Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

China – Obras de Dong Qichang no Museu de Xangai



A obra de Dong Qichang (1555-1636), pintor chinês da dinastia Ming e um dos mais importantes nomes da história da arte chinesa, está agora em destaque no Museu de Xangai. A exposição The Ferryman of Ink World: Dong Qichang’s Calligraphy and Painting Art apresenta um total de 154 pinturas e trabalhos de caligrafia deste museu e de outras 15 instituições chinesas e internacionais, como o Museu Metropolitano de Arte, em Nova Iorque, ou o Museu Nacional de Tóquio.

A mostra, que reúne também trabalhos de artistas influenciados por Dong, está dividida em três secções: “Dong Qichang e o seu tempo”, “Conquistas e transcendência de Dong Qichang” e “Influência de Dong Qichang e trabalhos copiados”.

“Acreditamos que esta exposição, acompanhada de publicações, seminários e de um simpósio internacional, vai alargar a nossa perspectiva para reavaliar Dong Qichang e as iniciativas artísticas dos seus pares nos finais da dinastia Ming”, escreve o Museu de Xangai numa nota introdutória à mostra.

Pintor e calígrafo, Dong Qichang foi também um teórico destes dois campos. Especializou-se na pintura de paisagem e influenciou gerações de artistas chinesas. De acordo com o jornal em língua inglesa China Daily, esta exposição, que está em exibição até 03 de Março de 2019 no Museu de Xangai, revela ainda detalhes que podem ajudar académicos a determinar se uma obra foi ou não criada por Dong.

“Por ter alcançado grande fama e impacto na história da arte chinesa, o seu trabalho coexistiu durante a sua vida com falsificações. Muitos artistas também seguiram o seu estilo e princípios, o que fez com que muitos trabalhos acabassem por se confundir com as suas criações”, escreve a publicação. In “Extramuros” - Macau

Espanha - Lince ibérico encontrado morto com chumbos de caçadeira

Marvel, como era chamado, foi encontrado em Espanha, atingidos por disparos à queima-roupa



Era um lince ibérico macho, tinha apenas três anos e dava pelo nome de Marvel. De acordo com o El País, foi encontrado morto em Córdoba, Espanha, esta sexta-feira, que se viria a descobrir dever-se a tiros à queima-roupa disparados por um caçador. A denúncia terá sido feita pelo biólogo Miguel Ángel Simón, diretor do programa Life Iberlince, para a recuperação da distribuição histórica do Lince ibérico, celebrado entre Portugal e Espanha.

O especialista confirmou que o corpo do animal pertencia à população de linces monitorizados por este programa e foi encontrado devido ao colar de localização que transportava ao pescoço. Cerca de 20% dos linces em liberdade carregam este dispositivo.

O animal foi, entretanto, transferido para o centro de Málaga, onde o submeteram a um raio-x que revelou a causa da morte: no corpo, tinha cravados mais de 300 chumbos de caçadeira. O representante da Life Iberlince partilhou na sua conta de Twitter uma imagem deste exame.



Perante a crueldade do ato, Simón acredita que o caçador tinha planeado exatamente o que acabaria por fazer. "Acontecimentos como este são dramáticos para o esforço de dois países (Portugal e Espanha) e 22 parceiros", incluindo administrações e entidades privadas. E sublinha que é necessária uma "maior educação e consciencialização ambiental".

Apesar de a caça furtiva se ter tornado "escassa", em 2018, pelo menos 27 linces ibéricos morreram, representando, de acordo com as declarações do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) à Europa Press, há uns dias, o "segundo ano com maior número da história".

Ainda assim, as estatísticas mostram-se mais positivas do que as registadas em 2017, com 58 óbitos de linces, a maioria por disparos de caçadores furtivos. Além disso, segundo dados provisórios fornecidos pelo Ministério da Transição Ecológica, nasceram cerca de 125 crias e o censo total de linces na Espanha em 2018 revela-se maior do que em 2017 - conta-se um total de 650 linces. Catarina Reis – Portugal in “Diário de Notícias”

domingo, 30 de dezembro de 2018

Lágrima











Vamos aprender português, cantando


Cheia de penas, cheia de penas me deito
e com mais penas, com mais penas me levanto
no meu peito, já me ficou no meu peito
este jeito, o jeito de te querer tanto

Desespero, tenho por meu desespero
dentro de mim, dentro de mim o castigo
não te quero, eu digo que não te quero
e de noite, de noite sonho contigo

Se considero que um dia hei-de morrer
no desespero que tenho de te não ver
estende o meu xaile, estende o meu xaile no chão
estende o meu xaile e deixo-me adormecer

Se eu soubesse, se eu soubesse que morrendo
tu me havias, tu me havias de chorar
por uma lágrima, por uma lágrima tua
que alegria me deixaria matar

Uma lágrima, por uma lágrima tua
que alegria me deixaria matar


Rosa Cedrón e Cristina Pato - Galiza

Composição: Amália Rodrigues e Carlos Gonçalves - Portugal


Cabo Verde – Cantora Neuza de Pina inspira-se nas suas origens

Cidade da Praia – A cantora Neuza de Pina já lançou nas plataformas digitais o seu mais recente trabalho “Badia di Fogo”, um disco que segundo revelou, reflecte a sua infância e histórias que marcaram sua vida.

Em conversa hoje com a Inforpress, Neuza de Pina começou por explicar que “Badia di Fogo” é uma música de sua autoria e que a escolha do título foi motivada pela forte recordação da sua infância e pela vontade de homenagear a memória da mãe.

“Nasci na Praia e quando era pequena a minha mãe estava no leito da morte e entregou-me aos cuidados da minha madrinha. Quando ia à escola e, como falava um crioulo fundo, da ilha do Fogo, os colegas troçavam de mim chamando-me “sampadjuda”, “barriga batata”, “coração de barata” e “badia de Fogo” e ficava chateada porque tomava isso como um desprezo”, contou.

Questionada afinal quem é verdadeiramente Neuza de Pina, a artista respondeu que, apesar de ter nascido na Praia, cidade pela qual é apaixonada, sente uma ligação “fora do normal” com a ilha do Fogo.

“Sou da Praia, menina de Santiago, mas o meu coração e sangue são do Fogo. Quando estou na ilha do vulcão sinto-me em casa e mais perto da minha mãe”, revelou, acrescentando que o título é reflexo de uma filha do Fogo que nasceu no outro lugar do arquipélago.

Depois de em 2017 ter vencido o programa de entretenimento “Casa do Líder”, Neuza foi mãe e manteve-se um pouco afastada dos palcos, tendo, entretanto, este ano lançado “Culanfuntun” e agora brinda seus fãs com “Badia di Fogo”, cuja apresentação em Cabo Verde deverá acontecer no primeiro trimestre de 2019 e, seguidamente, levará o disco aos palcos de Angola, Itália e Estados Unidos.

O CD, conforme avançou, contém 10 faixas, sendo nove músicas inéditas, quatro de sua autoria e uma já gravada por Ramiro Mendes, os arranjos musicais estiveram a cargo do Kaku Alves e conta com a participação de artistas como Michel Montrond, Kaly e Totinho.

As espectativas relativamente a esse trabalho, de acordo com Neuza de Pina, são altas uma vez que neste disco está a estrear-se como compositora de “Badia di Fogo” e traz temas como “Izilda”, “Badia di Fogo”, “Nha dono” e “Armanda”, que conforme elucidou, são histórias transformadas em arte e que todos perceberão melhor quando ouvirem o CD.

Considerando-se amante da música tradicional cabo-verdiana, no geral, e da ilha do Fogo, em especial, o segundo CD, afirmou, é um trabalho que foi feito com muito esforço e dedicação e revela uma Neusa “artista mais madura e segura de si e das suas ambições”.

“Este trabalho traduz mais a minha maturidade no campo da música. Comparativamente ao primeiro CD, sinto-me mais confiante, segura daquilo que quero e com os pés bem assentes no chão e cada vez mais tenho a certeza que a minha paixão e o meu lugar é no mundo da música tradicional”, afirmou, mostrando-se optimista que “Badia di Fogo” será bem aceite pelo público.

Neuza de Pina nasceu a 10 de Novembro de 1985 na cidade da Praia, ilha de Santiago. Aos 24 anos, a trabalhar num restaurante local, despertou o interesse de colegas e de quantos a escutavam, insistindo que usasse o microfone e cantasse para o público.

Em 2013, lançou o seu primeiro trabalho “Flôr de Bila”, que teve sucesso no país e na diáspora e revelou os segredos dos ritmos da ilha do Fogo, como “talaia baxo”, o “rabolo” ou o “samba”. In “Inforpress” – Cabo Verde

Egipto - Canal de Suez prolonga descontos a petroleiros em 2019

Um ano difícil para os petroleiros contribuiu para que os responsáveis pela gestão do Canal de Suez ajudassem esse segmento e simultaneamente reforçassem a competitividade daquela via, mantendo descontos nas portagens para o próximo ano



A Autoridade do Canal de Suez (ACS) prolongou os descontos aplicáveis a petroleiros que cruzam o canal por mais um ano para atrair mais navios a passarem por aquela via, refere o World Maritime News, acrescentando que a ACS tomou a decisão em função de mudanças em curso no mercado global do transporte marítimo e na economia mundial.

De acordo com o jornal, a circular 1/2018 da ACS relativa a petroleiros provenientes de portos do Golfo dos Estados Unidos, Caraíbas e América Latina e com destino a portos asiáticos permanecerá em vigor de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro de 2019.

Desse modo, os petroleiros com origem ou destino em portos do Golfo dos Estados Unidos e Caraíbas e origem ou destino na costa ocidental do sub-continente indiano (de Carachi a Cochim) terão um desconto de 50% sobre as portagens habituais de passagem pelo Canal de Suez. Adicionalmente, os petroleiros com origem ou destino em portos a leste do porto de Cochim terão uma redução de 75%.

Já os navios com origem ou destino em portos da América Latina desde a Colômbia portos mais a sul e origem e destino em portos entre Carachi e portos mais a leste terão uma redução de 75% nas portagens do Canal de Suez.

Uma análise da consultora Gibson, citada pelo mesmo jornal, ajuda a perceber esta medida. Segundo a Gibson, 2018 foi um ano difícil para os navios tanque, com as tarifas dos fretes a tocarem mínimos no terceiro trimestre, mas antecipando alguma recuperação há muito aguardada.

A Gibson nota que os armadores, para aliviarem a pressão sobre as tarifas, destinando navios tanque à reciclagem, na qual se verificaram, aliás, preços atractivos. Este foi o ano com maior número de desmantelamentos de navios tanque dos últimos 15, com mais de 150 desses navios desmantelados acima das 25 mil toneladas de porte bruto. Além disso, verificou-se um abrandamento do lado da oferta de novos navios, com 25% das entregas previstas para 2018 deferidas para o próximo ano e um dos mais baixos níveis de investimentos em novos navios da última década. In “Jornal de Economia do Mar” - Portugal

sábado, 29 de dezembro de 2018

Língua portuguesa


Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!


Olavo Bilac – Brasil

(no centenário do seu falecimento – 28.12.2018)

Galiza - I Bienal Internacional de Mail Art Zeca Afonso



O que é o mail art?

Mail Art é a denominaçom que se emprega para designar umha atividade artística que utiliza como meio de expressom a distribuiçom postal. Estes envios postais podem ser desde mensagens, collages ou consignas até poemas, relatos curtos, pinturas, etc.

Este projecto pretende desembaraçar-se das vias tradicionais de distribuiçom da arte e fornecer umha possibilidade a artistas que tiverem interesse em dar a conhecer a sua obra através do formato postal. Um carácter crítico que pretende reduzir a influência das galerias e espaços mercantilizados e oferecer umha alternativa.

Na realidade, isto nom é umha iniciativa nova. Já em 1962 Ray Jonson funda em Nova Iorque a Correspondance School of Art que irá dar impulso a este movimento. De facto, a rede de intercambios chegou a ter um volume considerável, sobretudo porque se convertiu num meio de expressom das artistas feministas.

O que som as línguas minorizadas?

A temática eleita para a I Bienal Internacional de Mail Art Zeca Afonso, organizada pela Associaçom José Afonso Galiza, centra-se nas línguas minorizadas. Deve entender-se isto como um termo que faz referência a umha língua que sufriu marginaçom, persecuçom ou inclusive que estivo proibida em qualquer momento da história, o que implica um corte na sua utilizaçom e diversos problemas quanto à sua concepçom como elemento útil ou como identificador de umha realidade coletiva.

Línguas minorizadas e línguas minoritárias nom som o mesmo, já que estas últimas fam apenas referência a um número reduzido de utentes. As línguas minorizadas, no entanto, tenhem restringidas as suas possibilidades de uso social. Quer dizer, nom podem ser empregues como língua principal em usos concretos, em comparaçom às possibilidades de uso expansivas caraterísticas dumha língua dominante. Ademais, as línguas minorizadas costumam sofrer umha bilinguizaçom unilateral de quem as fala, o que significa que, na prática, estas pessoas tenhem no seu repertorio a língua própria e mais a dominante, mas, polo geral, nom no mesmo nível. A comunidade linguística minorizada converte-se desta maneira num subconjunto da dominante e portanto, faz parte, subordinada, da comunidade dominante e assim é percebida. As obras remetidas para a I Bienal Internacional de Mail Art Zeca Afonso deverám refletir qualquer aspeto desta realidade conflituosa. "Associaçom José Afonso" - Galiza

As pessoas interessadas em participar poderám enviar as suas obras até 15 de março de 2019 incluído. Para a admissom da obra será considerada a data do carimbo dos correios. 

A obra com a temática proposta de «línguas minorizadas» deverá ser enviada para o endereço postal da AJA Galiza:

Rua do Rego 6C 5D,
15895 Milhadoiro. Ames.
Galiza — Estado espanhol

O envio das obras significa a aceitaçom das seguintes


                                                              BASES:

1 - Participaçom. Poderám participar nesta bienal todas as pessoas que o desejarem, profissionais ou amadoras, desde que os seus trabalhos se ajustarem às presentes bases. Poderám participar com um máximo de três obras originais e com técnica livre.

2 - Tema. O tema das obras remetidas para esta I Bienal Internacional de Mail Art Zeca Afonso estará relacionado com o conflito das línguas minorizadas.

3 - Originalidade. As obras deverám ser originais ou reproduçom adaptada ao formato postal de obras originais. Todas as obras deverám estar livres de direitos de terceiras pessoas, assumindo esta responsabilidade a pessoa que envia a postal.

4 - Formato. O único formato admitido para este concurso será o postal, com um tamanho máximo de 15 x 9 cm (6 x 3,5 polegadas). O motivo desta restriçom é oferecer um melhor discurso expositivo nos distintos espaços destinados para isso.

5 - Limites. Não serám aceitadas obras sexistas, homofóbicas ou contra os valores democráticos, polo que a admissom das obras fica sujeita à valoraçom prévia por parte de membros da AJA Galiza.

6 - Dados da obra. No envio da obra, deverám ser indicadas a autoria, o título da obra, a técnica com que foi realizada e umha breve explicaçom, bem como o endereço postal e eletrónico do remetente. Também poderám ser indicadas referências aos perfis das/dos participantes nas redes sociais aos efeitos de identificaçom, conforme indicado no ponto 9 destas bases. No caso de enviar mais de umha obra, estes dados serám indicados para cada umha delas.

7 - Exibiçom. As obras poderám ser expostas em distintos espaços tanto físicos na Galiza e em Portugal, aproveitando a rede de que dispom a AJA Portugal, quanto virtuais, incluídos o website e as redes sociais de acordo com a necessidade de difundir a iniciativa. A informação referente aos locais e as datas de exposiçons, inauguraçons, etc. estará disponível no website da AJA Galiza (www.aja.gal) e também nos seus perfis das redes sociais.

8 - Digitalizaçom. As obras poderám ser digitalizadas e expostas no website da AJA Galiza assim como nos seus perfis das redes sociais, acreditando a autoria.

9 - Depósito e direitos. As obras ficarám em posse da Associaçom José Afonso Galiza, que passará a detentar a propriedade das mesmas ou das cópias remetidas, no seu caso, e que poderá utilizar posteriormente com fins culturais, artísticos ou publicitários, citando sempre a autoria e de acordo com a Lei de Propriedade Intelectual que for de aplicaçom.

10 - Aceitaçom das bases. Quem participar, aceita os requisitos expostos nesta convocatória, tanto nas bases quanto no referido ao endereço e prazo de envio. As obras que nom cumpram estas bases, nom serám consideradas para a Bienal.


A Associaçom José Afonso Galiza, organizadora da I Bienal Internacional de Mail Art Zeca Afonso, compromete-se ao seguinte:

1 - Quem participar receberá um certificado digital de participaçom, que será remetido através de correio electrónico e assinado pela pessoa responsável pela curaçom das exposiçons e pola presidência da AJA Galiza.

2 - A organizaçom terá um cuidado estrito na manipulçaom das obras recebidas, mas declina qualquer responsabilidade por perda, roturas, roubos ou quaisquer danos sofridos durante o envio, o traslado ou as diferentes exposiçons.

3 - A AJA Galiza difundirá, na medida das suas possibilidades, tanto as diferentes exposiçons, quanto as obras remetidas, bem como o conjunto da bienal, através da imprensa e das redes sociais.

4 - A exposiçom inaugural será realizada em Maio de 2019, ligada às celebraçons do Dia das Letras Galegas, que comemoram a literatura em língua galega.

5 - No final do período, a AJA Galiza editará um catálogo digital de todas as obras, que será remetido às pessoas participantes por correio eletrónico

Minha namorada















Vamos aprender português, cantando


Meu poeta eu hoje estou contente
todo mundo de repente
ficou lindo, ficou lindo
eu hoje estou me rindo
nem eu mesma sei de quê
porquê eu recebi
uma cartinhazinha de você

Se você quer ser minha namorada
ai que linda namorada
você poderia ser
se quiser ser somente minha
exatamente essa coisinha
essa coisa toda minha
que ninguém mais pode ser
você tem que me fazer
um juramento
de só ter um pensamento
ser só minha até morrer
e também de não perder esse jeitinho
de falar devagarinho
essas histórias de você
e de repente me fazer muito carinho
e chorar bem de mansinho
sem ninguém saber porquê

E se mais do que minha namorada
você quer ser minha amada
minha amada, mas amada pra valer
aquela amada pelo amor predestinada
sem a qual a vida é nada
sem a qual se quer morrer
você tem que vir comigo
em meu caminho
e talvez o meu caminho
seja triste pra você
os seus olhos tem que ser só dos meus olhos
e os seus braços o meu ninho
no silêncio de depois
e você tem de ser a estrela derradeira
minha amiga e companheira
no infinito de nós dois

Vinícius de Moraes – Brasil

Heloísa Maria Buarque de Hollanda (Miúcha) - Brasil
(Rio de Janeiro – 30.11.1937 – Rio de Janeiro – 27.12.2018)

Composição: Carlos Lyra e Vinícius de Moraes - Brasil



Angola – No início de 2019 petrolífera recebe navios-sonda

Adiada desde 2015, a entrega à Sonangol de dois navios-sonda de perfuração da companhia sul-coreana DSME vai finalmente acontecer no primeiro trimestre de 2019, garante o fabricante asiático. O atraso no negócio, inicialmente avaliado em 1,24 mil milhões de dólares, foi explicado pelas dificuldades financeiras da petrolífera angolana, que, por sua vez, estrangularam as contas da firma da Coreia do Sul



Num comunicado divulgado na passada quarta-feira, 26, a Daewoo Shipbuilding & Marine Engineering (DSME) anunciou que o primeiro dos dois navios-sonda encomendados pela Sonangol em 2012 será entregue no final de Janeiro de 2019, ficando a entrega do segundo programada para o final de Março.

Nos termos do acordo, quando a entrega for concluída, a petrolífera angolana terá de pagar 800 milhões de dólares, equivalentes cerca de 80% do valor do contrato, devendo o resto da dívida ser liquidado em acções.

As contas acabaram por enguiçar nas dificuldades financeiras da Sonangol, que, com a queda do preço do barril do petróleo adiou a despesa, que deveria ter sido efectuada em 2015, situação que deixou a DSME com uma grave crise de liquidez.

Os problemas foram entretanto ultrapassados, conforme anunciou a petrolífera angolana num comunicado datado de Maio.

Na nota, a Sonangol referia que chegou a um entendimento com a DSME, de forma a garantir a entrada em funcionamento dos navios-sonda no próximo ano.

Segundo a imprensa sul-coreana, esse compromisso isenta a DSME da prestação de serviços de garantia, que, por norma são assegurados pelo fabricante durante o período de um ano e seis messes.

Dois navios-sonda, uma nova oportunidade

Os dois navios, construídos sob encomenda da Sonangol, deverão ser peças-chave na estratégia da petrolífera que prevê, para 2019, o recrudescimento dos projectos de desenvolvimento e exploração petrolífera, tendo Carlos Saturnino recebido as manifestações de interesse da ENSCO em recorrer aos serviços destas duas unidades de prospecção.

Com a entrada em funcionamento dos dois navios-sonda construídos pela DSME, a Sonangol abre uma janela de oportunidade para lidar com o desinvestimento na área da prospecção pelas multinacionais a actuar no offshore angolano, motivado pela crise petrolífera de 2014, que levou o barril a preços muito baixos, chegando aos 29 USD em Fevereiro de 2016, afastando-as de novos investimentos na área. In “Novo Jornal” - Angola

Mercosul na rota de uma crise

SÃO PAULO – Se o Mercosul nunca teve poder de fogo para negociar um acordo de livre-comércio com a União Europeia (UE), pois não dispõe de tratado de grande amplitude com outro bloco, a partir de agora é que não terá cacife para dar continuidade a negociações que já duram mais de duas décadas. Provavelmente em concordância com integrantes da nova administração federal, o governo Temer, em fim de mandato, decidiu reduzir de 16% para 0% as alíquotas de importação para 41 bens de informática e telecomunicações, além de promover o mesmo corte para 535 bens de capital.

Com isso, é de se imaginar que o Mercosul não só está com os dias contados como a indústria brasileira também, pois, afinal, pressionada pelas despesas do chamado custo Brasil – infraestrutura logística deficiente, carga tributária excessiva, juros altos e burocracia aduaneira –, com a redução unilateral das tarifas para os produtos importados, não terá preço competitivo para os seus manufaturados no mercado externo e tampouco no interno.

A decisão da Secretaria Executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex), publicada no Diário Oficial da União (DOU), de 11 de dezembro de 2018, coloca por terra também todo o esforço, tempo e recursos gastos pelo governo nas negociações com a UE, pois, a partir de agora, o Brasil, principal parceiro do Mercosul, se já reduziu por sua própria conta as tarifas para tantos produtos, pouco terá a oferecer aos europeus em troca de possíveis concessões.

Na verdade, a impressão que se tinha até aqui é que o Mercosul já havia cedido à UE mais do que devia e estava apenas à espera de um gesto de boa vontade por parte dos negociadores europeus. Como se sabe, os maiores obstáculos estariam no setor agrícola, onde os europeus, especialmente os franceses, não querem ceder em seu espaço um milímetro sequer para produtos sul-americanos, como carne, etanol, açúcar e arroz, impondo cotas mais baixas que as oferecidas anteriormente.

Diante disso, ao Mercosul, se sobreviver às intenções do novo governo brasileiro, só restará buscar acordos com outros parceiros, como a Coreia do Sul, o Canadá e o México, que já vinham sendo discutidos. E, quem sabe, um acordo mais amplo com os Estados Unidos, que poderia funcionar como um meio de pressão sobre os europeus com vistas a uma retomada das negociações com o Mercosul, pois, afinal, com a livre entrada de produtos norte-americanos nos mercados sul-americanos, a UE teria de oferecer mais vantagens para preservar a sua fatia.  

O problema é que, hoje, com a saída do Reino Unido do bloco, o chamado Brexit, e a impopularidade do presidente Emmanuel Macron e o ativismo dos “coletes amarelos” na França, a UE não tem condições políticas para ceder em suas negociações com o Mercosul. Pelo contrário. Essas circunstâncias aliadas à recente decisão do governo Temer de reduzir de forma unilateral tarifas de produtos, sem objetivar nenhuma compensação por parte de outros parceiros, colocaram o Mercosul na rota de uma crise que poderá ser fatal para a sua sobrevivência. Milton Lourenço - Brasil


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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

UE CPLP - Essencial livre circulação e pauta aduaneira comum

O presidente da União de Exportadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) defendeu esta sexta-feira que a livre circulação de pessoas e capitais, uma pauta aduaneira comum e um banco de desenvolvimento são essenciais para projetar a comunidade



“A livre circulação de pessoas e de capitais, uma pauta aduaneira comum, e um banco de desenvolvimento que financie os investimentos dos empresários são essenciais para tornar a CPLP numa potência mundial”, disse Mário Costa, em declarações à Lusa a propósito da entrada em funções do novo secretário-executivo, o português Francisco Ribeiro Telles, a 01 de janeiro.

“A nova visão estratégica da CPLP, que passa por dar mais importância à parte económica, é muito bem vista pelos chefes de Estado e de Governo, e isso ficou claro no Sal, quando Cabo Verde assumiu a presidência da CPLP, elegendo o pilar económico como a principal bandeira”, acrescentou o empresário e consultor.

Mário Costa considerou que “o potencial económico e geoestratégico é enorme, quer em termos de recursos naturais, quer das regiões económicas em cada um se insere”, lembrando que Angola, que assume a presidência da CPLP em 2020, “já anunciou que a parte económica seria o principal pilar”.

A evolução de uma comunidade centrada na língua e na cultura, para uma comunidade mais focada na economia e na vertente empresarial, marcou os últimos anos da CPLP, congratulou-se o empresário: “Antes, há três ou quatro anos, as relações económicas eram essencialmente bilaterais, mas depois começou um movimento de promoção dos negócios, criando-se várias entidades, como a união de exportadores, a federação de jovens empresários, e vão surgir mais porque as oportunidades são enormes”, apontou.

Questionado sobre como, em concreto, podem os Estado promover as trocas comerciais e os investimentos dos empresários lusófonos nos países da CPLP, Mário Costa respondeu: “Para a CPLP e os empresários se afirmarem como uma potência económica era importante que houvesse uma política económica comum da CPLP, porque o que vemos agora são concertações políticas e empresariais, mas o foco económico ainda não está vincado, mesmo nos embaixadores dos países junto da CPLP”.

Para o empresário, que falou à Lusa por telefone a partir de Luanda, “era importante haver uma direção comum em termos económicos e os empresários iriam atrás, como por exemplo no caso da livre circulação, que é essencial porque não se pode falar de negócios se não se circular à vontade”.

A vontade política, salientou, “já existe agora”, mas recordou que “dantes havia reservas, nomeadamente do Brasil, mas isso agora mudou drasticamente, o Brasil não tem como dar para trás, não há volta a dar na primazia do pilar económico”.

Com o Brasil empenhado, concluiu, “a CPLP vai conseguir dar o impulso que faltava em termos económicos”. “Agência Lusa”

África do Sul - Navio negreiro português classificado como património nacional

Classificação coincide com nova exposição sobre o São José Paquete de África, um dos primeiros a fazer a ligação Moçambique-Brasil. Estima-se que 212 escravos tenham morrido neste naufrágio ocorrido a 27 de Dezembro de 1794 nas imediações do Cabo da Boa Esperança



Os destroços do navio negreiro português São José, que naufragou ao largo da Cidade do Cabo em 1794, causando a morte a mais de 200 escravos, foram declarados este mês património nacional da África do Sul. Este sítio arqueológico subaquático, a que correspondem aqueles que serão eventualmente os primeiros vestígios alguma vez encontrados de um navio que se afundou ainda com escravos africanos a bordo, está agora classificado e é motivo de uma nova exposição.

O São José Paquete de África transportava 512 negros acorrentados. Vinha de Lisboa, de onde saiu em Abril de 1794, e passou por Moçambique para carregar escravos. Em Dezembro, encetava uma viagem que se previa que durasse perto de quatro meses, rumo ao Brasil, onde os escravos eram esperados como mão-de-obra forçada nas plantações de cana-de-açúcar. Mas a difícil travessia do Cabo da Boa Esperança revelar-se-ia fatal. Fará precisamente 224 anos esta quinta-feira, 27 de Dezembro, que o navio encontrou um rochedo e se estilhaçou, a cerca de 50 metros da costa, na zona de Clifton, perto da Cidade do Cabo. O comandante, o português Manuel João Perreira (irmão do proprietário do barco, António Perreira), e a tripulação sobreviveram, mas estima-se que 212 pessoas — metade dos escravos — terão morrido afogadas. Os escravos sobreviventes foram depois vendidos na Cidade do Cabo.

Durante mais de dois séculos, o navio esteve submerso. Os caçadores de tesouros que primeiro encontraram os seus destroços, há cerca de 30 anos, identificaram-no inicialmente como um navio holandês, mas em 2015, depois de uma investigação dos arqueólogos do projecto Slave Wrecks Project, concluiu-se que se tratava do navio português São José Paquete de África.

Um dos elementos essenciais para a sua identificação foram as barras de ferro com que o navio saíra de Portugal e que serviam de lastro ou contrapeso, conforme a carga humana variável. A informação constava do manifesto de carga do São José depositado no Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa.

A classificação oficializada no início do mês coincidiu com a inauguração de uma exposição no Museu Iziko, da Cidade do Cabo. Unshackled History: The Wreck of the Slave Ship, São José, 1794 exibe alguns artefactos recuperados do fundo do mar, incluindo, além das referidas barras de ferro, grilhetas e correntes usadas para prender os moçambicanos escravizados, que estavam cobertas por sedimentos e areia.

Se não tivesse naufragado pelo caminho, o São José Paquete de África teria cumprido uma das primeiras viagens de tráfico humano entre Moçambique e o Brasil, rota que se tornaria frequente e estaria activa durante mais de um século. “Estima-se que mais de 400 mil pessoas da costa oriental africana tenham feito essa viagem entre 1800 e 1865. Transportadas em condições desumanas em viagens que demoravam dois a três meses, muitas não sobreviveram à viagem”, recorda o museu sul-africano.

A mostra conta ainda com uma simulação interactiva do local do naufrágio e dos respectivos destroços, uma ferramenta desenvolvida pelo Museu Smithsonian de História e Cultura Afro-Americana, que acolheu já uma exposição sobre o navio português e que está intimamente associada ao projecto – não sem algumas críticas pela sua preponderância sobre a do país africano. De acordo com a South African Broadcasting Corporation, o United States Ambassador’s Fund for Cultural Preservation doou cerca de 420 mil euros para a investigação do Slave Wrecks Project em 2016.

“Portugal foi pioneiro no tráfico transatlântico. Mais de 40% dos escravos foram levados em navios portugueses, um valor superior ao de qualquer outro país – Espanha, Grã-Bretanha, França, Holanda”, lembrava em 2016 ao Público o antropólogo Stephen Lubkemann, coordenador internacional do Slave Wrecks Project.



Um naufrágio coloca sempre algumas questões sobre a titularidade do património – no caso, o navio é português, as vítimas são moçambicanas, os destroços foram encontrados em águas sul-africanas. Esta classificação pela África do Sul visa, independentemente disso, contar a história do São José e das suas vítimas. “Era uma nota de rodapé na História”, comentou à emissora pública sul-africana o arqueólogo marinho Jaco Boshoff, envolvido na coordenação da exposição.

“Dar memória à história do São José num contexto global é um projecto significativo e notável”, destaca em comunicado Rooksana Omar, presidente do Museu Iziko. “É mais do que história africana, americana, moçambicana ou europeia. É uma história sobre as nossas histórias partilhadas.” Joana Cardoso – Portugal in "Público"

Quénia - Dívida pode levar China a penhorar maior porto do país


O Quénia pode perder o porto de Mombaça, o maior do país e da África Oriental, para a China, caso falhe o pagamento de obrigações ao Banco de Exportações e Importações da China (BEIC), segundo os media locais.

De acordo com um artigo publicado pelo jornal diário queniano Nation, que cita um relatório do auditor-geral do país, a penhora do porto poderá ocorrer caso o Governo do Quénia não consiga pagar o empréstimo contraído para a construção de uma linha férrea entre Mombaça e várias cidades, incluindo a capital, Nairobi.

Em 2014, o banco chinês acordou um empréstimo de 90% dos 3800 milhões de dólares para a realização da empreitada, tendo o Quénia assegurado, no ano seguinte, um crédito adicional de 1500 milhões de dólares para expandir a rede em mais 120 quilómetros.

“Não temos comentários a fazer sobre o assunto porque qualquer documento divulgado teria de fazer parte de um processo de auditoria interna, e nós não comentamos a validade ou autenticidade desses documentos por uma questão de política”, disse o responsável pela comunicação do gabinete do Auditor-Geral do Quénia, citado pela Bloomberg.

Segundo o artigo do Nation, o relatório indica que caso as dívidas não sejam saldadas, as receitas da Autoridade Portuária do Quénia (APQ) serão utilizadas para pagar a dívida ao país asiático. No final do primeiro semestre de 2018, as receitas da APQ cifravam-se em 42 700 milhões de xelins quenianos.

De acordo com os dados do Tesouro do Quénia, a China representa o maior credor do Quénia, com 22% da dívida pública externa, calculada em 2,4 biliões de xelins quenianos.

A construção da ferrovia queniana integra o projeto de infra-estruturas internacional ‘Uma Faixa, Uma Rota’, criado pelo Presidente chinês, Xi Jinping.

Lançada em 2013 pelo chefe de Estado chinês, o projeto, também apelidado de ‘nova rota da seda’, inclui a construção de portos, aeroportos, auto-estradas, centrais elétricas ou malhas ferroviárias ao longo da Europa, Ásia Central, África e sudeste asiático.

A iniciativa é vista como uma versão chinesa do ‘Plano Marshall’, lançado pelos Estados Unidos, após a Segunda Guerra Mundial, e que permitiram a Washington criar a fundação de alianças diplomáticas e militares que perduram até hoje.

A perda do controlo de infra-estruturas por parte de países com dívidas à China não é inédita. No final de 2017, o Governo do Sri Lanka, ao não cumprir com as obrigações com a China, cedeu o porto de Hambantota para o Executivo chinês por um período de 99 anos.

De acordo com o New York Times, esta transferência fortaleceu o controlo chinês num território pouco distante da costa da Índia, um dos principais rivais comerciais locais.

As mesmas razões levaram a que, em Setembro deste ano a Zâmbia também cedesse o seu aeroporto internacional à China. In “Hoje Macau” - Macau