Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Moçambique – Assinado acordo de ligação aérea com a Índia

Moçambique poderá estabelecer, brevemente, uma ligação aérea directa e regular com a República da Índia à luz do Acordo de Serviço Aéreo, assinado pelo Ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Fortes Mesquita e o Ministro da Aviação Civil da Índia, Ashok Gajapathi Raju, a 16 de Janeiro de 2016, em Nova Deli, Capital da Índia.


O acordo visa conceder às linhas aéreas dos dois países o direito de voar sem aterrar e fazer escalas nos territórios dos signatários, para além do direito de embarcar e desembarcar, tráfego internacional de passageiros e carga, incluindo o correio, separadamente ou em combinação.

Neste momento, as autoridades aeronáuticas dos dois países trabalham para a operacionalização do entendimento formalizado pelos governantes, podendo serem acordados detalhes sobre a rota e frequência dos voos, os operadores a serem designados para explorarem a rota, entre outros aspectos operacionais.

O Acordo de Serviço Aéreo vai permitir igualmente que as linhas aéreas de ambos os países procedam à venda de serviços aéreos e de seus produtos, serviços e facilidades relacionados no território da contra-parte, directamente ou através de seus agentes, bem como cooperação comercial na operação de aeronaves, combustível, óleos lubrificantes, suprimentos técnicos consumíveis, peças sobressalentes, incluindo motores, equipamentos normais de aeronaves e provisões de bordo.

De acordo com Carlos Mesquita, o acordo surge no âmbito do desejo de ambos os países de promover serviços aéreos internacionais entre os seus respectivos territórios.

“Moçambique e Índia reconhecem que os serviços aéreos internacionais eficientes e competitivos melhoram o comércio, o bem-estar dos consumidores e o crescimento económico, daí que pretendem promover um sistema de aviação internacional baseado na concorrência entre as linhas aéreas”, referiu o governante.

Carlos Mesquita trabalhou na República da Índia, de 14 a 22 de Janeiro último, tendo, para além da assinatura do Acordo de Serviço Aéreo, com o Ministro de Aviação Civil, mantido encontros com relevantes entidades e autoridades da área de logística da Índia, com destaque para o Ministro de Aço, Chaudhary Birender Singh, Ministro dos Caminhos de Ferro da Índia, Suresh Suresh Prabhu, para além de ter trabalhado com a Rites, antiga concessionária da linha férrea de Sena.

Nestes encontros, Mesquita revelou que foram abordados assuntos de cooperação económica de interesse para os dois países, particularmente a componente logística, dado o envolvimento das companhias indianas no investimento na exploração de recursos naturais em Moçambique, com destaque para o carvão e aço, bem como na construção de infra-estruturas de transporte e logística. In “Olá Moçambique” - Moçambique

Brasil - Promover a revitalização da economia

SÃO PAULO – Em discurso durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, reconheceu que a política de comércio exterior cada vez mais se coloca no centro da agenda prioritária do governo. É de se admitir que se trata de um bom sinal, mas também um reconhecimento público de uma autoridade de que, até aqui, a política de comércio exterior nunca foi prioritária para o governo.

De fato, desde 1991, quando se tornou membro do Mercosul, o Brasil só firmou três acordos de livre-comércio – com Israel, Palestina e Egito, mas deste apenas o primeiro está em vigor –, enquanto no mundo ocorreu uma explosão de tratados bilaterais e regionais. Esse fato mostra e explica por que o Brasil ficou para trás na área do comércio internacional.
           
Portanto, só agora, quando o País chegou ao fundo do poço, depois de dois anos de involução em seu Produto Interno Bruto (PIB), em razão das últimas más administrações federais, parece que seus governantes descobriram que o caminho para a retomada do crescimento econômico passa também por um comércio exterior consistente em que o superávit seja produto de uma corrente de comércio forte e não como o de 2016, de US$ 47 bilhões, que não foi obtido por aumento de exportações, mas por queda de importações.

Apesar da retórica governamental, o que se vê ainda é que as importações continuam caindo livremente, em função de vários fatores internos, como falta de demanda, desemprego e inadimplência. E, principalmente, porque a indústria nacional vem perdendo competitividade no mercado exterior e até no mercado interno. Com isso, não tem condições de importar bens de capital (máquinas e equipamentos), linhas de produção ou mesmo fábricas completas usadas para expandir seu parque fabril e sua produção.

Está claro que, enquanto não se fizer as reformas estruturais nas áreas tributária, previdenciária e trabalhista e, principalmente, enquanto não se investir maciçamente em infraestrutura, o Brasil vai continuar sendo obrigado a exportar tributos ou custos elevados, o que derruba a competitividade de seus produtos. Por isso, não se sabe até que ponto os acordos comerciais que estão sendo buscados em negociações do Mercosul com o México, com a União Europeia, Canadá e com a Associação Europeia de Livre-Comércio (Efta, na sigla em inglês), que reúne Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, poderão ajudar a reativar o comércio exterior brasileiro.

Obviamente, esses acordos comerciais são bem-vindos e trazem a esperança de que irão ajudar a promover uma revitalização nos números da balança comercial (exportação/importação), o que se dará principalmente se estimularem novas empresas estrangeiras a acreditar que o Brasil vive um bom momento. Só com novos empreendimentos que criem empregos e aumentem a renda no País será possível promover a revitalização da economia. Milton Lourenço - Brasil


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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Lusofonia – Coral Infantil da Lusofonia





























Realizou-se em Lisboa, na passada sexta-feira 27 de Janeiro de 2017, o primeiro ensaio do Coro Infantil da Lusofonia (CIL) no Centro InterCulturaCidade. Trata-se de uma parceria com a Companhia UM + UM Produções, que visa estimular, através da música coral e com base num repertório referenciado ao universo dos países de língua portuguesa, o desenvolvimento pessoal e social de crianças e jovens, promovendo em simultâneo a sua autoestima e inclusão social. Os ensaios do CIL decorrerão todas as sextas-feiras entre as 18h e as 19h30 e estão abertos à participação de crianças e adolescentes dos 8 aos 14 anos. A direcção artística do projecto está a cargo da maestrina Sandra Luísa Martins. Poderá obter mais informações por telefone 926 461 569 | 963 155 552 ou correio electrónico: coroinfantil.lusofonia@gmail.com.
Centro InterculturaCidade

Centro InterculturaCidade
Travessa do Convento de Jesus, 16 A, 1200-126 Lisboa, Portugal
+351 21 820 76 57
Horário de funcionamento:
De segunda a sexta-feira das 14h às 20h

Brasil - Cientistas relacionam surto de febre amarela com degradação ambiental

Um grupo de especialistas de diferentes estados do Brasil está se articulando para investigar a relação entre o surto de febre amarela e a degradação do meio ambiente. Eles acreditam que se houvesse mais conhecimento sobre o assunto, a propagação repentina do vírus de tempos em tempos poderia ser prevenida.

O surto de febre amarela em Minas Gerais já provocou 38 mortes confirmadas em 2017, segundo o boletim epidemiológico mais recente da Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), divulgado ontem (24). Outros 45 óbitos estão em análise.

Causada por um vírus da família Flaviviridae, a febre amarela é uma doença de surtos que atinge, repentinamente, grupos de macacos e humanos. As razões deste comportamento da doença ainda não são bem conhecidas. Mas os especialistas dão como certa a influência do meio ambiente. Segundo Sérgio Lucena, primatólogo e professor de zoologia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), o surto de febre amarela é um fenômeno ecológico.

A doença é transmitida em áreas rurais e silvestres pelo mosquito Haemagogus. Em área urbana, ela pode ser transmitida pelo Aedes aegypti, o mesmo da dengue, do vírus Zika e da febre chikungunya. No entanto, não há registros no Brasil de transmissão da febre amarela em meios urbanos desde 1942. No surto atual, nenhum dos casos confirmados e suspeitos em Minas Gerais são urbanos.

Sérgio Lucena explica que o vírus da febre amarela está estabelecido em algumas matas e regiões silvestres com baixa ocorrência. De repente, por algum motivo ainda a ser desvendado, ele se propaga rapidamente, atingindo macacos e humanos. Os animais começam a morrer primeiro. “São sentinelas. Se o vírus começa a se propagar em determinada área, a morte dos macacos nos enviará um alerta”, explica.

Para o primatólogo, o Brasil poderia ter um sistema bem articulado para se antecipar aos surtos, mas não há investimentos neste sentido. Se houvesse mais conhecimento, Minas Gerais poderia, por exemplo, ter dado início mais cedo à campanha de vacinação nos municípios da área de risco, reduzindo a disseminação da doença. A vacina é a principal medida de combate à febre amarela.

Florestas

Na semana passada, especialistas que estudam a febre amarela sob a ótica do ecossistema se reuniram em Belo Horizonte em um seminário organizado pela Fundação Renova, ligada à mineradora Samarco. Na ocasião, eles fizeram uma revisão de tudo o que se sabe até o momento acerca do tema, com o objetivo de dar um primeiro passo para mudar o panorama.

Uma das hipóteses dos pesquisadores é que o desmatamento ao longo dos anos deixou as espécies de macacos em fragmentos muito pequenos de florestas, o que traz diversos desdobramentos. “Sistemas ecológicos empobrecidos podem favorecer o crescimento das populações de mosquitos. Mosquitos infectados encontrando populações grandes de macacos em pedaços de mata atlântica isolados podem ser a origem destes surtos”, alerta Sérgio Lucena.

Evidências científicas também dão a entender que florestas saudáveis, com elevada biodiversidade, dificultariam a proliferação dos vírus. Embora o surto não deixe de ocorrer, sua intensidade pode ser menor em um meio ambiente preservado. É o que explica Servio Ribeiro, biólogo e professor de ecologia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Segundo o pesquisador, a cada surto, a população de macacos se reduz bastante e vai se recuperando devagar nos anos seguintes. “Um novo surto provavelmente acontece naquele momento em que o vírus encontra na natureza macacos com quantidade, condições e características genéticas favoráveis. E quando há muitos animais infectados, é fácil que a doença chegue aos humanos”, explica.

Uma floresta onde há maior disponibilidade de frutos e sombras e onde não há poluição faz com que os macacos se desenvolvam mais saudáveis e sem estresses, com um sistema imunológico mais eficiente, oferecendo mais resistência à doença. Servio Ribeira destaca que a genética também influencia.

“No período quando o vírus é raro, as populações de macacos se reproduzem sem essa pressão seletiva. Significa que, por um intervalo de anos, ser ou não ser resistente ao vírus da febre amarela, não é um fator que muda o sucesso reprodutivo dos macacos. Acontece que vivendo em pequenos fragmentos de florestas, sem corredores interligando as matas, essas populações crescem com parentes cruzando entre si. Desta forma, os indivíduos são muito parecidos geneticamente. Quando um vírus alcança um macaco de uma população sem diversidade genética ele rapidamente se dissemina.”

Por esta razão, a existência de corredores interligando as matas pode ajudar a conter a febre amarela. Através desses corredores, grupos de macacos podem se misturar. Os cruzamentos entre grupos distintos levariam à troca de genes e criariam populações com mais diversidade genética. Neste contexto, uma disseminação do vírus teria menor probabilidade de causar febre amarela em muitos macacos de uma só vez.

Uma preocupação que vem sendo apresentada pela secretaria de Saúde do estado diz respeito à violência contra macacos, registrada em alguns municípios. Isso porque há pessoas que acreditam que sacrificar os animais pode ajudar a evitar a doença em humanos. O órgão publicou em seu blog uma postagem para desmistificar essa ideia e esclarecer que os animais são, na verdade, aliados que ajudam a mapear a doença. “Os macacos não transmitem a febre amarela para o homem e NÃO são os responsáveis pelo transmissão da febre amarela. Eles são as principais vítimas. As mudanças climáticas e a degradação ambiental provocadas pelo homem são as principais responsáveis pelo recente aparecimento de inúmeras doenças infecciosas. Especialistas acreditam que o avanço da doença tem sido facilitado pelo deslocamento de pessoas infectadas ou pela dispersão dos mosquitos.”, acrescenta o texto.

Tragédia de Mariana

Outras linhas de estudos voltadas para elucidar os motivos que levam ao início de cada surto buscam entender se as alterações nas áreas das florestas estão expondo as pessoas aos mosquitos infectados e se fatores climáticos favorecem o crescimento da população de mosquitos.

Por outro lado, Servio Ribeiro considera remota a possibilidade de influência da tragédia de Mariana (MG) neste surto de febre amarela em Minas Gerais. Alguns dos municípios afetados pela circulação da doença se localizam no Vale do Rio Doce. Uma parcela dos 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos que foram liberados no rompimento da barragem da mineradora Samarco, em novembro de 2015, escoou por todo o Rio Doce e chegou ao litoral do Espírito Santo.

“A febre amarela é uma doença de interior de floresta. O mosquito que a transmite põe ovos em cavidades de árvores e em bromélias. É um mosquito da estrutura da floresta. Ele não se relaciona muito com grandes corpos d’água e com rios. As cidades afetados pela doença estão em uma região onde os rejeitos não chegaram com força para derrubar a floresta”, diz o biólogo.

Para Servio Ribeiro, a hipótese teria mais força caso o surto tivesse ocorrido próximo à Mariana (MG) onde o impacto da tragédia foi mais agressivo e levou ao desmatamento. “No Vale do Rio Doce, esse rejeito se acumulou nas margens. Claro que há uma degradação. Mas esta degradação, pelos conhecimentos que temos, não deve estar afetando a relação entre os vetores e os macacos no interior da floresta”, acrescentou.

Espécies ameaçadas

De acordo com o boletim epidemiológico SES-MG, há 18 municípios com mortes de macacos em análise. Outros 70 registram rumores de óbitos entre os primatas. Para Sérgio Lucena, estes dados não dão a dimensão da mortandade dos animais. “Macacos estão morrendo em grande quantidade. Estive com uma equipe de pesquisadores na zona rural de Caratinga (MG). Andamos na mata, conversamos com pessoas e constatamos a alta mortalidade”, conta.

De acordo com o primatólogo, o fenômeno teve início em Minas Gerais, mas já ocorre com intensidade no Espírito Santo. A situação põe em risco espécies ameaçadas de extinção, como o muriqui. Os mais afetados, porém, são os bugios. Segundo Sérgio Lucena, estudos realizados durante o surto de 2009 no Rio Grande do Sul mostraram que populações de bugios foram reduzidas a 20%. “Enquanto sete pessoas faleceram naquele ano, cerca de 2 mil macacos foram a óbito”, afirma.

O pesquisador destaca que os bugios são justamente as maiores vítimas da febre amarela. “Eles são altamente suscetíveis à doença, diferente dos humanos. Na população humana, poucas pessoas desenvolvem um quadro grave e muitas infecções são assintomáticas. A pessoa nem fica sabendo que contraiu o vírus”, explica. Leo Rodrigues – Brasil in “Agência Brasil”

domingo, 29 de janeiro de 2017

Peito














Vamos aprender português, cantando


Não há nada mais a declarar
Se te esforças para não acreditar
Não trago nada não, em segredo
E se me falta a convicção é só por medo
Podes duvidar
Mas tens de te entregar
Porque eu não volto a dar razão
Ao meu erro
Podes confiar
Também vou-me entregar
E se quiseres confirmação
Tem atenção

Escuta o meu peito
Escuta este meu peito
Meu coração torna-se inquieto
Quando estás por perto
Peito,
Escuta este meu peito
Meu coração torna-se inquieto
Quando estás por perto

O amor é gracioso
É compaixão
E amar nem sempre é fácil
É como perdão
E com certeza não toca a todos
Mas sei que ele é para mim e para ti
Podes duvidar
Mas tens de te entregar
Porque eu não volto a dar razão
Ao meu erro
Podes confiar
Também vou-me entregar
E se quiseres confirmação
Tem atenção

Escuta o meu peito
Escuta este meu peito
Meu coração torna-se inquieto
Quando estás por perto
Peito,
Escuta este meu peito
Meu coração torna-se inquieto
Quando estás por perto

Escuta o meu peito
Meu coração torna-se inquieto
Quando estás por perto

HMB - Portugal

sábado, 28 de janeiro de 2017

Angola – Construção do porto de águas profundas do Caio

O Fundo Soberano de Angola vai investir 180 milhões de dólares na construção do primeiro porto de águas profundas no país, projecto a ser desenvolvido em Caio, província de Cabinda, de acordo com um comunicado ontem divulgado em Londres


A construção do porto será realizada em duas fases, a primeira das quais dará origem a um terminal com 630 metros de comprimento, ligado à costa através de uma ponte com dois quilómetros de extensão.

O comunicado adianta que o canal de acesso terá 15 metros de profundidade e que o terminal disporá de uma profundidade de 14 metros, indo a infra-estrutura dispor de um estaleiro naval moderno, um porto seco, uma zona industrial e outra franca.

Sublinhando que este investimento permitirá criar 20 mil postos de trabalho e agregar valor, o presidente do Fundo, José Filomeno dos Santos, recorda que “os investimentos no sector industrial e nas infra-estruturas de apoio ao comércio na região a sul do Saara têm apresentado elevados índices de lucro e resistência aos riscos associados aos países no continente africano.”

O presidente do Fundo salienta ainda que aplicar capitais em infra-estruturas marítimas e de apoio logístico e industrial em Angola permite diversificar outros investimentos nos mercados financeiros internacionais presentes na carteira do Fundo Soberano de Angola.

A agência financeira Bloomberg escreveu que o Banco de Exportações e Importações da China vai conceder um empréstimo de até 600 milhões de dólares a ser aplicado na construção do porto de Caio, cujos trabalhos estão, aliás, a ser desenvolvidos por uma empresa chinesa de construção civil. In Transportes & Negócios - Portugal 

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Portugal - Projeto leva idosos às ruas para grafitar

Lisboa - O projeto Lata 65 leva idosos para as ruas das cidades, onde aprendem técnicas de intervenção urbana e grafitam em paredes e muros


A arquiteta portuguesa Lara Seixo Rodrigues, de 37 anos, criou em 2012 o projeto Lata 65, que leva idosos para as ruas das cidades, para aprenderem técnicas de intervenção urbana e grafitarem paredes e muros. A iniciativa quer mostrar que a idade é apenas um número.

“O resultado tem sido impactante. O que nós percebemos foi que usamos a arte urbana para atingir pontos na vida dos idosos que não podíamos imaginar. Eles percebem a rua, a cidade onde vivem, é um projeto de inclusão. E tem os pequenos desafios como, por exemplo, voltar a desenhar," disse Lara Rodrigues.

Segundo a arquiteta, "há idosos que não desenham há 50, 60 anos, e eles estão superando estes desafios. É uma enorme transformação. Muitas vezes chegam pessoas desgastadas com a vida, cabisbaixas e tristes. E, a partir do momento que vão para a rua, começam a pintar como crianças, super felizes. Eles dizem que é uma experiência para toda a vida.”


O resultado do projeto surpreendeu a idealizadora, que já viajou por diversas cidades em Portugal, esteve no Brasil e nos Estados Unidos, e têm viagens marcadas para fazer workshops na Espanha. Para dar continuidade ao projeto, Lara busca apoios locais de orçamento participativo e vende camisetas e broches do projeto pela internet.

Até o momento, 257 idosos já participaram de 24 workshops ministrados em ambientes descontraídos para facilitar a aprendizagem de técnicas de intervenção nas ruas. A média de idade entre os alunos é 72 anos e o mais idoso tinha 102 anos. Para os participantes não é apenas uma oportunidade para sair e fazer amizades, mas também um momento de desfrutar da liberdade com criatividade.

Para Lara, aproximar os idosos de formas de expressão habitualmente associada aos mais novos é uma maneira de mostrar que a arte urbana tem o poder de promover e valorizar a democratização do acesso à arte contemporânea, pela simplicidade e naturalidade com que atinge as pessoas.

No Brasil, a iniciativa aconteceu em São Paulo, em outubro do ano passado, a partir de um convite do Serviço Social do Comércio. De acordo com Lara, a experiência foi extremamente positiva e, para sua surpresa, apesar de o Brasil ser considerado a “Meca” do grafite, a relação dos idosos com a arte urbana é muito semelhante à portuguesa.

“Eu tinha receio de como seria [dar o workshop] no Brasil, pelo contato diário que as pessoas têm com a arte urbana. Mas percebi que, na verdade, as perguntas e curiosidades dos idosos são as mesmas”, afirma Lara.


Os cursos têm duração de oito a dez horas, divididas em dois dias. A primeira parte é teórica e visual, onde os alunos vão aprender sobre a história do grafite, quem foram os precursores, quais as técnicas existentes, etc. A segunda parte é prática e os idosos aprendem a preparar moldes e saem para pintar o muro.

Lara conta que há idosos que têm dificuldades motoras e que precisam ser ajudados e incentivados. Vê-los em ação é extremamente gratificante. “Há ali [no momento em que estão pintando] uns cliques que os transformam.” Marieta Cazarré – Brasil in “Agência Brasil”

Portugal – Investigadores desenvolvem novo método de detecção de açúcar em plantas

As plantas usam sinalizadores para poderem comunicar entre diferentes partes do organismo, por vezes através de moléculas que são o resultado da degradação de outras – a que se chamam metabolitos. O açúcar trehalose-6-fosfato (T6P) é um desses compostos, que as plantas usam para controlo o crescimento quando detectam uma crise de falta de água ou nutrientes. Para os investigadores de ciências de plantas, seria importante estudar de que forma este sinalizador funciona e em que células actua, mas a sua quantidade é muito baixa para os métodos de detecção que se usam actualmente em laboratório.

As equipas dos investigadores Carla António e Pedro Fevereiro do ITQB Nova, em parceira com a Rede Nacional de Espectrometria de Massa (RNEM), conseguiram desenvolver uma nova metodologia baseada em cromatografia líquida e espectrometria de massa que permite separar o açúcar T6P dos restantes componentes da matriz complexa da planta e medir com rigor quantidades muito baixas desta molécula. Os resultados foram publicados na revista científica Journal of Chromatography A.

100% nacional

“Este trabalho representa um avanço significativo no campo das ciências da separação, e aumenta a gama de metodologias analíticas sensíveis para medir T6P, um metabolito de sinalização de stress muito importante nas plantas”, conta Carla António, do ITQB Nova, a investigadora responsável pelo estudo. “Este trabalho é 100% feito em Portugal, o que nos enche de orgulho, e só possível pela atitude colaborativa da RNEM que nos permitiu aceder ao equipamento necessário para atingir estes resultados”.


O Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier, Oeiras, é um instituto de investigação e formação avançada da Universidade Nova de Lisboa. Tem como missão fazer investigação científica e promover formação avançada em Ciências da Vida, Química e Tecnologias associadas, para benefício da saúde humana e do ambiente. Carlos Caldeira – Portugal in “Agricultura e Mar Actual”

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Portugal – Primeira moeda remonta ao reinado do fundador

O “dinheiro” foi a primeira moeda cunhada no reino de Portugal, nos primeiros anos depois da independência em 1143. Esta é uma das relíquias guardadas no Museu da Casa da Moeda, que desde o início do ano passou a ter um acervo digital onde se pode ler a história desta e de muitas outras moedas e medalhas, não só portuguesas mas também estrangeiras.



“O dinheiro foi a primeira moeda a ser cunhada no reino de Portugal, tendo sido batido em bolhão, uma liga metálica à base de cobre e prata, provavelmente em Braga ou Coimbra. Esta moeda não ostenta ainda os símbolos nacionais frequentes na posterior amoedação portuguesa, mas mostra já a simbologia que denota as origens cristãs da monarquia”, revela o museu. “O dinheiro traz no anverso a representação do pentagrama, com ponto ao centro, e, no reverso, a representação da cruz cantonada por dois carateres. Pela primeira vez se encontra numa moeda a referência ao nome de D. Afonso I e à sua condição de rei dos Portugueses. Ainda que cunhada num suporte baixo, esta moeda serviu como um importante instrumento no processo de afirmação do poder e prestígio da monarquia portuguesa, interessada em criar fontes de legitimidade para o reforço da ideia de soberania nacional, no quadro político da Cristandade europeia.”

Entre as moedas dos primórdios da nação, seguir-se-ia o morabitino, a primeira moeda de ouro cunhada em Portugal.

Ao todo, o acervo do Museu Casa da Moeda conta com 9500 medalhas e mais de 35 500 moedas. Foi fundado em 1777, quando o então primeiro-ministro Marquês de Pombal ordenou que se guardassem todo o tipo de moedas e medalhas portuguesas e internacionais. Marta Reis – Portugal in "Jornal I"

Macau – Lançamento do livro “Jornalismo Multicultural em Português - Um estudo de caso de Macau”

No novo livro “Jornalismo Multicultural em Português – Um estudo de caso de Macau”, o autor José Manuel Simões concluiu que a imprensa local em português peca por ser “mais para os portugueses” do que de língua portuguesa. Por isso, entende ser preciso reforçar o papel dos jornais como “veículos de conhecimento”

A obra “Jornalismo Multicultural em Português - Um estudo de caso de Macau” é a mais recente produção do académico José Manuel Simões, através da qual conclui o seu pós-doutoramento na Universidade Católica Portuguesa. “Senti sempre necessidade de voltar ao estudo das questões que assolam e dizem respeito à comunidade jornalística de uma forma global, com o foco mais direccionado ao jornalismo que é feito em língua portuguesa”, explicou José Manuel Simões ao Jornal Tribuna de Macau.

O ressurgimento desta questão na vida académica do autor e coordenador do Departamento de Comunicação e Media da Universidade de São José (USJ) prolongou-se durante quatro meses, período em que analisou diariamente os jornais locais em língua portuguesa e entrevistou responsáveis da área, desde administradores, directores ou outros que lidam, directa ou indirectamente, com este meio.

Nesse sentido, o autor confrontou-se com uma necessidade comum em todos os jornais, a de ser mais multicultural. Por outras palavras, observou, “diria que são jornais mais para os portugueses do que jornais de língua portuguesa, porque os jornais em si chegam muito pouco às outras comunidades que falam português e deviam fazer essa aposta para chegar também a comunidades que falam outras línguas”.

Para o académico, os media locais devem ser “veículos de conhecimento” e de “relação com as outras comunidades”. “Em Macau, as pessoas vivem em segurança, há uma determinada harmonia entre as comunidades mas não há pontes, conhecimento até. Portanto, os jornais poderiam ter esse papel para contribuir que haja um conhecimento e uma maior proximidade das outras comunidades”, salientou.

Quanto às conclusões, o autor fala sobre a “dificuldade de acesso às fontes” que posteriormente “dificulta o trabalho dos jornalistas” embora haja uma “flagrante” liberdade de informação e de informação. “Há liberdade de informação e de expressão sem obstáculos, sem constrangimentos na forma como se faz jornalismo em português em Macau”, mesmo que, acrescentou, “se possa pensar que sendo os jornais subsidiados pelo Governo após cinco anos de existência estarão dependentes”.

Outro constrangimento, apontou, é a “pressão do tempo”. “Há um grande volume de trabalho” levando a que “haja muito pouco jornalismo de investigação”. “Faz também com que muitas vezes [os jornalistas] não possam confrontar fontes”, notou José Manuel Simões.

Por outro lado, o autor recorda também que a comunicação apenas se forma quando existe um emissor e receptor e, através desta obra, pretende contribuir para incentivar os media a elevar a sua capacidade de intervir para a criação de uma sociedade mais inclusiva e esclarecida.

“O jornalismo positivo pode tirar partido da informação para tirar conhecimento, educando, formando, construindo valores, contribuindo para o crescimento do ser humano e melhoramento do indivíduo”, concluiu.

A obra de José Manuel Simões foi apresentada na quinta-feira da semana passada, no auditório da USJ, e esgotou numa primeira fase. No entanto, o livro ainda será colocado à venda na Livraria Portuguesa. Catarina Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Japão - Pretende que os locais do passado cristão sejam incluídos na lista do Património Mundial

O Governo japonês vai solicitar à Unesco a inclusão na lista do Património da Humanidade de um conjunto de 12 lugares do passado cristão do país, ligado aos portugueses.

Seleccionados pela sua importância cultural, os 12 sítios que o Japão pretende classificar localizam-se em Nagasaki e Kumamoto (sudoeste), berço do cristianismo no país. Entre os monumentos destacam-se a igreja de Oura - a mais antiga do país e considerada um tesouro nacional - e a povoação de Sakitsu, que acolheu inúmeros “kakure kirishitan” ou “cristãos ocultos/escondidos” durante a perseguição anticristã no Japão no século XVII.

A história dos “kakure kirishitan” tem uma importância cultural “única”, destacou o Governo que, além desses dois lugares, também vai propor a classificação de algumas ilhas das prefeituras de Kagoshima e Okinawa (sul) pela sua rica biodiversidade. O pedido será enviado ainda este mês, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão, país que conta com 20 bens – 16 culturais e quatro naturais – reconhecidos pela Unesco até à data. Após uma avaliação no terreno, a Unesco irá decidir se os lugares propostos merecem ou não ser distinguidos como Património da Humanidade em 2018.

Aquele período da história é recuperado em “Silence”, o mais recente filme de Martin Scorsese, que, na semana passada, manifestou em Tóquio a sua admiração pelos “kakure kirishitan”. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Austrália - Metro ligeiro de Melbourne será movido a energia solar

O estado de Vitória, na Austrália, vai investir em unidades de produção de energia solar para abastecer a rede de metro ligeiro de Melbourne

As unidades terão capacidade para produzir 75 megawatts (MW) de electricidade renovável, permitindo uma redução estimada de 80 mil toneladas por ano de emissão de gases de efeito de estufa.

O concurso para a construção das unidades de produção de energia solar será lançado ainda no primeiro semestre deste ano. As “quintas” estarão operacionais até ao final de 2018.

A energia assim produzida será lançada na rede. Mas o estado de Vitória comprará 35 MW, o equivalente ao consumo da rede de metro ligeiro de Melbourne.

Com uma frota de mais 400 veículos, Melbourne – que, com quatro milhões de habitantes, é a segunda cidade mais populosa da Austrália – é muitas vezes descrita como tendo a maior rede de metro ligeiro do mundo.

Este projecto faz parte do objectivo do Governo do Estado de Vitória de ter zero emissões líquidas até 2050.

Recentemente a Holanda anunciou também a intenção de alimentar os comboios do país unicamente com energia produzida a partir de fontes renováveis, no caso a energia eólica. In “Transportes & Negócios” - Portugal

Portugal – Mestre indiano de ioga chegou à Península Ibérica há 1700 anos

A descoberta de um esqueleto numa estranha posição em Beja intrigou os investigadores. Agora, sabe-se que a posição era de ioga e o corpo em causa de um mestre. Que chegou a Portugal há 1700 anos. A pé



Em 2007 e no decorrer de uma obra na rede de abastecimento de água à cidade de Beja surgiu, no meio de ossadas do período islâmico, um esqueleto em posição de lótus. Nove anos depois, e pela primeira vez no mundo fora da Índia, foi confirmada a descoberta de um mestre ioga, que aqui chegou vindo do Oriente a pé.



São mais as certezas que as dúvidas relativas à identificação do que resta de um indivíduo do sexo masculino, enterrado há cerca de 1700 anos, com a coluna erecta, as pernas cruzadas, os dedos do pé direito apoiados no calcanhar do pé esquerdo, em posição de lótus. Pequenas pedras talhadas com pequenos círculos estavam colocadas na cabeça, cotovelos e pernas. Era patente a intenção de acondicionar o corpo naquela posição, dentro de uma estrutura construída para esse propósito, e próximo do que poderá ter sido uma das principais vias de acesso à então cidade Pax Yulia. Foi enterrado próximo dos outros túmulos, “nas traseiras do que seria uma necrópole, salvaguardando o respeito ao espaço romano”, presume o arqueólogo Miguel Serra, que fez a descoberta classificada como “bizarra” dada a forma como o corpo fora inumado. Não tinha qualquer adereço, pormenor que patenteava despojamento.

A disposição do esqueleto era diferente das inumações dos islâmicos que encontrou depositados, a poucos metros, em contacto com a terra e com a face virada para Meca. Este tinha a cabeça virada para oeste. 

Apesar de nunca ter visto as ossadas, que se encontram depositadas na Universidade de Coimbra para a realização de estudos de ADN e do tipo de alimentação que consumia, o presidente da Confederação Portuguesa de Ioga, o grande mestre Jorge Veiga e Castro, depois de ter visionado as fotografias, o espaço de enterramento e interpretado a documentação científica produzida, não tem dúvidas: “Não se conhece em nenhuma parte do mundo, a não ser na Índia, um fenómeno de um esqueleto em posição de lótus como o de Beja”.

“A pose de enterramento era muito estranha e remetia-nos para o mundo oriental, mas sem definição”, referiu Miguel Serra, acrescentando que, no século III d.C, havia cultos orientais em Beja e identificou-se “o indivíduo como estando associado a esse movimento.”

Nesse contexto histórico, e apesar de Pax Julia se localizar no interior do sudoeste peninsular, sabe-se, desde que o arqueólogo Cláudio Torres reescreveu a história da região, que havia uma intensa ligação ao mundo mediterrânico através do rio Guadiana e pelo porto fluvial de Mértola, por onde chegavam diversas influências culturais e religiosas.

oi através dessa porta de entrada que veio até à cidade romana um mestre ioga que se lançou ao caminho, percorrendo, a pé, não se sabe por onde nem como, cerca de 8000 quilómetros “para transmitir a boa nova fora da Índia”, afirmou ao PÚBLICO Veiga e Castro. A convicção do mestre sobre esta aventura assenta não só na estrutura óssea do esqueleto, que indicia grandes caminhadas, como no hábito que existia na altura de encetar grandes peregrinações.

O certo é que este estranho indivíduo, descreve o relatório antropológico elaborado na sequência da descoberta, apresentava patologias que revelaram “que caminhava muito e de pé e era um indivíduo robusto e saudável.” Os ossos na zona de intercepção com os músculos apresentavam umas cristas, reveladoras do esforço a que foram sujeitos depois de intensas caminhadas. "Morreu aos 50 anos, tinha 1,62 metros de estatura e terá sido velado ao ar livre durante uns dias, mas não morreu em meditação”, continua o relatório.

A simetria da posição e a forma como estava colocado “só era possível de alcançar pelos grandes mestres”, sublinha o arqueólogo, que interpretou o modo como foi inumado como “um manual como fazer correctamente aquela posição.”

As dúvidas que suscitou, a forma de enterramento e o desconhecimento de situações paralelas para interpretar este indivíduo impeliram Miguel Serra a colocar a foto do inédito achado arqueológico nos blogues. “E foi então que tivemos uma surpresa, quando, em 2012 se realizou, em Beja, o Dia Internacional do Ioga”. Vários indianos que se deslocaram à cidade alentejana ficaram perplexos com o achado que não lhes deixava dúvidas: “Era um mestre de ioga”, conta Miguel Serra, realçando a insistência em se fotografar no espaço onde foi descoberto o enterramento na Rua Gomes Palma, junto ao chamado Jardim do Bacalhau.

Jorge Veiga e Castro confirmou que os "mestres da Índia ligados ao ioga e ao hinduísmo (entre eles vários professores universitários) ficaram felizes e surpreendidos com o achado de Beja”. E, através das informações que foram recolhendo, ficou reforçada "a ideia de que se trata de um mestre do ioga.” A dimensão e o significado da descoberta arqueológica não lhe deixam dúvidas. “Todos os indícios apontam nesse sentido. É inegável, as provas estão lá. Ninguém o pode esconder. É um achado histórico de grande significado”, sintetiza o presidente da Confederação Portuguesa do ioga, realçando um pormenor histórico: "Não foi só há 500 anos que houve contactos com o extremo oriente. Muito anos antes já os haveria como este personagem parece documentar.”

A partir de agora, o objectivo da Confederação Portuguesa do Ioga passa por transformar Beja “num pólo de atracção que projecte esta corrente religiosa para a Europa e o mundo inteiro”. Para alcançar esse desiderato, diz que o próximo objectivo é “expor as ossadas” na capital do Baixo Alentejo, se for possível até ao Congresso Ibérico de Ioga, que se realiza Abril, na cidade espanhola de Ávila.

Achado arqueológico descoberto “por uma unha negra”

A legislação em vigor que limita a área de protecção legal dos centros históricos revela lacunas que foram realçadas em escavações arqueológicas realizadas em 2007 e que conduziram à descoberta do esqueleto de um mestre de ioga.

Se a vala que foi aberta para a instalação da rede de águas tivesse sido deslocada cerca de três metros para além do limite dos 50 metros a contar da cintura de muralhas que delimita o Centro Histórico de Beja não se estaria a falar deste achado que foi descoberto “por uma unha negra”, refere o arqueólogo Miguel Serra.

O levantamento arqueológico apenas incidiu no espaço da vala aberta para instalar a tubagem da rede de abastecimento de água. “Ficámos sem poder saber o que está para os lados”, acrescenta. Por exemplo, concluir se o mestre ioga tinha ou não junto dele sepulturas de seguidores, observa o arqueólogo.

A área já está identificada há décadas como rica do ponto de vista arqueológico dada a profusão de ossos humanos que surgem durante as intervenções feitas numa extensão com cerca de dois hectares de área e onde têm sido descobertos diversos vestígios da época romana, islâmica, medieval e moderna.

Miguel Serra chama a atenção para a necessidade de tornar a legislação que estabelece as áreas de protecção do património mais dinâmica em função das características históricas de cada local, lembrando que a “cidade de Beja não morria nas muralhas” no século III d.C. A ocupação estendia-se para o exterior. Exemplo disso é a enorme necrópole que já existia na época romana, prosseguiu na época islâmica e continuou na época moderna, como tem ficado provado no decorrer de intervenções que têm sido efectuadas fora do centro histórico.

Durante as obras realizadas no âmbito do programa Beja Polis, entre 2003 e 2004, foi descoberta uma rede com 137 silos escavados na rocha, que terão servido para o armazenamento de cereais e também como lixeira entre os séculos XIV e XVII. Foram sacrificados à instalação de um parque de automóveis. Tem sido descoberto outro tipo de património fora da área de protecção, onde não é necessário o acompanhamento arqueológico.

A boa nova nos dias de hoje

No século III d.C, a mensagem do movimento ioga estava praticamente circunscrita a uma área do planeta. Daí a surpresa por terem sido encontrados vestígios da presença de um mestre ioga em Beja.

Hoje, o ioga é uma filosofia de vida baseada no princípio "o verdadeiro fundamentalismo é o respeito pela vida" e tem dimensão universal. E, neste contexto, destaca-se a elevação do Ioga da Índia a Património Cultural e Imaterial da Humanidade pela UNESCO, objectivo que foi concretizado a 1 de Dezembro de 2016 e também o papel desempenhado pelo português Jorge Veiga e Castro por ter sido o proponente do Dia Internacional do Ioga.

Outra das iniciativas de Veiga e Castro, o “Dia da Luz e da Sabedoria” e da “Não Agressão”, defende que, “por 24 horas, não se derrame sangue, sob nenhuma forma" e respeite-se "a sagrada Vida que nos foi dada”, evento que ocorre no Solstício de Junho.

O também presidente das Confederações Portuguesa, Ibérica e Europeia do Ioga concentra a sua atenção na formação das crianças e jovens de todos os países do mundo, com a inclusão de o Ioga nos currículos de ensino. Nesta área, ministra cursos de formação de professores do Ioga. Carlos Dias – Portugal in "Jornal Público"

Mercosul e Efta: uma nova parceria

SÃO PAULO – Depois de mais de ano e meio de negociações preliminares e de mais de 15 anos de trocas de informações, o Mercosul e a Associação Europeia de Livre-Comércio (Efta, na sigla em inglês), que reúne Suíça, Noruega Islândia e Liechtenstein, aproveitaram a reunião do Fórum Econômico Mundial, em Davos,  em  janeiro, não para assinar um acordo de livre-comércio, mas para situar as tratativas num patamar mais elevado, colocando fim ao que eufemisticamente chamam de “processo exploratório”.

Fortemente influenciado pela Suíça – que com a Noruega detêm mais de 95% do volume de negócios do bloco –, o Efta  tem interesse em obter maior acesso ao mercado de serviços financeiros do Cone Sul, além de garantir que os produtos de seus laboratórios farmacêuticos circulem com maior facilidade. Ou, então, em igualdade de condições com os medicamentos dos laboratórios da União Europeia, caso também saia do papel o acordo deste bloco com o grupo sul-americano.

Já o Mercosul tem interesse em colocar no mercado do Efta os produtos do seu agronegócio, mas, desde já, sabe-se que esse é um obstáculo muito difícil de ser derrubado, já que Suíça e Noruega são países campeões mundiais de protecionismo no setor. Em 2016, o fluxo comercial entre Mercosul e Efta alcançou US$ 8 bilhões, cifra nada desprezível, que poderá ser multiplicada por três ou quatro vezes rapidamente, se o acordo vier a ser mesmo formalizado.

As maiores exportações do minibloco europeu são de produtos farmacêuticos, produtos químicos, maquinaria, petróleo, carvão e pescados, enquanto o Mercosul exporta para lá produtos agrícolas, alimentos industrializados, produtos químicos e metais. Em 2016, o intercâmbio comercial (soma de importações e exportações) entre Brasil e Suíça somou US$ 3,4 bilhões. O Brasil exportou US$ 1,6 bilhão e importou US$ 1,8 bilhão, resultando em déficit de US$ 236 milhões. Em comparação com 2015, houve uma queda significativa (-20%): naquele ano, a corrente de comércio chegou a US$ 4,2 bilhões, com o Brasil exportando US$ 1,9 bilhão e importando US$ 2,3 bilhões, o que resultou em déficit de US$ 436 milhões.

O Brasil costuma vender para a Suíça, principalmente, plataformas de exportação de petróleo, importando medicamentos. As exportações para a Suíça representam apenas 1% da pauta de vendas externas brasileiras e 1,3% das importações, o que se explica pelo fato de que, embora esteja entre os dez países mais ricos do mundo, a Suíça é um país pequeno e seu mercado de modestas dimensões.

Seja como for, para o Brasil e para o Mercosul, é importante que essas negociações em Davos avancem o máximo possível, pois um acordo com o Efta pode levar a União Europeia a reduzir suas pretensões e exigências diante do bloco sul-americano, acelerando a formalização do tratado. Milton Lourenço - Brasil


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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br