industrial e Comercial de Macau. Apesar da feira funcionar entre o meio-dia e as 20h, muitos pais com crianças começam a concentrar-se na zona pelas 11h, ponderando as melhores combinações para o almoço.

Com o objectivo de dar maior visibilidade às marcas locais, na feira não faltam estabelecimentos com longa história e muita reputação, como a casa de sobremesas “Hang Heong Un”, cuja primeira loja abriu portas há mais de 50 anos na cidade. Cheang, funcionária da “Hang Heong Un” revelou à Tribuna que, embora existam várias lojas em Hong Kong, a empresa pretende agora aumentar a divulgação da marca em Macau, até porque vende sobremesas representativas do território.

“Aqui há uma variedade de doces, porém muitos não são conhecidos dos turistas”, apontou.

Em três semanas de funcionamento da Feira, foram vendidas centenas de caixas de sobremesas da célebre marca local. A sopa de amêndoa e as papas de noz são os produtos mais vendidos, indicou a idosa, expressando o desejo de voltar a divulgar produtos da loja neste evento, se houver uma nova edição no próximo Inverno.

Para além de sobremesas e comida, estão disponíveis várias barracas de venda exclusiva de bebidas, que atraem muitos clientes jovens e adolescentes, como é o caso da marca “Palácio Saudável”.

“Vendemos bebidas saudáveis únicas de Macau. Não temos uma loja física, mas recebemos encomendas. A marca foi criada há três anos e estamos a colaborar com mais de 20 restaurantes que encomendam os nossos produtos”, explicou Tai, ao colocar na mesa as garrafas de bebidas de cores distintas.

No início, o volume de clientes na feira era diminuto, notou, considerando que isso resulta da pequena dimensão do evento, que se realiza pela primeira vez. Com o reforço da divulgação e a adição de luzes e cartazes, Tai acredita que poderá ser aumentado o número de visitantes. A seu ver, mais iniciativas deste género podem contribuir para incentivar o dinamismo das indústrias culturais e criativas de Macau.

Segundo Tai, por dia, a barraca pode vender cerca de uma centena de garrafas. Como as bebidas são feitas com frutas secas e especiarias não conseguem despertar a atenção dos turistas ocidentais, mas cativam muitos clientes provenientes de Hong Kong, Taiwan, Singapura e Malásia.

Uma das barraquinhas que cativa mais atenção vende “galinha de infusão”. Neste prato, a galinha é cozinhada inteira num caldo de vegetais, que também é inserido no seu interior, deixando a carne macia e sumarenta.

Mostrando muita paciência e sorrisos, Nung, empregada deste “stand”, explicava os procedimentos deste prato a alguns turistas, tendo salientado que o espaço só vende “pratos especiais e únicos de Macau”. No menu, a Tribuna encontrou pratos com nomes audaciosos, incluindo “Um País, Dois Sistemas” e “Uma Faixa, Uma Rota” - o primeiro é um género de uma salada de batata, enquanto o segundo inclui carne e marisco.

À semelhança do estabelecimento anterior, Nung não estava muito satisfeita com o volume de clientes. “A parte principal da Rua do Cunha tem muitos turistas, mas aqui na Feira de Carmo não. Acho que muitos visitantes até não conhecem este espaço”, lamentou.

Por sua vez, Wong trabalha para a barraca “A1”, de um bar localizado no NAPE, cujos pontos fortes são petiscos e cerveja. Para Wong, esta parte da Taipa tem uma atmosfera nostálgica, reflectida em mais de um século de história, porém, muitos turistas param apenas na parte principal da Rua do Cunha. De qualquer modo, acredita que a feira contribuirá para animar a atmosfera da zona. Rima Cui – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Timor-Leste - Conciliação entre a República Democrática de Timor-Leste e a Comunidade da Austrália

A Comissão de Conciliação reuniu-se durante a semana de 11 de dezembro de 2017, em Singapura, com a República Democrática de Timor-Leste (“Timor-Leste”) e a Comunidade da Austrália (“Austrália”), e também com a Joint Venture Greater Sunrise. O propósito de tais encontros era analisar o progresso do caminho para o desenvolvimento dos campos de gás de Greater Sunrise e fixar um prazo para assinatura do tratado de fronteira marítima acordado entre os dois governos.

Estas reuniões fazem parte de um diálogo estruturado no âmbito da conciliação entre Timor-Leste e Austrália, conduzida por uma Comissão de Conciliação, nos termos da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e sob os auspícios do Tribunal Permanente de Arbitragem (“TPA”). No curso do processo de conciliação, as Partes chegaram a um acordo sobre o texto de um tratado que delimita a fronteira marítima entre ambos no Mar de Timor e aborda o estatuto jurídico do campo de gás de Greater Sunrise, o estabelecimento de um Regime Especial para Greater Sunrise, um caminho para o desenvolvimento do recurso e a partilha da receita resultante. Governo de Timor-Leste

Brasil - Delegação chinesa visita o Porto do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro – O Porto do Rio de Janeiro recebeu uma comitiva de chineses da Província de Fujian interessados em investir no Brasil. O ministro do Departamento de Transportes de Fuzhou (capital de Fujian) e outros representantes da Autoridade Portuária local conheceram as instalações portuárias da cidade. Os visitantes foram recebidos pelo superintendente de Relações Comerciais e Gestão de Contratos, Luiz Antônio Braga, e pelos funcionários Eduardo Miguez, Suzana Padilla, Ernesto Brito, Luiz Barbuda e Jorge William Mello.

A visita teve como foco conhecer a infraestrutura brasileira, bem como a logística e estrutura operacional do Porto do Rio relacionadas à movimentação e ao armazenamento de minério de ferro, madeira e grãos. A intenção é avaliar a possibilidade de estabelecimento de uma base entre o Porto do Rio de Janeiro e o Porto de Fuzhou, Fujian, China.

O gerente de Planejamento e Desenvolvimento Portuário, Eduardo Miguez, apresentou à comitiva as características e os dados estatísticos dos Portos do Rio, Itaguaí e seus terminais. Foram destacados o tipo de carga e o volume movimentado desde 2013 até 2016. Após a palestra, realizada no auditório da SUPRIO, o grupo fez uma visita interna aos terminais portuários. In “Porto do Rio de Janeiro” - Brasil

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Portugal – Investigadores revolucionam obtenção de compostos de lítio

Portugal é o 6º maior produtor de lítio a nível mundial, no entanto, é custoso e difícil extraí-lo. Tudo poderá mudar com uma investigação que envolve o Técnico



Portugal é o 6.º maior produtor de lítio a nível mundial. No entanto, o “lítio português” é, em grande parte, usado em aplicações cerâmicas, devido ao custo e à dificuldade em obter carbonato de lítio das reservas existentes no país, quando comparadas com os lagos salgados na América do Sul.

Uma equipa de investigadores do Centro de Estudos em Inovação e Políticas de Gestão, do Instituto Superior Técnico, do Centro de Recursos Naturais e Ambiente e do Laboratório Nacional de Energia e Geologia, desenvolveu um método simplificado de processamento dos minérios de lítio existentes em Portugal, contendo lepidolite proveniente da região de Gonçalo, na Guarda.

“Este método permite reduzir o consumo energético da extração de lítio do minério, tornando o processo mais eficiente e económico”, explicam os investigadores.

Nathália Vieceli, a aluna de doutoramento do IN+/IST que estudou o potencial deste novo método, sob orientação de Fernanda Margarido, do IN+, e de Fernando Durão, do CERENA, explica: “É uma técnica bastante simples: envolve moagem, digestão com ácido sulfúrico e lixiviação com água, permitindo produzir carbonato de lítio após algumas etapas de purificação”.

Relativamente aos benefícios deste novo método, a investigadora acrescenta: “Em termos de consumo energético, a diferença entre os dois métodos é muito significativa: entre os 900ºC a 1100°C no método tradicional, durante a calcinação, e as temperaturas do processo que desenvolvemos, que são no máximo de 150°C na fase da digestão com ácido”.

O novo método evita os gastos energéticos e os consequentes custos associados às altas temperaturas do método tradicional. Os investigadores acreditam que poderá tornar as fontes de lítio existentes em Portugal mais atrativas e competitivas. Almerinda Romeira – Portugal in “Jornal Económico”

China – Lançamento de índice para promover luta anti poluição

O Gabinete Nacional de Estatística da República Popular da China publicou o primeiro índice de províncias e regiões classificadas segundo o "PIB Verde", uma variável entre o crescimento económico e os compromissos locais na luta contra a contaminação ambiental



O município de Pequim, apesar da poluição atmosférica que afeta a cidade, é o melhor classificado das 31 subdivisões estudadas na primeira edição do índice que mediu os valores de 2016.

As províncias do Sudeste: Fujian e Zhejiang encontram-se em segundo e terceiro lugares respetivamente.

Em último lugar estão as regiões autónomas do Tibete e Xianjiang (oeste), onde os níveis de contaminação costumam ser menores, mas onde se vive em situação de maior pobreza.

O índice mede 56 variáveis como a eficiência no consumo de energia, as emissões de dióxido de carbono, a qualidade do ar, além de outras mais convencionais como o rendimento per capita ou o investimento na investigação e no desenvolvimento.

"A avaliação anual vai ajudar todas as regiões a melhorar o desenvolvimento ecológico", disse o diretor do organismo que coordena as estatísticas, Ning Jizhe.

O índice é elaborado a partir de dados obtidos pela Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento (órgão estatal de planificação económica), o Departamento de Informação do Partido Comunista e o Ministério do Ambiente.

Além do índice, o Gabinete Nacional de Estatística publicou também uma sondagem em que os cidadãos das várias regiões responderam sobre a situação do meio ambiente local.

Em contrataste com os resultados do "PIB Verde", na sondagem, Pequim situa-se em penúltimo lugar e o Tibete na primeira posição. In “TSF” – Portugal com “Lusa”

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Herzog e o romance dos deserdados

                                                            I

Cubatão, antes de virar o “vale da morte” que, além de crianças sem cérebro, aleijões anencefálicos ou aposentados com seus pulmões corroídos pelo câncer de tanto cheirar ares poluídos, já havia dado escritores do quilate de Afonso Schmidt (1890-1964). Mais recentemente, produziu poetas como Marcelo Ariel e agora tem o seu mais representativo romancista: o professor Manuel Herzog (1964), que profissionalmente atuou em seu parque industrial.

O primeiro romance de Herzog, Os Bichos (Santos, Editora Realejo, 2012), título que evoca Bichos (1940), de Miguel Torga (1907-1995), clássico da literatura portuguesa, já fazia uma alegoria do cenário político de Cubatão, enfocando a atuação de politiqueiros profissionais que carregam atrás de si uma legião de deserdados da sorte dispostos a defender o seu candidato em troca de alguns caraminguás ou de uma “boquinha” no serviço público. Nesse romance, o escritor compara os homens a animais, com uma visão bem mais favorável aos desta espécie.

Agora, com CBA – Companhia Brasileira de Alquimia (São Paulo, Editora Patuá, 2013), que obteve o Prêmio Facult de 2012 da Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Santos e foi semifinalista do Prêmio Portugal Telecom 2014, Cubatão se assume outra vez como cenário literário, mas, desta feita, como sede de uma indústria de química pesada que, nascida na emblemática data de 31 de março de 1964, está focada na produção da pedra filosofal, que seria um insumo básico destinado à exportação. Obviamente, tudo isto deve ser lido com os olhos da ironia.

Mas difícil é deixar de associar que a inspiração do autor não tenha vindo de uma empresa siderúrgica que fez nome à época do regime militar (1964-1985) ou de uma indústria multinacional que sempre fez no Brasil o que não lhe era possível no Primeiro Mundo, como descartar lixo químico em terrenos baldios que, mais tarde, seriam ocupados por novas legiões de deserdados.

Aliás, deserdados nunca faltaram em Cubatão e seus arredores. Primeiro, foram os trabalhadores que, nas décadas de 1940 e 1950, participaram da construção da Via Anchieta. Depois, os ex-operários que construíram a Rodovia nos Imigrantes, na década de 1970, e ocuparam os chamados bairros-cotas nas encostas da Serra do Mar ou as margens da nova estrada. Talvez os escravos que levantaram as pirâmides do Egito tenham tido um futuro de mais bem-aventuranças por tanto suor derramado...

É verdade que tudo foi feito em nome de um desenvolvimento a qualquer preço, como apregoava a propaganda fascista da época a respeito do Brasil Grande, em que se dizia que era preciso primeiro fazer o bolo crescer para, então, distribuí-lo, quando todos teriam um futuro promissor, como observa o poeta e escritor Ademir Demarchi no prefácio que escreveu para este livro. É certo que o bolo propagandeado pela utopia militarista cresceu, mas até hoje não foi dividido entre a população, que continua a morar em favelas nascidas à beira de rodovias, como o Rodoanel, ainda em construção, e que jocosamente são mais conhecidas como “o Brasil que vai pra frente”.

                                               II
Não imagine, porém, o afoito leitor que irá encontrar um romance com tinturas revolucionárias, à la Jorge Amado (1912-2001), em que os miseráveis são idealizados à espera de um cavaleiro da esperança que os venha redimir. Aqui, os pobres são também humanos, retratados por um pseudo-autor chamado de Poeta, que sabe bem que nada de grandioso se pode esperar da espécie humana, como já dizia o russo Fiodor Dostoievski (1821-1881).

Resignado com sua própria condição de proletário, o Poeta trabalha em “uma fábrica onde ninguém é companheiro de ninguém e um quer mais é fuder o outro”. Lá todos sabem que o mais esperto deles pôde chegar ao principal posto do governo da Nação, “comandando uma legião de Ph.Ds que sabiam menos que ele, governante maior, provando que escola boa é a da vida”.

Operário com veleidades de escritor, o personagem principal, espécie de alter ego do autor, procura reproduzir o idioma português arrevesado e vulgar que se fala nas fábricas da região Sul do País, mas não deixa de mostrar que é versado não só em clássicos nacionais, como Machado de Assis (1839-1908), como ainda em autores icônicos das últimas gerações, como o português Fernando Pessoa (1888-1935) e o alemão-norte-americano Charles Bukowski (1920-1994). 

Cínico com sua própria condição de proletário (“que ganha sete pau”), o personagem-narrador não disfarça que se aproveita do horário de trabalho para bate-papos intermináveis pela Internet ou para ouvir música brega ou, até mesmo, escrever este romance pós-moderno que surpreende por sua linguagem desabrida e desbocada, ainda que seja pretensamente a de um operário intelectualizado. 

Eis um exemplo: “Eu nunca fui nenhum ráquer. Pra falar a verdade, era bem limitado com essa coisa de informática. Mas o motor do mundo leva o homem a descobrir novas fronteiras. Nas madrugadas da fábrica, quando no turno de zero hora e a salvo de qualquer problema técnico que impeça as máquinas de fazerem o trabalho do homem, a solidão torna inevitáveis alguns artifícios: jogo de palitinho, livro, telefone, computador, punheta. A existência é insuportável, há que se matar o tempo. É o que me dizia o velho Chôpen, meu camarada. Schopenhauer, como os não-íntimos o conhecem. Matando o imortal tempo, no computador, aprendi a me virar nas salas de bate-papo. Adicionei amigas, fiquei amigo de mulheres que nunca vi, fiquei amigo de mulheres que só fui ver depois de ficar amigo. Admirável mundo novo, já dizia o Aldinho, meu bro. O Huxley, você deve conhecer. Não? Talvez no próximo ciclo da tua pós eles falem dele”.
  
Outro exemplo do texto dinâmico e descompromissado de Herzog: “Não vejo a hora de me aposentar. Quem trabalha de noite é buceta.” – esse era o velho Agenor, 59 anos, aos sessenta ia se aposentar compulsoriamente, política da fábrica. Um velho escroto, se deixassem ficava até morrer lá dentro, agarrado numa válvula, de onde teria que ser desgrudado a alicate, os dedos crispados do volante”.

Ou ainda: “(...) Chegou pegando pesado. Era o estilo dele. Marcos Carrascoza, diretor-presidente da companhia. O famoso pica-grossa. No bolso, uma caneta momblam tinteiro de grosso calibre, objeto que fazia jus ao título do dono. Na cabeça da caneta, uma estrela branca ratificava seu caráter fálico, dava a impressão de um início de gozo, uma babinha de porra saindo. Nem sempre ele estava aqui embaixo, passava mais tempo em São Paulo, onde se reportava aos caras com a pica mais grossa que a dele: os acionistas. Devia levar suas enrabadas também, razão pela qual eu contemporizava a sua maneira escrota de ser – as picas que o cu dele suportava eram mais rombudas que as que fustigavam nosso cu de peão. Mas, foi o que ele escolheu – quem não tem cu não contrata pica”.
  
                                               III
Nascido em Santos, mas criado em Cubatão, Manuel Herzog, formado em Direito pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), estreou com o livro de poemas Brincadeira Surrealista (1987). É autor também de Dec(ad)ência (romance, Patuá, 2016), Sonetos d’amor em branco e preto (poesia, 2016, Prêmio ProAC 2015), O evangelista (romance, Patuá, 2015) e A comédia de Alissia Bloom (poesia, Patuá, 2014), que ganhou o terceiro lugar do Prêmio Jabuti de Poesia. 

Foi finalista do Prêmio Sesc 2000 com o romance Amazônia. Coordena oficinas literárias em Santos, na Estação da Cidadania, pelo projeto Ponto de Cultura da Prefeitura local. Escreve semanalmente uma crônica literária na coluna Cais das Letras no site Cinezen: http://cinezencultural.com.br/site/. Adelto Gonçalves - Brasil


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CBA – Companhia Brasileira de Alquimia, de Manoel Herzog, com prefácio de Ademir Demarchi. São Paulo: Editora Patuá/Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Santos/Programa de Apoio Cultural 2012, 424 págs., 2013. E-mail: manoelherzog@gmail.com
www.editorapatua.com.br


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Adelto Gonçalves, jornalista, mestre em Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-americana e doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), é autor de Os Vira-latas da Madrugada (Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1981; Taubaté, Letra Selvagem, 2015), Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002), Bocage – o Perfil Perdido (Lisboa, Caminho, 2003), Tomás Antônio Gonzaga (Academia Brasileira de Letras/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2012), e Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo Colonial (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2015), entre outros. E-mail: marilizadelto@uol.com.br

Guiné Equatorial - Missão junto da CPLP: “Portugal é uma prioridade”



A Guiné Equatorial foi o último país a integrar a CPLP. Descobertos por um navegador português, consideram que esta integração foi um “regresso a casa”. Saiba mais sobre este país e o que pode representar para a lusofonia e para o mundo com Tito Mba Ada, embaixador da Guiné Equatorial em Portugal.

A Guiné Equatorial é um país de cerca de um milhão de habitantes. Conte-nos um pouco mais sobre o país e as suas principais atividades económicas.

A Guiné Equatorial é um pequeno país em extensão, mas com grandes ambições. Está geograficamente situada na África Central, por baixo do Equador. Temos fronteiras terrestres com os Camarões e Gabão e fronteiras marítimas com a Nigéria e São Tomé e Príncipe. É um país suis generis porque nele convivem pacificamente vários grupos étnicos. A Guiné Equatorial é um epicentro pois, para além dos seus grupos nativos, recebe cidadãos de vários países africanos e europeus. É, portanto, um país muito pacífico. A Guiné Equatorial conta, atualmente, com ligações aéreas das principais companhias mundiais, estando ligada a todo o mundo. Embora tenha sido considerada, até aos anos 90, como um dos países mais pobres do continente africano, a Guiné Equatorial, graças à descoberta dos seus recursos naturais e às decisões acertadas dos dirigentes, ocupa hoje um lugar privilegiado no contexto do mundo. É um país que deixou de ser apenas recetor de cooperação externa e passou a ser ele mesmo um grande contribuidor de cooperação mundial. No dia 4 de dezembro, o governo da Guiné Equatorial entregou um importante prémio Unesco, posto à disposição da comunidade internacional, que premeia a investigação em ciências naturais. Este ano foi especial, já que o vencedor foi um investigador português da Universidade do Minho, Rui Luís Gonçalves dos Reis. Além disso, a Guiné Equatorial está a fazer um grande contributo para a investigação em áreas como a malária e ébola. Não somos um país com muitos recursos, mas partilhamos os poucos que temos com a comunidade internacional. Fruto desse esforço na cooperação, a Guiné Equatorial vai ocupar, a partir de 1 de janeiro de 2018, o seu assento como membro não permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Economicamente é o terceiro maior produtor de petróleo de África e é o sexto país africano a tornar-se membro da OPEP. Além do petróleo e do gás, também tem boa madeira, um mar imenso e uma terra fértil. Esta é a Guiné Equatorial.

Em 2014 tornaram-se membros de pleno direito da CPLP. Que portas abriram essa conquista?

A Guiné Equatorial tornou-se oficialmente membro da CPLP na cimeira de Díli. Digo oficialmente porque a Guiné Equatorial foi descoberta por um cidadão português, Fernando Pó. Já nascemos lusófonos. Temos uma relação antiga com o mundo lusófono, uma relação bilateral direta com Portugal, portanto a entrada oficial na CPLP é simplesmente para nós um regresso a casa. Somos lusófonos e esse é um direito que ninguém pode mudar. A integração na comunidade também foi reforçada pelas excelentes relações de amizade e de cooperação que a Guiné Equatorial mantém com cada um dos estados-membros da CPLP. Com São Tomé e Príncipe temos históricas relações de amizade; com o Brasil temos assinado acordos de cooperação em vários domínios; Angola é um país irmão, tal como a Guiné-Bissau e Cabo Verde, com quem mantemos uma cooperação magnífica. O país que estava mais longe era Timor, mas a Guiné Equatorial conseguiu mobilizar várias visitas de estado entre os dois países para que possa haver uma cooperação mútua. Estes são sinais de que a Guiné Equatorial nasceu lusófona, é lusófona e continuará a ser um país membro de pleno direito da CPLP. É claro que por razões óbvias da colonização passamos a pertencer, na área política, a Espanha. Recebemos de Espanha muita cultura. O importante é celebrar esse triângulo com muitas potencialidades culturais, económicas e políticas, cujo epicentro é a Guiné Equatorial. Em África, somo o único país com três línguas oficiais: espanhol, francês e português, além de outras línguas nacionais. Um cidadão da Guiné Equatorial fala no mínimo quatro idiomas. É uma grande potencialidade.

A cooperação com Portugal já se fazia em áreas como a educação e a promoção da língua portuguesa. Que iniciativas foram desenvolvidas em prol destes dois temas?

Com Portugal precisamos de reforçar ainda mais a cooperação ao nível do ensino. A formação do capital humano é um dos principais objetivos do meu governo e cremos que Portugal tem boas condições para ajudar a Guiné Equatorial. É sabido que ninguém pode falar uma língua não materna em dois dias. A Guiné Equatorial integrou-se voluntariamente na CPLP e tomou a decisão de assumir a língua portuguesa como terceira língua oficial. Esta decisão está-se a implementar com determinação. O governo já está a cumprir a parte que lhe corresponde: já a declarou como idioma oficial; está a introduzir a língua nas escolas; os programas informativos da televisão e da rádio estão a ser transmitidos em português; a Universidade Nacional da Guiné Equatorial tem aulas em português; os políticos, começando pelo Presidente da República, estão a fazer os seus discursos em português. O país está a desenvolver esforços consideráveis para ser um difusor da língua portuguesa nessa parte do mundo, mas para isso precisamos da cooperação dos estados-membros. Estamos a tentar criar bolsas de estudo para os jovens, que são a garantia da integração, para que possam vir a Portugal estudar e falar com os seus homólogos o mesmo idioma. O setor agroalimentar, das pescas e da pequena indústria seriam setores a desenvolver, também com a cooperação portuguesa.

Os empresários portugueses já estão alertados para o investimento na Guiné Equatorial?

A Guiné Equatorial tem um programa de desenvolvimento que foi desenhado quando o país desenvolveu os recursos petrolíferos. O governo, tendo em conta as experiências do petróleo em diferentes países, convocou uma cimeira nacional e convidou parceiros bilaterais para ajudar a Guiné Equatorial a refletir sobre como gerir os recursos. Esta cimeira resultou num programa de desenvolvimento a realizar em etapas: a primeira etapa, que já terminou, prendia-se com a criação de infraestruturas. Não tínhamos estradas, não tínhamos um aeroporto condigno. Hoje temos cinco. Ainda há muito a fazer, mas estamos contentes com as infraestruturas criadas. A segunda fase destina-se a evitar a dependência do setor petrolífero. Queremos a diversificação da economia e, para isso, temos que criar novas fontes de crescimento. As prioridades são os setores marítimo e agroalimentar, nos quais Portugal também pode retirar vantagens. Portugal tem muita experiência nessas áreas e queremos que colabore e faça negócios na Guiné Equatorial. Acreditamos que os empresários portugueses já podem avançar para aproveitar as oportunidades que oferece este país.

Em termos da entrada no país, que exigências são feitas para se entrar legalmente na Guiné Equatorial?

Em diplomacia, impera a reciprocidade. A Guiné Equatorial já tem instalada uma missão diplomática em Portugal que está a oferecer serviços de todo o tipo aos cidadãos portugueses e aos cidadãos da Guiné Equatorial que residam em Portugal. Para obter o visto é simples, basta ter o passaporte válido, o boletim de vacinação internacional atualizado, o certificado de registo criminal e um seguro de viagem. Gostaríamos que Portugal também prestasse este mesmo apoio aos equato-guineenses. Infelizmente, a missão diplomática portuguesa na Guiné Equatorial ainda não pode conceder vistos, o que dificulta o programa de cooperação entre os dois países, o processo de integração e a livre circulação de pessoas.

Podemos dizer que a Guiné Equatorial é um país seguro?

Sim. A questão da segurança é uma prioridade para o meu governo. Um país que não tem paz é um país que não tem desenvolvimento. Fruto dessa estabilidade, a Guiné Equatorial, nos últimos anos, converteu-se no epicentro de grandes eventos internacionais. Organizámos a Cimeira da União, os Jogos Africanos, a cimeira com a União Europeia, a cimeira com os Países Árabes, a Cimeira ACP (Países de África, Caraíbas e Pacífico). Se não houvesse garantia de paz e estabilidade, esse tipo de eventos não se realizaria na Guiné Equatorial.

O turismo é uma atividade que já se destaca na economia da Guiné Equatorial? Já existem infraestruturas para corresponder à procura?

Estamos a trabalhar para que o turismo seja seletivo e estratégico. Temos uma biodiversidade incrível que já se encontra a ser estudada por universidades americanas. É um turismo de investigação. Não queremos um turismo massivo, mas sim com qualidade. Temos uma nova cidade que se chama Djibloho, no meio da natureza, com condições incríveis. Lá, o governo construiu uma nova universidade que vai receber estudantes de todo o mundo. Imaginem uma construção moderna de Lisboa, mas no meio no mato. Estamos a criar condições para abrir, paulatinamente, a Guiné Equatorial ao mundo.

Em que medida é que o processo de adesão da Guiné Equatorial a membro de pleno direito da CPLP foi delicado?

O processo foi delicado porque muitas pessoas não entendiam o regresso da Guiné Equatorial ao mundo lusófono e não sabiam a ligação natural que a une a Portugal. Mais tarde perceberam que a CPLP ganha mais com a integração da Guiné Equatorial: ganha espaço marítimo, ganha mercado internacional, ganha capacidade linguística. A CPLP fica numa posição privilegiada através da Guiné Equatorial. Algumas questões delicadas, como a questão da língua, foram julgadas sem conhecimento de causa. Outra questão delicada prendeu-se com a pena de morte. A Guiné Equatorial é um país com muito respeito pelos direitos humanos. Acabámos de realizar, pela primeira vez, três eleições ao mesmo tempo: senado, parlamento e autarquias. O relatório por parte da comissão de observação diz tudo: transparência. A Guiné Equatorial tem um programa chamado Ensaio Democrático. A democracia não é propriedade de nenhum estado e nenhum tem uma democracia perfeita. Estamos a copiar as boas práticas de uns e a evitar as más práticas de outros, sempre garantindo a paz. Graças a esse programa, todos os políticos da Guiné Equatorial pensam no desenvolvimento do país. A democracia está a avançar com pés firmes. Depois de muito tempo sob herança colonial, a Guiné Equatorial fez um referendo para instituir novas instituições democráticas no país. Antes não tínhamos Senado e agora temos duas Câmaras, não tínhamos Tribunal de Contas e agora temos para ajudar a controlar o Governo e a lutar contra a corrupção. Temos um Defensor do Povo, para acompanhar o cumprimento dos direitos de todos os cidadãos. Antes, o chefe de Estado podia desempenhar essa função eternamente. Agora, há limitação do mandato. Temos muitas mulheres a ocupar cargos importantes, sem descriminação de salário nem de acesso às oportunidades. Somos um Estado católico, que tem respeito pela morte. Não nos interessa a pena de morte, uma herança colonial. Antes de pertencer à CPLP, a Guiné Equatorial já estava a lutar contra a pena de morte com a outorgação de amnistia e concedendo indultos aos condenados. Tínhamos leis coloniais que previam a pena de morte, mas fazer parte da CPLP foi a melhor oportunidade para encontrar uma solução legal para fazer face a esse problema. E, por isso, foi adotada a Moratória, já que legalmente não era possível abolir a pena de morte. A abolição implica alterar a Constituição. Em 2012 fizemos um referendo, que é a expressão máxima para mudar a lei fundamental, e não é possível voltar a tocar, em tão pouco espaço de tempo, na Constituição. Por isso adotámos a Moratória, que na prática é o mesmo que a abolição. Já não se pratica a pena de morte na Guiné Equatorial. No entanto, o desafio continua, porque a ausência de acervo jurídico obriga-nos a trabalhar para que a pena de morte tenha leis alternativas nos diferentes códigos do país. Pedimos, assim, a Portugal apoio técnico nesta matéria, para que a Guiné Equatorial possa terminar a obra da melhor forma.

Para terminar, e visto que estamos no final de 2017, gostaria de deixar uma mensagem aos nossos leitores?

Neste mês de natal gostaria de agradecer a todos os empresários que estão a explorar o mercado da Guiné Equatorial e, sobretudo, gostaria de deixar uma palavra de encorajamento, para que continuem a viajar para Guiné Equatorial. Gostaria também de dizer aos meus compatriotas para que aproveitam as oportunidades que têm ao estar em Portugal. Quero agradecer também aos portugueses, ao presidente Marcelo Rebelo de Sousa e ao Governo de Portugal por me abrir as portas. Portugal é uma prioridade para Guiné Equatorial e sentimo-nos aqui como em casa. In “Revista Business Portugal” - Portugal

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Goa – Concurso de promoção de línguas

Joana Yee, aluna do 11º ano da Escola Portuguesa de Macau (EPM), viajou para Goa no mês passado para participar na competição “Kaleidoscope”, organizada pela Communicare Trust, uma organização vocacionada para a promoção de aprendizagem de línguas. Com a jovem foram também outras duas estudantes da mesma instituição, Leonor Silva e Teresa Senna Fernandes, acompanhadas por Henrique Caetano, docente do estabelecimento de ensino. As três jovens, divididas em duas equipas, venceram o primeiro e o terceiro lugar do concurso na vertente em língua portuguesa.

Em declarações ao Ponto Final, Henrique Caetano considerou ter sido cumprido o objectivo principal de “enriquecimento pessoal proporcionado pelo contacto com estudantes de língua portuguesa num contexto diferente do de Macau”: “Para além do concurso, a visita incluiu uma componente cultural com a visita a locais emblemáticos de Goa, nos quais a história local é também a história de Portugal, cruzando-se igualmente, por razões óbvias, com a história de Macau”, disse o professor.

O “Kaleidoscope” teve este ano a sua oitava edição dividida em cinco línguas: português, hindi, konkani, marathi e francês. Ao longo das várias eliminatórias os alunos tiveram que responder a perguntas de cariz cultural, desportivo e de cultura geral. O concurso foi filmado nos estúdios da Universidade de Goa com a presença de um público a quem, por vezes, era pedida ajuda para responder aos desafios. O programa vai ser transmitido no próximo mês num canal local da antiga capital da Índia Portuguesa. In “Ponto Final” - Macau

domingo, 24 de dezembro de 2017

Borboleta











Vamos aprender português, cantando


Borboleta pequenina que vem para nos saudar
venha ver cantar o hino que hoje é noite de natal
eu sou uma borboleta pequenina e feiticeira ando no meio das flores procurando quem me queira
borboleta pequenina saia fora do rosal
venha ver quanta alegria que hoje é noite de natal
borboleta pequenina venha para o meu cordão
venha ver cantar o hino que hoje é noite de natal
eu sou uma borboleta pequenina e feiticeira ando no meio das flores procurando quem me queira
borboleta pequenina saia fora do rosal 
venha ver quanta alegria que hoje é noite de natal


Marisa Monte - Brasil


Estrelas













Vamos aprender português, cantando


Tatanka (letra e música) – Portugal


Luísa Sobral - Portugal


sábado, 23 de dezembro de 2017

Cabo Verde - 2018 vai ser o ano da Economia Azul

Aquacultura: Ministro da Economia garante que 2018 vai ser o ano da produção de camarões em São Vicente

Cidade da Praia – O ministro da Economia e Emprego garantiu hoje que 2018 vai ser um ano em que vão resolver as questões dos transportes marítimos inter-ilhas e da produção de camarões em São Vicente, no âmbito da aquacultura.

José Gonçalves falava hoje, na Cidade da Praia, à margem da assinatura do protocolo entre a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e o Ministério da Economia e Emprego, em que a FAO disponibiliza um milhão de dólares ao Governo de Cabo Verde para a elaboração do Plano Nacional de Investimentos e preparação para a promoção da Economia Azul.

Segundo José Gonçalves, 2018 vai ser o ano da Economia Azul em muitos aspectos, não só em pôr em funcionamento o Ministério da Economia, que vai ficar reforçado com um secretário de Estado adjunto, Paulo Veiga, para que possa ter uma maior eficácia na implementação dos projectos.

Apontou ainda que, 2018 vai ser um ano em que vão resolver as questões dos transportes marítimos inter-ilhas e há toda uma nova dinâmica na área de aquacultura.

“Brevemente, segundo os promotores, pela primeira vez na história vamos ter produtos como camarões produzidos em Cabo Verde na zona de Calhau, em São Vicente, previsto para o primeiro trimestre”, sublinhou.

José Gonçalves, que a partir de 05 de Janeiro, passa a desempenhar o cargo de ministro do Turismo, Transporte e o ministro da Economia Marítima, terá a sede dos seus ministérios na Ilha de São Vicente.

O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, justificou essa mudança da sede para São Vicente, por ter nesta ilha tudo que é administração relacionada com a economia do mar, designadamente a Direcção Geral da Economia Marítima, o Instituto Nacional de Desenvolvimento da Pesca e pelo facto de ter um “forte empenho” no desenvolvimento do projecto da criação da Zona Económica Exclusiva para a economia marítima nesta ilha. In “Inforpress” – Cabo Verde

Cabo Verde – Inauguração de nova unidade de produção de farinha de peixe

Mindelo – A conserveira Frescomar prepara-se para inaugurar, no início de 2018, uma nova unidade de produção de farinha de peixe, destinada à exportação para a União Europeia (UE), num investimento que deve rondar os 2,5 milhões de euros.

Em declarações exclusivas à agência Inforpress, no Mindelo, o adjunto do presidente do conselho de administração da Frescomar e director de qualidade da empresa sediada em São Vicente, Manuel Monteiro, explicou que, apesar de a unidade se encontrar licenciada para funcionar, e com testes avaliados “100 por cento competentes pela autoridade nacional”, a inauguração só deve ocorrer após a obtenção da licença para exportação para a UE.

“Podemos dizer que ainda não inauguramos oficialmente a fábrica porque estamos a aguardar essa licença”, reforçou a mesma fonte pois, sintetizou, os testes já foram efectuados e a unidade funciona “em pleno”.

A fábrica inicialmente foi avaliada para um custo de 1,5 milhões de euros, segundo a mesma fonte, mas o montante deve alcançar os 2,5 milhões de euros devido, explicou, ao cumprimento de “todos os requisitos e normas” a nível internacional.

Para tal, avançou, foi necessário investir principalmente na emissão de gases, “pois há que evitar maus odores na emissão de gases”, e do tratamento de águas residuais e ambientais, e, assim, “garantir a qualidade” para exportar para a União Europeia.

“Hoje, uma fábrica de farinha de peixe suscita mais exigências do que uma fábrica alimentar, pois vai alimentar animais para depois alimentar pessoas”, lembrou Manuel Monteiro, sendo certo, pontificou, que a União Europeia deposita “muita atenção” nesse tipo de fábricas devido, sobretudo, “aos inúmeros problemas” surgidos na decorrência de doenças como vacas loucas e outras.

Com uma capacidade estimada de produção de 50 toneladas/dia, o responsável diz-se consciente, no entanto, de que, por enquanto, não há matéria-prima suficiente para abastecer essa capacidade instalada na nova fábrica.

“Podemos dizer que hoje temos uma fábrica nacional de produção de farinha de peixe com capacidade superior para suportar todo o subproduto gerado quer na Frescomar, como também na Cova de Inglesa e na Nova Plataforma de Frio”, concretizou o responsável pela qualidade da Frescomar, para quem esse “passo antecipado no futuro” é uma forma de “caminhar antevendo os problemas”.

A fábrica, totalmente automatizada, que ocupa uma área total de 11 mil metros quadrados, deve, ainda assim, empregar inicialmente cerca de 40 pessoas e vai “na linha dos compromissos” que a Frescomar assumiu com o Governo de Cabo Verde, desde a assinatura da convenção de estabelecimento da unidade fabril, em 2008.

Nessa altura ficou consagrado que um dos requisitos que a Frescomar tinha que cumprir era tratar os resíduos que iria produzir, ou seja, transformar o subproduto em farinha de peixe, o que “está concretizado”.

Questionado sobre a parceria que a Frescomar vinha mantendo com uma fábrica de ração, também sediada em São Vicente, e que já laborava no mercado, Manuel Monteiro escusou-se a avançar detalhes por, conforme disse, existir actualmente um litígio entre as partes, em resolução em instâncias próprias.

Contudo, avançou que havia “uma exclusividade que foi rompida”, mas que a Frescomar sempre no seu relacionamento com aquela unidade deixou claro que não ia intervir no mercado nacional.

“Estamos em litígio, mas não vamos sufocar o mercado, o nosso mercado principal é o de exportação, é a União Europeia”, concluiu o adjunto do presidente do conselho de administração da Frescomar.

A Frescomar, a maior exportadora do país, é uma sociedade anónima cabo-verdiano-espanhola que obteve certificado de empresa franca em Abril de 1997 para se dedicar à prática de transformação do pescado e sua comercialização, tendo a Europa como principal mercado.

Actualmente, “apesar de 2017 não ter sido tão favorável” à pesca nacional como em outros anos, estão empregados na unidade do Lazareto 1.300 pessoas, ou seja, um aumento de 1.100 para 1.300 empregos este ano. In “Inforpress” – Cabo Verde